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segunda-feira, 9 de março de 2020

UM OLHAR SOBRE ANGICO PARTE I

Por Alfredo Bonessi
Pesquisador Alfredo Bonessi em sua palestra durante o Cariri Cangaço 2010

Ainda hoje a gente sente o calor do fogo que aqui se deu naquela manhã de 28 de julho de 1938. No entardecer do dia 27 de julho de 1938 , na grota de Angicos, Pedro chega com a mercadoria encomendada por Lampião. Lampião está triste, acabrunhado, esquisito. Tinha recebido notícias que a Força tinha saído ao encalço dele pras bandas do Moxotó. Já é noite e Lampião corta uma melancia e distribui entre Maria Bonita e Sila e após isso elas vão conversar em cima de uma pedra existente na subida do barranco, oposto a gruta, de frente a barraca de Lampião.

Maria se queixa de Lampião, da vida que leva, quer ir embora, largar a vida, mas Lampião não quer. Estavam de brigas, tinham discutido muito. Maria tinha cortado os cabelos. Daí Sila vê algumas luzinhas no alto do morro e pergunta a Maria o que é aquilo, aquelas luzinhas açula ? Ela triste e pensativa responde que é vaga-lume. E só podia ser mesmo, porque naquela hora a volante estava com Joca, o delator, bem distante dali. Maria ainda fala que não tem medo da volante de Alagoas, porque possui nela um parente. Sila diz que não tem medo da volante Sergipana, mas não explica por que. Separam -se cada uma vai para a sua barraca.

Anos depois, Zé Sereno, marido de Sila, afirma que naquela noite derradeira Lampião e Pedro conversaram dentro do mato, sozinhos até as 23 horas. Durval confirma isso. Pedro vai para casa, atravessa o rio de canoa. Chega em casa e pouco depois chega a polícia para buscá-lo. Ele diz que não pode ir. Teve tempo suficiente para pegar a canoa e atravessar de volta para o coito dos cangaceiros, ou mesmo avisar o irmão para que avisasse Lampião. Mas fica em casa, espera. A vida de Lampião está com as horas contadas. Minutos depois a polícia retorna, daí ele segue por terra com o Cabo Bida até onde está a volante. Chegando lá o Tenente Bezerra põe a mão no ombro dele e avisa: eu vim para te matar se você não me der conta dos cangaceiros. Pedro pensa um pouco e entrega tudo, mas não dá a certeza se os homens ainda estão lá na grota – precisa salvar a sua vida - e, temendo que o irmão esteja entre os cangaceiros e possa ser morto pela polícia, indica a polícia o irmão que está do outro lado e para lá seguem. Chegando lá avisa o irmão para que entregue tudo, porque está preso. Durval sem pestanejar confirma: estão lá sim, acabei de chegar de lá e a bem pouco eles estavam aqui pegando bebida. O fim de Lampião estava traçado.

O que não encaixa na história relatada posteriormente por Durval era que o irmão estava com a camisa ensangüentada da ponta do punhal de João Bezerra, ou mesmo com as unhas arrancadas.

Esse relato é para minimizar uma possível ação posterior de vingança dos cangaceiros contra eles. Sabe-se que o Aspirante Ferreira queria matar logo Pedro, coisa que o Tenente Bezerra não deixou. Lógico, era uma estratégia policial para fazer com que ele desse no bico, pois os mortos não falam e Pedro morto não valia nada para a operação e a missão fracassaria. Depois foi a vez de Durval ser amedrontado. Segundo ele, o Aspirante deu uma tapa no lado do seu rosto que ele caiu no terreiro. Em outro depoimento diz que foi apenas empurrões e que o Aspirante queria logo matar a ambos no que João Bezerra saiu em defesa deles, em proteção. Cenas de artistas primários em picadeiros de circo das periferias. Por fim, com os objetivos traçados e a força avisada com quem iria brigar, começam a subir o leito do riacho. Daí o Tenente Bezerra acende uma lanterna e foca a tropa que em coluna avançava, dá um sorriso e pensa consigo mesmo: quantos daí vão morrer ? ora para quem vai enfrentar um número de cangaceiros superior ao número de seus comandados, e ainda em um terreno desconhecido, a noite, sem saber onde estavam os inimigos e acender uma lanterna é uma atitude reprovável, criminosa, leviana, e inexplicável. Estaria avisando a alguém ? Se a força estivesse em campo aberto o foco da lanterna poderia ser visto a mais de um quilometro de distância, e uma saraivada de balas cairia sobre todos e a maioria morreria naquele momento ou ficaria ferida.

Outro fato acontecido nesse momento que foi relatado e hoje está escrito como verdadeiro é que o Aspirante estava bêbado, aponto de não parar em pé. Ora, para quem desce o Rio São Francisco a noite, nas corredeiras, em três canoas amarradas, podendo a qualquer momento bater em uma pedra e ir ao fundo, estar bêbado e equipado é muito contar com a sorte – é ser negligente demais, ou aventureiro mesmo, aqueles das historinhas de gibis. Outro detalhe tido como verdadeiro: o Aspirante estava tão bêbado que não podia levar a metralhadora e deu a arma a um estranho para levá-la. Ora, dar a metralhadora para um paisano desconhecido, para levá-la, sabendo que ele poderia manobrar a arma e matar muita gente ali presente é demais para quem vai atacar um inimigo naquelas horas da madrugada. O fato que bêbado ou não, foi o Aspirante e sua turma que deram fim ao Rei do Cangaço.



