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quinta-feira, 18 de julho de 2019

LAMPIÃO E BENJAMIM ABRAÃO CONVERSAVAM NA CAATINGA ENQUANTO REPOUSAVAM

Por José Mendes Pereira
https://www.youtube.com/watch?v=fBR9wPp5gt8

Benjamin Abraão: - Capitão Lampião, sei que o senhor não gosta que ninguém fale sobre o que eu vou lhe perguntar, mas como nós já somos amigos alguns meses aqui dentro desta mata, e tenho certeza que o senhor vai entender, e sabe que não é uma crítica...

Capitão Lampião: - Se vai me fazer uma pergunta Benjamin, me pergunta logo. Não fica fazendo rodeio como vaqueiro que persegue uma rês.

Benjamin Abraão: - Por que o senhor perdeu a guerra pra Mossoró no Rio Grande do Norte na de 13 de junho de 1927?

Capitão Lampião: - Sobre esse assunto eu nem gosto que ninguém me faça lembrar. Mas como você é meu amigo mais novo eu vou lhe responder.

Benjamin Abraão: - Sim senhor, capitão Lampião!

Capitão Lampião: - Eu até hoje tenho raiva de mim mesmo Benjamin Abraão, porque um cangaceiro experiente como sou eu, por ter escutado a conversa de um aspirante de cangaço como era o Massilon Leite. Escutei e o que ele falou sobre a cidade de Mossoró, dizendo-me que tinha boas condições financeiras, dona do melhor sal do Brasil e do mundo, além do mais uma fábrica de descaroçar algodão, bandoleira como é mais conhecida, e com estes dois produtos fez com que ela guardasse muitas riquezas. Um movimento assustador, segundo me disse Massilon, que o dinheiro lá corria muito fácil, e que até no chão se encontrava cédulas e moedas. Confiante nos homens que comigo foram à empreitada marchamos pra lá. Mas foi engano, Benjamin. Lá encontramos uma resistência totalmente armada. Eu com mais de 50 homens, como o Sabino, o Colchete que foi logo morto, o Mariano, O Luiz Pedro, o Jararaca, que foi preso e morto depois... Mas todos eram de muita coragem. Os resistentes eram um enorme batalhão de defensores. Eu suponho que até o santo estava atirando, porque lá de cima da igreja vinham balas de todo jeito.

Benjamin Abraão: - E que santo era este que estava atirando também, capitão Lampião?

Capitão Lampião: - Era um tal de São Vicente. Engraçado é que a sua igreja tem a bunda redonda...


Benjamin Abraão - Deixa pra lá, capitão! Santo que a sua igreja a bunda é redonda só pode ser diferente, e foi por isso que vocês perderam a batalha.


Atenção, leitor: Isso é apenas uma brincadeirinha com o capitão Lampião sem desmoralizar a família Ferreira, e não tem nenhum valor para a literatura lampiônica.

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COCÕES ACOCHADOS

Clerisvaldo B. Chagas, 17/18 de julho de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.146

O carro de boi desempenhou papel muito importante na colonização do Brasil. Veio alargando trilhas indígenas e caminhos de burros, jumentos e cavalos, levando e trazendo mercadorias, abastecendo e gerando riquezas. Foi o percursor do caminhão que, encontrando as estradas enlarquecidas, agilizou as trocas de mercadorias litoral/sertão. Muitas vezes andava em frota com até mais de vinte carros, percorrendo longas distâncias com denodo, paciência e bravura pelo progresso brasileiro. O nosso país deve  muito aos carros de pau, bois e carreiros. E mesmo com um mundo cheios de tecnologias, o carro de boi continua resistindo em todo o território nacional, amado, apreciado e respeitado. Possuir um veículo deste é motivo de prazer e orgulho.

GOB/DIVULGAÇÃO.

