Por Antônio Corrêa Sobrinho
AMIGOS,
De ANICETO
RODRIGUES, o pernambucano da Polícia Militar de Alagoas, o homem que chefiou
uma das três volantes que, em agosto de 1938, em Sergipe, mataram Lampião,
Maria Bonita e nove outros cangaceiros, pouco sei, senão que este militar, após
Angicos, atuou partidariamente na política local; que foi acusado de ter
assassinado a esposa; que foi preso, expulso e, mais tarde, reincorporado à
Polícia Militar; e que foi assassinado em 1959.
Mas, a
reportagem que extraí do jornal DIÁRIO DA TARDE, do Paraná, publicada no dia 07
de outubro de 1957, portanto, menos de dois anos antes da sua morte, na
verdade, naquilo que se refere a ANICETO RODRIGUES, podemos dizer que nasceu do
acaso, artigo intitulado “NOTAS DE UM REPÓRTER EM ALAGOAS”, penso ser única, ou
uma das poucas, em jornal, a dizer tanto de ANICETO RODRIGUES, inclusive o seu
expressar, através da confiável pena do romancista e teatrólogo Antônio
Callado. É matéria que diz muito nas suas entrelinhas, do momento existencial
do estado nordestino das Alagoas, sobre o BAR DAS OSTRAS, em Maceió, sobre o
pouco que evoluímos no campo da civilidade.
Trouxe,
também, a notícia da morte de Aniceto Rodrigues, pelo Diário de Pernambuco.
NOTAS DE UM
REPÓRTER EM ALAGOAS
O CANGACEIRO
SINCERO
Um verbo novo,
“impichar”, e turistas de Arapiraca – A verdadeira história das cabeças
cortadas de Lampião e seu bando – “Misses” e aguadeiros – Ingredientes para o
futuro no alpendre do Bar das Ostras
Intitulando-se
simplesmente “repórter”, o romancista e teatrólogo Antônio Callado, redator
chefe do importante “Correio da Manhã”, fez aqui um relato vivamente
jornalístico de suas observações em Alagoas imediatamente após os
acontecimentos da célebre sexta-feira 13 na Assembleia Legislativa. Com
expressa e gentil autorização pessoal do escritor Antônio Callado reproduzimos
o seu trabalho, publicado inicialmente naquele matutino.
“IMPICHAR”
“Entre outas
coisas o estado de Alagoas já deu à língua um novo verbo: impichar.
Desnecessário se falássemos sempre em impeachment nós teríamos chegado ao
impichar. Em Alagoas o verbo se ouve naturalmente. Vejam por exemplo, como
fizeram lá o relato das várias tentativas estaduais de impichamento:
- O negócio
começou assim. Em 1948 tentaram impichar o Silvestre. Em 1953 quiseram impichar
o Arnon, que só tinha 17 deputados a seu favor contra 18 na oposição. O Arnon
conseguiu pescar o Adalberton Cavalcanti e o impichamento não teve curso. Agora
com o Muniz o impichamento foi para valer.
Tenho a
impressão de que nos aferramos ao termo inglês para dar a impressão de que na
Grã-Bretanha e nos Estados Unidos todos os dias há um impichamentozinho. Pela
olhadela que dei a palavra no Webster e na Enciclopédia Britânica parece que o
instituto do impichamento caiu em desuso inventando na Inglaterra (onde a
Câmara dos Comuns propõe “impeachment” e dos Lordes o julga) o “impeachment”
passou aos Estados Unidos, ficando a tarefa dos Comuns com os Representantes e
a dos Lordes com os senadores. Isto no plano federal como no de cada Estado.
Mas parece que os últimos impichamentos tanto na Grã-Bretanha como nos Estados
Unidos ocorreram em meados do século passado.
Se o
impichamento do Muniz funcionar tenho a impressão de que, em Alagoas, quando
qualquer oposição tiver maioria o governador está impichado.
TURISTAS E
CANGACEIROS
Outra palavra
que em Alagoas está adquirindo sentido novo é turista. Quando cheguei a Maceió
me disseram que me hospedasse no 20 BC, pois os hotéis da cidade estavam cheios
de turistas.
- Não há
vagas? Indaguei.
- Não é isto.
