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terça-feira, 15 de julho de 2014

LÁGRIMAS HERMANAS

Por Rangel Alves da Costa*

Parodiando a música famosa, não chore assim Argentina. Verdade que é a Alemanha que agora dança o tango de Gardel e celebra a vitória ao som do bandoneón de Piazzolla. Mas não chore assim Argentina. Sua raça, sua bravura, sua qualidade futebolística, foi mais uma vez demonstrada.

Ora, a qualidade de seu futebol, a garra de seus jogadores e o senso de equipe avistado ao longo da competição são provas que estiveram infinitamente superiores ao que foi apresentado por outra seleção do mesmo continente, uma tal de seleção brasileira.

Quem dera Argentina, quem dera que a seleção dona da casa não fosse tão vergonhosamente escorraçada pelos seus algozes na final. Se a brasileira fosse uma seleção de verdade, talvez a decisão tivesse ficado no continente sul-americano. Mas tomaram a caipirinha brasileira e deixaram vocês sem tango. E agora, merecidamente, se esbaldam na cerveja.

Sei que o sofrimento é grande, hermanos. Ninguém sai inteiro ou sem sofrimento diante de uma derrota, principalmente quando ela ocorre no segundo tempo da prorrogação, já no finalzinho do jogo. E a dor sentida pelo gol certamente foi muito maior que a dor naqueles sete a um. E assim porque vocês têm uma seleção, e nós não.

Tanto é verdade que a equipe brasileira não era uma seleção que nem a comissão técnica nem os jogadores se culpabilizaram pela goleada recebida. A culpa passou a ser da torcida que criou uma expectativa grande demais diante de imprestáveis. Ademais, se fosse uma seleção de respeito não repetiria os mesmos erros na derrota contra a Holanda.


Duvido que Sabella tenha a cara de pau de chegar numa coletiva e simplesmente dizer que o time inexplicavelmente deu um apagão. Tal justificativa de Felipão só serve para confirmar que não havia equipe, não havia tática, não havia nada, apenas onze jogadores arriscando um dia de sorte. E os raios dos adversários provocaram apagões.

Sei que a maioria dos brasileiros estava torcendo contra vocês, hermanos. Mas essa adversidade é antiga, vocês sabem bem disso. Mas a situação havia piorado nos últimos dias porque os hermanos, após a derrocada dos canarinhos apagados, talvez tenham esquecido de zombar dos jogadores e voltaram suas chacotas para a torcida, para o povo brasileiro.

E a torcida brasileira, de rivalidade histórica com o selecionado argentino em qualquer situação, preferiu fazer figa para aqueles que humilharam sua seleção a torcer pelos vizinhos e mui hermanos. Mas a culpa foi de vocês, pois as piadas ainda permanecem na mídia e nas redes sociais.

Lembra o que os hermanos disseram após o sete a um da Alemanha? “A Alemanha não passou por cima [do Brasil], esmagou”, disse Maradona. E riu, deu gargalhada. “Os argentinos, no entanto, não guardam tanto rancor dos alemães. Não após os europeus terem atropelado o Brasil nas semifinais da Copa. O humilhante 7 a 1 sofrido pela seleção brasileira foi pauta de programas humorísticos na Argentina. Nem a lesão sofrida por Neymar nas quartas de final foi poupada das brincadeiras”.

E lembram da piada musical, com a letra de “Decime que se siente”, hino da torcida argentina na copa? “Brasil decime que se siente / haber perdido de local / Te juro que aunque pasen los años / nunca nos vamos a olvidar / Que a Alemanha te goleó / Tu hinchada te silvo / Sin duda brasileiros sos cagon”. Brasil, me diz o que se sente / Ao ser derrotado em casa / Te juro que ainda que passem os anos / Nunca vamos nos esquecer / Que a Alemanha te goleou / Sua torcida te vaiou / Com certeza, brasileiro é um medroso.

Pois é, eis que um dia da caça e outro do caçador. Não foi de sete, mas de um que teve a valia de um milhão. E os hermanos, tão eufóricos e barulhentos no início do jogo, aos poucos foram calando de vez. Não sei por que, mas pareciam trêmulos, nervosos demais, com olhos vermelhos e cheios de lágrimas. E antes mesmo de Götze marcar aquele golaço.

