Material do acervo do pesquisador Antonio Corrêa Sobrinho
ASSIM FALOU
VOLTA-SECA... COMO SE FORJA
UM CANGACEIRO
MEU PRIMEIRO
COMBATE
Como ingressei
no bando de Lampião – fui praticamente raptado – não foi difícil habituar-me à vida do bando – encontro com a força volante.
QUANDO me vi
frente a frente com os dois “cabras” de Lampião, me apavorei. Como todo
nordestino, eu tinha medo dos cangaceiros, da mesma forma que da força volante,
em nada melhor do que eles. Sempre ouvira falar de Lampião, e só o seu nome me
punha assustado. Eu tinha apenas onze anos de idade e estava naquele momento à
frente de dois “cabras”, desarmado, e ainda tendo que defender duas moças.
Rosália e Lindaura não sabiam o que fazer e agarravam-se a mim com força. Os
dois cangaceiros resolveram conversar. Um deles perguntou:
- De quem é isso aqui?
- De meu pai, respondeu, trêmula, Lindaura.
- Me diga uma coisa, retornou o cangaceiro, seu pai tem um cavalo ou um burro?
- Tem, sim senhor, prosseguiu, Lindaura. Tem um cavalo, mas ele está campeando.
O cangaceiro olhou-nos firme de novo e disse:
- Era só isso que nós queria.
E
já se iam embora, quando o que esteve sempre calado fitou-me fixamente e falou:
- Garoto, siga a gente até o arraial.
Não tive remédio senão segui-los, pois
não ousava desobedecê-los. Mandei que as moças voltassem para casa e fui
caminhando atrás dos cavalos até o arraial de Goloso.
Lá chegando, levaram-me para a casa do delegado, seu João Guerra, homem covarde
como ele só. A sala de visitas estava cheia de “cabras”, todos mal-encarados, e
que voltaram a olhar para mim logo que entrei. Ninguém falava e eu olhei
curioso um por um, para ver qual era o Lampião. Ali se encontravam Corisco,
Arvoredo, Virgínio, Luiz Pedro, Ezequiel, Mariano e Mergulhão. Um dos “cabras”
que me trouxeram disse: - Espere aqui, garoto. Vou chamar o capitão Virgulino.
FACE A FACE
COM LAMPIÃO
E foi para o
interior da casa. Ouvi a voz dele no cômodo vizinho:
- Seu Capitão, nós
trouxemos um garoto aqui que está bom para lavar os nossos animais. Não ouvi a
resposta, apenas passos em direção à sala, até que surgiu um homem alto, bem
alto, magro, de óculos, chapéu grande de couro e todo equipado à moda dos
cangaceiros. Seu equipamento era bonito, coberto de moedas de ouro e prata.
Usava cavanhaque, mas sem bigode. Andava como pêndulo, balançando o corpo e
tinha a fisionomia zangada. Quando chegou mais perto, reparei que um dos seus
olhos tinha uma belida, uma névoa bem em cima da pupila. Parou na porta,
olhou-me e veio em minha direção. Ficou uns segundos estudando-me de alto a
baixo e depois, num tom grave de voz que impunha respeito, perguntou:
- Cumé teu nome, minino?
- Antonho...
- Antonho de quê?
- Dos Santos.
Ele me olhou novamente nos olhos e sua fisionomia carregada se abrandou, para
dizer: Do diabo ninguém quer ser, não é, meu filho? E deu uma gargalhada. Foi o
bastante para todo mundo rir, inclusive o delegado, que bajulava e dizia:
- É mesmo, capitão, ele é dos Santos, mas não quer ser do diabo... ka! ka! ka!
E as risadas duraram alguns segundos. Mas em dado momento Lampião parou de rir
e todos o imitaram. Chamou um “cabra” e disse:
- Vá à venda e compre uma caixa de sabão “calór” e um vidro de loção perfumada.
O “cabra” foi e voltou rapidamente com uma caixa de sabonete Eucalol e um vidro
de loção que entregou a Lampião. Este os passou a mim, recomendando:
- Vá lavar os animais bem lavados e depois ponha loção neles. Bem lavados e perfumados,
está ouvindo?
E mandou que dois “cabras”, Mariano e Luiz Pedro, me seguissem. Saímos da casa
e os “cabras” mostraram-me os animais, que eram oito, entre burros e cavalos.
Levei-os para um riacho distante uns cem metros da casa, e lavei-os um por um.
Eu sabia fazer aquilo muito bem, pois tinha prática, mas jamais o fizera com
sabonete. Os animais, depois de bem lavados, ficaram lindos e com o pelo
lustroso. Em seguida joguei loção nos bichos e, aliás, eu tanto jogava extrato
neles como em mim. A verdade é que ficamos todos, eu e os animais, cheirando
bem...
