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sexta-feira, 11 de maio de 2018

REVISTA JÁ APRESENTA A CANGACEIRA SILA

Por Adalto Silva

1997.

A revista JÁ, complemento do jornal Diário Popular, publicou uma excelente matéria com a cangaceira Sila e outros personagens do cangaço.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2086177924991936&set=gm.814786212063658&type=3&theater&ifg=1

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LENDO E REVIVENDO O SERTÃO FOLCLÓRICO

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de mais de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.899

       Estamos vivendo o momento em que anualmente as escolas sertanejas se preparam para o lazer regional de Santo Antônio, São João e São Pedro. Quase todo esse trabalho é em cima dos grupos folclóricos que ainda continuam furando o tempo: a dança de quadrilha e o coco de roda. As perseguições policiais, o descaso dos governantes, a chegada da televisão e outros lazeres modernos extinguiram inúmeras modalidades folclóricas como as “negras da costa”, o “quilombo”, “reisado”, “guerreiro”, “tapagem de casa” e bem muitas outras manifestações populares. Brava gente do Sertão que mesmo tendo passado tanto vexame, não abre mão do que lhe resta. Veja abaixo o que diz Tadeu Rocha, no seuModernismo & Regionalismo”, em 1966:

GUERREIRO. FOTO: (AGÊNCIA ALAGOAS).
“Nos municípios do interior, as próprias autoridades se encarregavam de proibir certas manifestações folclóricas, como as “sentinelas” aos defuntos nas pontas de ruas, os “reisados” e os “quilombos”. Lá em Santana do Ipanema, um delegado de polícia, bacharel pela Faculdade de Direito do Recife, perseguiu duramente os reisados e mandou espancar os “Mateus”, “Doutores”, “Jaraguás” e outras personagens. E um delegado regional, também formado em Ciências Jurídicas e Sociais, acabou com as “sentinelas” da cidade, com os seus “benditos” e as suas “excelências” porque perturbavam o sono dos homens de bem”.
Depois da célebre escola folclórica nascida em Viçosa e em seguida levada a Maceió, não foram muitos os seguidores de Théo Brandão – tão admirado pela minha mãe, professora Helena Braga. Mas foi construída uma literatura alagoana em cima do folclore da província. No Sertão ninguém se dedicou a essa vertente literária. Mas podemos ver nos cinco romances de Clerisvaldo B. (Braga) Chagas, do ciclo do cangaço, o folclore diluído em suas páginas. De qualquer maneira, o que pode ser feito no Sertão de Alagoas, será realizado geralmente pelas escolas públicas e particulares no período junino.
E se hoje as nossas tradições estão encolhidas, vamos relembrar o ditado sertanejo: “Do saco perdido, a embira”.
                                  

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CORONEL JOÃO BEZERRA - O COMANDANTE DA VOLANTE

https://www.youtube.com/watch?v=0XI_sxGev44&t=68s

Publicado em 8 de mar de 2015

Prezados, saudações. É com muita alegria que disponibilizamos aos amantes da cultura nordestina, o primeiro trabalho áudio-visual totalmente dedicado à figura do Coronel João Bezerra da Silva, indubitavelmente, o comandante maior da volante policial alagoana, que no famoso combate da Grota do Angico, ocorrido no dia 28 de julho de 1938, pôs fim à "Era Lampião". Segue um pouco do histórico do documentário: Locações: Fortaleza, Recife e São Paulo Participações: Ângelo Osmiro e Antônio Amaury Depoimento In Memoriam: Cyra Britto Representando a família: Paulo Britto. Direção: Anne Ranzan (PE) & Renata Sales (CE) Produção e Apresentação: Charles Garrido Duração: 01:22:25 Agradecemos a todos que colaboraram em prol da consolidação dessa obra e desde já, pedimos a compreensão do público quanto às nossas limitações, pois não somos profissionais da área televisiva ou cinematográfica, mas sim, apenas pesquisadores e estudiosos do tema. Aceitamos críticas, sugestões e elogios. Entretanto, permitam-nos comunicar que, todo e qualquer comentário inserido será previamente analisado, caso algum fuja aos padrões, infelizmente será excluído, pois pautamos o respeito para com os componentes e personagens históricos que participam do vídeo. Seguimos uma ordem cronológica, inserimos cinquenta e três fotografias, dentre elas, vários documentos pessoais do militar. No final, uma surpresa, ouviremos um trecho da entrevista exclusiva (apenas em áudio) com João Bezerra, realizada pelo escritor Antônio Amaury, no ano de 1969, no município pernambucano de Garanhuns. Para um melhor aproveitamento, colocamos uma legenda sincronizada à fala do militar. Finalizamos citando que, o intuito maior é poder colaborar de alguma forma para o engrandecimento e divulgação dos temas, cangaço e volantes. Família Britto Bezerra & Charles Garrido
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"Conquest Of Paradise" por Vangelis ( • )