Imaginei que depois de tantas gargalhadas com a derrocada brasileira, choravam de alegria pela vitória que se avistava. Mas não. A culpa era da Alemanha mesmo, que colocava Messi na roda e o chamava para o último tango no Brasil. Agora, hermano chorão, decime que se siente...

Poeta e cronista
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Desvendar é preciso


Na foto acima, um dos personagens é um famoso CORONEL, que foi coiteiro do afamado rei Lampião. Quem é ele?


 

Lá vai. Coronel João Carvalho Sá, dono de terras na Bahia, no tópico é o de número 4. O coronel João Carvalho Sá foi um dos maiores coiteiros de Lampião, dono de muitas terras, foi deputado, constituinte na época do Cangaço. Na sua moradia, em Jeremoabo, no Estado da Bahia, tem uma fazenda por nome Espaduada, onde o Rei passava com frequência.



Após analisar a referida FOTO, tenho inclinação que ela está mais para uma parte da volante de ZÉ RUFINO, (sem a presença do mesmo), E, apenas, de uma parte de seus cabras....O DETALHE LEVANTADO PELO SÁlVIO FOI GENIAL..!!....REALMENTE, AS " PORTAS ", NO FUNDO DA FOTO, se parecem com o fundo da última fotografia postada pelo amigo..Com a palavra os estudiosos...!!.

Uma volante policial. 
Ajudem-me a identifica-la. Quem é o seu comandante, ano e local da foto?



Caro Volta seca Volta. Estou achando que se trata da volante baiana do sargento Zé Fernandes. Normalmente ele trabalhava em conjunto com seu amigo e compadre Zé Rufino. Inclusive estavam juntos na morte de Corisco. Zé Fernandes deve ser o quarto da esquerda para a direita na fila da frente.

José Sabino Bassetti

Essa foto da volante de Zé Rufino em 2 partes foi tirada na Bahia em abril de 1937. Somando são 20 homens no total, exatamente o número que tinha a volante de Zé Rufino. Então possivelmente essa terceira volante não seja parte da volante de Zé Rufino. Agora, a foto da segunda parte da volante de Rufino e a foto da terceira volante foram tiradas no mesmo local. Daí eu acho que seja o pessoal do sargento Zé Fernandes. Mas não posso garantir. Abraço".

Maurício Alves publicou em 


Boa tarde, Sr. José Sabino Bassetti!

Obrigado por ter me add. Sou morador do sertão Bahiano, Gostaria que o Senhor me esclarecesse algo, próximo da cidade onde resido, está localizada a cidade de Barra do Mendes, no Estado da Bahia. Local onde supostamente a volante de Zé Rufino encontrou os cangaceiros Corisco, Dadá, Rio Branco e sua esposa, na fazenda Pulgas, o Senhor como profundo conhecedor desses fatos históricos do sertão, poderia me dizer se o fato acima descrito é verídico ou é apenas "Causos" do sertão.

Aguardo resposta! Abço.

José Sabino Bassetti respondeu o seguinte: 

Olá Maurício!

Zé Rufino partiu da região de Serra Negra BA no encalço de Corisco e foi alcança-lo próximo a Barra do Mendes, então município de Brotas de Macaúbas. Chegaram na fazenda Cavaco em Barra do Mendes nas proximidades de Barro Alto e Canafístula. Isso no município de Brotas de Macaúbas.

Na tarde de 25 de maio de 1940, a volante de Zé Rufino com a ajuda da volante do sargento Zé Fernandes atacaram Corisco que estava com Dadá na casa de farinha da dita fazenda. Corisco foi gravemente ferido e Dadá com ferimento grave no pé. A volante viajou de caminhão já em seguida conduzindo o casal. Por volta das 20 horas do mesmo dia Corisco veio a falecer, e Dadá teve parte de sua perna direita amputada na cidade de Djalma Dutra.

Houve quem escrevesse que o ataque se deu na fazenda Pulgas, porém, a informação que lhe passei, foi relatada pelo próprio Zé Rufino em Jeremoabo no ano de 1964. Então não há do que duvidar.

Caro Maurício. Quando você tiver alguma dúvida pode perguntar em nenhum problema, pois, terei o máximo prazer em esclarecer, desde que seja do meu conhecimento.

