O amor é bom.
O amor é mau. Amar é doce. Amar é terrivelmente ácido. O amor é brinquedo. O
amor é brincadeira que fere, que mata, que dilacera.
O amor é
remédio e cura. O amor é veneno mortal. Amar é devoção e piedade. Amar é pecado
e abominação. Não há amor que não ele eleve e ao mesmo tempo faça prostrar.
O amor é
paisagem com brilho e cor. O amor é labirinto e escuridão. Amar protege e
alimenta a alma. Alma corrói e faz fraquejar, submete e impiedosamente
escraviza.
O amor semeia
e colhe. O amor resseca e devasta. O amor faz brotar e florescer. O amor faz
definhar e morrer. Amar assim é viver e padecer no mesmo céu e mesmo fogo.
O amor canta a
mais bela canção, faz ecoar sua maravilhosa voz. O amor esquece o canto, cala a
voz, entorpece o sentir. Amar assim é caminhar sobre flores e espinhos.
O amor é
carícia e carinho, é dengo e cafuné, é meiguice e doçura. O amor é espinho, é
beliscão, é tormento e tortura. Amar com pluma e seda e depois com a faca mais
afiada.
O amor que
comove, que sensibiliza, que faz mais amoroso. O amor que endurece, que
petrifica, que torna em pedra o sentimento. Amar para sofrer se imaginando na
alegria.
O amor que
sonha, que deseja, que quer, que corre atrás. O amor que esmorece, que se
recolhe para tramar a dor. Amar em rio manso e depois se sentir diante um mar
revoltoso.
O amor que faz
da hora uma espera para sorrir, para o encontro, para a felicidade. O amor que
só espera o momento de dizer não, de negar a si mesmo, enquanto o outro sofre.
O amor é
alvorecer, é pôr do sol, é vida, é alegria, intenso contentamento. O amor que
traz a sombra e se esconde na bruma da crueldade. Amar entre a salvação e a
perdição.
O amor que é
humilde sem se humilhar, que é calmo e paciente sem nada abdicar. O amor que se
arroga de ser arrogante, e num rompante faz explodir e estraçalhar.
O amor que tem
fome e sede e sabe querer o grão de pão e de água. O amor insaciável que quanto
mais esvazia mais quer, quanto mais acaba mais quer destruir ainda mais.
O amor que é
passarinho, que é borboleta, um colibri, um beija-flor. O amor que é ave carnicenta,
agourenta, devoradora. Amar assim entre a liberdade e o laço da insanidade.
O amor que
chega e se sente bem em estar, em continuar, em dar prazer. O amor que chega
somente para ferir, para abrir feridas onde a carne é carente e frágil.
O amor que é
valsa, sonata, noturno, cantata, a mais bela sinfonia de conforto à alma e ao
coração. O amor que é tempestade, é ventania, uma tormenta que devasta tudo ao
redor.
O amor que é
poeta, que é docemente apaixonado, tecendo versos para alimentar o próprio
amor. O amor que nada sonha e não se nega a rasgar todo verso feito em seu
nome.
O amor que
brilha como a mais bela das luas, que cintila mais que a estrela mais
fulgurante. O amor em meio às sombras e sem que o olho possa avistar sua
terrível arma na escuridão.
O amor que é
nobre, fidalgo, gentil, cordial. O amor que é vagabundo, imundo, perdido na sua
miséria de crueldade. Amar que vai do silêncio ao grito num mesmo instante.
O amor se
enfeita, se embeleza, se perfuma para se tornar cada vez mais atraente e amado.
O amor se enfeia, se embrutece, se ojeriza, mas ainda fingindo que ama de forma
tão bela e perfumada.
O amor dorme
tranquilo, sonha, acorda feliz, sempre ávido por reencontrar seu amoroso
destino. O amor já se levanta para negar o espelho e iludir a se mesmo e ao
outro.
O amor faz
bem, nunca fez mal algum. Mas o amor faz mal, nunca fez bem algum. Amar também
faz apaixonar e toda paixão desanda na morte dos sentimentos. E de forma mais
dolorosa que possa existir.
Assim o amor.
Assim também o amor. Só que reconhecê-lo na paz ou na dor.