Certa feita meu pai mandou fazer um carro – não sei em que lugar – muito caprichado e de tamanho maior, pois existem dois tamanhos. Confiou o veículo e os bois ao chamado Cícero Carreiro que morava nas proximidades do Poço dos Homens (rio Ipanema). O senhor Cícero era um homem simpático, agradável e caprichoso no trato com os animais. Meu pai ficava muito contente com os elogios ao carro, feito com muito esmero por famoso artesão sertanejo. Já descrevi todas as peças de um carro de boi e o tipo de madeira de cada uma. Inclusive também no romance inédito, “Fazenda Lajeado”. Mas para quem gosta da zona rural, continua apreciando esses veículos antigos. As últimas vezes em que visitei uma fábrica de carro de boi foram em Inhapi, alto sertão de Alagoas e em Olho d’Água das Flores.
Nesta quarta-feira, portanto, teve início a famosa festa de Senhora Santana, em Santana do Ipanema. Na ocasião da abertura da festa com a procissão, centenas e centenas de carros de boi abrilhantam o cortejo numa beleza inusitada. Inclusive até mesmo o dia foi estiado para que todos pudessem participar do ato com maior conforto. Nada mais justo para a “Capital do Sertão” que também já foi chamada de “Terra dos carros de boi”.
No sertão alagoano ainda existe o encontro dos carreiros na cidade de Inhapi.
Valorizar o que é nosso.
Orgulho nordestino.

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FLOR DE PLÁSTICO

*Rangel Alves da Costa

Quando estou com saudade eu me lembro da flor. Quando quero beijar eu me lembro da flor. Quando quero abraçar eu lembro a flor. Quando quero amar não tenho a flor. A flor vive no pensamento, mas nunca está comigo.
Imagino a flor viçosa, colorida e perfumada, ainda que no jardim de um coração desfolhado e sem cor. Quem dera tê-la mesmo entre espinhos e ferroadas de abelhas famintas. Mas não tenho a flor.
Quem dera ao menos a flor do mandacaru, que brota, encanta, apaixona, mas na manhã seguinte só lhe resta as cinzas de flor. Mas não tenho esta flor e nenhuma outra flor. Dói imaginar quanto efêmera é a vida e, nos seus instantes de viver, outra coisa procurar senão o amor.
Quem dera ter uma flor do campo, uma florzinha miúda de beiral de estrada, tão pequenina e tão encantadora que o sentimento logo desperte ante a sua beleza. E tocá-la com as mãos, acariciá-la, beijar e seguir adiante sentindo saudades. E querer voltar. Também não tenho esta flor.
Quem dera ter uma flor escondida nas distâncias do mato, quase oculta pelas folhagens, mas de tamanha beleza que o seu encontro se pareça mais com aquele amor desejado e somente na luta encontrado. Também não tenho esta flor.
E na loucura da vida vã, no desespero de querer algo que me alegre os olhos e o coração, eis que me vi adiante de uma flor de plástico, ou uma imagem já quase sem cor e empoeirada sobre a mesa. Não tinha outra flor.
Só tenha esta flor, a flor de plástico na solidão de um jarro. Eu queria a rosa vermelha, eu queria a rosa mais bela, eu queria um jardim de rosas, para numa só flor dizer e mostrar todo o meu amor. Mas diante de minha solidão apenas a flor de plástico. O que fazer, então? Limpar, lavar, cuidar da flor de plástico.
Novamente colocada no jarro sobre a mesa, então sentar na cadeira de balanço na sala escurecida e ficar dizendo a mim mesmo, enquanto meus olhos a ela voltam: A gente ama o que está perto e não se esconde, não foge da gente. A gente ama o que pode ser alcançado pelos olhos e o coração. A gente ama o que pode beijar e tocar com as mãos. A gente não ama a flor por ser flor, mas a gente ama a flor por nos despertar o amor, ainda que seja de plástico.
A gente ama a flor de plástico e a flor do jardim. Mas se a flor verdadeira vá se tornando apenas uma ilusão perante o desejo de tê-la sempre ao lado, então não há como renegar o amor que se mostre fiel e leal, afetuoso e meigo, presente na flor de plástico.
E é a flor que tenho. A flor de plástico é a flor que tenho aqui, aqui juntinho de mim. A flor que me olha e me lança uma aura de confiança e paz.  E por isso que amo a flor de plástico.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

O PRIMEIRO CRIME DE LAMPIÃO NO CARIRI CEARENSE

Por Bruno Yacub Sampaio Cabral 

Em 31 de janeiro de 1927 (segunda-feira), Lampião e seu bando, livres de qualquer perseguição, passam pelo sítio Salvaterra em Brejo Santo, com destino ao tabuleiro da Serra do Araripe. Logo depois, ainda nas horas mortas da noite, veio a volante cearense do tenente José Bezerra que, quebrando à esquerda do Salvaterra, buscou o sítio Guaribas, seu real objetivo. (1)

Com isso, uma vez no planalto da chapada do Araripe, Lampião matou a sede dos seus animais na lagoa da Malhada Funda, já no município de Missão Velha. De lá ouvia-se o pipocar dos tiros nas Guaribas.