Abraço fraterno.

Sabino Bassetti

Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta

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O ex-cangaceiro Labareda e Estácio de Lima

Por José Mendes Pereira
Foto: Dan Miranda.

Às vezes o sujeito não presta para nada por falta de oportunidade. O Ângelo Rogue ou ainda o Labareda, ex-cangaceiro de Lampião, com certeza, muitos infelizes caíram na mira da sua arma, mas posteriormente, depois de ter passado pela prisão, tornou-se um homem do bem, e até trabalhou como auxiliar de confiança do professor Estácio Lima, atendendo ligações e participando de todos os movimentos da repartição pública onde trabalhava.

Os estudiosos do cangaço afirmam que todos os cangaceiros que se entregaram à justiça, e mesmo aqueles que foram pegos pela polícia, nenhum deles voltou a praticar coisas erradas, tornaram-se homens do bem e de confiança. E todos os filhos dos ex-cangaceiros, nenhum deles tornou-se marginal. 

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O PUNHAL DE LAMPIÃO

Por João de Sousa Lima

A região que abrange o Raso da Catarina serviu por muito tempo de esconderijo para Lampião e seus comandados.

As cidades e povoados que cercam o Raso da Catarina foram bem explorados pelos cangaceiros.

Santo Antonio da Glória, Brejo do Burgo, Salgado do Melão, São Francisco, Várzea da Ema, Rodelas, Chorrochó, Macururé, Abaré, Uauá, Monte Santo, Canudos, Canché, Jeremoabo, Santa Brígida e Paulo Afonso foram cenários dessa época. Em Paulo Afonso, os povoados Juá, Salgadinho, Várzea, Serrote, Lagoa do Rancho, Santo Antonio, Nambebé, Arrasta-pé e ainda Olhos Dágua do Souza (que pertence a Glória) foram bem explorados pelos cangaceiros.

O povoado Olhos Dágua do Souza foi fundado por Joaquim Pedro de Souza, que foi o primeiro prefeito de Glória. No povoado residia o senhor Alexandre Boa que foi grande amigo dos cangaceiros e principalmente de Lampião, Corisco e Ângelo Roque (inclusive era primo de Labareda).


Dessa família, o senhor Venâncio Teixeira Lima era quem confeccionava as coronhas dos mosquetões para os cangaceiros. Venâncio era avô de Dionízio Pereira, que era pai do político Adauto Pereira.

Lampião passava sempre por essa localidade para abastecer os bornais de alimentação e colocar coronhas nos fuzis.

Na família de Venâncio, os filhos Enéas, Alexandre e Militão era quem providenciava esse apoio aos cangaceiros e em uma dessas ocasiões Lampião presenteou Militão Teixeira Lima com um belíssimo punhal. Esse punhal foi repassado ao filho Irineu Teixeira e desde o ano de 2000 que eu tentava a todo custo comprar esse punhal. Quando foi agora em 2014, estive com Irineu e pra minha surpresa, quando falei em comprar a peça, ele me presenteou o punhal.


A relíquia será exposta em breve no Museu do Nordeste, em Paulo Afonso, Bahia.

Voltando a época do cangaço, o Enéas foi preso como coiteiro pelo famoso Mané Neto ne foi levado pra Santo Antônio da Glória e de lá para Salvador. No caminho, quando chegaram em Nossa Senhora das Dores, enquanto a polícia foi jantar, um parente de Enéas o reconheceu e o libertou das cordas e da viatura. Enéas ficou um tempo escondido na cidade da casa de uns parentes por muito tempo. A esposa de Enéas, a senhora Naninha, era prima legítima de Corisco.

O cangaceiro Corisco

As histórias ainda são lembradas no Olhos D’água do Souza, lá ainda encontramos o senhor Irineu. O punhal está bem guardado e é mais uma lembrança dos tempos em que Lampião e seus comandados pisaram o chão e as veredas que cercam o Raso da Catarina.

Enviado pelo escritor e pesquisador do cangaço João de Sousa Lima www.joaodesousalima.com

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NAS TRILHAS DO CANGAÇO

Por João de Sousa Lima
João e Marcos Ferraz na casa de Lídia

Recebi esses dias em Paulo Afonso o casal Marcos Ferraz e Silvana. Eles residem em Floresta, Pernambuco.