Marconi Cruz
de Lacerda nasceu no dia dois de setembro de 1956, em São José de Piranhas
(PB), filho caçula do casal Martinha Cruz de Lacerda-Sinval Lacerda de
Oliveira. Era neto do lendário Romeu Menandro da Cruz.
Casa do Estudante de Mossoró - fonte agora-rn
Em Mossoró
(RN), onde foi terminar os estudos médios, teve início o martírio que o
atingiria como emboscada do destino. Na capital do oeste potiguar passou a residir
na casa do estudante, localizada bem próxima da Escola Estadual Jerônimo
Rosado, onde estudava.
Fonte - Início
Bon vivant,
era frequentador assíduo das noites mossoroenses, as quais animava com o som
cadente de um violão bem dedilhado, intercalado por voz suave e melodiosa.
Despertava fascínio nas mulheres, solteiras e casadas, devido ao visual moderno
e atraente para a época. Em um desses saraus, despertou a atenção da esposa de
um capitão-médico da Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Norte, tendo
aceitado inadvertidamente a investida da mulher que havia sido enfeitiçada pelo
galante jovem.
Corria o ano
de 1977, o sucesso das paradas musicais era a música “Sonhos”, composta e
interpretada por Peninha. A canção tornou-se o hino oficial do inexperiente
paraibano que tentava a sorte no Estado do Rio Grande do Norte.
Os encontros
dos dois amantes despertaram a atenção dos moradores da residência localizada
nos fundos da casa do estudante. Eram parentes do capitão-médico da Polícia
Militar do Estado do Rio Grande do Norte que observavam o romance proibido.
A casa do
estudante passou a ser frequentada assiduamente por primo legítimo do oficial,
intuindo aproximar-se sorrateiramente do incauto jovem a fim de firmar amizade
com objetivos claramente maléficos e diabólicos.
E.
C. São Sebastião em disputa futebolística no Estádio de Futebol Marconi Cruz de
Lacerda - São José de Piranhas - Paraíba
Avisado sobre
o que acontecia, o capitão-médico procurou a ficha de Marconi Cruz de Lacerda
na unidade educacional onde estudava. Em seguida, incumbiu o primo da execução
do macabro plano que deveria ser marcado pelo hediondo “cheiro do queijo”, pois
constatou que o jovem completaria vinte e um anos em breve. Marconi, dessa
forma, estava marcado para morrer.
Friamente, o
novo “amigo” passou a cevá-lo da melhor forma possível, convidando-o
constantemente para almoçar em sua casa, sair pela noite mossoroense, enfim,
assumindo postura “amigável” que não despertava nenhuma desconfiança da parte
do inexperiente jovem.
No dia dois de
setembro de 1977, uma sexta-feira, Marconi não assistiu a todos os blocos de
aulas, pois pediu permissão à professora de História para sair antes do término
das atividades em razão que era seu aniversário de vinte e um anos.
O “amigo”, sem
saber que o jovem marcado para morrer havia saído mais cedo, chegou atrasado ao
encontro satânico. Mesmo assim varou sem sucesso todos os recantos geralmente
frequentados por Marconi, a fim de matá-lo.
No sábado, dia
três de setembro, adentrou com cara feia a Casa do Estudante, não encontrando o
jovem. Deixou recado, convidando-o para uma vaquejada na cidade de Olho d´água
do Borges (RN), convite prontamente atendido quando o jovem chegou na
residência estudantil.
Era, na
verdade, o início do fim do inexperiente jovem, pois seu “amigo” mancomunava-se
com um irmão, tramando sua morte covardemente. Devido a desconfiança de
experientes sertanejos, os quais notaram as intenções macabras dos dois irmãos,
retiraram Marconi para Patu(RN). O meio de transporte do trio era um fusca
azul.
Crise de
consciência abateu-se sobre o irmão do “amigo” de Marconi e este começou a
relutar em levar adiante o plano diabólico, razão da sobrevivência do jovem até
o dia de domingo, quando o inocente estudante entrava em contagem regressiva.
Jogaram
futebol, beberam, enfim, divertiram bastante o garoto que foi marcado pela
maldade humana para pagar pecados originados através de uma mulher leviana.
A noite chegou
e resolveram levar o jovem para passeio descontraído no sítio Tuiuiu, lugar
onde nasceu o cangaceiro Jesuíno Brilhante. Na volta, ao passar pelo açude dos
bodes, na propriedade de Vicentinho Moura, o “amigo” do jovem teve a ideia de
se refrescarem em um banho noturno, exatamente por volta das dez horas, convite
logo aceito pelo inexperiente rapaz. Pararam o fusca azul bem próximo do açude.