Mas enquanto eu os lavava, não se afastava de mim a ideia de fugir daquela
gente, pois qualquer coisa me dizia que algo de mau estava me aguardando. Mas
onde arranjar coragem para tanto? Depois, não me davam folga, eu estava sempre
bem vigiado. Quando terminei a lavagem, entreguei os animais aos “cabras”, que
acharam bom o serviço e me levaram de volta a Lampião.
ANEXADO AO
BANDO
Diante de
Virgulino os “cabras” elogiaram o meu trabalho: dizendo que eu sabia lavar bem
um animal. Lampião gostou e, puxando cinquenta mil réis do bolso, entregou-me:
– Está bom? Perguntou.
– Está, sim, senhor, respondi. E criando coragem
atrevi-me a perguntar: - Estou desocupado, capitão? Lampião olhou-me e disse:
- Está, mas vamos almoçar primeiro.
Não tive remédio senão ir. O almoço foi numa pensão, e na mesa só se sentou o
bando e eu. Eu era o único estranho, ou melhor, um dos únicos, pois o delegado
não saía do lado de Lampião. Comemos bem, mas não houve muita conversa na mesa.
Terminado o almoço, Lampião fumou um charuto. Deixei passar um tempo e
manifestei novamente vontade de ir embora. Lampião dessa vez nem me fitou e
respondeu:
- Pode ir.
Foi quando os “cabras” resolveram intrometer-se para
aconselhá-lo a ficar comigo, pois sabendo eu lavar bem os animais, poderia
ser-lhes de grande utilidade. Eu quis afastar-me enquanto discutiam, mas
Lampião mandou-me esperar. Depois de ouvir as razões apresentadas pelos
“cabras”, deu um soco na mesa e bradou, apontando para mim: - Bem, você vai
ficar comigo pra lavar os nossos animais.
Pareceu que o mundo tinha se aberto a meus pés. Desesperado, pedi que não me
levassem, pois queria ficar. Apelei para o fato de o fazendeiro precisar de
mim, aleguei que tinha uma roça para tratar, que as moças necessitavam de mim,
mas nada demoveu o capitão Virgulino. Por outro lado, os “cabras” me
aconselhavam a seguir com eles e, mais do que os “cabras”, o delegado João
Guerra também me incentivava:
- Vai, meu filho, dizia o cínico delegado. O capitão
é uma bela pessoa e você só terá a lucrar. Não vai faltar-lhe nada e você tem
muito futuro com o capitão.
Eu não queria ingressar no bando de forma alguma. Não que soubesse o que me
esperava, mas doía-me deixar a fazenda de seu Danilo, sua esposa, Lindaura e
Rosália, aos quais já me tinha afeiçoado. Aquele ambiente fazia sentir-me como
se estivesse com a minha família. Por que iria deixá-lo, para viver com um
bando de cangaceiros? Não, eu não iria! Protestei com toda a energia que era
possível a um garoto de onze anos. Mas os meus protestos só serviram para
irritar Lampião, que em dado momento se levantou e me perguntou de cara
ameaçadoramente: Responda: quer ir ou quer morrer?
Estava tudo decidido. Muito embora eu nada respondesse, a minha atitude acovardada
evidenciava que eu não queria morrer. Eu iria, mas já com a ideia de fugir na
primeira oportunidade. Não ficaria no bando. Haveria de voltar para a fazenda
de seu Danilo.
JÁ NÃO ERAM
ANTIPÁTICOS
Foi assim que
ingressei no bando do Capitão Virgulino, como lavador de cavalos, à espera de
uma oportunidade para desertar. Em poucas horas aprontei minhas coisas,
despedi-me da família de seu Danilo e segui amargurado e chorando. Não havia
animal para mim, razão pela qual fui sentado na garupa do burro de Corisco. A
viagem era dura e desde o início senti que a fuga ia ser difícil, pois aquela
gente era esperta e talvez estivesse pressentindo o meu desejo. Seguimos pela
estrada do Ouricuri e só acampamos na fazenda que tem o mesmo nome, algumas
léguas além. No dia seguinte prosseguimos, e agora eu montava um cavalo que
Lampião comprara para mim. Antes de partir, Lampião chamou-me e, sem se
aperceber das minhas mágoas, disse-me que, já que eu estava no bando, precisava
conhecer e respeitar o regulamento. Entre várias observações, lembro-me destas
palavras: - “O regime é duro. Nada de andar com paisanos, para eles não terem
gosto. Quando alguém andar errado com você, meta o pau! E não esqueça que exijo
respeito!”
Continuamos a viagem. À medida que prosseguíamos, a minha ideia de fuga ia
desaparecendo. Andamos muitos dias! Cruzamos vários arraiais: Zanguê, Banzaê,
Buracos, Mirandela...
