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terça-feira, 10 de outubro de 2023

A ESTROFE JÁ VEIO PRONTA...

 Por José G. Diniz



A estrofe já veio pronta

Com oração, métrica e rima

Se adapta a qualquer clima

Abraça, mas não afronta

Não tem acerto de conta

Está na metrópole ou no deserto

Acata presidiário ou liberto

Uma mensagem de alegria

No lugar que reside a poesia

O amor está sempre por perto


Na casa que o amor habita

Para o ódio não tem espaço

Quem ama gosta de abraço

O que odeia nunca acredita

Amoroso fala palavra bonita

O bom sentimento lhe inspira

Maldoso só acredita em mentira

Quatro letra que são desiguais

O amor transpira fé e paz

O ódio vomita discórdia e ira


A poesia é símbolo de grandeza

Dom para quem tem privilegio

Não aprendemos em colégio

É obra sublime da natureza

Recheada de charme e beleza

Perfeito é seu lado métrico

Poeta um respeitador e ético

Rancor causam triste episódio

Não é admissível que o ódio

Ocupe o mesmo espaço poético.


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O FACÍNORA E SANGUINÁRIO CAPITÃO LAMPIÃO

 Por José Mendes Pereira

Afirmam os escritores, pesquisadores e historiadores  do cangaço que o capitão Lampião foi um dos cangaceiros mais inteligente, e além disso: perseguido, perseguidor, traído, respeitado e respeitador, adorado por muitos e rejeitado por outros, exigente, vingativo, cruel, corajoso, destemido aos arrufos de qualquer um, respeitava as opiniões dos seus comandados, mas não admitia covardia. Traição de qualquer um, mesmo que fosse feita pelos seus melhores amigos da nova e da velha-guarda, imperdoavelmente, pagava com a morte, coisa que ele não aceitava ser colocada na sua mesa de bandoleiro. Lampião vivia fora da lei, mas mantinha excelente relacionamento com os poderosos. Lampião era protegido por alguns coronéis e políticos. O governador de Sergipe Eronildes Ferreira de Carvalho era um desses, tinha amizade com Lampião e lhe fornecia armamento e munição.

Viveu quase vinte anos nas caatingas nordestinas. Perseguido pelas forças volantes dos governos, mas  mesmo assim, Lampião conseguiu ludibriá-las e manter o seu desastroso movimento social por  sete Estados do nordeste brasileiro, os quais foram: 

https://cliquesportodocanto.wordpress.com/2013/02/26/serra-talhada-pernambuco/

a - Pernambuco - sua querida terra natal que o viu nascer e crescer em Villa Bela, hoje Serra Talhada, mas foi uma que o rejeitou sem um tico de respeito, quando ele entrou no Estado com um documento com a patente de capitão, que tinha recebido das mãos do padre Cícero Romão  Batista, no Juazeiro do Norte. 

Há quem diga que o padre Cícero Romão foi um menino de recado, isto é, fazendo o que o deputado federal Floro Bartolomeu delegava. Mas existem outras informações que o padre Cícero, quando, desse encontro de Lampião, antes dele chegar a Juazeiro, o padre teria dito em tom de repúdio: "- Agora vem este homem para cá". Se é verdade, eu não sei. 

https://web.arapiraca.al.gov.br/2017/10/lampiao-e-a-rota-de-fuga-pelo-agreste-de-alagoas/

b - Alagoas – neste, Lampião resolveu atacar fortemente, protestando contra o assassinato do seu patriarca  José Ferreira  da Silva. Lampião acusava que a sua mãe Maria Sulena da Purificação, teria sido morta também pela volante do tenente Lucena, mas não foi. A morte da mãe foi problema de coração.

https://pt.foursquare.com/v/igreja-de-s%C3%A3o-vicente/4ccca569c9b846884050bec3?openPhotoId=4f707e96e4b07fa2c85b5d5c

c - Rio Grande do Norte - uma única vez, que no dia 13 de junho de 1927, foi escorraçado de Mossoró, uma das maiores decepções que o rei Lampião passou. Perdeu dois dos seus homens e nada levou em relação a valores monetários.

d - Ceará -  neste o capitão Lampião tinha respeito, afirmando que o padre Cícero Romão era um dos protetores das suas irmãs, e do Ezequiel Ferreira da Silva, que ainda era muito novo.

e - Bahia - onde ele chegou faminto com os seus homens, mas trazia paz. Ali estava para recomeçar uma nova vida, muito embora, desastrosa., porque, ele jamais pensava em abandonar o cangaço.

f - Paraíba. - E por lá fez as suas maldades contra alguns.

g - Sergipe - e foi neste aonde o capitão Lampião, se tivesse tido tempo, teria dito aos seus conterrâneos brasileiros, principalmente de Pernambuco: "- Estou partindo para a eternidade, meus conterrâneos!". 