Quando estavam se preparando para entrar no açude, o “amigo” do jovem disse que
ia ao carro, voltando armado com um revólver calibre 38 e uma faca-peixeira de
doze polegadas.
O jovem não
acreditou no que estava acontecendo. Começou a pedir por tudo, por todos os
Santos, para não fazerem aquilo, valendo-se, nos últimos momentos, da mãe que
encontrava-se distante, mas o “amigo” disparou seis vezes contra a cabeça do
pobre rapaz, desferindo em seguida duas facadas no pescoço para concluir o
serviço maldito.
Dessa forma,
manifestava-se contra um jovem sonhador a mais abominável de todas as traições,
a mais nefasta e aviltante forma desprezível de traição.
Em São José de
Piranhas homenagearam Marconi Cruz de Lacerda dando seu nome ao Estádio de
Futebol, pois ele era um apaixonado pelo esporte, assim como era pela vida que
foi ceifada covardemente por mãos assassinas insensíveis e desprezíveis.
Caros amigos
Antonio Oliveira, José Mendes Pereira, Antonio Edson Lima, Geraldo Júnior,
Valdemir Valença, Wilma Maria, Marcia Filardi, Rezende, Cícero, Zé Tavares...
enfim, todos os que se manifestaram sobre o meu livro: obrigado.
Já que estamos às vésperas do Natal, pense nisto: ao dar um presente, você,
mesmo de forma inconsciente, deixa transparecer o que pensa da pessoa a quem
está presenteando - denota se você a considera uma pessoa frívola ou uma pessoa
inteligente. O melhor presente continua sendo um bom livro: Machado de Assis
(Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas...); Jorge Amado (Gabriela Cravo
e Canela, Mar Morto, Tenda dos Milagres, Tocaia Grande...); João Ubaldo Ribeiro
(Viva o Povo Brasileiro, Sargento Getúlio...); Oleone Coelho Fontes (Um Jagunço
em Paris); Antônio Francisco de Jesus (Os Tabaréus do Sítio Saracura, Tambores
da Terra Vermelha, Os Ferreiros...); Prof. Vasko Vasconcelos (Busílis – o x da
questão).
Estou falando
essas coisas porque também estou vendendo o meu peixe, o “Lampião – a Raposa
das Caatingas”. Veja bem: seu pai, sua mãe, seu tio, sua tia, seu amor, seu
amigo (inclusive seu "amigo secreto"), enfim, qualquer pessoa que
tenha algum vínculo com a cultura e a história do sertão nordestino certamente
adorará receber neste Natal uma obra que, mais do que a simples história do rei
do cangaço, vem sendo considerada pelos estudiosos do tema como sendo uma
síntese da história do Nordeste na virada do século XIX até a metade do século
XX.
A história do
Nordeste resume-se a esses três personagens: Lampião, Padre Cícero e Antônio
Conselheiro. A leitura desse livro, espero eu, fará com que o Natal da pessoa
presenteada se prolongue por mais tempo, durante o Ano Novo, já que a obra tem
exatamente 736 páginas.
Para adquirir
o livro “Lampião – a Raposa das Caatingas”, por favor entre em contato com o
professor Francisco Pereira Lima - franpelima@bol.com.br
Para redução
do custo do frete, informo que o professor Francisco Pereira Lima é
estabelecido em Cajazeiras, Paraíba, e Ana Cecília Correia Lima é estabelecida
em São Paulo.
Desculpem se
esta mensagem saiu travestida de “comercial”.
Um abraço a
todos.
Feliz Natal!
Boas Festas! E que em 2017 e nos anos vindouros se mantenha sempre acesa a
chama do interesse pela história e pela cultura do nosso querido Nordeste. A
melhor forma de demonstrarmos amor à nossa terra é estudando a sua geografia e
a sua história.
José Martins
de Vasconcelos nasceu a 11 de novembro de 1874, no município de Apodi e era
considerado um entusiasta da literatura e do jornalismo. Em 1915 fundou o
primeiro jornal, intitulado “A Crise”. Mas, em 15 de novembro de 1916, ele
daria um salto além de seu tempo com a criação do periódico O Nordeste, que
circularia até o dia 8 de fevereiro de 1934. Com o Nordeste, Martins de
Vasconcelos fez carreira como jornalista. Mas nada começou assim, do nada.
