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segunda-feira, 5 de março de 2012

O CRIME NÃO COMPENSA

Por: José Mendes Pereira

O que pensa um homem quando resolve entrar no mundo do crime, dos assaltos, das invasões às propriedades alheias, viver para sempre um fora-da-lei?
O que pensou Lampião quando resolveu ser um homem perseguido pela polícia e pelas autoridades do nordeste? Talvez, apenas o desejo de um simples jovem aventureiro, sem pensar nas consequências que com certeza o esperava.
Lampião assaltava no intuito de ser rico, poderoso, corajoso, e ser temido por muitos e por todos. Mas Lampião morreu com a sua riqueza em  seu   bornal, e jamais desfrutou um tiquinho dela, apenas a via, cobiçava aquele  monte de ouro reluzindo em seus olhos tristes e castigados pelos seus maldosos feitos.
Lampião que era um grande estrategista não soube aproveitar a sua riqueza, do que já tinha adquirido, quando deveria ter caído fora e fugido muito antes para outra região que  ninguém  o conhecia.
Após vinte anos na vida de cangaceiro, Lampião entregou  o ouro  na bandeja e de mãos beijadas aos bandidos  (no bom sentido), aos   espertos, aos que nada fizeram para adquiri-lo, aos que o procuravam para tomarem o mais precioso de todas as lutas  e intrigas com todos que o perseguiam.
Amigo Lampião, você perdeu a respeitada estratégia quando se esqueceu que era o rei do cangaço, naquela triste madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota de Angico, no Estado de Sergipe.
Você se esqueceu que ninguém era  mais  poderoso do que você, e todos que o seguiam, sabiam que se caíssem em suas mãos, não teriam final feliz.
Só te seguiam na certeza que se você perdesse as suas maneiras de se defender, o ouro cairia nos seus bornais. O ouro era quem encorajava uma porção de policiais, que ao retirar teus pés do chão, alguns passos pisavam em teu rastro. Tantas brigas para adquir o ouro, findou nas mãos de quem não foi chamado de ladrão como você foi.
Mas é como diz o velho ditado: "A medida do ter (possuir) nunca enche" Por esta razão não pensasse antes em deixar uma vida sofrida e irritante nas caatingas.
Hoje és amado e odiado, mas lembre-se que você perdeu o seu reino por culpa sua. O crime não compensa.

José Mendes Pereira


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Paraense que recebeu coração de Eloá espera que se faça justiça

Publicado em 15/2/2012 

Maria Augusta Silva dos Anjos não se esquece dos tempos em que seu coração não funcionavam direitos. Foram 39 anos de sofrimento. Hoje, quatro anos depois de receber o coração da jovem Eloá, vive outra realidade.
Ela também não se esquece do dia em que fez o transplante: 28 de outubro de 2008, justamente o dia do aniversário dela. Agora, assim como muitos brasileiros, Maria Augusta também acompanha pela televisão, o julgamento do assassino da jovem Eloá.
A paraense não tem filhos e vive com o marido em São Paulo desde 2007. Ela deixou o Pará para ficar mais perto dos médicos que cuidavam do seu caso. Mesmo liberada para voltar, resolveu continuar na capital paulista.
Sobre o julgamento, ela prefere não comentar. Mas espera justiça e mais do que isso: que a mãe de Eloá volte a ser feliz.


de+Eloa+espera+que+se+faca+justica

O último adeus para CICÉU que a partir de hoje foi morar no céu...