Dias antes da sua morte, estabeleceu a sua Central Administrativa da famosa "Empresa de Cangaceiros & Cia",  na Grota do Angico, nas terras de Porto da Folha, atualmente Poço Redondo, onde lá, os policiais tinham preparados a sua última participação no cangaço. E na madrugada de 28 de julho de 1938, no Estado de Sergipe, ele foi morto, juntamente com a sua rainha e mais 9 cangaceiros, que pertenciam a sua afamada "Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia".

Nos anos trinta, do século XX, Lampião resolveu colocar em seu bando uma senhora, Maria Gomes de Oliveira, que no bando ficou conhecida como dona Maria, quando falavam diretamente a ela, e ou dona Maria do capitão, esse último, era quando falavam nela. 

Ela nasceu no dia 8 de março de   1911 em uma minúscula fazenda em Santa Brígida, no Estado da Bahia. (existe uma outra data adquirida através do pesquisador Voldir de Moura Ribeiro. - Clique neste link para ter mais informações: https://tokdehistoria.com.br/2011/10/25/sociologo-encontra-novas-informacoes-sobre-maria-bonita/

Era filha do sofrido casal José Gomes de Oliveira e Maria Joaquina Conceição Oliveira, tendo como irmãos:   

Benedita, Antonia, Amália (não confundir com Anália que era irmã de Lampião. Joana, Olindina, Francisca, José, Arlindo, Ananias, Isaías Ozéas todos sendo Gomes de Oliveira.

Aos 15 anos de idade, Maria Bonita resolveu se casar, tendo como marido, o sapateiro José Miguel da Silva, o Zé de Nené, que não levando sorte, durante o tempo em que viveram juntos, a sua vida foi infernizada pelo desastroso casamento, quando o sapateiro não a valorizava, e com isso, as brigas eram constantes no lar.    

Apesar de ser cangaceiro os pais de Maria Bonita tinham admiração por Virgulino Ferreira da Silva (existem registros que afirmam que quando Maria Bonita se juntou a Lampião o seu pai debandou-se por aí, porque não queria tal união). 

O que sentiu Lampião por Maria Bonita foi sem dúvida, o tipo físico de mulher brasileira, olhos e cabelos castanhos que fazia com que muitos a desejassem, por ser considerada uma mulher interessante. A atração foi recíproca entre os dois que posteriormente Lampião a convidou para fazer parte do seu respeitado bando.               

Após a entrada de Maria Bonita na "Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia", muitos asseclas levaram as suas amadas para as caatingas, como o cangaceiro Corisco, que raptou uma jovem de 13 anos, para acompanhá-lo na mais perigosa vida, que é a de viver em correria dentro das matas, quando eram perseguidos pelas volantes. 

Mas mesmo usando o seu malabarismo finalmente na madrugada de 28 de Julho de 1938, na Grota do Angico Lampião e mais dez cangaceiros foram executados pelas forças volantes comandadas pelo tenente João Bezerra da Silva, e entre eles, estava a sua rainha Maria Bonita.

Uns dizem que Lampião havia chegado a sua hora. Outros dizem que Lampião foi envenenado. Outros dizem que Lampião fugiu do cerco e foi embora para o Norte de Minas Gerais. Outros afirmam que a morte do rei e da rainha aconteceu, devido um bom cerco policial que o seu matador havia preparado. O certo é que o compadre Lampião chegou ao fim, e que eu acho que ninguém se esconde de ninguém por muito tempo. Um dia chegará a sua vez. 

O Lampião verdadeiro lá de Serra Talhada do Estado de Pernambuco se foi, mas muitos Lampiões surgiram e continuam roubando, matando inocentes, depredando o que se adquiriu com tanto esforço.