Geraldo Maia do Nascimento
O historiador
Geraldo Maia no artigo Martins de Vasconcelos, publicado no jornal cultural
Clandestino, em janeiro de 2004, relata que “aos 11 anos de idade, Martins de
Vasconcelos muda-se para Mossoró a fim de tentar a vida. Aqui chegando, fez de
tudo, moleque de recados, vendedor de jornais (numa primeira, depois incurável
convivência do seu interesse maior). Tinha um objetivo na vida: sabia que o
destino de quem não sabia ler era ser vendedor, de tabuleiro na cabeça. Isso o
aterrorizava. E foi esse medo que o fez adquirir uma gramática e um dicionário,
na esperança de desvendar o mistério do abecedário.
Martins de
Vasconcelos se destacou no cenário cultural do município juntamente como
escritores como: Raul Caldas, Vicente de Almeida, Eufrásio de Oliveira, Eliseu
Viana Dário de Andrade, Mário Negócio, Américo de Oliveira Costa, Milton
Pedrosa, Manoel João, Amâncio Leite, Manuel Assis, Raimundo Nonato, dentre
outros.
Segundo o
historiador Geraldo Maia “a redação do jornal era sua tenda de trabalho, sua
cachaça, o vício de sua vida”, como declarou o escritor Raimundo Nonato, que
como amigo, o tratava de Zé do Norte. Manteve-se sempre atento às dificuldades
enfrentadas pelo município e se notabilizou, entre outras coisas, pela defesa
do meio ambiente, pelo estímulo à atividade cultural e pelo carinho que dedicava
às figuras que davam relevo à cultura mossoroense. Ele, um autodidata, era
devorador de livros. E toda sua atividade jornalística se marca pela produção
de textos, de impressionante qualidade. Colaborou com os jornais da terra, até
mesmo em jornais literários e estudantis, feitos de forma manuscrita”.
Historiador Raimundo Nonato
Ele também
incentivou jovens poetas e publicou livros de poemas e contos. São de sua
autoria “Saltério da Saudade” (Poesia 1905), e “Renovos D’alma” (Poesia, 1906),
entre outros. O jornalista faleceu em Mossoró, a 22 de dezembro de 1947. Hoje,
a travessa localizada ao lado da gráfica O Nordeste, no Centro, possui o seu
nome, mas é conhecida também como Beco da Imprensa.
Dia 04 de
dezembro assinala o aniversário natalício do amigo e colega Uerniano Prof. Ms.
Tarcísio Silveira Barra.
Sertanejo autêntico, nascido no antigo termo de Pedra
de Abelha (hoje município de Felipe Guerra), Teté, como carinhosamente o
chamamos, é um dos mais competentes professores do Departamento de Geografia da
Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio
Grande do Norte, dando ênfase à Geografia Física, com destaque à climatologia.
Na gestão Pedro Fernandes Ribeiro Neto, como reitor da UERN, Tarcísio exerce o
importante cargo de Chefe de Gabinete. Parabéns, camarada, você merece.
És uma
extraordinária figura humana, um ser iluminado que valoriza sua família, seus
amigos e o torrão maravilhoso chamado Nordeste Brasileiro.
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero
Araújo Cardoso.
Dom Pedro II,
o último imperador do Brasil, exerceu um longo reinado, que se estendeu de 1841
a 1889. Dom Pedro II, filho de D. Pedro I e da imperatriz Leopoldina, reinou sobre o
Brasil até 1889
Dom Pedro II (nascido
Pedro de Alcântara) foi o segundo e último imperador do Brasil. Ao contrário de
seu pai lusitano, o primeiro a reinar em terras brasileiras, D. Pedro II nasceu
no Brasil, no interior do Estado do Rio de Janeiro, em 1825, fruto da união das
casas aristocráticas de Bragança (à qual estavam vinculados seu pai e
seu avô, D. João VI) e de Habsburgo. A essa última pertencia sua mãe,
a arquiduquesa da Áustria e imperatriz do Brasil, Maria Leopoldina.