Por: José Cícero
Cicéu no distrito de Stª Vitória(em Aurora) de camisa branca ao lado do sec. de cultura José Cícero e do prefeito Adailton Macedo
UM TRISTE ADEUS PARA MEU AMIGO E COMPANHEIRO DE LUTA, CICÉU
Fui pego de surpresa nas primeiras horas da manhã de hoje (segunda-feira, 5) quando recebi um telefone de Missão Velha dando conta do falecimento do meu amigo e conterrâneo Cíceu num acidente automobilístico ocorrido na estrada que liga aquela cidade à Barbalha. A esposa e a filhinha do mesmo também saíram gravemente feridas e encontram-se internadas em hospital da região. Torcemos, ao tempo em que pedimos a Deus que elas se recuperem o mais rápido possível.
Um Pouco sobre o companheiro Cíceu:
Comecei praticamente minha militância política em companhia de Cíceu, nos anos 80 num tempo difícil para os que se aventuravam a pelo menos dizer que eram de esquerda, face o rolo compressor e as perseguições de toda sorte, engendradas no mais das vezes pela velha políticas dos poderosos - os cornéis do asfalto. Além do preconceito da sociedade de então quando chamávamos de comunistas. Ele pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e Eu pelo Partido Comunista do Brasil (PC do B) duas siglas partidárias recém criadas naquela cidade.
Anos de dificuldades, mas em contrapartida, de um certo romantismo grandiosos e apaixonante. Éramos por assim dizer, dois neófitos na militância partidária, mas tínhamos a ousadia de combater com nossas ações e ideias os chamados resquícios da ditadura e o continuísmo de uma política caduca que grassava por nossa cidade assim como pelo Cariri inteiro. Histórica campanha da "Frente Brasil Popular" que pela 1ª vez alçou o então operário e sindicalista Luis Inácio LULA da Silva como candidato à presidência da República. Algo quase impossível para aquela época. Uma utopia que abraçamos ao lado de outros poucos companheiros de então. Um produto das Diretas Já que aos poucos se fortalecia dando os primeiros passos no sentido da formação da realidade democrática que vivenciamos hoje. Hoje todo mundo é de esquerda - é Lula, é Dilma, é petista, é comunista, é socialista... Eis a chamada embriaguês do poder.
Então: Pela 1ª vez Missão Velha tinha o seu comitê de campanha realmente de esquerda. Poucos tinham coragem de votar em Lula. Nos estávamos lá. Um cubículo apertado no final da rua São Francisco já descambando para a velha estação do trem. Um quarto todo pintado de um vermelho revolucionário. E um letreiro na sua fachada tão baixa que a gente alcançava com as mãos. E que no final do mês nos cotificávamos para pagar o aluguel. Os poderosos chamávamos de loucos e de subversivos. Uns zé ninguém...Cicéu riamuito com estas posições direitistas e burguesas.
Todas as tardes e noites estávamos lá nos reunindo com o pequeno grupo. Marcando posição. Defendíamos sob ferro e fogo o nome de Lula presidente e JoséPaulo Bisol vice. Além das candidaturas do PT e do PC do B. No dia que recebemos o então deputado estadual Inácio Arruda, ficamos entusiasmados. Depois João Alfredo, Chico Lopes, e também o candidato José Pimentel além da ajuda de pe. Ivan. O padre Andreola passou várias tardes conosco no pequeno ambiente. Algo que nos animava sobremaneira...
Cícéu era um apaixonado pela política e pelo PT em especial. Juntos alimentávamos o velho sonho da revolução. Liamos o marxismo e tinhamos a guerriha do Araguaia como um norteaser repetido se preciso fosse. Num tempo em que ninguém precisava ingressar nestes partidos pelas portas do fundo, isto é,como vemos agora, com outros interesses que não fosse o da construção de um Brasil diferente. Agora os partidos ditos de esquerdas(com raras exceções), dantes revolucionários, marxistas, leninistas, xiitas e radicais refizeram suas posições na ânsia de se manter comodamente no poder. Mas creio que meu Amigo Cicéu continuou sonhando com nos velhos tempos. Acreditando num futuro mais digno e alvissareiro para os trabalhadores e o povo em geral.
Depois na luta pela sobrevivência tomamos novos caminhos - ganhamos por assim dizer, 'o oco do mundo'. Mas a lida política nunca deixamos de lado. Cicéu era também um músico inveterado. Fez dupla ao lado de Moreira( agora Moreira Paz). Compõs canções regionalistas e fez shows na periferia deste mundo chamado Cariri. Rondou como um peregrino destemido este Cariri querendo igualmente mostrar o seu lado artístico. A canção dos festivais estudantis "Cana Fístula", mesmo após mais de duas décadas ainda hoje é lembrada como um verdeira poema-hino sertanejo dedicado por ele a sua terrra -Missão Velha.
"Minha Missão Velha sei que tu és bela resolvi falar de te", escreveu ele numa passagem...
Quando outro dia o reencontrei - ele cantava com uma banda - "Cíceu e banda na pisada do forró". Tornou-se funcionáriode carreira dos Correios onde era coordenador regional.
Tinha o prazer de muitas vezes encontrá-lo quando das minhas visitas à Missão velha ou ainda por telefone. Teve por maisde uma vez a coragem de se candidatar a prefeitura da sua terra - constituindo a terceira opção pela coligação PT-PC do B e PMN. Depois disputou mais duas uma vaga na câmara ficando na suplência. Tivera uma votação considerável para a época.
Sempre falávamos de política, de música, de cultura, assim como de outras amenidades do dia a dia... Ele sempre perguntava-me pelos meus escritos literários e a produção na imprensa. Vez por outra líamos, um do outro, artigos publicados na imprensa - o jornal do Cariri por exemplo.
Na primeira edição do nosso Festal Junino - festival de quadrilhas juninas de Aurora o convidei para se apresentar no evento aurorense junto com a sua banda. Esteve também aqui em Aurora em 2009 representando os Correios por ocasião da 'Comitiva da Cidadania' um movimento que a prefeitura realizou daquela feita, no distrito de Santa Vitória. Ele esteve lá conosco(ver foto acima).
Talentoso e sempre cantando a boa música de qualidade e de raiz ele se saiu muito bem ao lado da sua banda no nosso festival. Tinha igualmente como eu, verdadeira ojeriza ao chamado forró descartável produzido pelas bandas de forró.
Tínhamos a intenção de trazê-lo novamente agora na IV edição do festal que acontecerá em Junho. Mas infelizmente Deus o chamou primeiro.
De modo que hoje, posso dizer que perdi um velho amigo. E dos bons! Um camarada de antigas batalhas e lutas aguerridas em favor da democracia como substância para a construção de um Brasil diferente... Com ele; diria, que aprendi sempre a travar o bom combate. Assim como não desistir nunca...
Com um misto de saudade e reverência quero neste instante difícil render minhas sinceras condolências a todos os seus amigos e familiares.Ainda a toda comunidade missãovelhense. Dizer por fim, que a nossa Missão Velha perdeu um grande homem... Um lutador. Um idealista. Um cara que sempre sonhou contruir uma sociedade diferente, justa, igualitária e fraterna para todos.
Que o bom Deus onipotente o coloque no lugar que merece. No seu lado direito, onde certamente estará junto de todos os grandes homens da nossa história.
Saudades eternas a meu amigo, irmão e camarada Cícéu.
José Cícero
Secretário de Cultura
Aurora - CE.