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ARTIGO: A VIDA E A FORTUNA DO EXIBICIONISTA CANGACEIRO MARIANO LAURINDO GRANJA

Por: Nilo Sérgio Pinheiro

O cangaceiro Mariano - lampiaoaceso.blogspot.com

Desde o princípio dos anos trinta era comum existiram tropas legais ou ilegais a procura de cangaceiros para matá-los e ficar com o que eles possuíam, já  que era do conhecimento público, o tesouro que eles carregavam e que viviam ostentando por onde passavam, especialmente em tempos de festas, com doações generosas às igrejas e à população mais do que carente, na miséria mesmo. Geralmente quem matasse cangaceiros e conseguisse ficar com tudo que eles tivessem já poderia pensar numa aposentadoria confortável. Em Pernambuco, destacaram-se os nazarenos, que roubavam sem distinção ou escolha, tratando-se de fazendeiro, citadino ou cangaceiro.

Quem aparecesse pelo caminho era morto ou assaltado. Na Bahia, a tropa liderada pelo tenente José Rufino, vivia sonhando em pegar um cangaceiro privilegiado, isso aos olhos da macacada fardada era uma verdadeira fortuna perambulando pelos sertões nordestinos. Tenente Rufino era um policial ao gosto do governo baiano, cruel, sem remorsos e odiava a popularidade que cangaceiros tinham, angariando tudo o que fosse de simpatia e amizade. Sua coleção de cabeças era bastante extensa ao ponto da imprensa baiana perguntar se com tantas cabeças cortadas o tenente não poderia deixar algumas penduradas em cada poste da cidade de Salvador. Pelas contas do tenente José Refino ele teria decapitado cerca de quatrocentos e quarenta e oito cangaceiros nos Estados de Sergipe, Alagoas, Bahia e Pernambuco, isso num período de dezoito anos de uma perseguição tresloucada e quase desnecessária.

Somando que cada cangaceiro levava consigo uma pequena fortuna em ouro, brilhante e dinheiro, Rufino já poderia ser um homem bastante rico. O policial que liderava uma volante com cerca de sessenta e oito soldados, iniciou a sua peregrinação no começo dos anos vinte, quando pela primeira vez conseguiu cercar um grupo de vinte e oito cangaceiros liderados pelo conhecido Quinta Feira, no interior de Sergipe. Naquele tempo, ainda não havia o acordo realizado pelos governadores que facilitou a entrada de volantes nos Estados da região que bem entendesse. Quinta Feira às duras penas conseguiu safar-se juntamente com Navalha. Mas o restante do grupo foi degolado por Rufino, que não deixou ninguém prá contar história. Logo depois se soube que a volante de Rufino foi reforçada com adesão de trinta e oito novos recrutas, todos enfeitiçados pela fortuna que o tenente deu de presente ao secretário de segurança da Bahia. No Estado de Sergipe os cangaceiros viviam deitando e rolando, participando de tudo que fosse de festa, homenagens, desfiles e procissão, eram os ídolos aclamados dos sergipanos.

José Rufino tinha todas as informações sobre as regalias dos bandoleiros errantes naquele pequeno Estado. Entrar ali com sua volante simplesmente não dava. Teria que se vestir como cangaceiro fosse. E assim foi feito. Por onde passava a população pensando tratar-se dos comandados de Lampião lhes rendia homenagens, oferecendo tudo o que fosse possível. Foi durante esse período que apareceu um jovem cangaceiro chamado Mariano Laurindo Granja, filho de um fazendeiro, com uma formação diferenciada, que tinha entrado no cangaço por razões idênticas a que levaram quase todos a viver como bandoleiros. Queria pegar os cinco policiais que tinham estuprado suas três irmãs.

Naquela época a polícia militar de quase todos os Estados nordestinos era formada, diferentemente de hoje, por gente da pior espécie. Qualquer um, independentemente de sua formação, podia dar baixa como policial militar, chegando até mesmo ao ponto de a própria polícia desconhecer a origem e o próprio nome daquele que queria sentar praça. E muitos entraram na polícia porque não tinham as mínimas condições de se tornar cangaceiros, já que tinham sido barrados por suas péssimas condutas ou sendo famigerados criminosos. Quando esses rejeitados se tornavam policiais e se juntavam às volantes devotavam um terrível ódio aos cangaceiros. Mariano entrou inicialmente no grupo comandado por Quinta Feira, tempo depois se separou criando seu próprio grupo, perfazendo um universo de doze grupos que viviam no Estado de Sergipe.