A preparação
de Pedro II para assumir o trono de imperador do Brasil começou ainda muito
cedo, quando ele estava prestes a completar seis anos de idade, em 1831. Nesse
ano, seu pai abdicou do trono em seu favor, voltando para Portugal para
enfrentar uma disputa política em virtude da sucessão do trono português após a
morte de D. João VI. A mãe de Pedro II, Maria Leopoldina, morreu em 1826,
quando o futuro imperador tinha apenas 1 ano de idade. Sendo assim, a sua
formação foi conferida a preceptores, dentre os quais se destacou José
Bonifácio de Andrade e Silva.
Até 1841, o
Brasil foi administrado por regentes que procuravam cumprir as diretrizes
políticas imperiais até o momento em que Pedro II estivesse apto para assumir o
trono. Esse foi um dos períodos mais conturbados do Brasil, pois houve grande
revoltas regionais, como a Guerra dos Farrapos, ocorrida em 1838. Entre
1840 e 1841, os parlamentares do Império Brasileiro, em Assembleia Geral,
decidiram por conferir a maioridade a Dom Pedro II, na ocasião em que ele tinha
apenas 14 anos de idade. No ano seguinte, Pedro II foi coroado e sagrado como
imperador.
O Segundo
Império foi marcado por alguns acontecimentos decisivos, como o
desenvolvimento da economia cafeeira, tendo como base ainda o trabalho escravo,
e de alguns setores da indústria, como a construção de ferrovias. Ao mesmo
tempo, também houve o processo gradual de extinção do trabalho escravo, ainda
que o Brasil tenha sido o último país ocidental a abolir a escravidão. A
garantia da integração territorial nacional, a Guerra do Paraguai e o
fortalecimento do Exército Brasileiro também ocorreram sob o reinado de Pedro
II.
Alguns
aspectos de cunho particular a respeito do imperador também chamam atenção. Dom
Pedro II gostava de viajar para centros turísticos de prestígio histórico e
chegou a visitar as grandes pirâmides do Egito, no vale de Gizé, onde
tirou fotografias com a família real. A tecnologia fotográfica era, diga-se de
passagem, uma das grandes obsessões do monarca.
Pedro II foi
destronado em 1889, quando ocorreu a Proclamação da República por
meio do Golpe Militar de 15 de novembro. O imperador faleceu em Paris, em 1891,
recebendo, no entanto, todas as honrarias de chefe de Estado, concedidas pelas
autoridades francesas.
Importante: - D. Pedro
II nos ensina a amar o Brasil acima de tudo. Punia exemplarmente os
políticos e funcionários corruptos, usando dos poderes que a Constituição lhe
garantia para removê-los de seus cargos. Venceu importantes disputas diplomáticas,
inclusive chegando a desafiar a toda poderosa Grã-Bretanha. - Zeloso que era
com as verbas públicas, recusou sucessivas propostas de aumento de seu salário,
trabalhando durante meio século com o mesmo pagamento, ainda que, durante seu
reinado, a economia brasileira tenha crescido dez vezes. Quanto às suas poucas
viagens, custeava-as com seu próprio dinheiro.
Anália Ferreira
irmã de Lampião fala ao jornalista Melchiades da Rocha e diz lamentar o fim
trágico do irmão, mas se alegra por ter encerrado sua trajetória de crimes. Segundo
matéria do jornal "A Noite Ilustrada".
Foto: A noite
Ilustrada.
Geraldo Antônio
de Souza Júnior (administrador do grupo)
Alguns quadros pintados pela artística plástica, escritora e geógrafa Franci Dantas. Aluna egressa do Curso de Licenciatura Plena em Geografia do Campus Central da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Franci Dantas presenteou o Prof. José Romero Araújo Cardoso com belíssimo quadro no qual destaca-se paisagem sertaneja, encontrando-se exposto na sala de reuniões do Departamento de Geografia, intuindo embelezar ainda mais o ambiente de trabalho na unidade administrativa da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da nossa amada Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Franci Dantas integra, entre outras entidades culturais, a Associação dos Escritores Mossoroenses, fazendo parte da Diretoria eleita recentemente para o biênio 2017-2018.
Enviado pelo professor, escritor, fundador e diretor do Museu do Sertão de Mossoró.