LEIA MAIS EM:

 Extraído do blog do Secretário de Cultura de Aurora no Estado do Ceará: José Cícero

Acabou o grande sofrimento da população de Mossoró com as enchentes

Por: José Mendes Pereira

As maiores enchentes do rio Mossoró, nas décadas de 30, 60 e 80, fotos tiradas no centro da cidade de Mossoró-RN​.
´Fonte: - Youtube

Em décadas passadas, no período de inverno, a cidade Mossoró se tornava um verdadeiro mar de água doce, correndo pelas ruas, principalmente no bairro Ilha de Santa Luzia.
As maiores enchentes, geralmente aconteciam no final de Abril para entrada de Maio, deixando a grande parte do Alto de São Manoel cobertos pelas águas,  estendendo-se até aos bairros: Pereiros, Paredões, Alto da Conceição e uma boa parte do centro da cidade.
Dix-huit Rosado - http://www.orkut.com/
Graça ao valioso projeto criado pelo então prefeito Dix-huit Rosado, para acabar com esse problema; iniciou um trabalho de escavações, no sentido de aprofundar mais o rio já existente, e de um pequeno riacho que corria, criou um novo  rio na Ilha de Santa Luzia.
Muitos diziam, principalmente a oposição,  que o prefeito havia enlouquecido, mas não, o prefeito estava certo, e com a criação deste novo rio, foi solucionado o grande problema das enchentes em Mossoró.
É claro que ainda existem casas que são banhadas pelas enchentes, mas se o prefeito não tivesse colocado o seu projeto em ação, Mossoró continuava sendo banhada pelas enchentes.