Pouco a pouco fui deixando de antipatizar com os “cabras”. As caras amarradas,
algumas foram-se tornando simpáticas para mim e a camaradagem foi nascendo,
pois todos me tratavam bem. Fui aprendendo novos modos, novas músicas, e até
comecei a admirar a valentia daquela gente. Com um mês de bando eu já me sentia
ambientado e gostava daquela vida de comer bem e ser respeitado onde chegava.
Fazia-me bem ser olhado com temor pela gente sertaneja, que via em mim um
cangaceiro, um “homem disposto”, apesar de minha pouca idade. Aos poucos, eu já
olhava para os “cabras” com certa inveja de suas façanhas, e Lampião não
demorou a ser para mim um verdadeiro ídolo. Ia também odiando a sociedade,
graças às histórias desajustadas de meus companheiros. Cada injustiça que eles
me contavam era como se tivesse sucedido a mim. Aprendi a odiar a polícia, e
isso tudo sem a conhecer, pois até àquela altura ainda não tinha visto um
combate, nem podia fazer ideia do que era a minha nova vida. Entrei em guerra
com o mundo gratuitamente.
Sem dar por isso, passei a apreciar também o meu novo nome, o apelido que
Lampião me deu – Volta Seca. Até hoje, como já disse, não sei a razão do
apelido.
Com dois meses de bando, Lampião, sentindo que eu já estava preso a ele,
chamou-me e, mostrando-me um rifle, perguntou-me:
- Volta Seca, você já atirou
com esta arma?
Eu nunca havia pegado num rifle, muito embora soubesse atirar bem
com um “pica-pau” fabricado por mim mesmo.
– Não sei atirar, não senhor,
respondi.
Lampião então me deu uma aula completa de como manejar uma arma de
fogo. Deu vários tiros antes e mandou-me imitá-lo. Ensinou-me a (...), isto é,
prender o gatilho com o dedo, ajudado por um lenço, enquanto a outra mão
acionava a alavanca, o que fazia da arma uma verdadeira metralhadora. Terminada
a aula, deu-me a arma de presente, mandou-me praticar bastante e recomendou:
-
Não esqueça que arma é sempre perigosa. Muito cuidado! A arma só vive com a
boca pra baixo... O que valia dizer que não devia facilitar com ela.
Treinei muito tiro e, com outras lições dadas pelos companheiros, acabei um
exímio atirador, fato de que muito me orgulhava. Todavia, nunca entrara num
combate e nem de leve me passava pela cabeça que teria de matar. Entendam-me os
leitores: eu estava orgulhoso daquela nova vida de aventuras, de rasgos
ousados, mas só da parte ostensiva. O cangaço, até aquela altura, para mim, era
uma brincadeira, pois nem por sonho eu podia atinar com as verdadeiras
finalidades do bando. E tanto não pensava nisso, que o meu batismo de fogo
pegou-me ingênuo na matéria. Vale a pena narrá-lo para que se veja como o crime
pode nascer na alma de uma criança aos doze anos de idade, de forma que se
torna dificílima uma explicação.
MACACO NÃO VI,
NÃO...
Já tínhamos
deixado a fazenda Abobreiras, ainda no estado da Bahia. Eu sempre ouvia falar
de “macacos”, mas não sabia que “macacos” na gíria cangaceira queria dizer
soldado. Suspeitando que a força volante o seguia, Lampião mandou que eu me
atrasasse, ficasse sentado numa pedra e, caso visse passar uns “macacos”,
corresse a lhe avisar. Os “macacos” teriam que passar pela estrada e o bando
estava afastado dela em sentido diferente. Para melhor esclarecimento, o que eu
tinha a fazer era sair do bando, ver os “macacos” passarem pela estrada e
voltar para avisar lampião. Assim fiz, e vinha distraído pela estrada quando
observei atrás de mim um grupo grande de soldados cantando, e que passaram por
mim sem me dar a menor importância. Na certa não supunham, um garoto como eu
ser cangaceiro, visto que eu estava mesmo desarmado e sem equipamento, pois
Lampião me mandara deixar o rifle e o cinturão com ele. Os soldados passaram e
eu nem liguei, da mesma forma que eles não me ligaram. Quando desapareceram
numa curva, como eu não vira nenhum “macaco” voltei por onde tinha vindo e
depois de algum tempo encontrei o bando. Lampião logo me interpelou:
- Viu algum macaco?
- Nhor não. Não tinha um macaco nem pra remédio, respondi orgulhoso como quem
havia cumprido bem a missão.
- Não viu mesmo nenhum macaco? Retornou o capitão.
- Não tinha não senhor, nenhum. Pela estrada só passou uma porção de sordados.
Todos se entreolharam de olhos arregalados. Ninguém riu, porque a surpresa era
forte demais, mas Lampião compreendeu minha ingenuidade.
- E... e macaco, meu filho, não é o mesmo que sordado? Perguntou-me.