Em seguida, Lampião procurou o sítio Serra do Mato, onde não encontrou o coronel Santana, seu protetor e nem Júlio Pereira, seu notório fornecedor de munição. Por isto, Lampião ficou irritado, pois dera viagem perdida. Nem dinheiro, nem munição, quando seu grupo precisava das duas coisas. É sabido que Lampião guardava joias e dinheiro no cofre do seu amigo, coronel Santana.

Local onde existia o casarão do coronel Santana, Serra do Mato, em Missão Velha - CE.
Contrafeito, Lampião atravessou a chapada do Araripe, guiado por um morador de Antônio Coelho, chegando ao barreiro das Cacimbas, serra de Jardim, ponto de encontro dos vaqueiros de todo o Cariri. 
Em dado momento, conversando ao lado de uma cerca, à margem do barreiro esperando gado, os vaqueiros foram surpreendidos com a aproximação de um bando de cangaceiros. A seguir, outro grupo surgiu no lado oposto, tendo a frente Lampião. Nisto, seu guia disse que um dos vaqueiros era Pedro Vieira Cavalcante, proprietário da fazenda Apertada Hora (Serrita - PE), vaqueiro do seu próprio gado, que tinha amigos e compadres em Jardim, que ficava dali a mais ou menos duas léguas. Estava, assim, selada a trágica sorte do fazendeiro-vaqueiro.

O outro vaqueiro era Vicente Venâncio que, esperto, ludibriou os cangaceiros e fugiu a pé, arrastando-se pelo chão e depois em desabada carreira, por dentro da mata, sumiu.

O terceiro vaqueiro era Mauro de São, da família Sá Barreto (Barbalha), que, por ser jovem, foi encarregado por Lampião de levar até Jardim o pedido de resgate pela liberdade de Pedro Vieira Cavalcante, com recomendação do mesmo ser entregue ao Intendente local, coronel Dudé, José Caminha de Anchieta Gondim (pai do monsenhor Dermival de Anchieta Gondim), conceituado boticário da cidade, e ao senhor de engenho Urias Novaes, por ser rico e compadre de Pedro Vieira Cavalcante. (2)

Juntar cinco contos de réis em Jardim não era tarefa fácil, sobretudo porque ali não havia banco. O dinheiro teria de ser conseguido com donativos dos amigos do prisioneiro. Lampião ficou esperando o resgate lá mesmo, na baixa das Cacimbas.

Como o resgate custasse a chegar, Lampião mandou avisar que ficaria esperando a resposta ao seu pedido na fazenda Barra da Forquilha, ainda em Jardim, em seguida entrando no estado de Pernambuco conduzindo o prisioneiro.

Em jardim os homens ricos da terra se cotizavam até que conseguiram juntar três contos de réis, remetidos para a fazenda Barra da Forquilha pelo marchante José Pedro "Rabada", que seguiu a cavalo.

Pois bem, um vez na Barra da Forquilha, Lampião deixou Pedro Vieira Cavalcante sob a guarda do cangaceiro Balão e seguiu com seu grupo para a vila de Ipueiras dos Xavier, sendo recebido por 14 homens e farta munição, acabou perdendo o combate, como aconteceria na vila Belém do Arrojado, atual Uiraúna - PB, em 15 de maio de 1927, como também em Mossoró - RN, em 13 de junho de 1927.

Com pouca munição e sem dinheiro, Lampião bateu em retirada, buscando os sertões pernambucanos de Leopoldina, hoje Parnamirim, mas antes de sair, o cangaceiro Balão matou Pedro Vieira Cavalcante com um tiro no ouvido, que ainda estava encourado com as vestimentas de vaqueiro. Momentos depois chegou o dinheiro do resgate, já fora de tempo, infelizmente. Já era 03 de fevereiro de 1927.