José Mendes Pereira

AS GRANDES ARTES DE ELON BRASIL

O cangaceiro Jararaca
Jararaca foi colocado aqui só para efeito de ilustração
Caro José Mendes,
Saudações!
        
Sou muito interessado nos assuntos sobre o cancaço, assim como na cultura Brasileira
Estava pesquisando sobre o Cancaceiro Jararaca, e encontrei você.  Sou Artista plástico e um dos meus temas são os Cancaceiros, e coloquei em anexo duas obras com o tema, para divulgação de minha obra. 
 De qualquer forma agradeço sua atenção.

Atenciosamente,
Elon Brasil

Capitão Virgulino e seus cangaceiros


Capitão Virgulino no Raso da Catarina

Elon Brasil

A mulher enigmática - quem é ela?

Por: Ivanildo Alves Silveira

Muitos já conheciam esta imagem de Lampião, mas com a adição de imagens inéditas do vídeo de Abrahão outros fotolitos foram criados e numa destas edições ficou mais evidente a presença desta cabrocha ao lado de seu capitão.


Na famosa foto, logo acima em que o rei do cangaço está costurando com uma máquina Singer, aparece uma cangaceira do seu lado direito (e do lado esquerdo de quem vê a foto )...

Entendo, em nossa modesta opinião, que a " mulher é a cangaceira "Cristina", companheira de "Português" conclusão esta corroborado pelo confrade Rubens Antonio. Que se valeu de duas caracteristicas marcantes
"Ser sobrancelhuda é um ponto. Aliás Cristina é a nossa Frida Kahlo. Outro é o arranjo decorativo na peça que usa cruzando o peito, abaixo do lenço". 
Respeitamos, opiniões contrárias ( é o princípio democrático). Observem o quadro abaixo, as fotos comparativas, e, tire sua própria conclusão.



Foto: ripada de Antonio Amaury, pg. 186, in ' Lampião as mulheres e o cangaço "

E ai amigo? Qual seu posicionamento sobre a " identidade da cangaceira enigmática " ? Concordam que seja Cristina? Se discorda, quem seria ela, em sua opinião ? Comente!

Abraço e obrigado pela participação

Ivanildo Alves Silveira
Colecionador do cangaço
Natal/RN
Adendo

Antonio Amaury Corrêa de Araújo, em Lampião: as mulheres e o cangaço, afirma que: Cangaceira trair o companheiro era condenada à pena de morte, dentro das "leis morais rígidas do bando". Lídia de Zé Baiano não foi a única a ser punida desta forma. Cristina, foi acusada de ter um caso com o cangaceiro "Gitirana", repentista habilidoso que fazia parte do grupo de Corisco.

Cristina conseguiu adiar a sua sentença de morte por apenas três ou quatro dias. Mulher no bando, Corisco só admitia Dadá. Montada a cavalo, com consentimento de Corisco Cristina foi enviada de volta à família, mas no meio do caminho foi morta a golpes de faca por Luís Pedro e outros homens, que "vingariam" Português e queriam evitar que ela delatasse os pontos de apoio dos cangaceiros.

O crime ocorreu em 21 de julho de 1938, uma semana antes do ataque em Angicos que vitimou Lampião, Maria e outros nove bandidos.

Transcrito de
Fundação Joaquim Nabuco

Blog: Lampião Aceso

Pedro de Cândido ou Pedro de Cândida?

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQoOhOXoBg6A99SuJbkuDelE9RdAdNDZMFMf-eja5aHlOxPwDoCrUqE57uGyiDVvswl2pioem4iidLAevBJ1GH9OwPkgIcWy34gEyZJJkjyeukGo4W3wFdyQuk74oQgiPBUW7EgEtRPf0/s400/DSC00915.JPG
Pedro de Cândido é o da esquerda

Pedro de Cândido foi o coiteiro que foi acusado de ter sido o responsável pela entrega do cangaceiro Lampião à volante policial de Alagoas. Eu como simples estudante do cangaço não o condeno como traidor, ele apenas tentou preservar a sua vida. 