LABAREDA
(o cangaceiro Ângelo Roque) - Fotos da entrega do seu bando feitas por 'Joãozinho
Retratista" e colhidas num cordel publicado logo após este evento no ano de 1940
Kydelmir Dantas é da cidade de Nova Floresta no Estado da Paraíba, poeta, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano.
Assassinado Delmiro Gouveia, o Pioneiro de Paulo Afonso
Está fazendo 60 anos que se cometeu um dos mais hediondos crimes da História do
Nordeste: a traiçoeira morte de Delmiro Gouveia, o Pioneiro de Paulo Afonso.
Pioneiro não só na conservação da força dessa cachoeira em energia elétrica,
mas também do alto comércio de peles de bode e carneiro, da pecuária moderna,
da palma forrageira, do zebuamento bovino, da água encanada, da grande
indústria, da máquina de escrever, da vila operária, da assistência social, das
estradas de rodagem, do automóvel, do gelo, do cinema, da patinação e do
futebol no sertão nordestino.
CRIME TRAIÇOEIRO EM NOITE DE VERÃO
Adquira esta obra através deste e-mail: gilmar.ts@hotmail.com
No ano de 1917, Delmiro Gouveia não estava morando na casa-grande da Fábrica da
Pedra. Ele residia, então, num elegante chalé, que o dentista Aloísio Cravo
mandara construir no largo fronteiro à Fábrica, porém fora da cerca de arame do
grande núcleo industrial. Terminada a faina do dia 10 de outubro, uma quente
quarta-feira de verão, o Pioneiro recolheu-se ao chalé, onde jantou em
companhia do seu compadre Firmino Rodrigues, com quem foi palestrar no alpendre
lateral esquerdo da residência. Depois que seu compadre se estirou, Delmiro
passou a ler jornais, sentado em uma cadeira de balanço, à luz de forte lâmpada
elétrica.
Eram oito e meia da noite, quando três tiros de rifles ecoaram por toda a vila
industrial da Pedra. Os tiros foram deflagrados de um corte ferroviário próximo
ao chalé. José Alexandre Cordeiro (o jovem Zé Pó), que pouco antes servira o
jantar ao Coronel Delmiro e seu convidado, foi encontrar o patrão gravemente
ferido, agarrando-se nas cadeiras do alpendre. Muita gente acorreu á residência
do chefe, que foi conduzido a seu leito.
Gravemente ferido, Delmiro ainda recebeu socorros do médico da Fábrica da
Pedra, Dr. José Maciel Pereira. Dos três tiros deflagrados, duas balas o
atingiram, sendo que uma lhe varou o coração. Poucos minutos teve de vida
aquele homem de belo porte e grande resistência física e moral. Nos últimos
alentos da existência terrena, Delmiro Gouveia fez a mais cristã das súplicas,
e a mais nordestina das preces: “Valha-me Nossa Senhora!” Às 20 horas e 40
minutos, rendeu sua alma ao Criador. Estes preciosos informes nos foram dados,
em fevereiro de 1953, pelo referido José Alexandre Cordeiro, fiel empregado
doméstico de Delmiro Gouveia, desde 1903 até a morte do seu patrão, na trágica
noite de 10 de outubro de 1917.
INVEJA E DESPEITO GERARAM A TRAGÉDIA
O grande comércio de peles de caprinos e ovinos, uma pecuária modernizada e a
montagem da fábrica de linhas, com a extraordinária façanha do aproveitamento
da cachoeira de Paulo Afonso, transformaram Delmiro Gouveia na maior autoridade
social dos sertões nordestinos. O novo Coronel, emigrado do alto comércio
recifense, tinha enorme prestígio econômico da região e prestígio político no
Estado de Alagoas, o qual também se estendeu a Pernambuco, quando, o General
Dantas Barreto, “derrubou” a oligarquia do Conselheiro Rosa e Silva. Para o
povo em geral, o Pioneiro, de Paulo Afonso era um verdadeiro herói, por ter
domado a famosa cachoeira do S. Francisco.
A inveja e o despeito não tardaram em criar duas sérias inimizades ao moderno
sertanista. Interesses políticos e econômicos contrariados tornaram o Cel. José
Gomes de Lima e Sá, residente em Jatobá, hoje Petrolandia, um inimigo rancoroso
de Delmiro. Na outra extremidade da Estrada de Ferro Paulo Afonso, em Piranhas,
o Cel. José Rodrigues de Lima, parente do primeiro, também se desentendeu com
Delmiro , por questões de terras. O ódio dos dois parentes armou sicários que,
nas caladas da noite, abateram traiçoeiramente, em sua casa, a mais importante
figura da moderna História Econômica do Nordeste.