Sua fama desde começo no comando do grupo de vinte três cangaceiros foi crescendo, lhe proporcionando vantagens às mais diversas. Cidades, povoados, fazendas, engenhos e vilelas, por onde andava era recebido com galhardia e consideração. 

Seu lugar tenente Zepelim era seu fiel escudeiro capaz de dar à sua vida sempre que o momento o colocasse em perigo. Galante e extrovertido, era sempre admirado pelas jovens interioranas que se encantavam com o seu porte atlético, com uma altura muito além da normal do homem sertanejo. Tinha o costume de em solenidades festivas vestir-se a caráter, com uma roupa impecável cheia de adereços chamativos, diferentemente daquelas que usava em combate.

Seu cavalo preto de nome azulão, sempre nessas ocasiões era enfeitado com alfaias cheias de prata e sela incrustada em ouro. Seu fuzil bastante ornamentado era o que de melhor tinha como armamento de última geração, podendo suportar sucessivos tiros em um longo período de combate. Era considerado um juiz para todas as ocasiões, e gostava de resolver inúmeros embates e conflitos conjugais. Certa vez enamorou-se de uma jovem e ela queria de qualquer maneira se juntar ao grupo, e virar cangaceira. Não podendo levar a jovem consigo prometeu buscá-la assim que houvesse oportunidade, deixando-a na esperança dessa busca. Passado algum tempo Mariano soube que José Rufino descobrindo que ela era namorada de cangaceiro, torturou a moça para que ela dissesse onde estava o seu namorado.

O pai dela inconformado e obstaculizado teve um ataque do coração e morreu. Em decorrência disso, a moça com desgosto pelo passamento do pai, também morreu. Mariano ficou enlouquecido, e a partir daquele momento, prometeu perseguir Rufino até as portas do inferno. Ai começava o ódio de Mariano pelo tenente José Rufino. Inúmeras volantes perambulavam por todo o Nordeste, a procura de cangaceiros, esquecidas de que também tinham a obrigação de perseguir a bandidagem propriamente dita e os criminosos de aluguel que infestavam a região. Agora, tudo o que fosse de bandido andava vestido de cangaceiro, aumentando ainda mais a fama de criminosos e ladrões contumazes que eles nunca conseguiram desvencilhar. Rufino não parava de cortar cabeças dos cangaceiros que aprisionava. Mariano, apreciador de um bom romance, carregava com ele alguns livros que presenteava as jovens que às vezes ficavam interessadas. Escuro, mas com uma aparência, de branco bem nutrido, vivia fazendo justiça em lugares esquecidos e abandonados dos sertões nordestinos. Carregava consigo uma palmatória, com a finalidade de dar bolos nas mulheres que traíssem seus maridos, que abandonados lhe pediam ajuda para recolocar nos trilhos as ingratas que fugiam com outro homem e do juramento matrimonial. Houve um determinado dia que um marido o procurou desesperadamente porque a sua mulher o tinha abandonado, enfeitiçada por outro homem, deixando também os seus três filhos pequenos, chorando. Procurando tomar pé da situação soube que a mulher do infeliz tinha lhe trocado por um mascate que vivia pelos sertões nordestinos vendendo tudo o que fosse de bugiganga.

Descobrindo o paradeiro da traidora mulher e do mascate gavião, Mariano soube que ele além de destruidor de matrimônio, ele era casado e tinha uma grande quantidade de filhos. Em vez de dar bolos na ingrata rainha do lar, o cangaceiro aplicou dez bolos em cada mão do mascate. Após promover a devida justiça divina, levou de volta a mulher, fazendo, ela prometer que nunca mais pensaria em homem algum a não ser em seu próprio marido e nos pequeninos inocentes que choravam a ausência da mãe. Havia também outro cangaceiro conhecido como Baiano que tinha a fama de justiceiro, ferrando no rosto qualquer mulher que traísse o marido. Para eles isso era um crime sem perdão, e seguia criteriosamente os mandamentos bíblicos. Mariano era festeiro e andava encima do seu cavalo azulão bem vestido, e geralmente perfumado.