Ainda, para esse momento, e poucas horas antes, o mesmo depoente afirma categoricamente que o Tenente que vai atacar Lampião tinha, ao entardecer, mandado pelo seu irmão, um saco de balas para Lampião. Não cola, não fecha. Não existe explicação enviar um saco de balas para quem você vai atacar horas depois, mesmo porque o Tenente não estava em Piranhas, estava em Pedra, e Pedro comprou as mercadorias em Piranhas. Nessa cidadezinha estavam acantonadas as volantes de Odilon Flor, da Bahia, e talvez a volante de Bezouro, também da Bahia. Se o Oficial Comandante estivesse corrompido não iria atacar Lampião naquela madrugada – atacaria no dia seguinte, em plena luz do dia, para ser visto, ou então mandaria uma aviso por algum informante a Lampião.

Entre tantas contradições há uma: que o Tenente não conhecia Lampião, foi conhecê-lo após a morte do cangaceiro, quando o mesmo já estava de cabeça cortada. Puro engano. Ambos eram conhecidos de muito tempo quando o Tenente, por ser agiota, estava afastado da corporação, e então se misturou ao grupo de todo o tipo de gente, caçadores, bandidos, cangaceiros e jogadores, daí então que aprendeu as manhas de lidar com a gente do sertão, incluindo aí os cangaceiros. Afirmam testemunhas que o Tenente Bezerra jogou baralho com Lampião – eu acredito nisso. Tanto é, que após a morte de Lampião, se embalando em uma rede no oitão da casa da fazenda do Tenente Zé Rufino, esse falou a aquele: como é rapaz, você foi matar o seu amigo ? – a que o Tenente respondera: é, foi o jeito ! – quem viu, testemunhou e está escrito.

Outra história bem verídica dessa amizade é sobre o cachorro de Lampião que aprisionado em combate pela força de Zé Rufino e entregue ao Tenente Bezerra em Piranhas, sessenta dias depois o animal estava na posse de Lampião. Essa amizade antiga, esse conhecimento da vida cangaceira, a troca de informações entre vários informantes, a atitude, o comportamento proposital aos olhos de todos, dando a impressão de apatia, desinteresse, de ser conivente, frouxo, tanto da parte dele como do Sargento Aniceto é que concorreu sobremaneira para o aniquilamento de Lampião, porque com certeza Lampião sabia muito bem do temperamento de seu oponente e com isso negligenciou a segurança do grupo e dele mesmo. Facilitou e pagou caro por isso.


Outra questão a ser comentada é com relação ao bando de Corisco. Lampião chegara na grota no dia 20 ou 21 de julho. Convocou todo o pessoal para uma reunião. Estava na posse de uma fortuna , algo em torno de mais de R$ 750 mil reais em jóias (estimativas ao dia de hoje), cinco quilos de ouro,segundo alguns - mas para encher duas bacias de rosto de jóias dão mais ou menos 2,5 quilos de ouro e não cinco. Somente se fosse ouro em barra, aí se poderia estimar esse peso de cinco quilos – analisando por esse lado, esse valor cairia para 350 mil reais. Em dinheiro sim, supomos, sem nenhuma informação, que Lampião estivesse com valores bem acima de 500 contos de réis, valores que daria para adquirir hoje, 10 automóveis, segundo uns, ao preço de 50 contos de réis um automóvel, outros dizem que não, um automóvel custava na época 8 contos de réis. Outros calculam a correspondência entre as moedas: pega-se o conto de réis e divide-se por quatro, tem-se o valor em reais aos dias de hoje. O fato que uma fortuna estava na posse de Lampião naquela ocasião. Maria Bonita possuía 160 contos de réis, daria para comprar quatro fazendas. Luiz Pedro estava com 360 contos de réis (estimativa), fora as jóias, daria para comprar nove fazendas, sem contar os outros cangaceiros que foram mortos, e mais ainda, aqueles que largaram tudo nas toldas e correram, abandonando o local. Era muito dinheiro.

A volante se apossou de tudo e ninguém soube o destino em que foi parar essa fortuna.

Depois da refrega, quem seria doido de buscar explicações com o pessoal da volante sobre o paradeiro dessa riqueza em um tempo em que a polícia fazia o que bem queria e um soldado da polícia mandava mais no sertanejo que um Senador Romano no tempo de Júlio César ? Esses comentários que foi o dinheiro que matou Lampião surgiu agora na década de 60 e somente foi cogitado no século XXI quando os componentes da volante já não existiam mais.

Continua...

Alfredo Bonessi


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DONA BÁRBARA... POR VALDIR NOGUEIRA


DONA BÁRBARA PEREIRA DE ALENCAR, A SERTANEJA “INIMIGA DO REI” QUE SE TORNOU A PRIMEIRA PRESA POLÍTICA DO BRASIL
Foram dias pendurada no lombo seco de um cavalo, com os braços acorrentados, até que Bárbara de Alencar percorresse quase 500 km entre o Crato e o Quartel da 1ª Linha em Fortaleza, onde seria encarcerada por oito meses por ter declarado a independência de uma pequena vila na capitania do Ceará de Portugal. Avó de José de Alencar, Dona Bárbara foi uma insurgente que confabulou pela independência e pela república, podendo ser considerada a primeira presa política do Brasil. Atuou no Crato, mas nasceu em Exu (PE).
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Dona Bárbara de Alencar foi um dos expoentes da Revolução Pernambucana de 1817, movimento de oposição à monarquia que fundou uma república em parte do Nordeste mais de 70 anos antes de o marechal Deodoro da Fonseca dar fim ao Segundo Reinado e transformar o Brasil independente em República.