Nos dois processos instaurados na Comarca alagoana de Água Branca, apareceram
como mandantes do hediondo crime os Coronéis José Rodrigues de Lima e José Gomes
de Lima e Sá. O Coronel José Rodrigues acobertou-se com as “imunidades” de
chefe político do Município de Piranhas, as quais logo se converteram em
imunidades parlamentares, do deputado Estadual. Por isso, ele nem chegou a ser
denunciado pela Promotoria Pública daquela Comarca. Em conseqüência de oura
inimizade, foi assassinado em Maceió, a 28 de agosto de 1927.
Quando o Cel. José Gomes foi denunciado e pronunciado em Água Branca, mas se
refugiou no interior do Goiás, onde nunca chegou a ser incomodado pela Justiça
de Alagoas. Decorridos muitos anos, já em 1936, foi assassinado na cidade de
goiana de Peixe, por questões de família. O certo, porém, é que o crime mandado
praticar por esses dois atrasados Coronéis sertanejos, não atingiu apenas o
genial Delmiro Gouveia: a bala, que lhe varou o coração, também, atingiu o
próprio coração do Nordeste, onde o Pioneiro de Paulo Afonso fizera brotar a
nova civilização industrial.
A confusão que se seguiu a morte violenta do Pioneiro de Paulo Afonso, na vila
industrial de Pedra, foi indescritível. A inconcebível realidade foi por demais
chocante e as diversas patrulhas, que logo se organizaram para capturar os
executores do nefando crime, não surtiram qualquer efeito. Fervilhavam os
boatos e multiplicavam-se as insinuações sobre a autoria material do crime, até
que as hipóteses recaíram nos derradeiros ausentes do núcleo industrial. Entre
estes, estavam os operários José Inácio Pia, que fora despedido da fábrica de
linhas, e seu compadre Róseo Morais do nascimento, que pedira suas contas.
Na casa da Ruía Rui Barbosa, na vila operária da Pedra, onde haviam residido
Róseo, que era solteiro, e José Inácio Pia, casado, somente permaneciam a
esposa e sogra deste último. E logo no dia 14 de outubro, ao que consta dos
autos do Processo Delmiro, surgiram as primeiras acusações a esses derradeiros
ausentes. Não foi difícil à Polícia Militar de Alagoas capturar os supostos
assassinos de Delmiro, permitindo ao Governo do Estado justificar-se perante a
opinião pública do Nordeste e de todo o Brasil.
José Inácio Pia, apelidado de Jacaré, foi preso no dia 7 de novembro, em
Própria, onde estava em transito, de volta á Pedra, para ir buscar sua mulher.
Naquela cidade, ele fora protestar sua inocência no quartel da Polícia
sergipana, onde se abrigou. Quanto ao seu compadre Róseo, Jacaré informou que
ele estava trabalhando na usina Pedras, no Município de Maruim, onde foi preso
a 10 de novembro. Noutro inquérito, feito um ano mais tarde, apareceu Antonio
Felix do Nascimento como terceiro mandatário do crime de 10 de outubro de 1917.
À custa de violência de toda espécie, que iam do pistolamento às constantes
ameaças de fuzilamento, o famigerado Capitão Nolasco obteve de Jacaré e Róseo a
“confissão” da autoria do crime... O mesmo processo foi utilizado em relação ao
pernambucano Antônio Felix do Nascimento, que não tinha qualquer parentesco com
o cearense Róseo Morais do Nascimento. Denunciados e pronunciados, esses três
humildes sertanejos foram submetidos a julgamento pelo Tribunal do Júri de Água
Branca, em 22 de agosto de 1919, que os condenou à pena de 30 manos, confirmada
por um segundo julgamento, realizado e, 9 de fevereiro de 1922.
ERRO JUDICIÁRIO
Após 22 anos de pesquisas sobre a vida e a obra de Delmiro Gouveia e dois anos
e meio depois do lançamento da terceira edição do nosso ensaio sobre o Pioneiro
de Paulo Afonso, chegamos à conclusão de que Róseo Morais do nascimento e José
Inácio Pia (vulgo Jacaré) foram vítimas de erro judiciário no Processo Delmiro.