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O COITEIRO QUE TRAIU LAMPIÃO E CORISCO

https://www.youtube.com/watch?v=8Jw8DtJYC9c

Publicado em 23 de ago de 2016

O COITEIRO QUE TRAIU LAMPIÃO CORISCO O COITEIRO QUE TRAIU LAMPIÃO CORISCO A verdade sobre a morte de Lampião e Maria bonita Casa de MARIA BONITA e histórias sobre Lampião Maria Gomes de Oliveira, MARIA BONITA, cangaceira, a rainha do cangaço, Malhada da Caiçara, Paulo Afonso/BA, Roteiro Cânion e Cangaço, Paulo Afonso, Virgulino

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APENAS UM VELHO? - Crônica



Apenas um olhar num velho. Será? Apenas um velho sentado à sombra do seu entardecer. Será? Apenas um velho marcado de tempo e levando à mão uma bengala como o próprio passo. Será? Apenas um velho retirado numa casa do outro lado do centro da cidade e convivendo com seu mundo de poucas vozes e muita solidão. Será? Ou apenas um velho já esquecido por tantos e só encontrado aí nesse seu mundo-vida? Não. Não e não. Não é um velho, e sim um livro. Não é um velho, e sim uma estrada tão longa que olhos outros já não conseguem avistar. Não é um velho, e sim um homem e sua história. Não é um velho, e sim um senhor e o que o mundo possa lhe reconhecer e respeitar. Não, jamais apenas um velho. E sim o Senhor João Saturnino dos Santos, o João Capoeira, em seu retrato vivo e já secular na idade. 


Quantos terão sua glória, quantos viverão sua história, quantos viverão tanto tempo para contar as proezas, as alegrias e as dores de um mundo distante? Mas Seu João ainda conta. 

Enedina ex-esposa do cangaceiro Zé de Julião

Vaqueiro na Fazenda Capoeiras, convivendo ladeado por cangaceiros e volantes, irmão de Enedina de Zé de Julião, um viajante do mundo, um passo espinhento e florido na terra sertão, um pássaro-vida em plena liberdade de ser o que sempre desejou ser: apenas sertanejo. 

O cangaceiro Zé de Julião ex-esposo de Enedina

Digo-te, Seu João, honrada é a terra que ainda tem sobre o seu chão um tronco ainda tão opulento e uma raiz tão belamente florida. Honrada é a terra cujo filho não se esquece de lhe pedir a benção. Benção, Seu João!

Rangel Alves da Costa

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/

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LAMPIÃO E MARIA BONITA


Por Ademir Guerreiro

Cangaceiro morreu em 28 de julho de 1938 na Grota de Angicos, em Sergipe.

Maria Bonita nunca pisou no Ceará, na Paraíba e no Rio Grande do Norte. Como ela entrou depois no cangaço, a presença dela só foi registrada em Sergipe, Alagoas, Bahia e Pernambuco"

Segundo Renato Oliveira Mendonça, 45, sobrinho da Rainha do Cangaço, há muita mitificação da figura de Lampião, principalmente quando se fala das mortes ocorridas durante o movimento do cangaço. “Lampião era uma pessoa boa também. Ele fazia o bem para muita gente. Ele foi transformado em um homem violento e agressivo por conta das histórias contadas apenas pela volante [polícia da época], mas isso não era a pura verdade.”

Mendonça lembrou ainda que até mesmo as volantes que perseguiam Lampião e seu bando cometiam crimes e depois colocavam a culpa no Rei do Cangaço. “Ele tinha mais fama do que currículo de bandido. Os policiais roubavam, estupravam e matavam. Depois era só espalhar pela cidade que tinha sido Lampião”, disse ele.

Medo após a morte

Para João de Souza, 43 anos, o medo instalado na mente das pessoas que viveram aquela época fez com que Lampião fosse temido mesmo após sua morte. Alguns cangaceiros, perto de completarem o centenário de vida, ainda seguem em silêncio.