Valdir Nogueira, pesquisador
Conselheiro Cariri Cangaço - São Jose de Belmonte-PE

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COMENDA PATATIVA DO ASSARÉ 2020

Josenir Lacerda recebe Comenda Patativa do Assaré
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Assaré, no cariri cearense, testemunhou a extraordinária cerimônia de entrega da Comenda Patativa do Assaré. O evento comandado pela vice-governadora Isolda Cela e pelo secretário de cultura do Ceará, Fabiano Piúba, aconteceu nesta última quinta-feira, dia 5 de março de 2020, durante a festa de comemoração do nascimento de grande poeta cearense, Patativa do Assaré, que faz parte do Calendário Cultural Oficial do Estado do Ceará. O evento; aberto ao público; homenageia e reconhece o mérito de personalidades do universo da cultura e da arte no estado do Ceará.
Com indicações diretamente do público, através da rede mundial de computadores, com o acompanhamento e justificativa do mérito dos nomes sugeridos e os indicados avaliados por uma Comissão de Seleção composta por sete membros: três integrantes do Conselho Estadual de Política Cultural do Ceará (CEPC); dois integrantes da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará; um representante da Universidade Regional do Cariri (URCA); e um representante da Fundação Memorial Patativa do Assaré. 
"A condecoração visa promover o reconhecimento de pesquisadores, artistas, poetas e cantores populares e tradicionais que, assim como fez o grande poeta popular Patativa do Assaré, por meio de sua obra ou atuação, levam adiante os saberes e os fazeres da cultura popular."
Foram agraciados com a Comenda Patativa do Assaré 2020 o cineasta Rosemberg Cariry, o jornalista e pesquisador de cultura popular Gilmar de Carvalho, a cordelista cratense Josenir Lacerda, o cantor e compositor Raimundo Fagner e o jornalista e pesquisador de manifestações folclóricas Oswald Barroso.
"Dia de entrega da Comenda Patativa do Assaré! Dia memorável! Somos gratos por ter no enredo de nossa história a figura da poetisa Josenir Lacerda que muito nos honra a cada título recebido, ao ser citada,lembrada e homenageada. Estamos muito felizes com esse presente, ser agraciado pela comenda que leva o nome deste saudoso poeta popular que cantou tão bem o sertão, com sua genialidade, memória incrível e rimas perfeitas. Cantou o popular e o erudito. Vivia na poesia. Sua fala era poesia! Viva Patativa! Viva Assaré! " CordelEArte.
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 Gilmar de Carvalho, Oswald Barroso e Josenir Lacerda
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Para o curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo, "a entrega da comenda Patativa do Assaré já é motivo de jubilo e festejo, e ainda por cima consolidar o reconhecimento a esta plêiade de homenageados da estatura de Gilmar de Carvalho, Oswald Barroso, Fagner, Rosemberg e da minha querida e estimada amiga do coração, cordelista Josenir Lacerda, é simplesmente sensacional, meu abraço fraterno e de reconhecimento a Miguel e a toda Academia  de Cordelista do Crato, Avante sempre ".
Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré, nasceu no dia 05 de março de 1909, na Serra de Santana, no município de Assaré. Foi cantador, repentista, compositor e um dos maiores poetas populares do Brasil. Por meio de sua poesia, foi intérprete e porta-voz das tradições e valores do sertão e do povo excluído de seu tempo. Nos seus 93 anos de vida (faleceu em 8 de julho de 2002), escreveu sobre amor, sobre o cotidiano e os dramas do sertanejo, sobre as dificuldades enfrentadas com a seca e sobre o desafio que as novas tecnologias representa às formas tradicionais de sociabilidade do sertão. Com a medida certa entre a emoção e a razão, nunca silenciou diante de censuras, nem mesmo durante o regime ditatorial. Colocou também sua poesia a serviço de lutas sociais, denunciando as desigualdades, a situação dos meninos de rua, reclamando por Reforma Agrária, reivindicando as eleições diretas e a renovação da política. Ganhou popularidade nacional e reconhecimento internacional como um dos maiores nomes da poesia brasileira por meio de diversas premiações, títulos e homenagens.
"Entre os agraciados com a Comenda Patativa do Assaré 2020, temos a poetisa Josenir Lacerda, que é destaque e referência entre poetas, cordelistas e simpatizantes.Sempre que penso e falo em Josenir Lacerda, me vem a palavra zelo, pois além de inspirada, Josenir Lacerda é cuidadosa e zelosa ao extremo com suas criações. Não foi por acaso que a poetisa recebeu do poeta e instrumentista Ulisses Germano o título de Dama dos versos encantados. De Josenir, eu ouvia inebriada os relatos de suas conversas com Patativa do Assaré, aquelas conversas com certeza foram sementinhas que vingaram e hoje a poetisa colhe os bons frutos. Nesse pequeno relato quero dizer da minha admiração pelo poetisa Josenir Lacerda, do quanto fico feliz com seu sucesso, com esse reconhecimento e como amiga quero reforçar que mesmo distante fico na torcida e aplaudindo de pé suas merecidas conquistas. As portas sempre se abrirão para quem tem a generosidade de abrir sua porta, acreditar e exercer a partilha. Josenir Lacerda, você tem, meu carinho, meu respeito e minha gratidão.Meu abraço," revela a cordelista Dalinha Catunda.
Entrega da Comenda Patativa do Assaré
Governo do Estado do Ceará
Assaré, cariri cearense - 05 de março de 2020


