Ouvindo amiudadas vezes as gravações feitas pelo amigo Amaury Correa de Araújo
com Sinhô Pereira e Cajueiro no final dos anos sessenta sobre esse episódio tão
marcante na historia daquela cidade, fui algumas vezes averiguar “in loco” e
extrair por mim mesmo determinadas conclusões.
É certo que os homens ricos do inicio do século passado, na ausência de
estruturas financeiras formais com suficiente segurança, tinham que guardar o
seu dinheiro e objetos de valor em suas próprias residências, despertando assim
o interesse de todos os ripários.
Luiz Gonzaga Gomes Ferraz
Luiz Gonzaga Gomes Ferraz havia se destacou na região do Pajeú como próspero
comerciante. Era alheio a guerra travada entre as influentes famílias Pereira e
Carvalho por questões políticas naquela e em outras províncias da região. Até
comentavam o interesse de Gonzaga de ingressar na política por anseio de
algumas outras famílias amigas, mas Gonzaga Ferraz era mesmo um grande
empreendedor.
Sinhô
Pereira e Luiz Padre - ambos eram cangaceiros
Em março de 1922 o principal protetor de Sebastião Pereira e Luiz Padre,
“major” Zé Inácio do Barro devido à austera perseguição do Governador do Ceará
Justiniano de Serpa, seguiu os mesmos passos de Luiz Padre rumo ao Estado de
Goiás onde se homiziaram. Ficara ainda Sebastião Pereira (Sinhô Pereira) com os
mesmos planos já frustrado uma vez.
A
casa de Gonzaga em 2008. Fonte-Alex Gomes - http://tokdehistoria.wordpress.com
Sem o auxilio do major Zé Inácio e do coronel Antônio Pereira em declínio
financeiro, mantenedores do bando, Sinhô Pereira se obriga a pedir ajuda a
outros parentes mais abastados, fazendeiros amigos e comerciantes afortunados.
Manter um grupo armado naqueles tempos não era tarefa das mais fáceis.
No mês de maio daquele mesmo ano um comboio conduzindo mercadorias para Luiz
Gonzaga foi interceptado pelo bando de Sinhô que saqueou todos os artigos.
Sótão
da casa de Gonzaga. Fonte-Solón Almeida Netto - http://tokdehistoria.wordpress.com/
Sinhô Pereira já era avesso a Gonzaga por esse lhe negar ajuda financeira por
varias vezes, inclusive recebeu certo dia como resposta da esposa de Gonzaga
Dona Martina, “que se quisesse dinheiro, que fosse trabalhar como o seu
esposo”.
Família
do Coronel Luiz Gonzaga. Foto tirada no Porto da Madeira, Recife, onde passaram
a residir logo depois do ocorrido em Belmonte. Sua esposa é a senhora vestida
do preto, de luto pelo falecimento de Gonzaga. Fonte – Arquivo de Valdir
Nogueira, Belmonte-PE, através do pesquisador Artur Carvalho. - http://tokdehistoria.wordpress.com
Havia, entretanto um destacamento do Ceará sob o comando do Tenente Peregrino Montenegro, homem versado pelas barbáries cometidas em busca de arrancar qualquer informação a cerca do major Zé Inácio e seus asseclas, ultrapassando inclusive as fronteiras de seu estado para saciar o seu desejo e alcançar os seus intentos.
Antiga
Rua do Comércio. No primeiro plano a famosa loja “A Rosa do Monte” do Coronel
Gonzaga Ferraz e mais adiante a sua famosa residência, adquirida tempos mais
tarde pelo Sr. João de Pádua. Fonte – Arquivo de Valdir Nogueira, Belmonte-PE,
através do pesquisador Artur Carvalho. - http://tokdehistoria.wordpress.com
Segundo
Valdenor Neves Feitosa, neto de Crispim Pereira de Araújo, o Ioiô Maroto, quem
está a direita de seu avô é Raimundo Neves Pereira, nascido em 12 de
setembro de 1935, em Parambu-CE, conhecido como “Edmundo” e filho de Ioiô.
Sentado no seu colo está o seu neto Dario, e à a sua esquerda se encontra a sua
filha caçula, Francisca Neves Pereira. Esta foto foi tirada, na década de
40, do século XX, na fazenda Malhada, Município de Parambu, nos sertões dos
Inhamuns, Estado do Ceará, próximo a fronteira com o Piauí. Agradeço a Valdenor
Neves Feitosa pela informação e a Ivanildo Silveira pela foto.- http://tokdehistoria.wordpress.com/
Yoio Maroto era amigo e duas vezes compadre de Gonzaga aonde o respeito era
reciproco.
Por ocasião da passagem do tenente Montenegro a vila de Belmonte ficou sabendo
por Gonzaga Ferraz das tropelias do bando de Sinhô Pereira naquela região e da
amizade e parentesco entre o chefe cangaceiro e Yoio Maroto e rumou sem demora
a fazenda Cristóvão. Ao chegar, ao finalzinho da tarde o perverso oficial já
mostra a que veio e começa o seu interrogatório, como de costume a base de boas
chicotadas nos criados da fazenda que acudiam pelo nome de Zé Maniçoba e Zé
Preto. Foi uma noite de terror para a honrada família que ouviam palavrões dos
mais alarmantes por parte da soldadesca embriagada que humilharam Yoio Maroto
por algumas vezes. O ex- cangaceiro Cajueiro disse a Dr. Amaury que a sua mãe
só não morreu por um milagre de Deus.
Continua...
Souza Neto é pesquisador do cangaço
Fonte: facebook
Algumas fotos foram extraídas do acervo do historiógrafo Rostand Medeiros
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