“Muita gente deixou de falar e ainda não fala o que sabe sobre o cangaço porque ainda tem receio dos cangaceiros. Muitos me pedem para parar de ‘desenterrar’ Lampião”, disse o historiador, que lançou na semana passada o livro “Moreno e Durvinha - Sangue, amor e fuga no Cangaço”.

O fato, segundo o historiador, não é querer desenterrar Lampião pura e simplesmente, mas resgatar a memória de um movimento considerado como um dos maiores símbolos da cultura nordestina. “Trabalhar com pesquisa sobre o cangaço é quase uma atividade heroica, pois muita gente ainda treme quando houve falar o nome de Lampião, principalmente os que conviveram com ele e tem histórias para contar”.

20 anos depois

O primo de Maria Bonita disse que as pessoas precisam saber de suas origens e contar as histórias que sabem ou que viveram com Lampião e o cangaço. 

“Eu, por exemplo, só fiquei sabendo de meu parentesco com Maria Bonita quando tinha 20 anos. Só fui conhecer meus primos e tios, todos da família de Maria Bonita, aos 40 anos.”

Mendonça conta que sua avó morreu e levou para o túmulo o que sabia sobre Lampião. 

“Ela mesma nunca me contou nada sobre Maria Bonita e Lampião. Quando eu tocava no assunto, ela bufava e mudava o rumo da conversa”.

Além do Rei e a Rainha do Cangaço, morreram na Grota de Angicos os cangaceiros Quinta-Feira, Luís Pedro, Mergulhão, Elétrico, Enedina e outros quatro que ainda permanecem desconhecidos, segundo o pesquisador Antônio Amaury Corrêa. Há, no entanto, um dilema entre historiadores sobre os nomes de quem estava no local.

Para João de Souza, 43 anos, outro pesquisador e historiador especializado em cangaço, apenas a identidade de um dos cangaceiros permaneceria desconhecida. 

“Os outros mortos seriam Macela, Moeda e Alecrim. Já na placa de homenagem aos mortos na grota também inclui nome de Colchete. Os estudos e pesquisas sobre o que efetivamente aconteceu em 1938 no local sempre continuam.”

O fato é que todos tiveram suas cabeças cortadas e expostas como troféus na escadaria onde hoje funciona a Prefeitura de Piranhas, em Alagoas. Há registros oficiais de que os cangaceiros tivessem passado pelos estados do Piauí, Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco, Bahia, Alagoas e Sergipe.

Para se chegar ao local há duas maneiras. A primeira delas, e a mais viável, é seguir por Piranhas. Na cidade há um serviço de catamarã que leva turistas e pesquisadores para a Grota de Angicos. O passeio dura cerca de 30 minutos pelo Rio São Francisco, entre os estados de Sergipe e Alagoas. Depois de atracar em solo sergipano, os passageiros precisam seguir por uma trilha de aproximadamente um quilômetro, aberta em meio à vegetação da caatinga.

Antes de seguira pela trilha, há um restaurante que serve comidas típicas nordestinas, como carne de bode, galinha de capoeira e doces como rapadura e balas feitas de doce-de-leite.

A trilha até se chegar até a Grota de Angicos é extremamente íngreme e repleta de pedras, o que dificulta ainda mais a caminhada. O forte calor da caatinga é outro agravante para a conclusão do trajeto.

A cidade de Piranhas abriga o Museu do Sertão, que tem um espaço reservado para o cangaço. Há manuscritos originais de Lampião e fotos da época em que o grupo de cangaceiros liderado por Virgolino estava na região.

Jairo Luiz de Oliveira, secretário municipal de turismo e de cultura, disse que muito material ainda precisa ser catalogado para ser exposto no museu.

“Analisamos todo o material que nos é doado ou que a secretaria de cultura adquire para enriquecer a cultura local. Temos essa preocupação com o comprometimento histórico do movimento. A reabertura do museu, que ficou algum tempo fechado para visitação, foi um grande passo para isso”.

Cinquentenário

A cidade de Paulo Afonso (BA), onde nasceu e viveu Maria Bonita, completa 50 anos de emancipação política na mesma data em que a morte do casal aconteceu.