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UMA VELHA

*Rangel Alves da Costa

Hoje, data em que se comemora o Dia da Mulher, repasso um texto escrito no passado e que reflete bem outra condição feminina: a velhice, o abandono, a difícil vida, o difícil viver. Um texto sobre uma velha mulher, e certamente uma mulher que não se encontra tão escondida no seio de nossa sociedade.
Seus olhos profundos e sem luz, quase sumidos nas entranhas da pele escura e enrugada que lhe adorna, parecem ver apenas sombras e nublados naquilo que se põem a olhar. Mas insistentemente Sinhá Titoca mira a vida, e intimamente reflete o que avista ou recorda neste ato solitário de todas as tardes, principalmente após o entardecer.
Velha Antônia ou Sinhá Titoca, do mesmo modo dá atenção a quem lhe cumprimenta de um jeito ou outro. Já não recorda o tempo que alguém pronunciou seu nome de batismo: Antônia Rosarina das Mercês. Achava nome bonito demais para uma filha de escravos e que escravizada também viveu.
Mas a escravidão dos libertos, ou dos libertados sem ter de si afastados o peso dos grilhões e a dor das chibatas do preconceito, da discriminação, da falta de oportunidades para viver e do reconhecimento como pessoa humana. Desse modo, apenas uma escrava liberta e jogada numa nova senzala, aquela da miséria e do esquecimento. Os que chegam somem no passo seguinte.
Hoje pequenina pela idade que parece encolher, de cabelo carapinha todo branquinho, convivendo com sua fé mista de catolicismo e deuses africanos. Ao lado das fitas já esbranquiçadas do Senhor do Bonfim sobressaem-se sempre, e por todo lugar, as imagens de santos e plaquetas com dizeres religiosos. Mas nunca leu uma só palavra. Nunca aprendeu a ler nem escrever.
Foi empurrada às brenhas da cidade e aí permaneceu num casebre ao lado do seu amor de mesma cor e raiz. Mas um dia, depois de longo tempo de verdadeiro banzo distante da paz no campo, o companheiro fechou os olhos de vez e ela ficou sozinha. E o tempo passou, sua casinha ficou cada vez mais comprimida com as novas moradias, mas ela permaneceu aí sem ter para onde ir nem o que fazer.


Cocada branca, arroz doce e mungunzá, não havia nada mais saboroso do que ela fazia. Depois do meio-dia colocava suas guloseimas numa mesinha na entrada do casebre, cobria tudo com toalha rendada e de alvura de leite, e se punha a esperar a clientela chegar, bater palmas, chamar seu nome. Houve um tempo que não dava pra quem queria, mas a clientela foi se mudando, rareando, até que ficou dispendioso demais tanto trabalho para nenhum lucro.
Deixou de lado as comidas de coco e teve de aceitar como ofício aquilo que já fazia desde muito tempo, que era rezar e benzer as pessoas que chegassem necessitadas de um auxílio. Ali chegam pessoas se dizendo tomadas de mau olhado, com espinhela caída, cheias de enfermidades desconhecidas, envoltas em convulsões, e mais um rosário de doenças ou meros temores em busca das rezas milagrosas da velha senhora.
Em tom de brincadeira, mostrando uma dentadura ainda forte e de mármore branco, brinca com quem chega pedindo para que faça trabalho amoroso; ou seja, que faça rezas e encantamentos para o amado fujão voltar de vez e se apaixonar. Ou amarrar o cabra, como costumam dizer. E acrescenta que se mexesse com essas estripulias não vivia naquele deserto de solidão. E pede desculpa por não invocar entidades nem se ajoelhar perante a divindade para pedir intercessão junto às coisas do coração.
Gosta mesmo é de preparar chás, infusões, unguentos, pastas com remédios medicinais. Possui uma pequena farmácia no seu quintal onde cuidadosamente cultiva boldo, mastruz, erva-cidreira, hortelã, arruda e malva, dentre muitas outras ervas milagrosas. Também conhece rezas antigas, ensinamentos passados de outras gerações. E muitos dizem que suas mãos têm o dom de mandar a enfermidade às profundezas dos sete mares e trazer fortalecimento espiritual.
Escolhe três ramos ou folhas no quintal, silenciosamente pronuncia algumas palavras, em seguida seu braço magro faz a planta circundar a cabeça e o corpo da pessoa. Quando a planta se mostra totalmente murcha é porque todo o carrego saiu do corpo e ali se instalou. E a pessoa está livre do mau olhado ou do peso que lhe atormenta. Mas quando a planta insiste em não murchar, então ela se mostra tomada de preocupação.
E diz que a pessoa tome muito cuidado, mesmo estando com corpo fechado. É em corpo assim que as chaves falsas entram com facilidade. E manda que reze três ave-maria por três dias seguidos, que tome banho com água de cuia e não deixe o vento do entardecer subir pelas coxas. É esse vento tinhoso que desanda a vida de qualquer um.
Depois agradece a moeda colocada em sua mão. E o dia seguinte a encontrará na mesma solidão dos tempos, conversando com as plantas, ouvindo os gemidos de dor de suas raízes escravas.

Escritor
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VIRGULINO CARTOGRAFADO, DE GUERHANSBERGER TAYLLOW PORYURI SOUSA


Existem diferentes concepções de História, dentre às quais muito me agrada a ideia de História como "a arte de inventar o passado", reflexão desenvolvida por Durval Muniz. Essa concepção nos distancia do ideal positivista, da construção de uma narrativa histórica objetiva, que reconstitua o passado tal como ele foi. Ao historiador, cabe a construção de uma narrativa; de um enredo erigido sob o diálogo de suas fontes documentais, com as mais variadas bases teóricas, como descreveu Durval: Nós, historiadores, podemos fazer disso a delimitação de nosso espaço, tomarmos a História como uma proto-arte próxima da Ciência e da Filosofia, podendo manter, com estas áreas do conhecimento, diálogo permanente, enfatizando, conforme as problemáticas e temáticas a serem estudadas em cada momento, um destes seus aspectos. 

Quanto a esta construção "artística", em diálogo principalmente com a Geografia e em certa medida com a Filosofia Foucaultiana e Deleuziana, Virgulino Cartografado se apresenta como um livro instigante, por sua beleza e por sua assertividade científica; com tal assertividade científica não quero me referir ao alcance de um conhecimento concluído e objetivo, e sim ao fato de que o aporte teórico da pesquisa, parece ter sido feito especialmente para embasar esta construção. 


