Moreno
quando era integrante do bando de Lampião
Na
história recente, Cajazeiras não foi, nem pareceu ser uma daquelas muitas
cidadezinhas, que nas primeiras décadas do século XIX, no interior do Nordeste,
teve o seu nome marcado como entreposto para ações delituosas de grupos de
cangaceiros. Fora a frustrada investida do seu ex-inquilino, o lugar-tenente de
Lampião, Sabino Gomes de Gois, em 28 de setembro de 1926, interpelado
bravamente pela força de sua população; o que restou para complementar a sua
passagem por esse ciclo, se resume em apenas algumas isoladas emboscadas pelas
suas cercanias. Muitas dessas, sem a consumação do ato. Outras, esporádicas,
com sucesso; como foi a que produziu a morte do Coronel Manoel Gonçalves Dias,
no Sítio Catolé dos Mangueiras.
Outra imagem de Moreno
Ademais, somente rumores produzidos pela imaginação visionária do
seu povo, que dormindo com o medo e a expectativa de ataques de bandos de
cangaceiros, alimentava os boatos pela cidade, que visitante esse, visitante
aquele, estava ou esteve rondando pela sua zona rural, saqueando, causando
prejuízos a donos de terras e fazendeiros. Se bem que o próprio Sabino, na sua
condição de residente na cidade e antes de entrar no cangaço, tinha dúbia
personalidade. Pelas ruas de Cajazeiras ele parecia ser um cidadão comum, mas
pelas terras e sítios que rodeavam a cidade naqueles idos de 20 e 30, ele se
vestia de malfeitor e afrontava, extorquia e vivia no obscurantismo da lei, a
desafiar a paciência das autoridades constituídas do município. Fora isso, o
que restou para ser contado, a história ainda não revelou.
Entretanto, como a pesquisa me parece ser um instrumento mais
preciso para se chegar a história, há fatos na história social cajazeirense
desse período, que talvez ainda não foram revelados. Se foram, também não foram
bem esclarecidos e que precisam serem investigados com mais profundidades pelos
nossos historiadores. Um desses, foi a passagem pela cidade de Antônio Ignácio
da Silva, de alcunha por “Moreno”, que se tornaria mais tarde um dos mais violentos
cangaceiros do bando de Lampião.
Natural de Tacaratu/PE, onde nasceu em 01 de novembro de 1909, Moreno, chegou à
Cajazeiras, após ter fugido às pressas de Brejo do Santo/CE, onde havia se envolvido
em confusão e ter cometido várias mortes.
Saindo daquela cidade cearense, ele acabou desembarcando em
Missão Velha/CE, onde pretendia realizar um sonho antigo que era seguir a
carreira de policial. Como isso não foi possível ser realizado, pois ainda era
menor de idade, ele deixou Missão Velha, e partiu sem rumo e sem direção,
entrou no Estado Paraíba, chegando até Cajazeiras.
Logo à direita da foto: Antiga cadeia de Cajazeiras, onde
talvez Moreno ficou preso
Moreno passou a ser visto e tratado pelos seus habitantes, como um estranho,
pois não se sabia de onde via, para onde o mesmo ia; se estava de passagem ou
se veio para ficar; se morava, se tinha algum parente morando na cidade. Essas
dúvidas, fez as autoridades da terra do Padre Rolim, desconfiar de suas
intenções e do seu real caráter. Por essas razões, acabou sendo preso para
averiguações e por ter sido confundido pela polícia com outro temido cangaceiro
– o “Volta Seca”, pertencente na época ao bando de Lampião.
Preso e encarcerado na cadeia pública da cidade, começam as interrogações e a
conclusão final da polícia é que o forasteiro Moreno, por mais esquisito que
fosse, não pertencia ao cangaço e nem era o cangaceiro “Volta Seca”. Após a
constatação do equívoco, dias depois ele foi liberado. Saindo de Cajazeiras sem
saber para onde ia, Moreno ondou cerca de trinta e seis quilômetros, até
encontrar uma fazenda onde pediu guarida; conseguindo em seguida um emprego
para trabalhar de serviços gerais. Ou seja, no roçado.
Quando tudo
parecia correr bem, um fato inesperado envolvendo Moreno aconteceu nessa
fazenda, fazendo com que ele, por circunstâncias da confusão que foi gerada,
colocasse um pé dentro do Cangaço. É que após um desentendimento com um casal
de trabalhadores da referida fazenda; motivado por um “fuxico” que envolveu uma
sobrinha do seu patrão, Moreno comete um crime, gravando uma faca no peito do
seu desafeto, que morre de imediato no local. Moreno, acoado, foge para o
Estado de Pernambuco e de lá para Sergipe, onde anos depois acabou entrando
definitivamente no cangaço – no Bando chefiado por Virgulino Ferreira da Silva
- Lampião.
Fonte: Blog
Cajazeiras de amor
http://oultimodosmoicanos-claudiomar.blogspot.com.br/2016/05/a-passagem-e-prisao-do-cangaceiro.html
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