O medo provocado pela presença física ou até mesmo pelas histórias e lendas contadas sobre Lampião ainda persiste. O rei do cangaço morreu há 70 anos, na Grota de Angicos, em Poço Redondo (SE), durante uma emboscada montada pelos policiais. O cangaço terminou em 1940, mas mesmo assim as pessoas, principalmente no Nordeste do país, sentem desespero quando se fala em Lampião.

Testículos na gaveta

Segundo Lima, uma dessas lendas revelava que um sujeito estava cometendo incesto e foi flagrado por Lampião. O cangaceiro separou os dois irmãos e foi conversar com o rapaz. Ele falou para o homem que era para colocar os testículos na gaveta e fechar com chave. Lampião, então, colocou um punhal sobre o criado-mudo e disse: 

"Volto em dez minutos, se você ainda estiver aqui eu te mato". “A crueldade de Lampião estaria em fazer a tortura e obrigar o sujeito a cortar sua masculinidade para continuar vivo”, disse o historiador.

Crianças no punhal

Em outra história lembrada pelo pesquisador, a população, com medo da fama de violento de Lampião, acreditava em todas as histórias sobre o cangaço. Uma delas foi criada com o objetivo de afugentar os sertanejos que ajudavam a esconder os cangaceiros, os conhecidos coiteiros. As volantes (polícia da época) espalharam que Lampião matava crianças com punhal. Segundo uma das histórias contadas pelos policiais, o cangaceiro jogava as crianças para o alto e as parava com um punhal.

Outro relato que se espalhou conta a história de que Lampião só conseguia se esconder na mata durante as perseguições das volantes porque subia nas árvores e fugia pelos galhos das copas. Lima disse que isso foi publicado em um livro sobre o cangaço como se fosse verdade e muita gente ainda acredita nessa história, desmentida por ele e outros especialistas. 

“Quem conhece a caatinga sabe que na região onde Lampião passou e lutou não havia árvores com copas.”

Você fuma?

Lima lembra de outro caso: Lampião teria sentido vontade de fumar e sentido o cheiro da fumaça de cigarro. Ele caminha um pouco e encontra um sujeito fumando. O cangaceiro vai até o homem e pergunta se ele fuma. O indivíduo vira para olhar quem conversava com ele e, assustado por ver que era Lampião, responde com medo: 

"Fumo, mas se quiser eu paro agora mesmo!".

Outra lenda contada nas rodas de amigos no Nordeste até hoje é a de que Lampião chegou à casa de uma senhora e pediu que ela fizesse comida para ele e para os cangaceiros. Ela cozinhou e, com medo da presença de Lampião em sua casa, esqueceu de colocar sal durante o preparo.

Um dos cangaceiros do grupo de Lampião reclamou que a comida estava sem gosto. O rei do cangaço, então, teria pedido um pacote de sal para a mulher. Ele despejou o sal na comida servida ao cangaceiro reclamante e o forçou a comer todo o prato. O integrante do grupo de Lampião teria morrido antes mesmo de terminar de comer.

Lampião zagueiro

Para finalizar, Lima disse que, na década de 1960, uma empresa pesquisadora de petróleo no Raso da Catarina, em Paulo Afonso (BA), abriu uma pista de pouso para trazer os funcionários de outras regiões que iriam executar trabalhos de pesquisa. Vale salientar que não foi encontrado petróleo no local, apenas algumas reservas de gás. Na década de 1970, um estudioso do cangaço teria encontrado o campo de pesquisa parcialmente encoberto pelo mato e escreveu, em livro, que aquele seria um campo de futebol construído por Lampião. 

“O pesquisador ainda teria reportado, de maneira totalmente infundada, que o rei do cangaço teria atuado no time como zagueiro”, disse Lima.

O “Baile Perfumado”, dos pernambucanos Paulo Caldas e Lírio Ferreira, mostra um bando muito cruel, mas que não descuida da aparência. Conta a história do fotógrafo Abraão Benjamim, que convenceu Lampião a deixá-lo acompanhar o grupo. Queria ser o primeiro a documentar o cangaço.

Do filme original resta um fragmento de aproximadamente 11 minutos, que revela a rotina de Lampião e seus comandados, inclusive as mulheres. Maria Bonita, entre elas.

O sírio-libanês Abraão Benjamim foi assassinado antes de Lampião. Muitas das fotos que ele tirou estão expostas em Serra Talhada, sertão de Pernambuco, onde Virgulino Ferreira nasceu. Um museu reúne documentos para quem quer entender um pouco dos paradoxos do cangaço, que teve Lampião como principal personagem.