Virgulino Cartografado, certamente causará um desafio aos seus leitores, considerando principalmente, aqueles que já possuem uma iniciação nos estudos do cangaço, ao acolher a recomendação que faz Durval Muniz logo no prefácio, a de que abandonemos nossa zona de conforto e nos disponhamos a colocar nossos pensamentos em movimento, principalmente nós, que estamos acostumados com toda a literatura referente ao cangaço(e possuímos certo apego a ela), em sua busca por construção de identidades, sejam elas de heróis ou de bandidos(dicotomia identitária que inclusive permeia livros como "A derradeira gesta", livro de cunho acadêmico e "O canto do acauã", livro de cunho memorialista), com sua vontade de verdade, buscando a perfeita reconstituição do passado, a tão famosa "verdade dos fatos ou verdade histórica"; sem falar em nosso apego a certos autores como Frederico Pernambucano e Gustavo Barroso; nos deparamos ao longo de boa parte do texto com críticas frontais às ideias esboçadas nos livros destes escritores, especialmente à ideia de isolamento, o que certamente causa um desconforto inicial nos leitores(grupo este, em que me incluo). 

A obra é também permeada por um espírito desconstrucionista, com ressonâncias de "A invenção do Nordeste e outras artes", que é uma ideia que não me agrada tanto(deixo claro que compreendo as intenções da tese do professor Durval, tendo em vista que nossa cultura em si e simultaneamente as representações que são construídas a seu respeito, sobretudo por e para aqueles que estão fora dos limites geográficos e ideológicos de nossa região, possui vários problemas, tais como a ideia de que vivemos em uma eterna seca e o da virilidade/masculinidade, que como percebemos na história do cangaço, causou destruição de vidas e de famílias, tendo como exemplo bem próximo, a da família de nosso protagonista. No entanto, acredito que esta identidade cultural, que não deve ser é claro, uma imposição ontológica, e desde que não corrobore com a violência e a vitimização, seja importante), o que tem influência direta na linguagem usada nas críticas, que não são agressivas, mas que em dados momentos soam pejorativas. Todavia, abro um parêntesis para ressaltar que o autor é um experiente estudante do tema, e em termos de publicação, este não se trata de seu primeiro trabalho, tendo estabelecido contato com uma grande bibliografia a seu respeito, conhecendo bem os problemas destes escritos; conhecendo sua qualidade ou falta de qualidade; tendo adquirido por este percurso, autoridade para nos oferecer seu julgamento, refletido na linguagem usada em suas considerações.

Guerhansberg Tayllow e Narciso Dias em dia de Cariri Cangaço

Quanto aos pontos específicos desenvolvidos por Guerhansberger, em parceria com o pensamento de Deleuze e Guatarri, destaco a ideia de máquina de guerra nômade, que parece ter sido feita especialmente para o bando de Lampião. Uma máquina que funciona paralelamente à máquina estatal e à margem de seu controle. Aos estudantes do tema, não raro se faz o questionamento maniqueísta: Lampião era herói ou bandido? Por conta do presente livro, em uma próxima oportunidade em que for questionado nestes termos, terei a resposta "na ponta da língua": Lampião era um guerrilheiro, porém, sem uma ideologia política; portanto, as suas "conquistas" serviam unicamente para alimentar a sua existência e a dos componentes de seu bando, se configurando em uma ação egoísta. A abordagem das táticas de guerra de Lampião, também é algo que chama atenção, tratando sobre sua ação "conservadora" e não, covarde, ao fugir de determinados combates; o seu uso do substrato material espacial; o fato de o bandoleiro não possuir um território sedentário para defender; entre outras considerações sobre sua guerrilha. 

Salta aos olhos também, neste estudo, a capacidade política(e micropolítica) de Lampião, que em termos de articulação e construção de alianças, pouco se diferencia de nossos políticos atuais(os do passado também), em suas incontáveis e sujas conexões em rede, se diferenciando apenas em um ponto, que seria no fato de que o Capitão não tinha nenhuma obrigação com a sociedade que o rodeava, uma vez que era um fora da lei, o que não acontece com nossos parlamentares, que sim, possuem tais obrigações, e por esse motivo, vez ou outra aparecem com mínimas benfeitorias. 

Uma vez mais, reitero a beleza teórica que migra pro estético, na obra ora resenhada. Todo o aporte teórico parece ter sido feito especialmente para a construção desta dissertação, tal é a precisão das urdiduras feitas em seu interior. Me recordo de Ariano Suassuna, que ao prefaciar o livro "Estrelas de Couro - a estética do cangaço" de Frederico Pernambucano, diz que fora da literatura, se pudesse ter escolhido uma obra para ter escrito, esta obra seria Estrelas de Couro, que cá entre nós, assim como outros escritos de Frederico, possui uma acentuada beleza literária. Parafraseando-o, eu digo que se pudesse escolher uma obra para ter escrito dentre tantas que li e conheço, esta seria "Virgulino Cartografado"(é claro, estou muito longe de ser um Ariano, mas vale a ideia que esta declaração encerra). 

Yuri Oliveira Sousa - Caxias - MA 
Acadêmico de Pedagogia


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O COMBATE DA FAZENDA IPUEIRAS - SERRITA

 Por Ivanildo Silveira
Cel. Pedro Xavier das Ipueiras

No dia 03 de fevereiro de 1927, na Fazenda Ipueiras, hoje município de Serrita/PE, naquela época município de Leopoldina, hoje Parnamirim, no alto sertão pernambucano,  ocorreu um grande combate entre a Família do Cel. Pedro Xavier e Lampião e seu bando.