Turista aqui são os capangas que vem de Arapiraca para executar o serviço e
voltam no dia seguinte. O Claudenor está lá no Hotel Bela Vista com bem uns
seis turistas.
Não consegui
falar a nenhum dos turistas, mas devo dizer que são extremamente polidos todos
os alagoanos pistoleiros. Três vivem de preto e tem maneiras corretíssimas. Um
eu já encontrara no Rio, o deputado Oseas Cardoso e dois fui encontrar lá:
Walter Mendes e Abraão Moura. Este último é o famoso deputado do colete de aço.
Viajou comigo de Maceió para o Rio e tentei de todas as maneiras fazê-lo falar.
Pequenino, franzino, grisalho, manso. Abraão fitava o solo, modesto, enquanto
eu lhe dizia:
- Vou escrever
que o senhor entrou no recinto da Assembleia de colete de aço e metralhadora e
que os governistas é que iniciaram o fogo. Esta é a história que me contaram
todos os oposicionistas e é a única que ouvi. Ninguém do seu lado quer
desmenti-la, falando à imprensa.
- Nós
combinamos não fazer declarações, ainda respondeu Abraão, como se eu lhe
tivesse dito que era o maior alagoano vivo e ele se esquivasse aos meus
arroubos.
O jovem Walter
Mendes, ainda meio criança, é tipo que se encontra em qualquer esquina de
Copacabana com seu bigode, sua atitude de sinhozinho que nasceu para dar
ordens. Quando lhe perguntamos, numa varanda do Palácio do Governo em Maceió,
se tinha entrado na Assembleia com metralhadora, respondeu, sério e macio:
- Ora qual
nada. Eu só levava uma arminha de cano curto e nem pude sacá-la.
Arma de
calibre baixo em Alagoas é coisa para maricas. Homem que se preza anda de
parabélum 45 ou metralhadora quando é dia de votação importante. No dia em que
toda a imprensa esperou e esperou no Palácio pela entrevista que o governador
Muniz Falcão não concedeu, um fotógrafo, (...) de “Manchete”, Pedrosa, resolveu
dar um susto nos palacianos. Andou mexendo lá no seu flash eletrônico de
maneira a produzir um estampido seco, de tiro. Saiu, parece, mas fraco. Ninguém
veio ver de que se tratava. Na sala de conferências alguém deve ter dito ao
governador:
- Não se
incomode, Excelência. Deve ter sido um 32.
CANGACEIRO
SINCERO
Foi no Bar das
Ostras que encontrei o único cangaceiro sincero, o coronel Aniceto, chefe da
volante que capturou e matou Lampião, na fazenda do Angico, em Sergipe. Aliás,
o Bar das Ostras e alguns restaurantes semelhantes da mesma zona, à beira da
lagoa Mundaú, salobra, representam o único refúgio culinário de Maceió. A lagoa
produz ostras exageradas, imensas, verdadeiros filés de ostra trancados em
conchas que mais parecem lascas de sílex, e além disso produz camarão excelente
e toda variedade de peixes. Na cidade, propriamente dita a gente se considera
feliz quando consegue um sururu com ovo mexido, mas ao Bar das Ostras pode se
levar qualquer comilão erudito. O Bar é uma tapera, mas a comida é de rei.
Comíamos no
Bar das Ostras acompanhados de redatores da “Gazeta de Alagoas” quando surgiu
um cinquentão atlético, um caboclo de chapéu de feltro desabado, blusão azul,
bons dentes.
- Aquele é o
coronel Aniceto, disse-me um dos rapazes.
Aniceto é
figura popular em todo o Nordeste, desde os tempos de Virgulino Ferreira e há
pouco tempo esteve no noticiário dos jornais por haver levado uns tiros
políticos, ou meio políticos, da cidade de Pão de Açúcar. Em grande parte as
lutas políticas de Alagoas são meros ramis de lutas familiares e quase sempre o
fator familiar, ou da amizade quando em choque com o político, predomina.
Aniceto é contra Muniz Falcão. No entanto, quando foi alvejado pelo pistoleiro
Elísio Maia estava em companhia do deputado Luiz Rezende (PSP) que é munizista.