“Um dia de 1929, por exemplo, em que ele sangrou sete soldados do destacamento de Queimadas, na Bahia, uma hora depois estava dançando um forró animado com as damas da vizinhança, chamadas pra dançar com os cangaceiros. Então, essa convivência de contrários, essa convivência de antinomias, confere essa grandeza à personalidade de alguém que pode ser considerado tudo menos vulgar”, diz Frederico Pernambucano, historiador.

Os cangaceiros também estampavam nas bolsas que levavam a estética própria do cangaço. Como eram nômades, elas funcionavam como espécies de armários, onde levavam de tudo, dos alimentos ao ouro. Uma delas pertenceu ao próprio capitão Lampião.

Na roupa de Maria Bonita encontrada dentro do bornal que ela carregava quando morreu, o desenho caprichado em galão. Nas luvas do companheiro, a declaração de fé em Santo Expedito.

“O nível de preocupação estética dele era muito maior do que a do moderno homem urbano. A estética do cangaço encerra também uma mensagem mística, no sentido de talismã ou de amuleto”, afirma Melo.

Lampião morreu há 70 anos e deixou herança na música e na dança. Quando queriam se divertir os cangaceiros dançavam xaxado. Até hoje jovens de Serra Talhada fazem o mesmo, sem descuidar não somente do passo, mas também de cada detalhe da roupa, do jeito dos cangaceiros.

Um grupo de nove parentes de Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, veio do Recife para São Paulo, na semana passada, para visitar a única irmã viva do Rei do Cangaço, Maria Ferreira Queiroz, conhecida como dona Mocinha. O encontro foi realizado no domingo (5), no Centro de Tradições Nordestinas (CTN).

Ao todo, o encontro reuniu mais de 20 descendentes de pelo menos três gerações do cangaceiro. O último encontro da família havia ocorrido em Pernambuco, em 1997. Só que, daquela vez, foi dona Mocinha que viajou para rever os parentes. Em São Paulo, ela vive em um apartamento, no bairro de Santana, com os filhos Expedito e Valdeci.

Desta vez, o plano da viagem foi anunciado em um almoço de família, na capital pernambucana, no fim de maio. O passeio por terras paulistanas vai durar até este sábado (11), quando o grupo retorna para casa. Nos intervalos das visitas para dona Mocinha, os pernambucanos não perderam a oportunidade de conhecer pontos turísticos de São Paulo, como o Mercado Municipal, além de fazer compras na Rua 25 de Março.

Segundo Sandra Queiroz, neta de dona Mocinha, o objetivo da viagem foi fazer uma confraternização familiar. 

"Queremos passar nossa história para os mais jovens da família. Queremos que as gerações mais novas da família conheça a avó e possa conhecer de perto uma outra face de Lampião”, disse Kátia Queiroz.

Dona Mocinha, apesar de estar gripada, não recusou o convite para o reencontro e seguiu para o CTN. 

"Nunca imaginei que faria um passeio desse. Eu gostei", disse a atual matriarca da família de Lampião.

Saudades

A cada reencontro com os sobrinhos, netos, bisnetos e tataranetos, dona Mocinha abria um sorriso no rosto. Quando a memória lhe faltava, ela perguntava objetivamente de quem se tratava a pessoa que estava abraçando. 

"Eu estava gripada, mas fiquei boa hoje só para reencontrar minha família. Só não fazia ideia que era tanta gente."

Apesar da gripe, ela suportou com força de menina o encontro, que durou cerca de quatro horas. É justamente a idade de dona Mocinha que pautou algumas rodas de conversa entre os parentes viajantes. O documento de identidade da irmã de Lampião indica que ela nasceu em 8 de janeiro de 1906, portanto, ela teria 102 anos, mas ela se recusa a afirmar que tenha essa idade, e não é por vaidade. 

"Eu tenho 90 anos", disse ela em um primeiro momento. Logo em seguida, ela buscou mais fundo na memória e disse ter os 99 anos. "Completo 100 anos em 2010", afirmou a matriarca.

O irmão 'Rei do Cangaço'

Dona Mocinha diz que não lembra do irmão como cangaceiro e nem sabe nada sobre o movimento, pois era muito pequena quando ele entrou no cangaço. Lampião e Maria Gomes de Oliveira, a Maria Bonita, morreram em 28 de julho de 1938, na Grota de Angicos, em Poço Redondo (SE), durante uma emboscada montada pela volante (polícia) da época. Os dois se tornaram mitos da história brasileira.