Segue uma análise de Napoleão Tavares Neves sobre a morte de Pedro Vieira Cavalcante, inserida no livro Cariri Cangaço, Coiteiros e Adjacências, Crônicas Cangaceiras, págs. 46 e 47, editora Thesaurus, Brasília, 2009:

"Em fevereiro de 1927, deu-se o assassinato frio de Pedro Vieira Cavalcante, nas proximidades do povoado de Ipueiras, município de Leopoldina, à época (3). O bando de Lampião o prendera no lugar Cacimbas, na chapada do Araripe, e o levou até o lugar, onde o matou com sanha brutal.

Por que, desta vez, Lampião não teve atenção ao padre Cícero? Sim, por que? Simplesmente por isto: Lampião não mexia com o Cariri porque não era besta de cortar o aberto canal de comunicação, onde se abastecia de armas e farta munição. Só isto! Lampião era ignorante, porém inteligente! Se ele entrasse no Cariri atirando a torto e a direito, fecha-se-ia para ele o caminho para a Serra do Mato, fonte inesgotável de suprimento para seu bando. Não era em atenção ao padre Cícero a quem ele, obviamente, tinha atenção como todo sertanejo, mas não a ponto de, por causa dele, não mexer com o Cariri. É mais uma balela criada por historiadores.

Pois bem, Pedro Vieira foi aprisionado em Cacimbas que é Jardim e Jardim é Ceará. Onde, pois, a atenção de Lampião ao Cariri, por causa do padre Cícero?! Pedro Vieira foi levado por Lampião pela fazenda Barra da Forquilha e morto com um tiro no ouvido, desferido pela cangaceiro "Balão", no povoado Ipueiras dos Xavier. E aqui uma pergunta: - Por que sempre "Balão", nessas execuções?

Portanto, desta vez não apareceu em Lampião a atenção ao padre Cícero, simplesmente porque, chegando a Serra do Mato, não encontrou nem o coronel Santana, nem Júlio Pereira, ficando desesperado, sem dinheiro e sem munição. Perdeu o "Fogo de Ipueiras" contra 14 homens dos Xavier, cada um com 400 cartuchos. Gente alegre, inteligente, disposta e aguerrida, a família Xavier deu sobeja demonstração de decisão. E no fragor da luta ainda gritavam: "Bota uma retaguarda, compadre Chico Romão", cujo irmão Romão Sampaio Filho era genro do chefe dos Xavier, coronel Pedro Xavier, delegado de Polícia da vila de Ipueiras. Repito: Ipueiras, perdida nos confins dos sertões pernambucanos, antecipou-se a Mossoró (e a Uiraúna), rechaçando Lampião."

E este é considerado o primeiro crime praticado por Lampião e seu bando no Ceará, na chamada "Era Lampiônica".

Bruno Yacub Sampaio Cabral 
Pesquisador  

Notas

(1) É importante frisar que, apesar de Lampião e seu bando terem entrado no Ceará livres de qualquer perseguição, na verdade, eles já vinham fugindo das forças volantes do Pernambuco, da Paraíba e do próprio Ceará. Ainda no mês de janeiro de 1927, na Paraíba, Lampião na tentativa de acertar contas com Marcolino Diniz, pois havia deixado sob seus cuidados, dinheiro e joias, teria dificuldade para chegar à região da fazenda Patos, em Princesa Isabel, de onde fora expulso em 1924. A meio do caminho entre os povoados de Santa Cruz e Patos, no sítio Sozinho, de Andrelino Inácio, o bando faz parada e é atacado pelos soldados contratados Raimundo e Chiquito, ao qual são fuzilados e queimados com coivara e querosene. No dia seguinte, o coronel Zé Pereira, enfurecido, reúne seus auxiliares e expulsam o bando da região. N.A

(2) Lembrando que em março do ano anterior, 1926, Lampião e seu bando, foi recebido em Jardim pelo próprio intendente, coronel Dudé, como Capitão do Batalhão Patriótico de Juazeiro, chegando a pernoitar na localidade. N. A.

(3) A vila de Leopoldina hoje é chamada de Parnamirim. O distrito Ipueiras atualmente pertence à cidade de Serrita, na época chamada de Serrinha, ambas no estado de Pernambuco. N.A.