Mas acontece que o pai do deputado foi assassinado pelo mesmo Elísio Maia, que
assim odeia Anicleto, não pelo fato de ser munizista mas pelo fato de ser
rezendista, quando Rezende no entanto é munizista... Além do deputado havia um
cabra em companhia de Aniceto, quando Elísio tentou matá-lo. Esse amigo de
Aniceto é que levou o chumbo.
- Felizmente
não me acertaram não. Acertaram ele, diz Aniceto, o cangaceiro sincero.
TIRO PELO
TELEFONE
Só com a
intervenção federal resultasse do tiroteio de sexta-feira 13 de setembro na
Assembleia Legislativa é que Aniceto saiu de casa para vir ao Bar das Ostras.
Na noite do tiroteio estava na casa do deputado (PTN) Oseas Cardoso.
- Eu estava lá
com mais sete homens, conta Aniceto, para o que desse e viesse. Ligaram o
telefone para a gente depois de começar o tiroteio. Nós ficamos passando o
telefone um para o outro, e ouvindo a metralhadora e os tiros.
- Você ficou
horrorizado, não Aniceto? Indagamos.
- Para lhe
dizer a verdade não fiquei não. Eu gosto disso. Quando começa um tiroteio e dá
no ar aquele cheirinho de fumaça eu gosto, mesmo. Se eu estivesse na Assembleia
naquela hora atirava logo.
A DEGOLA DE
CAIXA DE FÓSFORO
Aniceto tem 47
anos e nasceu em Santa Maria da Boa Vista, norte de Petrolina, zona
sanfranciscana de Pernambuco. Era o tenente do grupo que liquidou Lampião.
Contei-lhe que um dia o sargento Bezerra tinha aparecido no “Correio da Manhã”
para se explicar a respeito das cabeças. O fato é que, liquidados Lampião,
Maria Bonita e todo o grupo, os macacos tinham decepado as cabeças de um por um
dos jagunços, o que chocou um tanto os leitores do Rio. Acho que foi “A Noite
Ilustrada” que publicou na ocasião a foto das cabeças de todo o bando arrumadas
numa estante, chapéu na cabeça. Os bibelôs mais sinistros que já vi. Pois
Bezerra, que é de Afogados de Ingazeira veio ao “Correio” explicar que as
cabeças não tinham sido cortadas por malvadez, não senhor, era preciso provar
que o bando tinha sido liquidado e era impossível carregar por léguas os corpos
inteiros. Quando contei isto a Aniceto, ele resmungou qualquer coisa a respeito
de Bezerra, mas não respondeu diretamente. Disse:
- Eu só cortei
uma cabeça daqueles cangaceiros. Me disse até que o nome dele era Caixa de
Fósforo.
- Foi para
levar a cabeça de prova? insisti.
- Não, não
pensei nisso, não. Me deu a gana, e cortei ali na hora.
É o que se
chama, sem dúvida, o impulso do momento.
NÃO É LOTTISTA
Aniceto tomou
parte em revoluções também. É um homem de situação legal, uma coluna da
sociedade.
- Na revolução
de 1930 eu estava com o governo e na de 32 lutei contra São Paulo.
- Você é mais
legalista do que o general Lott, observou alguém.
- Mas não sou
lottista, não, disse Aniceto sem maiores explicações.
Era um chefe
militar austero quando comandava volantes pelos sertões atrás de bandidos.
- Quando eu
estava comandando uma volante, não deixava ninguém reclamar. Eu dizia a eles:
soldado é superior ao tempo. Hoje eu durmo em colchão de molas, tenho minhas
aventuras, e gosto muito dessa vida que levo. Mas soldado é soldado. Quando
algum dos meus reclamava eu berrava logo: “Homem, vá pra casa da peste!” E
também não gostava de gente mangando comigo. Um dia, na Floresta do Navio, fui
à farmácia comprar Melhoral, porque estava com dor de cabeça. Me perguntaram:
“O senhor é policial de onde? De Alagoas?” “De Alagoas, sim senhor, apesar de
ter nascido em Pernambuco”. “É verdade que mataram Lampião”. “Morreu mesmo, eu
respondi”. E o outro disse: “Eu acredito no senhor porque é gente de
Pernambuco. Mas me disseram que Lampião morreu foi envenenado”. Eu olhei para o
camarada e os companheiros dele e disse: “É. Com veneno que vocês mandaram”.