À época do assassinato deles, dona Mocinha teria, pelas contas dela mesma, 28 anos, e pouco contato com o irmão. 

"Só me lembro de ter encontrado com ele uma vez depois que ele saiu de casa."

Lampião nasceu em 4 de junho de 1898, no sítio Passagem das Pedras, em Serra Talhada. Criado entre 1908 e 1912, segundo registros de historiadores, o cangaço existiu até 1940.

Alguns pesquisadores dizem que Lampião circulou apenas pelo sertão, mas outros afirmam que os cangaceiros deixaram pegadas pelo agreste. O certo é que Lampião não foi o criador do cangaço, mas sim Sebastião Pereira da Silva, o único chefe do Rei do Cangaço, conhecido como Sinhô Pereira.

Dona Mocinha irmã de Lampião

Veja quem participou da expedição para visitar dona Mocinha:

- Rodrigo Queiróz, 15 anos, bisneto de dona Mocinha e sobrinho-bisneto de Lampião
- Rafael Queiroz, 11 anos, bisneto de dona Mocinha e sobrinho-bisneto de Lampião
- Amanda Queiroz, 16 anos, neta de dona Mocinha e sobrinha-neta de Lampião
- Sandra Queiroz, 48 anos, neta de dona Mocinha e sobrinha-neta de Lampião
- Kátia Queiroz, 48 anos, neta de dona Mocinha e sobrinha-neta de Lampião
- Clarice Queiroz, nora de dona Mocinha
- José de Queiroz, neto de dona Mocinha e sobrinho-neto de Lampião
- Ana Cristina Queiroz, 40 anos, esposa de José de Queiroz
- Ana Maria Mendonça, sogra de José de Queiroz

http://www.ademirguerreiro.net/textos_explicativos/assunto-do-texto/lampiao-e-maria-bonita

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78 ANOS, NO CORRENTE MÊS DE MAIO, DA MORTE DE "CORISCO", O MAIS FAMOSO DOS CANGACEIROS SEGUIDORES DE "LAMPIÃO".


Por Antonio Corrêa Sobrinho

Foi mesmo o tal soldado MURUNDU que, conforme o “Diário de Pernambuco”, edição de 01/06/1940 (texto abaixo), desferiu os tiros contra e que levaram o "Diabo Louro" à morte?

CORISCO TEVE O VENTRE RASGADO POR BALAS


CIDADE DO SALVADOR, 31 (A. M.) – O "Estado da Bahia", em sensacional furo, publica fotografias de Corisco, morto com o ventre rasgado pelas balas contra ele disparadas, a queima-roupa, pelo soldado Murundu, quando a força cercou a casa de farinha da fazenda Pacheco, localidade de Barra Mendes, município de Djalma Dutra.

Em entrevista, o tenente José Rufino, conhecido também por José Osório Farias, declarou que recebeu ordem de procurar o bandido. Soube que ele se homiziara na fazenda Pacheco, onde assistiria ao enterro de uma pessoa de sua família.

Quando a força chegou, obteve a confirmação. Com o cerco da casa de farinha, intimou o bandido a render-se. Corisco respondeu: “Morro, mas não serei preso.”

Iniciado o combate, o bandido pulou a janela da casa com um parabélum na mão, enfrentando a força. Sua amante, Sérgia e uma criança de doze anos, além de um amigo conseguiram fugir.

Sérgia foi a primeira a cair na cadeira baleada na perna.

Após a luta verificou-se que Corisco fora atingido no ventre por oito balas.

O tenente, aproximando-se, perguntou:

- “É Corisco mesmo?

Corisco respondeu imediatamente:

- “Sim, morro satisfeito por não ter me entregue vivo.”

Capturado e enrolado em uma esteira foi conduzido a Djalma Dutra.

Cinco dias depois da morte de Corisco, a sua mulher teve uma perna amputada. Seu estado é gravíssimo.

Imagem do casal de cangaceiros, Corisco e Dadá, colorizada pelo mestre Rubens Antonio, colhida no site: 

http://josemendespereirapotiguar.blogspot.com.br/…/o-casame…, do amigo potiguar Jose Mendes Pereira Mendes.