Marcos e Silvana com Manuel Pereira


Levei os amigos para conhecerem uma das trilhas do cangaço e fomos ao povoado Salgadinho visitar a casa onde nasceu a cangaceira Lídia e onde mora seu sobrinho Manuel Pereira.



do Salgadinho seguimos até o povoado Campos Novos onde nasceu o primeiro filho de Lampião e Maria Bonita e de lá seguimos até a casa do amigo Sebastião Carvalho pra visitar o Museu Particular da Cachaça.

Museu da Cachaça, do amigo Sebasteão Carvalho
Silvana e Marcos na casa de Lídia

Foi um dia agradável e fico no aguardo de uma nova visita.

João de Sousa Lima é escritor, pesquisador, autor de 09 livros. Membro da Academia de Letras de Paulo Afonso e da SBEC- Sociedade Brasileira de estudos do Cangaço. Telefones para contatos: 75-8807-4138 9101-2501 – E-mail: joaoarquivo44@bol.com.br joao.sousalima@bol.com.br

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Devaneios que inspiraram lixos literários Seu dotô, pode botar aí, que foi verdade! - Parte Final

Por: Ivanildo Silveira

Contatos

Outro detalhe muito importante relatado por Manoel Félix é o que se relaciona às ligações de Lampião com influentes fazendeiros, principalmente nos estados de Bahia, Alagoas e Sergipe, embora sempre com o cuidado de não revelar, nem mesmo aos seus mais chegados seguidores, a identidade desses indivíduos.

Na última semana de vida, Lampião  manteve, lá do Angico, contatos com vários desses fazendeiros através de emissários que despachava secretamente, e dos quais, por motivos óbvios, exigia absoluto segredo de suas missões, geralmente com o objetivo de apanharem dinheiro, mantimentos, armas e munições.

De quem chegava, ou de onde chegava o que ele precisava, Lampião fazia questão de não relatar, mantendo tudo sob o mais completo sigilo.

A confiança de Luiz Pedro

Por volta das 15 horas do dia 27/Julho/1938, treze horas portanto, antes do cerco que lhe causou a morte, Maria Bonita, que na opinião de Manoel Félix, não competia em beleza com Cila, deixou a gruta, onde se encontrava com os companheiros, e foi banhar-se no riacho que passa próximo a entrada da mesma.

O coiteiro descreveu-nos a fiel e corajosa companheira de Virgulino Ferreira a Silva, assim à vontade, como uma: "mulher baixinha, toda redondinha, uma carinha bonita e com dois olhos pretos e grandes, morena clara, cabelos negros e lisos, quadris relativamente largos, cintura fina, tendo os braços e pernas roliços e muito bem feitos".

Muito "prosista e conversadeira", brincava bastante com alguns dos bandoleiros, pelos quais era respeitada, apesar de muitos deles levarem essa brincadeira mais além, como Luiz Pedro, por ela chamado de “Caititu”, e que gozava da maior confiança e intimidade da mesma e do próprio Lampião, seu compadre.

Nada de anormal até o momento? Realmente o Juarez tava indo até "marro meno"... vejam como a "invenção" de um gesto poe em cheque a autoridade do Rei do cangaço perante seu comandados. (Kiko Monteiro) 

Nessa tarde, por sinal, depois de "caçoar" com Luiz Pedro, deixando de fazê-lo somente no momento em que se dirigia para o riacho, o bandoleiro, que estava sentado sobre uma pedra, deu-lhe uma palmada mais ou menos forte nas nádegas, fazendo-a correr na direção do pequeno córrego, enquanto Lampião, que a tudo assistia, sorriu como se nada tivesse acontecido.

Na véspera da morte

Manoel Félix recorda-se que, na véspera da chacina, quando esteve com Lampião, informou não lhe ter sido possível comprar na feira de Piranhas, em Alagoas, tudo o que ele mandara (carne, peixe, queijo, agulhas, chapéu de couro, uma máquina de costura e brim mescla), porque, como já dissemos na reportagem anterior, a Polícia passou a vigiá-lo.