Se Pedro de Cândido não tivesse indicado a localização do bando de cangaceiros aos policiais, teria sido morto na mesma hora pelo tenente João Bezerra.


Segundo o escritor e pesquisador do cangaço Alcino Alves Costa, o apelido correto do  coiteiro de Lampião era Pedro de Cândido, e não Pedro de Cândida.

Veja a sua informação:

Caro Mendes,

Dona Cyra e João Bezerra

Dona Cyra estava redondamente enganada ao afirmar que o nome do célebre coiteiro de Entre Montes, em Piranhas, nas Alagoas, era Pedro de Cândida. Não. Era realmente Pedro de Cândido.

A mãe de Pedro se chamava Guilhermina e o paí Cândido. Com total e absoluta segurança o nome que Pedro era chamado era, repito, Pedro de Cândido.

Abraços,

Alcino Alves Costa
O caipira de Poço Redondo



FLORESTA

Por: Manoel Severo
Manoel Severo Barbosa

O número 251 da principal praça de Floresta, em Pernambuco, marca a emblemática sede do quartel da Força Pública, comando central das volantes na luta contra o cangaceirismo dos idos dos anos 20.
Por ali sentaram praça, famosos oficiais e sertanejos que dedicaram boa parte de suas vidas à luta contra o banditismo das primeiras décadas do século passado. Destaque para o comandante
Teophanes Ferraz Torres, um dos mais festejados oficiais da briosa policia militar de Pernambuco.
 
A outrora imponente sede da Força Pública hoje, é o retrato do abandono...
O município de Floresta emancipou do município de Flores, possui 3 distritos e dentre esses está Nazaré do Pico, terra dos famosos Nazarenos, Nazaré por sua vez fica geograficamente entre Serra Talhada, antiga Vila Bela, e Floresta, dessa maneira fazendo do lugar um centro de efervescência na luta contra o banditismo.
Foi para Floresta que Livino Ferreira, irmão de Lampião, foi levado por ocasião de sua primeira e única prisão, quando os irmãos Ferreira ainda não eram  cangaceiros profissionais, antes mesmo de entrarem no banco de Sinhô Pereira.
A história do lugar exige os melhores ângulos: Aderbal, Múcio e Pedro Luiz
Tanto a praça como as calçadas de frente ao prédio foram testemunhas vivas de muitos e signbificativos momentos da história do cangaço
O registro lamentável da visita da Caravana Cariri Cangaço-GECC ao município de Floresta foi sem dúvida a constatação do atual estado do prédio que foi sede da Força Pública da cidade. Casário de valor histórico e arquitetônico sem igual, se deteriorando com a ação do tempo e pelo abandono. Dali partimos para Serra Talhada, visita obrigatória às fazendas São Miguel de Luiz de Cazuza e Passagem das Pedras, berço dos irmãos Ferreira.
Manoel Severo
Cariri Cangaço

 

RESPEITO À HISTÓRIA - Restauração da Verdade Acerca de Lampião e Maria Bonita

Por: Voldi de Moura Ribeiro (*)
Divulgação

Bastou um juiz escrever um livro: Lampião - o Mata Sete - onde fala sobre Lampião ser homosexual, que a polêmica se estabeleceu. Veja esse texto do pesquisador Voldi.

Tomei conhecimento, por vários veículos da proibição, em pedido liminar, de publicação e a comercialização do livro "Lampião - o Mata Sete" de autoria do advogado e juiz aposentado Pedro de Moraes. Decisão do juiz Aldo Albuquerque, da 7ª Vara Cível de Aracaju (SE), na Ação movida por Expedita Ferreira Nunes, filha de Lampião e Maria Bonita. A Ação é preventiva e foi tomada pela família, a quem vou louvar a iniciativa, com um foco muito adequado: não se trata da CENSURA (capítulo negro da história brasileira) - se trata mesmo da reparação moral da intimidade da família - como bem arguída e acatada judicialmente. Acredito que quando se tem a liberdade de expressão garantida há também a possibilidade de ser dirimida qualquer contenda de interesses no nível jurídico e foi o que ocorreu.

