Por: Ronaldo Pelli
No
ano de seu centenário, pesquisador lança segunda edição de biografia da
pioneira do cangaço
Maria Gomes de
Oliveira foi uma mulher polêmica. De temperamento forte, foi pioneira no seu
métier. Isso lhe trouxe fama e uma série de histórias controversas, além de um
apelido que assustava as pessoas: Maria Bonita.
Neste ano, a mulher de Lampião teria completado cem anos, se viva, no dia da mulher, 8 de março. Aproveitando a data, João de Sousa Lima, pesquisador do cangaço, já organizou um evento sobre a primeira mulher a ser cangaceira, e agora lança a segunda edição de seu “A trajetória guerreira de Maria Bonita, a rainha do cangaço”.
Neste ano, a mulher de Lampião teria completado cem anos, se viva, no dia da mulher, 8 de março. Aproveitando a data, João de Sousa Lima, pesquisador do cangaço, já organizou um evento sobre a primeira mulher a ser cangaceira, e agora lança a segunda edição de seu “A trajetória guerreira de Maria Bonita, a rainha do cangaço”.
João de Sousa Lima
João, que
tem outros livros sobre o assunto, diz que o livro “narra a vida de Maria
Bonita, desde seu nascimento até a morte na Grota do Angico”. Segundo o
escritor, a obra passa “por histórias acontecidas na infância, no casamento
atribulado com o sapateiro José Miguel, ‘o Zé de Nenê’, os bailes na juventude e
a apresentação pelo um tio ao Rei do cangaço”.
O pesquisador afirma que Maria Bonita entrou no cangaço com 18 anos, “no finalzinho de 29” e morreu menos de nove anos depois, em 28 de julho de 1938, junto com Lampião e mais nove cangaceiros na Grota do Angico, em Poço Redondo, Sergipe.
Durante esse período, ela, junto com o grupo de cangaceiros, é associada a situações escabrosas, como assassinatos e torturas cheias de crueldade, como se pode ver na reportagem da RHBN de maio, “Fascinantes facínoras”. Por outro lado, há muita gente que a considera um ícone. João tenta fugir da polêmica ao explicar que o mais importante é recontar a história, independentemente dos julgamentos: “Maria Bonita e por consequência a história do cangaço tem que ser passada pelo contexto histórico acontecido no Nordeste brasileiro.”
O pesquisador afirma que Maria Bonita entrou no cangaço com 18 anos, “no finalzinho de 29” e morreu menos de nove anos depois, em 28 de julho de 1938, junto com Lampião e mais nove cangaceiros na Grota do Angico, em Poço Redondo, Sergipe.
Durante esse período, ela, junto com o grupo de cangaceiros, é associada a situações escabrosas, como assassinatos e torturas cheias de crueldade, como se pode ver na reportagem da RHBN de maio, “Fascinantes facínoras”. Por outro lado, há muita gente que a considera um ícone. João tenta fugir da polêmica ao explicar que o mais importante é recontar a história, independentemente dos julgamentos: “Maria Bonita e por consequência a história do cangaço tem que ser passada pelo contexto histórico acontecido no Nordeste brasileiro.”
Leia abaixo uma entrevista com o autor:
Revista de História: Como Maria Bonita conheceu Lampião?João de Sousa Lima: Ela conheceu Lampião em 1929. Foi apresentada pelo tio Odilon Café e estava separada do antigo marido havia 15 dias. Com o cangaceiro, teve quatro filhos: dois abortos, a Expedita e o Ananias, o qual morreu no ano passado tentando provar esta paternidade - o resultado do DNA corre em segredo de justiça.
RHBN: Heroína
ou bandida? É possível responder a essa questão?
JSL: Maria Bonita se tornou um nome mais conhecido por ser a mulher do
comandante supremo do cangaço. Maria Bonita, e por consequência a história do
cangaço, tem que ser passada pelo contexto histórico acontecido no Nordeste
brasileiro. A questão de bandido ou herói tem dividido opiniões, porém o mais
importante é o registro dos fatos acontecidos, não podemos julgar a história de
um povo, de uma raça, de uma comunidade. Toda a história desde a criação é
repleta de momentos sangrentos, de guerras e de lutas. Precisamos levar para as
gerações vindouras esses fatos, sem nada alterar ou modificar como fazem os historiadores
irresponsáveis. A polícia, que era quem devia proteger a população, o
sertanejo, foi muito pior que os homens e mulheres que viviam à margem da lei.
A polícia matou mais, estuprou mais, roubou mais. Muitos desses crimes foram
creditados aos cangaceiros. É importante que escritores e estudiosos do tema
saibam manter a imparcialidade na hora de retratar os casos e deixem que a
história e o tempo decidam essas questões polêmicas e que não cabem no olhar
individual de algum analista.
RHBN: Por que a rainha do cangaço se transformou em uma espécie de ícone do movimento feminista brasileiro?
RHBN: Por que a rainha do cangaço se transformou em uma espécie de ícone do movimento feminista brasileiro?
JSL: Ela não se tornou símbolo do feminismo brasileiro, ela se tornou sinônimo
de mulher corajosa, decidida, que rompeu parâmetros de uma época para seguir um
grupo comandado por um homem que vivia à margem da lei. Pode ter se tornado
exemplo para algumas outras mulheres, porém não foi intencional, ela foi para o
cangaço apenas por ter se apaixonado por Lampião.
RHBN: Você poderia descrever, em poucas palavras, a personalidade de Maria Bonita?
RHBN: Você poderia descrever, em poucas palavras, a personalidade de Maria Bonita?
JSL: Maria Bonita era uma mulher corajosa, decidida, acima de tudo apaixonada
pelo homem que ela decidiu seguir. Foi menina, criança, amiga,
companheira e mãe. Tomou banho de chuva, se molhou em biqueiras e
barreiros, fez bonecas de pano e de milho, correu, caiu levantou, amou, sofreu,
sorriu, chorou, colheu flores, sentiu o calor causticante do sertão, divisou o
verde em certos momentos, foi amada, ferida, feliz e sofrida, foi mulher
sertaneja, de brio, forte, serena, severa, amamentou, partiu, voltou, tombou
crivada de balas, uma mulher comum, porém com uma história diferenciada de
todas as outras de sua época e de seu convívio.
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/entrevista/a-vida-nem-sempre-bela-de-maria-bonita