Ipueiras, de certo modo, possuía uma situação privilegiada, de solo fértil, água; lá se produzia cana-de-açucar, para fazer moagens, arroz, batata e demais produtos da terra destinados á alimentação da população, a pescaria nos açudes e a atividade agropecuária. O excedente era comercializado na feira semanal localizada na Vila de Ipueiras, encravada na Fazenda de mesmo nome.

O Coronel Pedro Xavier, homem flexível, hospitaleiro e generoso, exerceu também o cargo de juiz  interino de direito na vacância do titular da comarca de Leopoldina. Morava no casarão da Fazenda Ipueiras e teve numerosa prole. Os descendentes, os familiares dos Xavier; uns moravam na Fazenda  e outros na Vila de Ipueiras – uma incipiente urbanização com um pequeno mercado semanal, uma escola, uma agência de correio, farmácia, mercearia, padaria, loja, que na sua maioria, pertenciam aos próprios membros da família, uma espécie de feudo.

 Serrita em detalhe

Na década de vinte , do século passado, eram comuns as andanças de bandos de cangaceiros, por todo o nordeste. Lampião perambulava pelas caatingas, assaltando, matando, extorquindo, pequenos, médios e grandes proprietários de terra.

De início, Lampião e o seu bando passaram em “paz” pela Ipueira, em 26 de maio de 1925, quando o Cel. Pedro Xavier não fugindo da costumeira hospitalidade,  mandou fornecer-lhe comida, roupas e lenços tirados da loja de um de seus filhos Gumercindo.

Naquela oportunidade,  as filhas e as noras do Cel. Pedro Xavier foram proibidas de se apresentarem para conhecer Lampião e seu bando, para evitar que os cabras cometessem algum atrevimento.

O Cel. Pedro Xavier, um tanto constrangido de ter dado guarida a Lampião, pois soube de algumas bobagens que seu bando andou fazendo com outras pessoas dali, firmou o propósito diante da família, de que, na próxima vez que ele passasse, o “ receberia na bala “. Para isso, mandou um recado para Lampião:

“Não volte mais a Ipueiras, do contrário, será recebido a bala”.Ao tomar conhecimento do fato,  Lampião mandou a seguinte resposta:“ Quando passei por Ipueiras, respeitei você e sua gente, agora com seu recado atrevido a coisa vai mudar, prepare-se que haver choro".

O momento fatídico estava para acontecer a qualquer instante. Até que no dia 03 de fevereiro de 1927, alguns membros da família do Coronel Pedro Xavier estavam reunidos na casa da fazenda para almoçar, esperando os demais que se encontravam na Vila de Ipueiras. Encontravam-se na casa sede da fazenda apenas: a matriarca Josefa Xavier (esposa do coronel); José Saraiva Xavier (Dezinho), um dos baluartes do combate; Aparício Xavier que na época era seminarista em Petrolina-PE, e estava de férias na Fazenda; Mário Saraiva Xavier, o mais novo dos filhos e ainda menino; Francisca Xavier (nora do Coronel); Pedro; e amigos da família como Napoleão Pereira e Naninha (esposa); e Tosinha ( de Jardim-Ce); Manoel Preto ( afilhado de d. Josefa) e Pedro Dama, este, por sinal, cego de um olho, homens de confiança da família.

   
Estavam na Vila de Ipueiras na hora do cerco e foram subindo para a casa da fazenda, atirando: o Coronel Pedro Xavier, o patriarca da família, Gumercindo, Antonio, Aristides e Amélia (filhos do coronel), João Sampaio Xavier (genro e sobrinho), Luiz Teixeira (genro), Pedro Saraiva (genro). Dos filhos só faltou Francisco Xavier Sobrinho, filho mais velho do coronel Xavier, que estava em um fazenda distante, e não chegou a tempo.

De repente, se ouviu um tiro.Dezeinho Xavier teve a impressão de ser tropa do governo, e indagou: “ Quem vem aí, é da polícia?“. A resposta foi um tiro disparado pelo cangaceiro ‘Tempero' que vinha á frente do grupo. Por um triz não alvejou Dezinho, que, sem perda de tempo, respondeu ao tiro, atingindo o aludido bandoleiro á altura de uma das orelhas, que caiu ali, sem vida.

 
Lampião e seus cabras iniciaram o grande tiroteio, com mais rancor, diante da morte de um dos integrantes do grupo. Verdadeira batalha estava sendo travada, entre os Xavier e os Cabras de Lampião, cujos tiros quebraram jarras d´agua, derrubaram paiol e jirau de queijo. Dezinho Xavier, Manoel reto e Pedro Dama seguraram o fogo de frente evitando que Lampião chegasse ao terreiro da casa, enquanto esperavam pelo pessoal que estava na Vila de Ipueiras, mas que já vinham ás carreiras para  sustentar o fogo.

Enquanto o combate prosseguia, com tiros de ambos os lados, as mulheres rezavam e os homens, não tinham tempo nem  de urinar. Napoleão Pereira, em alto e bom desafiava Lampião, dizendo: “ Cabra safado, um bandido como tu, eu te dou de peia no umbigo, você está falando com Napoleão Pereira do Jardim do  Ceará “. No meio da aflição, Manoel Preto acalmava Dona Zefinha; “ Madrinha Zefinha, enquanto a senhora ver este negro aqui, só tenha medo dos castigos de Deus “.

Lampião trazia como refém, um camponês, amigo dos Xavier, Sr. Vicente Venâncio, além de Pedro Vieira Cavalcante da cidade de Jardim-Ce, tendo exigido da família desse último, 5 contos de réis para soltá-lo.

A hora crucial se aproxima, o quadro torna-se dramático e nunca se sabia como iria terminar tudo aquilo, apesar da resistência dos Xavier se fazer forte, com poucos homens lutando e uma coragem inusitada.