Seu grupo era seguido por inúmeros cachorros, que partiam com ele ao perceber a sua bondade em lhes dar alimentos assim que chegava e vendo que eles perambulavam pelas ruas esfomeados. Em todos os lugares que passava sempre era coberto de presentes, entre os quais muitas jóias raras talvez como pagamento pela proteção prometida. Mariano, ao contrário da polícia, sempre que encontrava criminosos que tinham realizado desatinos como assalto e outros crimes graves, fuzilava-os, limpando a região infestada de bandidos. Conta à história que também fuzilou o pai de um soldado acusado de vários crimes. Esse soldado jurou matá-lo na primeira oportunidade. Talvez em todo o cangaço não houvesse quem mais mostrasse riqueza do que o infeliz Mariano. Por isso foi aconselhado a ser mais discreto, não procurando mostrar o que possuía. Mas ao contrário, ofertava robustas somas as igrejas que ele encontrava vivendo pior do que a vida miserável de franciscano. Desde o começo de sua carreira no cangaço, deixou de participar de ataques contra cidades que prometiam resistência, e que também proibiam a entrada de cangaceiro. Quando os cangaceiros queriam entrar numa cidade geralmente os chefes desses subgrupos mandavam um bilhete para saber como seriam recebidos. Muitas localidades e povoados lhes abriam às portas, outras prometiam mandar balas caso insistisse na visita, o que de fato acontecia. Mariano ainda não sabia que havia inúmeras volantes a sua procura em busca de sua cabeça e da riqueza que carregava. Avisado, entregou parte de seu tesouro a um sacerdote de uma importante cidade sergipana, que tempo depois entregou tudo a um irmão do cangaceiro de nome Juvenal, quando ele foi morto. Mariano vivia percorrendo todo o sertão sergipano e alagoano, como se fosse o paladino da justiça, combatendo tudo o que fosse de coisa ruim.

A Pedofilia e o crime de estupro ele considerava inconcebíveis. Assentou o punhal em vários criminosos que aliciavam crianças e tinham tido relações sexuais a força com jovens donzelas ou mulheres casadas. Quanto aos homossexuais tinha um respeito enorme por achá-los frágeis e dignos do maior respeito, proibindo qualquer tipo de gracejos com àqueles a quem denominava criaturas esquecidas por Deus. Mariano teve um dia à oportunidade de provar a sua conduta em relação a esse grupo de pessoas. Certa vez chegou um rapaz lhe procurando dizendo que sua família o tinha expulsado de casa.

Cheio de gestos diferenciados Mariano logo desconfiou o porquê dos motivos. Ouvindo atentamente as suas argumentações, decidiu ir até a sua residência conversar com a sua família. Quando chegou às proximidades da casa, pediu o rapaz que esperasse enquanto ele se entendesse com os seus parentes. Entrando, disse para todos que “pelo caminho tinha encontrado um jovem que passava chorando, procurou saber os motivos, e ele contou que a sua família o tinha mandado embora por ter se tornado uma coisa condenável. Retrucando disse – vou até a sua casa e mato todo mundo. Apavorado, o rapaz disse que não matasse a sua família, pois o único que deveria morrer era ele. E não queria que os seus não fossem assassinados simplesmente por tê-lo expulsado de casa. Foi então que ele acrescentou, agora vou matá-lo aqui mesmo, e o jovem ajoelhou-se e começou a rezar para que Deus protegesse os pais e seus irmãos.

E Mariano para espanto de todos, finalizou, e o matei ali mesmo”, o que fez toda família desabar aos prantos, movida pelo remorso. Para surpresa de todos, Mariano mandou buscar o jovem que foi abraçado e chamado de volta ao convívio familiar. Assim era o cangaceiro Mariano Laurindo Granja. Quando uma vez reunido com o alto comando do cangaço, em Águas Belas, recebeu de Lampião uma repreensão de “a qualquer momento poderia ter a cabeça cortada se não atendesse as recomendações da previdência e da cautela no sentido máximo de sua segurança pessoal e a de seus comandados”. 