Ainda assim, entregou as agulhas de Maria Bonita, devolvendo a Lampião os 200.000 réis que dele recebera para adquirir mantimentos. Conversaram durante longo tempo, comendo queijo, que chegara da Fazenda Mulungu, de onde o bando havia recebido certa quantidade de farinha e açúcar.

Lampião mostrava-se bem disposto, pedindo-lhe, inclusive, que lhe cedesse o cinturão em virtude do seu já se encontrar bastante estragado.

Também Maria Bonita, muito "prosista e conversadeira", conversou com Manoel Félix, procurando informar-se da situação financeira do mesmo e dos seus familiares.

Aliás, desde o primeiro encontro que teve com o grupo, na Fazenda Bom Jardim, em Sobradinho, no local conhecido como “ Olho D'Água de Antônio Jorge", quando foi levar banha de peixe que o seu tio Lisboa Félix, também amigo e coiteiro de Lampião, mandara para o cangaceiro "Boa-Noite" passar no joelho doente, que "Maria Bonita" demonstrou haver gostado dele.

Nessa tarde, dia 27 de julho, Manoel Félix recorda-se de que vários cangaceiros jogavam cartas, entre eles Juriti, Passarinho, e Sereno, Luiz Pedro, José de Julião, Moeda, Mergulhão, Colchete, Alecrim, Fortaleza, Cajazeira, Criança, Quinta-Feira, Elétrico, Macela, Canário e Caixa de Fósforo, enquanto outros passeavam nas proximidades.

Luis Pedro, teve oportunidade de mostrar-lhe, e ao seu tio Caduda, que estava em sua companhia, grande quantidade de ouro guardada numa pequena caixa, como anéis, correntões e argolas.

Este bandido, de estatura mediana, claro, cabelo miúdo, e muito alegre, juntamente com Manoel Moreno e Zé Sereno, preparou a comida para o grupo na véspera da morte.

Embora não lhe revelassem plano de ataques a qualquer cidade, Manoel Félix pôde ver que o grupo contava com grande quantidade de armas e munições, como fuzis e revólveres, além de punhais.

Na última tarde que teve de vida, Lampião, segundo  Manoel Félix estava absolutamente tranqüilo, chegando mesmo a fazer pilhérias quando soube do medo que causava ao coiteiro a possibilidade de ser descoberto pelas volantes. Aliás, nos últimos meses, Lampião parecia mais acomodado, um tanto diferente porque sempre pensativo, o que não impedia, porém, de manter a autoridade sobre o grupo, inclusive com os mais temíveis dos seus integrantes, como aconteceu com Luiz Pedro quando este, querendo botar o seu cachorro para brigar com "Guarany” o de "Lampião", acabou se desentendendo com o chefe, de quem levou, sem responder uma única palavra, séria repreensão.

Com relação ao cachorro “Guarany” ocorreu um fato interessante na segunda-feira que precedeu à chacina do Angico: descansando, com a cabeça recostada a uma pedra, Lampião cochilava, tendo ao lado seu fiel cão de guarda, quando dele se aproximou Zé Sereno, trazendo um bode que capturara pouco antes.

Vendo o animal, “Guarany”, latindo muito, avançou sobre ele, assustando-o, fazendo com que bode, espantado, pulasse sobre Lampião, que, extremamente supersticioso, vendo na reação do bicho um possível mau sinal, ordenou, aos gritos, que Zé Sereno soltasse imediatamente "esta peste", no que foi prontamente atendido.

Até às 18 horas do dia 27/julho/1938, aproximadamente, Manoel Félix permaneceu no Angico, de onde saiu com a recomendação feita por Lampião para retornar no dia imediato, madrugada ainda, pois eles teriam que viajar, tudo indicando que, como das vezes anteriores, a última das quais na Fazenda Santa Filomena, distante duas léguas da sede de Poço Redondo/SE, iria receber 50 ou 100 mil reis de gratificação, pelos serviços que prestou.

Este, o encontro que jamais iria se realizar, pois, de acordo com as instruções recebidas, ao se dirigir, na madrugada do dia imediato (28/julho/1938), para a Grota do Angico , à certa distância ouviu o tiroteio terrível, o que lhe deu a convicção de que, afinal, a volante houvera descoberto o esconderijo de Virgulino Ferreira da Silva, cercara-o e se encontrava dando-lhe combate, sobrevindo, a morte do Rei do Cangaço, naquele fatídico dia.