Com a chegada, na casa da Fazenda, dos  que se encontravam na Vila de Ipueiras, entre eles, destacou-se Gumercindo Xavier, homem de caráter admirável e coragem a toda prova, a reação aumentou.

 Imagens da Fazenda Ipueiras, Serrita-PE

Só que os recursos se exauriam, a cada minuto. O Cel. Pedro Xavier temendo a munição se acabar e Lampião ir ganhando terreno em direção á casa da fazenda, e ai seria o fim da epopéia, mandou seus serviçais selar cavalos e avisar aos parentes e amigos, a exemplo do Coronel Chico Romão, de Serrita/PE.

Segundo depoimento de um dos reféns de Lampião, Sr. Vicente Vitorino, no momento do tiroteio,  “Havia se quebrado o Rosário de Lampião", e, como os cangaceiros eram por demais supersticiosos, o rei do cangaço manifestou-se receoso com o fato: era  mal sinal num combate, quebrar-se um rosário. Por sua vez a bala certeira dos Xavier havia matado o cangaceiro “Tempero”. Lampião ficou cabreiro com o episódio e disse:

“ os homens estão fortes, o rosário quebrou e já perdemos nosso melhor fuzil, referindo-se á perda de “Tempero” ( que era um dos melhores atiradores do grupo),vamos dar o fora“.

A cruz mostra o local onde foi assassinado Pedro Vieira

Naquele dia Lampião estava endiabrado. Como a esposa do refém Pedro Vieira Cavalcante (de Jardim-Ce) não pagou o resgate exigido pelo facínora, ali mesmo, na Faz. Ipueira, ele foi morto.  O tenebroso bandido, também, matou um popular, um rapaz jovem chamado Lino, que ia cavalgando num jumento, próximo ao local do combate.
 
O refém Vicente Vitorino teve melhor sorte. Lampião se dirigiu ao mesmo e disse-lhe:“ Velho, se você nos desviar de um "Piquet" dos Xavier, eu lhe solto, se não você morre “.E, então, o camponês sabiamente, os conduziu por percursos estranho aos percorridos normalmente pelos Xavier, e, lá longe, na Macambira, Lampião soltou o velho que voltou á casa dos Xavier e narrou todo o acontecido.

 Severo, Dr. Napoleão e Ivanildo Silveira

Logo após o cambate, chegaram á Fazenda Ipueiras, o Coronel  Chico Romão, de Serrita, com 50 homens, armas e munições, Aparício e Alfredo Romão com 30 homens; Luiz Pereira de Jardim-CE (genro do Cel. Pedro Xavier) com 30 homens. Em face do acontecido, as filhas do coronel Pedro Xavier, a idéia foi de Adalgisa ergueram uma Capela na fazenda, cujo patrono é São José.

Um abraço  a todos
IVANILDO ALVES SILVEIRA
Colecionador do cangaço
Membro da SBEC
Natal/RN

NOTA CARIRI CANGAÇO: Esse episódio, tão bem narrado pelo confrade Ivanildo Silveira, foi exatamente um dia após a chacina de Guaribas, onde tombou morto Chico Chicote, também objeto de postagem neste blog.


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ASCRIM/ACADEM-PRESIDENCIA - CONFIRMAÇÃO E RETRANSMISSÃO AO CONVITE DA COMEMORAÇÃO “DIA INTERNACIONAL DA MULHER”. – OFÍCIO Nº 006/2020


MOSSORÓ-RN, 05 de Março de 2020.

REENVIADO A PEDIDOS

“RECEBES ESTE EXPEDIENTE PORQUE A ASCRIM/ACADEM O(A)VALORIZA E RESPEITA, PELO ALTO NÍVEL DE QUEM TEM O PRESTÍGIO DE SER ASSIM CONSIDERADO(A).” 

Quando nos enviam e recebemos um convite, na melhor brevidade, nos reportamos com dignidade e honra !

É PRAXE DESTA PRESIDÊNCIA, QUANDO OFICIALMENTE CONVIDADO(VIA EPISTOLAR OU ELETRÔNICA), TEMPESTIVAMENTE(3 DIAS CORRIDOS), DIGNAR-SE RESPONDER, EM TEMPO HÁBIL, AOS ECLÉTICOS CONVITES DOS EXCELENTÍSSIMOS PRESIDENTES DE INSTITUIÇÕES CULTURAIS, EXEMPLO QUE NOTABILIZA O VIÉS DE UM DIRIGENTE INTELECTUAL CORRESPONDER A ESSE ECLETISMO, PORQUE SABE A DIFERENÇA ENTRE O LIAME DA PARTILHA E DO PRESTÍGIO QUE ASCENDE E CRESCE, NO INTERCÂMBIO DOS QUE RESPEITAM OS ABNEGADOS DEFENSORES DA CULTURA MOSSOROENSE.
   NESTA SINTONIA, UM CONVITE PARA PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS CULTURAIS/SOLENES E A CONFIRMAÇÃO, PERMUTADA, RECÍPROCA DOS PARTICIPANTES E ENTIDADES SINGULARES, MERECE E FUNCIONA COMO UM “FEEDER”, EVIDENTE, REPASSADO A TODOS OS ACADÊMICOS E INTEGRANTES DE SEUS CORPOS ADMINISTRATIVOS/SOCIAIS, PELO SEU PRÓPRIO DIRIGENTE, CUJO ESSE FEEDBACK ALIMENTA, NATURALMENTE, O FERVOR E A CONSIDERAÇÃO EM QUE SINGRAM OS INTELECTUAIS E SERVIDORES   DESSAS PLÊIADES.