Fonte bibliográfica:

- Silva, Otacílio Anselmo e, Surpreendente e condenável comportamento de Lampião no Ceará, em revista Itaytera, n°19, Instituto Cultural do Cariri, Crato - CE, 1975;
- Neves, Napoleão Tavares, Cangaço, Crônicas e Adjacências, Crônicas Cangaceiras, editora Thesaurus, Brasília - DF, 2009;
- Bonfim, Luiz Ruben F. de A., Lampião em 1927, A marcha dos bandidos, editora Oxente, Paulo Afonso - BA, 2019;
- Dantas, Augusto de Sousa, Lampião na Paraíba, Notas para a história, editora Polyprint, Natal- RN, 2018;
- Mello, Frederico Pernambucano de, Entre Anjos e Cangaceiros, editora Escrituras, São Paulo - SP, 2012.

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HÁ 101 ANOS, OS ROMANOV ERAM FUZILADOS NA RÚSSIA

Por Mario Alberto Peçanha 

A tiros, baionetas e pauladas, os bolcheviques deram fim à aristocracia mais antiga da Europa.

Naquela noite fatídica de 17 de julho de 1918, a família real russa, os Romanov, já havia caído na mais absoluta desgraça. Desde maio estavam presos na Casa Ipatiev, em Yekaterimburgo. O local havia sido cercado por paliçadas altas e as janelas cobertas por jornais e nunca abertas, para que não fossem vistos. Eram vigiados o dia inteiro e tinham de tocar um sininho para avisar se fossem ao banheiro. Mais de uma vez, os guardas atiraram como aviso diante de desobediência.


Pouco depois da meia-noite, foram acordados pelos guardas, sob o pretexto de serem transferidos. Mas, no lugar da rua, foram levados para o porão, eles e os servos, 11 pessoas no total. Lá esperaram longos minutos até chegar o caminhão que levaria seus corpos, que manteve seu motor ligado para ocultar o ruído.

Yakov Yurovsky, chefe dos captores, leu então sua sentença:

"Nikolai Alexandrovich, diante do fato que seus parentes continuam seu ataque contra a Rússia Soviética, o Comitê Executivo de Ural decidiu executá-lo" [aprovado e oficializado pelo Comitâ Central do Partido Comunista]
As últimas palavras do último czar foram um incrédulo "O quê?! O quê?!".

Quarto onde os Romanov foram executados, na Casa Ipatiev / Crédito: Reprodução

Imediatamente, o pelotão começou a atirar. Cada um tinha um nome de quem seria seu alvo, inclusive as crianças, mas a coisa logo descendeu ao caos porque a fumaça das armas tornou impossível ver qualquer coisa. A porta foi aberta e, quando a fumaça baixou, perceberam que os cinco filhos - a mais velha, Olga, de 22 anos, e o mais jovem, Alexei, de 13 - ainda estavam vivos. A ordem foi então matá-los com baionetas e o cabo dos fuzis. Quando isso não funcionou, mais tiros foram disparados.

As lendas

Essa é a história real. Mas os bolcheviques, por razões bem compreensíveis, evitaram que ela fosse conhecida do público. Inclusive espalharam boatos de que o resto da família real, tirando o czar, estava viva. De certa forma, deve-se a eles os rumores.

Anastásia, filha predileta do czar Nicolau, acabou se transformando em uma das lendas mais duradouras do século 20. Tudo porque as mulheres da família Romanov resistiram aos primeiros tiros disparados pelo pelotão de fuzilamento. Algum tempo depois da chacina, testemunhas afirmaram ter visto a menina pedindo ajuda nos vilarejos próximos a Yekaterimburgo. Um soldado da guarda Tcheca, comovido ao perceber que a princesinha tinha sobrevivido, teria ajudado Anastásia a fugir.

Maria, Olga, Anastásia e Tatiana, prisoneiras em 1917 / Crédito: Reprodução

Nas décadas seguintes, falsas Anastásias apareceram em toda a Europa e nos EUA, reivindicando a fabulosa fortuna que a família real mantinha em bancos suíços. O caso mais famoso é o de Anna Anderson. Em 1970, ela foi à Justiça alemã para tentar estabelecer-se como legítima herdeira dos Romanov. O processo arrastou-se por quase 15 anos, sem que ninguém chegasse a uma conclusão. Até que, em 1994, testes de DNA provaram que Anna não tinha qualquer parentesco com a realeza russa. Na verdade, ela era a polonesa Franziska Schanzkowska, uma operária nascida na cidade de Pomerânia em 1896 e desaparecida desde 1920.