Fonte: Segunda reportagem publicada em 28/05/1980) no Jornal "A TARDE" / Salvador
Autor: Jornalista Juarez Conrado

Considerações

Realmente, eu achei, também, muito estranho, a narrativa do autor da matéria, ao tecer comentários na reportagem sobre "Maria Bonita", tendo informado: É a narrativa de um fato inusitado, envolvendo "Luiz Pedro  e Maria Bonita", e que deixa os estudiosos/pesquisadores do cangaço de "orelha em pé ". Como se vê, ou o jornalista exagerou na sua narrativa, ou o coiteiro Manoel Félix, lhe narrou o fato, de maneira diversa do ocorrido, na realidade. 

Na minha opinião, acho difícil e improvável, que tal fato, tenha ocorrido.

Convém, também salientar, que na literatura cangaceira, pelo menos nos livros que li até hoje, não constatei, nenhuma linha, em relação ao comportamento de Maria Bonita, em que o rei do cangaço tenha externado "cenas de ciúmes", da parte dele, em desfavor de algum cangaceiro " .

Como se constata, há muitas informações relativas ao "casal Rei do Cangaço", que precisam de uma melhor análise, separando-se o fato real, da lenda, bem como as insinuações de alguns escritores .

Um abraço a todos, 
Ivanildo Silveira
Natal/RN


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FOTOGRAFIA E HISTÓRIA


Detalhemos a fotografia 3. Maria Bonita sentada, pernas cruzadas, cabelos cuidados, tom sereno, segurando dois cães. O equipamento alemão, máquina Ica de última geração, da Karl Zeiss, 35 mm, contendo um maço de filmes Gevart Belgium. focaliza Lampião, ao lado, em pé, olhos fixos na câmera, tendo em mãos um exemplar da revista Noite Ilustrada. 

O historiador Frederico Pernambucano de Mello afirma ter visto uma fotografia semelhante acrescida do enquadramento de Maria Bonita ao lado de um cartaz contendo propaganda do remédio cafiaspirina, espetado nos galhos de uma planta típica da caatinga, a quixabeira. A imagem fotográfica sugere que Maria Bonita recomenda o remédio cafiaspirina. Sugere ainda uma imagem de Lampião como leitor e mais especificamente leitor de Noite Ilustrada (MELLO, 1994: 5). 

Facilmente percebe-se a encenação em ambiente natural, a pose seguida das representações para a posteridade. Esta foto fornece pistas da relação dos cangaceiros com o mundo do negócio e da comunicação, indicando que o documento fotográfico esconde atrás de si uma história cuja intencionalidade deve ser esclarecida. Barthes diz que devemos “fazer a fotografia existir” (BARTES, 1984: 47). Para isto, é necessário analisá-la como monumento e como documento. 

Enquanto monumento, a fotografia é uma escolha das forças atuantes no real, uma herança do passado; enquanto documento, é uma escolha efetuada pelo historiador. Marc Ferro propõe partir das imagens, mas “não procurar somente nelas exemplificação, confirmação ou desmentido de um outro saber, aquele da tradição escrita. Considerar as imagens tais como são, com a possibilidade de apelar para outros saberes para melhor compreendê-los” (FERRO, 1995:203). 

Decerto, o documento fotográfico não dispensa o trabalho de análise e de crítica, sequer dispensa o apoio de outras fontes. Porém, sua especificidade está em que “a imagem permite que se faça uma contra-análise do social, por aquilo que revela do não - dito, do não - visto, dos lapsos de uma sociedade.” (FERRO, 1978:290). Burke sugere a utilização do termo “indício” em substituição ao termo “fonte.” Indício refere-se a “muitos tipos diferentes de imagens: pinturas, estátuas, gravuras e fotografias.” (BURKE, 2004:16). Contudo, adverte Burke, indo além do visível fotográfico, devem-se examinar as diferentes configurações de contextos culturais, materiais e políticos. (BURKE, 2004: 237).