- Não sei, não, senhor. Macaco que eu conheço é um bicho de rabo...
- Pois aqueles sordados, meu filho, só não tem rabo, mas são macacos.
São
piores do que macaco. Aqueles é que são os verdadeiros macacos. Aquilo não
presta! Aquilo é pior do que cobra, e só serve pra matar gente covardemente, tá
me entendendo?
Entendi rápido. Aqueles soldados não mereciam a menor consideração e eram eles
a causa de todas as desgraças do mundo, conforme me contaram várias vezes meu
companheiros.
Lampião não perdeu mais tempo com conversa. Só quis saber a direção que a
volante tomara e deu ordem a todos que mudassem o rumo, pois iriam surpreender
os “macacos”. Aceleramos o passo e, não sei como, uma hora depois estávamos
entrincheirados numa elevação próxima à estrada. Eu nada via, mas logo percebi
que os “macacos” não demorariam a aparecer, pois havíamos cortado caminho e
estávamos adiante da tropa.
O BATISMO DE
FOGO
Lampião
distribuiu o pessoal e deu suas instruções, advertindo que só começasse a
atirar depois que ele começasse. Depois me deu o rifle novamente e mandou que
eu ficasse entre dois cangaceiros, sendo que um deles era o preto Bom-Deveras,
um dos que atiravam melhor no bando. Fumava cachimbo e não o tirava da boca,
nem para atirar. Bom-Deveras esta bem entrincheirado e eu procurei imitá-lo ao
máximo. Meu coração batia descompassado, pois não precisava ser muito inteligente
para perceber que o “tiro ia comer” e não demorava muito.
De fato, poucos minutos após despontou já em baixo a volante. Os soldados
vinham alegres e cantando, o que valeu uma piada de Lampião: A macacada está
contente, louca pra levar chumbo.
À frente da tropa vinham dois rastejadores bem atentos, alguns metros adiante
dos demais. Um desses rastejadores, então mais adiantado do que o outro. Era
“Cobra-Preta”, famoso por sua valentia, um rastejador respeitado e preto, como
“Bom-Deveras”.
A tropa aproximava-se sem saber que a morte a esperava de tocaia. “Cobra-Verde”
vinha atento, fuzil preparado, e sua figura chamou a atenção de “Bom-Deveras”,
que colocou logo sob a mira e disse uma frase muito sua em momentos idênticos:
- Aquele negro ali já tá fedendo... Queria ele dizer com aquilo que
“Cobra-Preta” já estava mais do que morto, sob sua pontaria...
Todos estavam atentos.
O momento era solene, próprio para demonstração de bravura. A volante avançava
e o bando a aguardava. Todos estavam fazendo pontaria, todos menos eu. E por
que não eu? Foi o que me perguntei. E de repente, sem saber por que, enchi-me
de brios e fiz também pontaria. Eu era do bando, eu estava ali para aquilo, era
o que minha consciência mandava! A poucos metros da volante, com “Cobra-Preta”
a menos de dez metros de nós Lampião deu início ao combate, abrindo fogo. Uma
saraivada de balas se seguiu, e “Cobra-Preta” foi o primeiro a cair com a
cabeça despedaçada por projeteis. Quase todos o tinham sob a mira. Os soldados
surpresos com a fuzilaria, deitaram no chão para reagir, mas, bem
entrincheirados, os “mininos” de Lampião iam dando cabo deles um a um. Foi tiro
para valer e eu atirei bastante, mas tão emocionado estava, que creio não ter
atingido a ninguém. Os soldados, em número de cinquenta, foram dizimados. Uns
dez fugiram apavorados, e Lampião, ao vê-los correndo, gritava: Não adianta
perseguir, pois macaco corre muito... Corre, macaco... Corre, macaco...
Alguns soldados que haviam sido atingidos, muitos deles já agonizantes,
receberam tiros ou punhaladas de misericórdia. Um soldado que havia sido
atingido com um tiro numa das pernas, ao ver uma “cabra” se aproximar com um
punhal na mão, pôs-se a gritar:
- “Não me mate, pelo amor de Deus!” “Não me
mate!”
Pareceu que aquelas súplicas mais enfureceram o “cabra” que, rilhando os
dentes, enfiou o punhal no coração do soldado, que tombou fulminado. Eu olhava
aquilo tudo admirado, mas o ódio com que meus companheiros mataram os soldados
feridos calava forte em minha mente. Quando partimos dali e todos contavam
vantagens, que mataram este ou aquele “macaco”, eu ouvia tudo curioso e, por
que negar?, tinha mesmo inveja de não poder contar nada. Infelizmente, o futuro
me traria coisas para contar, muitas mesmo, tantas, que preferiria calar.
No próximo capítulo:
o amor de Lampião
CONTINUA...
Fonte: facebook
Página: Antônio Corrêa Sobrinho
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