   DESTA FORMA, AGRADECENDO AO CONVITE DA  ALAMPIANA PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO LITERÁRIA E ARTÍSTICA DE MULHERES POTIGUARES-ALAMP, M.D. FLAUZINEIDE MOURA, RESERVO-ME ATRIBUIR MESMO VALOR DE PARTILHA, DIZENDO QUE É UMA HONRA CONFIRMAR QUE ESTAREI PRESENTE, JUNTAMENTE COM A VICE-PRESIDENTE EXECUTIVA INTERINA DA ASCRIM, MARIA GORETTI ALVES DE ARAÚJO, AO EVENTO COMEMORATIVO ““DIA INTERNACIONAL DA MULHER”.       
    
     O SOLENE EVENTO ACONTECERÁ NO DIA 08.03.2020 (domingo), A PARTIR DAS 15:00HSNO AUDITÓRIO DO HISTÓRICO TEATRO LAURO MONTE FILHO, LOCALIZADO NA PRAÇA VIGÁRIO ANTONIO JOAQUIM(próximo ao BANCO DO BRASIL), CENTRO, MOSSORÓ(RN).

A SOLENIDADE SERÁ RECEPCIONADA PELA CONSAGRADA BANDA DE MÚSICA MUNICIPAL “ARTHUR PARAGUAI”.

O HINO OFICIAL DAS MULHERES POTIGUARES PIONEIRAS DO BRASIL(AUTORIA DE CEIÇÃO MACIEL E ROBERTO LIMA), SERÁ ENTOADA PELA MUSICISTA GORETTI ALVES.

NA OPORTUNIDADE AS ALAMPIANAS E, ARTISTAS CONVIDADOS, CUMPRIRÃO UMA VASTA PROGRAMAÇÃO ALUSIVA AO DIA DAS MULHERES, INCLUSIVE CONTARÁ COM A PRESENÇA DE UMA DAS FUNDADORAS DO TEATRO EM MOSSORÓ, A ATRIZ MAZÉ FIGUEIREDO, PRODUTORA DA PEÇA “AS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ”.
     
PORTANTO, REPASSO, COM SATISFAÇÃO, O ASSUNTO DO ALVO CONVITE, DE IGUAL MODO, POR CÓPIA, A0S INSIGNES DIGNITÁRIOS ELENCADOS NO “POST SCRIPTUM”, -OS QUE DISPONIBILIZARAM, GENEROSAMENTE, SEUS ENDEREÇOS ELETRÔNICOS, POR SER DO INTERESSE, CLARO, DOS MESMOS-, TOMAREM CONHECIMENTO E DIGNAREM-SE, DO SEU MISTER, CONFIRMAR SUAS HONRADAS PRESENÇAS, JUNTAMENTE COM AS EXCELENTÍSSIMAS FAMÍLIAS CONSORTES.  
    CONCLAMANDO AOS ACADÊMICOS E POTENCIAIS CANDIDATOS DA ASCRIM E DA RECÉM FUNDADA ACADEMIA DE ESCRITORES MOSSOROENSES-ACADEM,  QUE COMPARECEREM E SE APRESENTAREM COMO TAIS NO EVENTO SUPRAMENCIONADO, DEVEM USAR, RESPECTIVAMENTE, O UNIFORME COMPLETO OFICIAL(PELERINE E MEDALHÃO) DA ASCRIMOU TRAJE A ALTURA DA MAGNA SOLENIDADE, ATRIBUTO SIGNATÁRIO DO DECORO INTELECTUAL E ORGULHO DA MORAL QUE ASSIM OS IDENTIFICA, ENTRE OS PARES, EM ATIVIDADES CULTURAIS DESSA GRANDEZA.
  
SAUDAÇÕES ASCRIMIANAS,

FRANCISCO JOSÉ DA SILVA NETO
-PRESIDENTE DA ASCRIM

P.S.: 1. CONSIDERANDO A ESSÊNCIA DA HUMANIDADE INTELECTUAL, INSERIDA NA REPRESENTATIVIDADE DE TODOS SEGMENTOS SOCIAIS ABAIXO RELACIONADOS, ENCAMINHA-SE ESTA CÓPIA ORIGINAL, EM CARÁTER PESSOAL DIRETO AOS  INSIGNES DIGNITÁRIOS:

EXCELENTÍSSIMO(A)S PRESIDENTES, DIRIGENTES E AUTORIDADES DE ENTIDADES GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, MAÇONICAS E MILITARES.
REVERENDÍSSIMO(A)S PRESIDENTES, DIRIGENTES E AUTORIDADES DE ENTIDADES RELIGIOSAS.
MAGNÍFICOS REITORES E AUTORIDADES DE UNIVERSIDADES.
EXCELENTÍSSIMO(A)S PRESIDENTES DE ENTIDADES E INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS.
EXCELENTÍSSIMO(A)S PRESIDENTES DE ENTIDADES CULTURAIS E INSTITUIÇÕES CONGÊNERES.
EXCELENTÍSSIMO(A)S PRESIDENTES DE ENTIDADES EDUCACIONAIS E INSTITUIÇÕES CONGÊNERES.
ILUSTRÍSSIMO(A)S DIRIGENTES DE INSTITUIÇÕES FILANTRÓPICAS, EDUCACIONAIS E DE CIDADANIA.
ILUSTRÍSSIMO(A)S JORNALISTAS E COMUNICADORES.
DIGNOS ACADÊMICO(A)S DE ENTIDADES CULTURAIS E INSTITUIÇÕES CONGÊNERES.
C/CÓPIA PARA PESSOAS, EM GERAL, DA SOCIDADE,
DIGNOS ACADÊMICO(A)S DA ASCRIM E DA ACADEM.
DIGNOS POTENCIAIS CANDIDATO(A)S A ACADÊMICO(A)S DA ASCRIM E DA ACADEM.
...Enviado pela ASCRIM.

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