Por Antonio Corrêa Sobrinho
O cangaceiro Antonio Silvino
Mais informações sobre o afamado cangaceiro rifle de ouro Antonio Silvino
PARAÍBA
O bandido
Antônio Silvino, na madrugada de hoje, entrou na vila do Pilar, com um grupo de
cangaceiros, atacando a cadeia local, de onde soltou os presos.
Em seguida saqueou as casas comerciais e a estação da arrecadação estadual.
02.03.1907
OS CANGACEIROS
DE SILVINO
Continua
Antônio Silvino a plantar a desolação no seio da família sertaneja do Estado.
Em princípio deste mês, acompanhado de seus esbirros, o bandido assaltou o
lugarejo (?) da Taboca, do município de Caruaru, tendo praticado ali dois
assassinatos e obtido bastante dinheiro.
Além daquele povoado, os perversos estiveram em Mandaçala e Trapiá.
Teve notícia dos lamentáveis furtos o subdelegado de Carapatos, que possuindo
somente sete praças no destacamento e mesmo para não ficar abandonado o seu
distrito, deixou de seguir em perseguição dos assassinos e ladrões.
Silvino esteve hospedado em casa do jornaleiro José Alves da Silva e eleva-se o
seu grupo a 30 cangaceiros, competentemente armados e municiados.
20.05.1907
RECIFE – O
chefe de polícia desta capital recebeu um telegrama do juiz de direito de
Timbaúba, dizendo que um grupo de cangaceiros, capitaneados por Antônio
Silvino, atacou o engenho de Jussara, em 31 do mês último, matando um morador e
conduzindo dois contos de réis, quatro cavalos selados e mercadorias.
Os malfeitores seguiram em direção à Serra de Mascarenhas, indo a polícia no
seu encalço.
03.08.1907
UM BANDIDO
BENEMÉRITO
Já se acha
quase terminado o cemitério de Malhadinha, em Limoeiro.
Esse benefício deve-se ao bandido Antônio Silvino, que ali aparecendo há meses
e sentindo mau cheiro que provinha de corpos em decomposição, intimou os
moradores do lugar a darem melhores sepulturas aos cadáveres.
Logo no dia seguinte a ordem começou a ser executada, e homens, mulheres e
crianças, temendo qualquer ataque do cangaceiro que há doze anos se constituiu
o terror dos sertões de Pernambuco e dos estados vizinhos, atiraram-se ao trabalho
com grande afinco, de forma que brevemente será inaugurado o aludido cemitério.
13.12.1907
RECIFE, 16 –
No lugarejo Machados, distante duas léguas de Bom Jardim, onde estaciona
numerosa força policial, o bandido Antônio Silvino, acompanhado de mais cinco
celerados, assassinou, a 1 hora da tarde, cinco pessoas, inclusive um inspetor
de quarteirão e feriu gravemente treze, saqueando depois todas as casas.
Os habitantes não reagiram.
Sobem a mais de sessenta os assassinatos cometidos pelo facínora Antônio
Silvino e sua quadrilha nestes últimos anos.
São fabulosos e incalculáveis os prejuízos causados pelos bandidos desde 1897.
17.02.1908
RECIFE, 14 –
Uma força de vinte praças da polícia pernambucana atacou em Araras, no estado
da Paraíba, o grupo de Antônio Silvino.
Foram mortos dois bandidos. O resto fugiu, abandonando rifles e munições.
15.05.1908
PARAÍBA
Os cangaceiros
– No termo de Princesa deu-se um terrível encontro entre os temíveis
cangaceiros e uma força-policial comandada pelo alferes Augusto de Lima,
nomeado delegado em comissão no interior do Estado.
Esses cangaceiros formavam um grupo que há muito tempo se achava homiziado no
lugar denominado Tavares, do município de Princesa, de onde faziam correrias
que traziam em constante sobressalto os moradores dos arredores.
O alferes Augusto Lima chegando à casa em que se achavam entrincheirados os
bandidos que, sentindo-se cercados, romperam cerrado fogo contra a força, que
respondeu também (...), durando o fogo, ininterruptamente, cerca de quatro
horas.
Cessado o tiroteio ficaram no campo da luta, mortos, três cangaceiros, sendo
preso três.
Da tropa morreu um soldado, ficando ferido mortalmente dois paisanos que
auxiliaram a força.