Eles aí me trataram logo direito e não perguntaram mais nada assim, não.
JORNAL
EMPASTELADO
Aniceto
cercado de jornalistas evoca um acontecimento do governo Silvestre Péricles.
Aniceto mal tinha saído da prisão quando foi encarregado de quebrar um jornal
da oposição – máquinas, repórteres tudo que fosse possível. Aniceto empacou. Em
primeiro lugar mal saíra de um período de prisão e não desejava voltar às
grades caso fosse apanhado. Em segundo lugar conhecia gente no jornal e não
queria machucar conhecidos. Chamou um desses conhecidos e explicou:
- Olha, vou
lhe pedir um favor. Não apareça no jornal hoje não, e diga lá à turma para não
ir também.
- Mas...
- Deixe de
mais, seu. Não apareçam lá, não.
- Combinado.
De noite
Aniceto, com seu grupo, foi quebrar as linotipos. Não havia vivalma no jornal
oposicionista, calado de véspera pelo coronel Aniceto.
PLUFT, O
BATISTINHA
Aniceto estava
satisfeito com a notícia da demissão do primeiro delegado de Maceió Batista
Acioli, sobrinho do senador Antonio Sales. Sua alcunha é “Pluft, o Fantasminha”
de Maria Clara Machado. O homem parece que andou botando presos políticos para
marcharem na rua, de noite, dando a Maceió um aspecto algo fantasmal.
ADEUS AS
OSTRAS
A beira da
lagoa Mundaú do Norte havia também, além do cangaceiro sincero, duas misses:
Alagoas e Minas Gerais; havia pequeninos saveiros pondo um rabicho chinês na
paisagem: havia maltrapilhos meninos aguadeiros puxando o jegue carregado de
latas e pacientes caboclas fazendo rede de pescar camarão. Havia ali, no Bar
das Ostras, material com que organizar um futuro melhor para as Alagoas.
Não se pense
que Aniceto, o cangaceiro sincero, da ideia de decadência e crime. Os que
desolam a gente, são os cangaceiros jurídicos, os da Assembleia.
Diário da
Tarde (PR) – 07/10/1957
SOBRE A MORTE
DE ANICETO
“JÁ DEVIA TER
MORRIDO...”
RIO, 14
(Meridional) – “Já devia ter morrido antes” – disse o senador Silvestre
Péricles de Gois Monteiro à reportagem sobre o assassínio do coronel Aniceto
Rodrigues, em Alagoas. Como foi noticiado, a vítima participava da oposição ao
governo Muniz Falcão, sendo amigo íntimo do Sr. Oseas Cardoso.
Diário de
Pernambuco – 15.05.1959
_______
NOVO CRIME
AGITA ALAGOAS: O CORONEL ANICETO, MORTO POR TRÊS PISTOLEIROS
Era um dos
remanescentes da luta de Angicos, onde foi massacrado o bando de Lampião – O
oficial, assassinado em União dos Palmares, teria sido vítima de políticos
governistas, de inimigos pessoais ou de irmãos de um pistoleiro a quem
assassinara
MACEIÓ, 13
(Meridional) – Foi abatido ontem, a tiros, na localidade de Mundaú Mirim,
município de União dos Palmares, o tenente coronel da reserva remunerada da
Polícia Militar do Estado, Aniceto Rodrigues. O crime ocorreu cerca das 18,30,
em um bar do referido povoado.
O coronel
Aniceto, antigo participante da volante da Polícia alagoana que degolou o
célebre cangaceiro Virgulino Ferreira, o Lampião, tombou varado por inúmeros
disparos partidos das armas de três indivíduos cuja identidade ainda não foi
apurada, estando o delegado de Ordem Política em diligências em União, a fim de
apanhar os criminosos que fugiram para lugar ignorado.
Segundo
informações ainda não de todo confirmadas, o coronel assassinado teria
resistido a seus matadores, não logrando, no entanto, êxito, em face do alvo
que se tornou para uma fuzilaria que teria constado de mais de trinta disparos.
Até o momento
em que escrevemos estas notas, nada de oficial se conhece acerca da ocorrência,
circulando variadas versões do crime, entre as quais a de que a esposa do
militar teria abatido um dos pistoleiros.