A análise da imagens fotográfica requer, a distinção entre os conceitos de iconografia e de iconologia. O primeiro refere-se ao conteúdo da imagem, seus elementos icônicos. Iconografia deriva do grego eikon, é a imagem registrada. A análise iconográfica inventaria o conteúdo das imagens em seus elementos icônicos formativos. A análise iconológica, por sua vez, advém da síntese, busca o significado intrínseco do documento fotográfico e refere-se à realidade interior. Panofsky sistematizou este método em três níveis de interpretação: (1) descrição pré-iconográfica, o significado “natural”; (2) análise iconográfica, o significado convencional icônico e (3) interpretação iconológica, o significado intrínseco de uma imagem. (PANOFSKY, 1939: 25-31).

Para ultrapassar o realismo fotográfico é necessário desenvolver a análise iconológica, levando-se em conta as representações e as práticas culturais construídas em torno delas e por meio delas. Para o caso das imagens fotográficas do cangaço, vimos que diferentes sujeitos atuam com representações distintas nos processos de produção, reprodução e recepção das imagens.

http://www.ufrgs.br/gthistoriaculturalrs/marcosclemente.html

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LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS

Autor José Bezerra Lima Irmão

Este livro contém:
 736 páginas. 
Tamanho: 28 centímetros.
Largura: 20,5 centímetros.
Altura: 4 centímetros



O seu livro é uma grande contribuição à cultura brasileira, hoje em encontro de escritores na Escariz tive a honra de apresentá-lo aos presentes, e convidar para o nosso evento. Muita gente boa já confirmou presença. Vai ser um sucesso e a sua presença nos orgulha.



Carlos Magno, essa capa é chamativa, sem dúvida, e o carinho dos amigos torna-a ainda mais vistosa. Obrigado mil vezes pela divulgação do meu trabalho. Fico feliz em ver "A Raposa das Caatingas" no mesmo patamar de "Um Voo Sobre Frei Paulo", de sua autoria, e de "Conhecendo as Américas", do querido amigo José Eduardo. Sabe o que é um cangaceiro acompanhado de um padre, tendo você como coiteiro?

Obrigado, Edivan, pela publicação dessa matéria, para que os leitores do Jornal de Sergipe tomem conhecimento do meu "Lampião - a Raposa das Caatingas". Depois do lançamento em Aracaju, na Livraria Escariz, fiz o lançamento em Salvador, na Faculdade 2 de Julho, e no dia 28 de junho, à noite, "Lampião" será lançado em Frei Paulo (SE), num lançamento conjunto com os livros "Conhecendo as Américas", de José Eduardo Goes, e "Um Voo Sobre Frei Paulo", de Carlos Magno. Convido os amigos para esse evento. Mais uma vez, obrigado, Edivan!

http://www.jornaldesergipe.com.br/2014/06/monumento-lampiao-doze-anos-de-pesquisa.html?fb_action_ids=410061039135395&fb_action_types=og.comments&fb_source=aggregation&fb_aggregation_id=288381481237582
  


José Bezerra Lima Irmão, já estou lendo o livro. Esse sim, foi o meu ex-professor João Paulo que eu falava que gosta dos assuntos do sertão.

Moacir Sampaio disse: 


Parabéns à cultura! Pois, trabalhos desse naipe trazem à mostra, com maior amplitude, a grandeza do intelecto sergipano. E é inegável que o dr. Domingos Pascoal, através do sacerdócio literário que incansavelmente pratica em terras de Sergipe D'El Rey, é cúmplice e fiel participe dessa verdadeira 'revolução cultural' que desperta e ilumina a tantas mentes e canetas! Meus respeitosos aplausos!!!

José Bezerra Lima Irmão agradeceu aos amigos: 

É bom ouvir essas palavras generosas da boca dos amigos sobre o meu trabalho. Como meus amigos, vocês são suspeitos para julgar meu livro. Agradeço de todo coração as referências ao "Lampião - a Raposa das Caatingas". Divulgar um livro é mais difícil do que escrevê-lo. Não, porém, quando se tem amigos como vocês. Um abraço a todos. Vocês são meus "coiteiros"!...

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Tel.: (79)9878-5445 - (79)8814-8345
E-mail: lampiaoaraposadascaatingas@gmail.com
josebezerra@terra.com.br

Material extraído no facebook, na página do autor do livro: "Lampião a Raposa das Caatingas".

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