E assim vai aos poucos sendo reprimido o banditismo que infelizmente procurou
fixar seus (...) no interior do Estado, implantando o terror e cometendo toda
ordem de atrocidades.
Diversos destacamentos volantes andam pelo interior a fim de capturar outros
bandidos, inclusive o tristemente célebre Antonio Silvino, a cuja sanha estão
ainda expostos os pacatos e laboriosos sertanejos, que, além de martirizados
pela seca, inda se veem perseguidos pelo banditismo que campeia por todo o
Estado.
Antônio
Silvino – Consta-nos, diz “O Norte”, que esse chefe de salteadores ainda não
saiu do município de Campinas, em cujos arredores anda pervagando com seu
bando.
Do capitão Zacarias, consta que anda no encalço daquele cangaceiro, sem
conseguir, porém, alcança-lo.
Silvino substituiu o cangaceiro morto no tiroteio da fazenda Arara.
Dois outros bandidos entraram para o bando.
Há dias mandou Silvino um recado anunciando para breve uma visita ao Ingá,
cujos habitantes o estão esperando armados até os dentes.
Pessoas vindas de Pernambuco dizem ser profundamente “diabólico” o plano da
polícia daquele Estado para prender o célebre facínora, plano de cuja execução
está encarregado o capitão Zacarias.
Cremos pouco nestes planos diabólicos, em se tratando do mais diabólico ainda
Antonio Silvino.
“O Município”, que se publica em Itabaiana, recebeu uma carta pormenorizada do
recente ataque de Antônio Silvino à fazenda Muribeca, município de Campina
Grande.
Eis a carta:
“No dia 7 do corrente, pelas 5 horas da tarde, Antônio Silvino chegou em casa
do coronel Silvino, abriu a porta, entrou, cumprimentou-o e disse ser um
oficial do estado de Pernambuco; em seguida perguntou o nome de uma pessoa, da
baixa camada social, e deu voz de prisão. Feito isto, Antônio Silvino disse que
o seu fim ali, já tendo entrado outros cangaceiros, era receber, de ordem do
Dr. Afonso Campos, um conto de réis em pagamento da correspondência em que
botou nos jornais chamando-o de bandido.
O coronel disse não ter dinheiro em casa; retorquindo Antônio Silvino que
naquela casa existia dinheiro, então exigiu as chaves, fazendo-se acompanhar do
coronel e sua mulher e por um cangaceiro de nome Tetéo, deu rigorosa busca em
todas as gavetas e malas, tendo arrecadado pouco mais de dois contos e duzentos
mil réis em dinheiro e cerca de um conto em joias.
Quando os cangaceiros chegaram, estavam em casa do coronel dois moradores,
tendo chegado depois mais três ou quatro.
O bandido estragou os móveis, tratou mal o coronel e sua mulher, dizendo que só
não os matava porque ele era um homem bom; intimou-o para se mudar dentro de 24
horas e mandou surrar dois ou três moradores presentes.”
27.06.1908
PARAÍBA
Do nosso
colega do “O Norte”, tiramos a seguinte notícia:
“Morreu o célebre bandido Antônio Felix, vulgo Tempestade, companheiro de
Antônio Silvino, nas imediações de Campina Grande.
O boato de sua morte corria ontem com insistência em Itabaiana.
Determinou a sua morte um ferimento de bala, que recebera num dos pés, no fogo
havido na fazenda Arara, entre o grupo de Antônio Silvino e do capitão Zacarias
das Neves.
Após o fogo, no qual salvara a vida a Antônio Silvino, fora tempestade
tratar-se ocultamente.
Agora corre a notícia de sua morte, em consequência de gangrena do ferimento.
Tempestade era de extraordinária bravura e o melhor lugar-tenente do bandido
Antônio Silvino.
Também foi preso um bandido que tinha o apelido de Jaçanã, por ser muito ágil e
matreiro”.
Antônio Silvino – Andam no encalço do célebre cangaceiro, neste Estado, cerca
de 200 praças da polícia de Pernambuco.
Com a prisão de Jaçanã e a morte de Tempestade deve estar muito reduzido o
grupo de Silvino que, apesar disse, ainda há pouco apareceu numa cidade
praticando mais de uma de suas proezas.
O capitão Zacarias está agora à frente de 40 soldados escolhidos.
Se ainda desta vez Silvino escapou é porque muito o protege a sorte...