Lampião também recomendou que os cangaceiros, embora vaidosos, não poderiam andar feito Oxossi em dia de festa. Pediu que quando participasse de alguma comemoração procurasse sempre andar vestido de modo que não mais chamasse à atenção de ninguém. O que fosse de jóias e prata teria que esconder com alguém de confiança. Mariano partiu sem saber que aquela seria a última vez que via Lampião. Depois de muitas andanças pelos sertões nordestinos, Mariano achou por bem fazer uma visita a Pai Velho em Porto da Folha, no Estado de Sergipe, um curandeiro muito procurado e respeitado pelos cangaceiros.

Na verdade, Pai Velho, já tinha salvado da morte até soldados carregados entre a vida e a morte pelas volantes à sua procura. Deixando sua tropa em Garuru, povoado próximo, foi somente com Pavão visitar o curandeiro. José Rufino foi informado dessa visita, armou uma emboscada. Mariano acompanhado de apenas um homem, não tinha nenhuma chance. Assim que chegou foi fuzilado juntamente com pavão. Para completar o selvagem ato, Rufino também fuzilou Pai Velho, deixando o sertão sergipano sem o famoso curandeiro. O que Mariano levava de tesouro assombrou não apenas o tenente José Rufino, mas toda coluna que exigiu do comandante a divisão quantitativa daquela riqueza. Como sempre, ele dizia que aquilo pertencia ao governo baiano. 

Cortou as cabeças de Mariano, Pavão e Pai Velho. Depois descobriu que tinha cometido um terrível engano, matando um curandeiro importante. Para cortar a cabeça de Mariano Rufino foi obrigado a matar quatro cachorros que não deixavam que ninguém chegasse perto do cadáver do cangaceiro. Era 10 de outubro de l936.

http://www.conexaopenedo.com.br/2013/06/artigo-a-vida-e-a-fortuna-do-exibicionista-cangaceiro-mariano-laurindo-granja/

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SERTÃO, O REINO DA FÉ

 Clerisvaldo B. Chagas,10 de outubro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.976

PROCURANDO ÁGUA. (FOTO: NÃO CONSEGUIMOS IDENTIFICAR O AUTOR).

Já desnudamos aqui muitas vezes o sertão nordestino para o mundo. E agora chegou a vez do procurador de água no subsolo. Uma tradição sertaneja de muita fé, assim como a encontramos entre os rezadores – em algumas regiões chamados benzedores e curadores – Os procuradores d’água do subsolo, têm como representantes, algumas poucas pessoas que receberam esse dom. Uns não contam a ninguém como aprendeu, outros contam. Mas vamos ver como acontece na prática, durante uma época seca. Alguém quer fazer um poço artesiano e chama um desses procuradores de água para localizar onde existe o líquido no subsolo, para poder convidar o pessoal do maquinário para cavar o poço.

O procurador d’água pega um graveto bifurcado e sai com ele estirado às mãos, onde tem água o graveto se inclina para o chão. E fora isso, ainda fornece alguns complementos ao procurador. Pronto, agora é só chamar os técnicos, furar o poço e encontrar a água. Acrescentamos algumas informações particulares do cidadão procurador, que resolveu falar: Um seu parente havia falecido há mais de 30 anos. Fazia esse trabalho ao modo dele. Seu Severino, teve um sonho com o parente que o ensinou a achar água no subsolo. Experimentou o ensino e deu tudo certo. Fez disso profissão e trabalha com esse método até os presentes dias. (apresentado na Internet). Tempos depois, encontrara um cidadão de mais de 80 anos que lhe dissera que a procura pela água ficaria mais eficiente se fosse substituída a forquilha de graveto, por dois finos ferros e deu a ele as ferramentas.

Seu Severino achou mesmo, melhor o trabalho com os ferros. Informa água doce, salgada, quantidade viável ou não e, aproximadamente, a profundidade em que a água se encontra. O vídeo da Internet é detalhado acompanhando o trabalho de Seu Severino. Chega até a emocionar quando se pensa nos mistérios que existem. Embora o processo de Radiestesia já fosse conhecido no antigo Egito, ainda não possui reconhecimento oficial. Mas o Sertão é assim e procuramos mostrar como ele é. E se você não tem fé em nada, nada você é.

Sertão é bom, Sertão é divino, Sertão e mistério!

Sertão é 10.

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