O segredo

Durante o regime socialista na URSS, ninguém se atreveu a investigar a morte dos Romanov. Ou melhor, quase ninguém. Em 1979, dois curiosos historiadores-amadores russos – os amigos Alexander Avdonin e Gueli Riabov – encontraram sinais de uma cova suspeita nos arredores da Casa Ipatiev. Escavaram o local e retiraram de lá cinco ossadas que pareciam ser de integrantes da família real.

Temerosos de que a descoberta fizesse a ira do Estado soviético cair sobre suas cabeças, eles recolocaram os ossos no lugar. Com o fim da URSS, as ossadas foram novamente exumadas e submetidas a testes de DNA, que comprovaram: aqueles eram mesmo os restos mortais do czar Nicolau II, da imperatriz Alexandra e das filhas Olga, Tatiana e Anastásia.

No dia 17 de julho de 1998 – exatos 80 anos depois de terem sido executados –, os Romanov foram levados para a cidade de São Petersburgo e sepultados na cripta da Catedral de São Pedro e São Paulo. Dois anos mais tarde, seriam canonizados pela Igreja Ortodoxa Russa.

Em julho de 2007, um grupo amador de estudiosos de história anunciou ter encontrado as duas ossadas que faltavam: a do garoto Alexei e a de sua irmã Marie. Arqueólogos russos confirmaram a veracidade da descoberta. 

Em 2000, começou a ser feita a Igreja de Todos os Santos, sobre o local original da Casa Ipatiev. 


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SEBASTIÃO PEREIRA DA SILVA O SINHÔ PEREIRA

Por José Mendes Pereira

Facínora famoso é sempre visto e admirado pela população, mesmo ela sabendo que ele é faca de dois gumes e não é pessoa confiável, pois basta um olhar desagradável em sua direção, aquele olhar poderá se tornar um bom motivo para uma vingança por parte do marginal.

Veja o que disse Sebastião Pereira da Silva o cangaceiro Sinhô Pereira a um jornalista. (O recorte de jornal que eu apanhei esta informação não tem o nome do repórter e nem o nome do jornal, apenas o endereço do blog que eu o adquiri -  http://meneleu.blogspot.com.br).

"- Todos queriam me ver - dizia Sebastião Pereira da Silva o  ex-cangaceiro Sinhô Pereira.  Achei engraçado! Pra todo lado que eu fosse tinha uns 40 olhos em cima de mim". Prefiro ficar aqui com meus netos, com minha farmácia. Aqui enterrei meu passado. Minha presença em Pernambuco pode reacender velhos ódios".

Ele se referia quando retornou ao Pajeú após a sua saída de lá para Minas Gerais Estado do Brasil.

Sinhô Pereira - http://meneleu.blogspot.com.br

Veja leitor, que o ódio de um facínora famoso permanece sempre consigo. É possível que quando o Sinhô Pereira cedeu esta entrevista a um repórter, ele já estava com a idade avançada (pela foto ver-se que a sua idade já passava dos 70 anos), porque só o encontraram em Minas Gerais depois de várias décadas passadas após o cangaço, mas mesmo assim, ele disse:

"Aqui enterrei meu passado. Minha presença em Pernambuco pode reacender velhos ódios". 

Pesquisador Antonio José de Oliveira lá da cidade de Serrinha, no Estado da Bahia, e Francisco Carlos Jorge de Oliveira lá do Estado do Paraná, vejam que homem valente era o Sinhô Pereira. Mesmo com a idade avançada, tranquilo, comerciante, e quem sabe, feliz, ainda temia reativar novas rixas se voltasse à sua terra natal Serra Talhada!

Continua o depoente:


"- Aqui recebi a notícia sem surpresa, a notícia da morte do compadre Virgolino. Quero morrer aqui com meus parentes e meus amigos. Não quero recordar o tempo do cangaço. Dele só poderia dizer como Virgolino: Só trouxe fome, sede e nudez".