O governador
Muniz Falcão encontra-se no Rio de Janeiro, internado em uma casa de saúde. Em
sua companhia, também seguiu, na semana última, o secretário do Interior,
coronel Henrique Cordeiro Oeste. Por isso, sobre qualquer detalhe negam-se as
autoridades a informar.
Para Mundaú
Mirim seguiu desde a manhã de hoje grande número de Polícia, a fim de assistir
ao sepultamento do coronel Aniceto. Também no referido local já se encontram
representantes dos jornais desta cidade, apesar de as estradas, com as chuvas
caídas ultimamente, se encontrarem praticamente obstruídas.
Homem de
muitos inimigos, em torno de sua morte pairam as mais variadas suspeitas,
atribuindo-se a responsabilidade do seu assassínio, inclusive a personalidades
políticas da situação, uma vez que Aniceto, muito amigo do deputado Oseas
Cardoso, era considerado um dos mais perigosos homens da oposição no Estado.
MACEIÓ, 13
(Meridional) – Aniceto Rodrigues dos Santos, anteontem assassinado na
localidade de Mundaú Mirim, município de União dos Palmares, contava 52 anos de
idade, era pernambucano e oficial reformado da Polícia Militar deste Estado,
como tenente-coronel, posto mais elevado que se pode atingir naquela
corporação.
A sua carreira
de soldado iniciou-se em novembro de 1932. Nos seis primeiros anos de vida
miliciana, conseguiu elevar-se até o posto de aspirante, graças aos seus atos
de bravura, em repetidas lutas contra o banditismo.
Entre as
expedições de maior vulto, de que participou, salienta-se o combate de Angico,
onde ajudou a eliminar Lampião e seu bando.
Fatos da sua
vida privada, entretanto, interferiram desfavoravelmente na sua conduta de
soldado. Em 1944 foi excluído da Polícia, como desertor, punição que coincidiu
com o crime de morte que praticou em sua primeira esposa, dona Iraci Brito, em
Piranhas.
Cinco anos
depois, em 1949, foi reincluído nas fileiras da PM com o mesmo posto de
aspirante e, já um ano depois, era graduado 2º tenente. Após galgar normalmente
os postos de 1º tenente e capitão, Aniceto Rodrigues reformou-se, como
tenente-coronel, sendo beneficiado com as leis especiais da carreira e “do
banditismo” que lhe conferiram duas promoções consecutivas – capitão e major.
OUTROS
DETALHES
MACEIÓ, 13
(Meridional) – O tenente-coronel, reformado, Aniceto Rodrigues, abatido por
três pistoleiros em Mundaú Mirim, distrito de União dos Palmares, bem na
fronteira de Alagoas com Pernambuco, participou das lutas contra o bando de
Virgulino Ferreira, o Lampião, estando presente no combate do qual saíram sem
vida o Rei do Cangaço e alguns bandoleiros, degolados em Angicos, estado de
Sergipe.
O assassinado
participou também, em diferentes épocas, de outros acontecimentos sangrentos
ocorridos em nosso Estado, dentre eles o do dia cinco de maio de 1957, na
cidade de Pão de Açúcar, quando se deu cerrado tiroteio, saindo ferido o senhor
Claudio Barbosa. Naquela ocasião o tenente-coronel Aniceto atribuiu ao seu
inimigo, Elísio Maia, atualmente deputado estadual, a autoria da tentativa
contra a sua existência.
Foi a
julgamento, ainda, certa feita, sob a acusação de ter eliminado sua esposa dona
Iraci Brito, quando ela se achava dormindo. Era filha do conhecido agricultor
senhor Brito, do município de Piranhas, e prima-irmã da conserte do coronel
João Bezerra, outro combatente do banditismo.
Existem várias
versões sobre a autoria da morte do conhecido tenente-coronel Aniceto
Rodrigues. Uma atribui ao deputado Elísio Maia o plano de extermínio do seu
adversário. Outra a parentes da esposa assassinada. Uma terceira dá como
matadores os três irmãos de Serafim de tal, pistoleiro conhecido como Pinga
Fogo, morto barbaramente, pelo referido militar.
Diário de
Pernambuco – 14/05/1959
ANICETO
RODRIGUES
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