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Enviado por José Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo

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A COMUNA DE ANTONIO CONSELHEIRO E A GUERRA DE CANUDOS DE 1896/1897

Por Luiz Serra

CANUDOS. Uma guerra brasileira na pós-República, que eliminou entre 25 e 30 mil patrícios às margens do leito "serpeante" do Vasa-Barris, cinco mil militares e mais de 20 mil jagunços tombaram. No meio da caatinga o peripatético Antônio Conselheiro constituiu a maior vila do sertão baiano daqueles tempos:o arraial do Belo Monte. Milhares de jagunços e militares foram enterrados naquele chão ressequido da caatinga baiana.

Tudo começou para muitos num equívoco pueril de compra de madeiras para construção da igreja nova, que poderia ser solucionado via de diálogo com autoridade local. No confrontar o líder messiânico do arraial do Belo Monte, a turba de fanáticos reagiu a seu modo, e nos dias seguintes foram relatados pequenos saques a armazéns nas vilas das redondezas.

Cenário que um dia foi a da guerra do fim do mundo...Canudos...milhares de jagunços e militares foram enterrados no chão ressequido da caatinga baiana... História Ilustrada

Havia o chefe-geral, o marechal dos jagunços, João Abade e os chefes-de-piquete, que lideravam até 30 jagunços armados de foice, facão e espingardas lazarinas, como Pedrão da Várzea da Ema e Zé Venâncio, o terror da Volta Grande.

O sertão tingiu de sangue. Custosos e inapeláveis avanços de quatro expedições do Exército brasileiro com batalhões de infantaria e artilharia reforçados com pelotões das polícias do Amazonas, do Rio Grande do Norte e de São Paulo, além de uma guarnição de jagunços da polícia baiana.

Foto da Quarta Expedição parte do 24º Batalhão de Infantaria.... alguns soldados com as vestes rotas e descalços, pela jornada de fome, sede e combates intensos no sertão baiano, por que passaram.....set 1897... Fotógrafo correspondente da guerra, Flávio de Barros (Biblioteca do Exército).

Consideradas três derrotas fragorosas das forças republicanas e a derradeira – a custo – conseguiu abater os conselheiristas sob os bicos de aço dos canhões Krupp.

Memorável referência literária: Os Sertões de Euclides Pimenta da Cunha.
TRECHOS de nosso próximo Ensaio:

“Na realidade no espaço ocupado do arraial de Canudos era uma antiga fazenda de gado com uma edificação em estado de abandono. O vasto terreno pertencia ao município de Monte Santo e, por volta de junho de 1893, Antônio Conselheiro iniciou a ocupação do local junto a seus prosélitos, estabelecendo uma comunidade de cerne religioso e mesclado ao discurso contra Republicano. De pronto substituiu o topônimo do lugar de Canudos por Belo Monte”.

Foto de mulheres sertanejas que defenderam o arraial do santo Conselheiro... facões jacaré... História Ilustrada.

“O arraial do Belo Monte ficava de entradas abertas. Não se reclamava antecedentes de quem chegava. Se chegou até lá é por que veio de “alma liberta”, num dos ditos da seleta de santo Conselheiro. Além do mais acolhiam o desejo de contemplar a imagem de Cristo. Nisto chegavam famílias de retirantes, gente maltrapilha e sofrida, também indivíduos de má fama, acorriam para lá. A todos era oferecido um teto. A comuna tinha suas obrigas, incumbências e preceitos do chefe do povo, João Abade, como assistir aos ofícios e ladainhas, e no cotidiano eram vedados comportamentos como os referentes a embriaguez, por exemplo”.

Sobreviventes repetiam que o peregrino só vivia de "fazer o bem" e os exortava "à salvação das almas". Tudo constituiu-se numa inversão de conceitos, e a destruição daquele que passara a incomodar a sociedade do litoral foi determinada.

Sobreviveram Pedrão, à esquerda, que foi da Guarda Católica do Conselheiro, além de chefe-de-piquete nas batalhas, e o jagunço Manoel Ciríaco, ambos chegados a quase cem anos... História Ilustrada

As expedições (primeira) tenente Pires Ferreira (1896); (Segunda) Major Febrônio de Brito (1897); (Terceira) Coronel Moreira César (1897); e (quarta) General Arthur Oscar (1897), fizeram o esforço heroico e ingente de defender a República contra a guerrilha quase invicta de Conselheiro.

https://www.facebook.com/luiz.serra.14/posts/10211429622558665

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