11.08.1908
NOTAS E INFORMAÇÕES
No interior do
estado da Paraíba, no lugar denominado Medalinha, houve um encontro entre a
força comandada pelo sargento Couto e o grupo do bandido Antônio Silvino, tendo
sido trocados, conforme notícias recebidas, mais de trezentos tiros.
Os bandidos conseguiram evadir-se.
Consta que morreu o dono da casa, onde esteve entrincheirado o grupo.
A força seguiu em perseguição do perigoso bando.
01.03.1909
O bandido Antônio Silvino – Uma carta do deputado Seraphico Nobrega.
PARAÍBA – Causou geral indignação aqui o fato de terem os jornais “Norte” e
“União” publicado uma carta que o deputado Serafico Nobrega dirigiu ao “Jornal
do Comércio” a respeito do bandido Antônio Silvino.
26.05.1910
PARAÍBA, 30 –
As forças que penetraram no interior do Estado para capturar o bandido Antônio
Silvino, foram apanhadas de emboscada pela malta do terrível assassino.
Caíram mortos o alferes Antônio Maurício, comandante da força e um soldado de
polícia.
Ficaram feridos mais três soldados.
O grupo de Silvino fugiu, não oferecendo combate como é seu costume.
31.05.1910
PARAÍBA, 3 (A)
– Telegrama recebido nesta capital noticia que o destacamento policial se
encontrou com o bandido Antônio Silvino, nas proximidades do município de
Taperoá.
Foram mortos dois companheiros do famigerado facínora.
Vários contingentes da polícia estão espalhados pelo interior, a fim de
capturar Antônio Silvino e o seu bando.
04.06.1910
PARAÍBA, 10
(A) – O governador determinou a organização de mais uma expedição policial que
seguirá para o interior, a fim de perseguir o bandido Antônio Silvino.
11.06.1910
PARAÍBA, 10 (A) - O governo determinou a organização de mais uma expedição
policial que seguirá para o interior, a fim de perseguir o bandido Antônio
Silvino.
11.06.1910
PARAÍBA, 2
Um bandido célebre – As últimas façanhas de Antônio Silvino. – Parece que este
terrível bandido vai tomando uma nova atitude, em sua carreira de crimes, os
mais abomináveis.
Antônio Silvino, até agora, procurou sempre evitar a força pública; chegou a
sustentar tiroteios, mas só quando foi surpreendido.
Agora, porém, o temível facínora tornou-se agressivo, de modo que dentro de poucos
meses já enfrentou duas vezes destacamentos policiais, fazendo vítimas em
ambas.
Da primeira vez foram mortas duas praças e agora a audácia de Silvino teve
resultado mais lamentável e mais triste.
Em dias da semana passada, Silvino saíra do município de Patos para o de
Batalhão, algumas léguas distante de Campina Grande.
Em Patos, Silvino declarou ter o propósito de assassinar o alferes Maurício,
valente oficial da polícia paraibana, o qual há muito o persegue com uma
tenacidade digna de louvores.
Infelizmente o bandido cumpriu a sua palavra.
Chegando nas proximidades de Batalhão, localidade populosa e próspera, Silvino
mandou um emissário com a lista dos contribuintes e o quantum que lhe devia ser
remetido.
Os habitantes de Batalhão responderam pela negativa, confiados no alferes
Maurício, que ali se achava com 14 praças e que logo se pôs no encalço da
quadrilha.
Em S. André o oficial teve notícias de Silvino e então dividiu a sua força,
talvez imprudentemente, em duas patrulhas de 7 praças.
Com a patrulha comandada pelo alferes Maurício seguiu um paisano, incumbido de
rastejar o bando de criminosos.
Caminhava essa força quando dentro do mato rompeu cerrada descarga, sendo
imediatamente mortos o oficial e o rastejador e caindo um soldado gravemente
ferido.
O alferes Maurício foi ferido por uma bala de rifle no ouvido.
O resto da força debandou e Silvino, saindo do mato, assassinou a punhal o
soldado ferido e mutilou o cadáver do desventurado oficial, de cuja farda
arrancou os botões.
Os cadáveres do alferes Maurício e das outras vítimas foram sepultados na vila
de Soledade.
A situação do interior da Paraíba, diante desses acontecimentos, é quase de
terror, esperando as respectivas populações as providências mais enérgicas do
governo do Dr. João Machado.
14.06.1910
Fonte: facebook
Página: Antônio Corrêa Sobrinho
Grupo: Lampião, Cangaço e Nordeste
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