Na última semana de setembro de 1917, eles pegaram o trem, na estação da Pedra,
e foram até Piranhas, onde embarcaram para Própria, logo nos primeiros dias de
outubro. Desceram em S. Francisco na canoa Pirapora, em que também viajavam o
industrial Manoel de Souza Brito e o cabo José Marinho de Melo Morais, do
destacamento de Piranhas. Róseo e Jacaré pediram emprego ao Cel. Neco Brito,
que lhes ofereceu colocação em sai fábrica de tecidos, de Própria. Na
terça-feira, 9 de outubro, foram despedir-se do industrial e dizer-lhe que não
aceitavam o emprego. Por serem baios os salários.
Na quarta-feira, dia 10, tomaram o trem da Própria a Aracaju, o qual pernoitou
em Japaratubinha, hoje Muribeca, por motivo de avaria. No dia seguinte, o trem
se arrastou até a estação mais próxima, que era o entroncamento ferroviário de
Murta, onde se iniciava o ramal de Capela. Ali na estação de Murta foi, então,
que souberam da morte de Delmiro, transmitida pelos passageiros do trem da
quinta-feira, saído de Propriá. Róseo e jacaré desceram na estação de Maruim,
dirigindo-se à usina Pedras onde se empregaram como pedreiros.
Cerca de um mês depois, quando Jacaré voltou a Propriá, com destino à vila
operária da Pedra (para ir buscar sua mulher), soube que ele e Róseo estavam
sendo apontados como matadores de Delmiro. Nova, ente procurou o Cel. Neco
Brito, em sua própria residência. A seu pedido, o Cel. Manuel de Souza Brito
passou um telegrama ao Coronel Ulisses Luna, de Água Branca, informando que
Jacaré e Róseo não poderiam ser os assassinos de Delmiro Gouveia, pois na
véspera do dia 10 de outubro eles estavam em Propriá. Esse telegrama foi ditado
pelo Cel. Neco Brito a sua filha Maria Etelvina (a jovem Lili), que o escreveu,
e foi recebido pelo Cel. Ulisses Luna, quer o mandou entregar às autoridades
encarregadas do inquérito policial, às quais lhe deram destino ignorado. Tão
decisivo documento não consta do Processo Delmiro, ao que verificamos no
cuidadoso exame dos seus dois volumes.
Informação: Este vídeo não faz parte deste texto, apenas para o leitor conhecer mais um pouco sobre o coronel Delmiro Gouveia
Em nossa longa e continuada pesquisa sobre a vida e a obra de Delmiro Gouveia
(que iniciamos em janeiro de 1950 e ainda não demos por terminada), nenhum
elemento conseguimos a respeito da inocência de Antônio Felix do Nascimento, o
suposto terceiro mandatário do crime. No sertão do submédio S. Francisco, em
Alagoas e Pernambuco, muita gente afirma que ele também “confessou” o crime à
custa de grandes torturas, por parte das autoridades policiais alagoanas. Já
nos meados de 1953, soubemos que se falava em Água Branca ter sido um dos
assassinos de Delmiro o agricultor Herculano Soares Vilela, que tempos antes
tivera um sério atrito com o Pioneiro, numa rua daquela cidade. Somente na
década de 60 foi que o Sr. Cícero Torres, então Deputado Estadual e hoje
Conselheiro aposentado do Tribunal de Contas de Alagoas, fez declarações públicas
sobre a culpabilidade de Herculano Vilela na morte de Delmiro. Posteriormente,
o Sr. Cícero Torres, neto dobarão de Água Branca, reafirmou essas declarações,
em inquérito judicial. Depondo na mesma inquirição, o venerando Sr. José
Correia de Figueiredo, genro do Coronel Ulisses Luna, declarou “que era voz
corrente em Água Branca que a autoria material do crime cabia a Herculano
Soares e seu cunhado Luiz dos Angicos, e Manuel Vaqueiro”. Também se diz em
Água Branca, que Herculano Soares Vilela, na hora da morte, revelou o segredo a
seus familiares, que se negam a dar testemunho dessa importante confissão.
(*) Advogado, Escritor e Jornalista nascido em Santana do Ipanema (AL).