Um pouco sobre a biografia de Sebastião Pereira da Silva o ex-cangaceiro Sinhô Pereira

Sebastião Pereira da Silva mais conhecido como Sinhô Pereira nasceu em Serra Talhada no dia 20 de janeiro de 1896, e faleceu em Lagoa Grande no Estado de Minas Gerais, no dia 21 de agosto de 1979. Era descendente do Coronel Andrelino Pereira da Silva, o Barão de Pajeú, que era tio-avô do empresário João Santos fundador da Fábrica de Cimento Nassau. 

Sinhô Pereira era alfabetizado e trabalhava no campo. Motivos familiares levaram-no a ingressar no cangaço, tendo recebido a insígnia de comandante de tropa. Pressionado politicamente e perseguido por forças policiais, viajou com o primo Luiz Padre para Goiás e Minas Gerais, onde obteve o título de cidadão mineiro. Ao deixar o cangaço, no ano de 1922, Sinhô Pereira entregou sua tropa para o comando de Virgulino Ferreira da Silva.

Sinhô Pereira sentado e Luiz Padre em pé - Dois primos valentes ao estremo

O apelido de Lampião existem duas versões, mas sabemos que a mais provável é a que foi afirmada pelo cangaceiro Sinhô Pereira no ano de 1971, após 49 anos, quando visitou pela última vez sua terra natal "Serra Talhada" e deu entrevista ao seu primo Luiz Lorena e que fora prefeito de lá. - (http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2009/02/entrevista-c-o-ex-cangaceiro-sinho.html)

Luiz Conrado de Lorena e Sá - www.fundacaocasadacultura.com.br

VEJA O QUE PERGUNTOU LUIZ CONRADO DE LORENA E SÁ AO EX-CANGACEIRO SINHÔ PEREIRA:

Luiz Lorena - "Por que Virgolino Ferreira da Silva ganhou o apelido de Lampião?"

Sinhô Pereira respondeu:

- "Num combate, à noite, na fazenda Quixaba, o nosso companheiro Dê Araújo comentou que a boca do rifle de Virgolino mais parecia um lampião. Eu reclamei, dizendo que munição era adquirida a duras penas. Desse episódio resultou o Lampião que aterrorizou o Nordeste".

O que disse Sinhô Pereira que era seu comandante, sobre o apelido de Virgulino Ferreira da Silva para Lampião, não há mais dúvida, quem prevalece é a primeira versão, pois ela foi afirmada pelo poderoso cangaceiro, e não é mais necessário falar  na 2ª, para evitar que complique a mente dos estudantes do cangaço que estão começando agora. 

Sebastião Pereira da Silva Sinhô Pereira faleceu numa manhã no final do ano de 1979, em Lagoa Grande, Estado de Minas Gerais, deixando para trás uma vida e uma história marcadas de angústia, dores e vontade de viver feliz com sua família e amigos.

http://josemendespereirapotiguar.blogspot.com.br

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DIÁRIO DE NOTÍCIAS (RS), EDIÇÃO DE 13 DE NOVEMBRO DE 1956

 Cabeça de cera de Maria Bonita

Exibidos num museu de cera os grandes vultos do crime

Transcrição de Antonio Correia Sobrinho

Como é do conhecimento público, está em exposição em Porto Alegre, um museu de cera, do qual fazem parte grandes vultos do crime. Integram a admirável exposição a cabeça de Lampião, Maria Bonita e outras tantas personalidades que ocuparam páginas da imprensa nacional.

Detalhes anatômicos perfeitos, no museu que funciona na rua dos Andradas, defronte ao Cine Ópera, podem ser apreciados diariamente pelo nosso público.

Vemos, acima, Maria Bonita, a fiel companheira de Lampião, que também teve a sua cabeça decepada e carregada como troféu.

A reprodução foi feita por técnicos italianos, dias depois da morte dos cangaceiros."


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GEREMOABO-BA NO LARGO DA IGREJA.

Por Verluce Ferraz

Geremoabo-BA no Largo da igreja. José Bernardo Sobrinho com uma metralhadora Bergman modelo 1934. Ao seu lado um contratado e logo ao lado o Zé Sereno. 

Foto feita nas entregas em 19 de outubro de 1938.


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