Por Geraldo Maia do Nascimento
Em
16 de novembro de 1868 era instalada em Mossoró a casa Graff, uma firma
exportadora que exercia o comércio de compra de material nativo, mantendo
intercâmbio com firmas das praças de Liverpool e Londres, na Inglaterra.
Johan
Ulrich Graff, cidadão suíço, industrial e presbiteriano, chegou ao Rio Grande
do Norte para se estabelecer comercialmente. Fundou em Natal a “Casa Graff”,
especializada na compra e venda de produtos regionais, tais como algodão,
açúcar, pau-brasil, cera-de-carnaúba, etc., tornando-se, em pouco tempo, uma
das maiores e mais bem conceituadas empresa do Estado, sendo a única firma
capaz de realizar importações diretas de 140.000$ (Cento e quarenta contos de
Réis), o que representava uma verdadeira fortuna para a época.
Convencido
a se instalar em Mossoró pelo padre Antônio Joaquim, fundador do Partido
Conservador do qual foi seu chefe por toda a vida e grande incentivador do
crescimento econômico da cidade, veio a estabelecer aqui a sua matriz, deixando
em Natal apenas uma filial que foi fechada em 1873.
A
situação privilegiada da cidade, equidistante de duas capitais, Natal e
Fortaleza, ao mesmo tempo que dividia o litoral do sertão, fazia de Mossoró uma
praça comercial perfeita. Na segunda metade do Século XIX, Mossoró aparecia
como o “lugar privilegiado”, sentado na área de transição entre a economia do
litoral representada principalmente pelo sal e o peixe, e a economia do Sertão
representada pela pecuária, o algodão e principalmente as peles de animais.
Mossoró tornava-se assim o lugar de troca, recebendo mercadorias de outras
praças do país e do exterior e embarcando pelo seu porto, o porto de Areia Branca
que na época pertencia a Mossoró, a produção regional que se destinava aos
mercados nacionais e internacionais. Esse crescimento comercial serviu de
chamariz para os grandes comerciantes, que viam em Mossoró o lugar ideal para
desenvolverem os seus negócios.
Ulrich
Graff, para instalar o seu comércio em Mossoró, adquiriu um grande terreno de
Souza Nogueira, pela elevada quantia de 500$000 (quinhentos mil réis). Para se avaliar
o que significava esse valor para a época, basta dizer que o orçamento votado
pela Câmara Municipal para o ano de 1867, não passava de 251$000 (duzentos e
cinquenta e um mil réis).
Era
um grande empreendedor. Entendia Graff que o progresso de Mossoró dependia da
velocidade com que conseguisse importar e exportar os seus produtos. A tropa de
burros, que até então transportava as mercadorias, já não era suficiente para
atender a um mercado crescente como o de Mossoró, que naquela época era tida
como empório comercial. Fazia-se mister a construção de uma ferrovia, que entre
outros benefícios, baratearia os fretes e diminuiria o tempo de transporte. E
passou a lutar por essa ferrovia, encabeçando ele mesmo a empreitada.
Em
26 de agosto de 1875 era dada uma concessão, através da Lei nº 742, da
Presidência da Província do Rio Grande do Norte, ao comerciante suiço Jonh
Ulrich Graff, para a construção de uma estrada de ferro ligando Mossoró a
Petrolina, na Bahia. Mas por falta de recursos, o projeto caducou. Graff chegou
a criar uma empresa e oferecer cotas às pessoas de recursos, como se dizia
naquela época, aqui residentes. Mas não conseguiu o suficiente para viabilizar
o projeto.
E
ainda mais: foi ideia sua a criação de um núcleo agrícola para preparar mão de
obra especializada. Esse projeto foi implantado em Mossoró, mais de um século
depois, com a instalação da Escola Superior de Agricultura de Mossoró, hoje
Universidade Federal Agrícola do Semiárido – UFERSA.
Com
a liquidação das Casas Graff de Mossoró, que passou para Conrado Mayer, Ulrich
Graff viajou para o extremo norte, onde tinha ramos de negócios, e teria
morrido, conforme Romão Filgueira, em plena região amazônica, vítima de febre
intermitente. Acrescentava o informante que, ao que se sabia, o corpo do grande
idealista Ulrich Graff teria ficado insepulto.
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Autor:
Geraldo Maia do Nascimento
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