No meu modo de ver o tal ex-juiz e advogado Pedro de Moraes - pisou na bola - destratou a história e as pessoas - indicando inclusive que a Expedita não é filha de Lampião - as evidências afirmativas da paternidade já de muito tempo foram provadas - a imprensa da época foi testemunha - o irmão de Lampião de nome João Ferreira a criou e não há dúvidas pelos diversos depoimentos de cangaceiros sobreviventes da Saga do Cangaço.

Somente quem, de fato, tem conhecimento apurado acerca do comportamento moral das mulheres que participaram dos grupos de cangaceiros é que poderia ou poderá ainda tratar a questão da fidelidade e da infidelidade no Cangaço. Das quase 80 (oitenta) mulheres, mais ou menos, relacionadas na pesquisa que desenvolvo há mais de 08 anos, apenas Lydia de Zé Baiano, Cristina de Português, Lili de Moita Brava, foram mortas pelos seus companheiros por terem praticado ADULTÉRIO.

Prática social de restauração da HONRA considerada na época como legítima " apoiada, defendida, praticada e cobrada pela ampla maioria dos homens e mulheres rurais " herança da estrutura PATRIARCAL da família brasileira advinda de Portugal, mantida por quase 05 séculos. Já entre os índios brasileiros a infidelidade inexistia ou era tratada de outras maneiras. Há quem afirme ainda está em "voga" este formato de família patriarcal no Brasil. Em baixa é verdade. Ainda hoje ocupam páginas policiais de jornais importantes os chamados crimes passionais.

Há ainda o caso de Maria Jovina de Pancada (Lino de Zezé) que, embora também tenha praticado ADULTÉRIO, não foi morta pelo seu companheiro " foi deixada com a família em Santana do Ipanema pelo cangaceiro Moreno que era amigo da família (depoimento ao autor), e após a morte de Lampião (ocorrida em 28/07/1938), e após as chamadas "ENTREGAS" (ato de se entregar), o cangaceiro Pancada aparece em foto com seu grupo tendo Maria Jovina ao seu lado " se deduz que houve o perdão " caso exótico e diferente para os costumes da época.

O último caso de ADULTÉRIO envolvendo mulher cangaceira " foi o de Dulce do cangaceiro Criança " ocorrido após as "ENTREGAS", quando em companhia de Zé Sereno e Sila " já estavam a caminho de São Paulo capital. Bem retratado pelo pesquisador Antônio Amaury Corrêa de Araújo. Outro caso exótico " Criança apenas carregou os filhos e deixou Dulce já grávida do seu amásio (no caso era ex-policial e proprietário da fazenda onde se encontravam Sila e Dulce). Esperavam seus companheiros que haviam ido antes para criarem as condições de se estabelecerem.

Então no universo de 80 mulheres cangaceiras, mais ou menos, comprovadamente apenas 03 praticaram ADULTÉRIO, durante o período que antecedeu a morte de Lampião (julho de 1938) e todas foram mortas pelos seus companheiros, ou seja, 3,75% em estatística rasteira. Se acrescentarmos os 02 casos pós "ENTREGAS" ainda assim ficamos apenas na casa dos magros e raquíticos 6,25% - inexpressivos e confirmadores da regra social mantenedora da FIDELIDADE FEMININA nas uniões estáveis do mundo do Cangaço.

Outra coisa é querer, sem propriedade nenhuma de conhecimento, atribuir o comportamento ADÚLTERO à Maria Bonita. Da história da presença das mulheres nos grupos de cangaço, se deduz com muita clareza que os costumes rígidos do Sertão nordestino, quanto a Moral, o Respeito e o Recato exigido ao sexo feminino " foram ainda mais reforçados. Diferentemente das falsas notícias de jornais da época que atribuíam comportamentos promíscuos às mulheres cangaceiras. Isso também é, relativamente, dedutível " havia a necessidade de manter forte coesão e respeito à hierarquia dentro dos grupos de cangaço " o comportamento promíscuo, caso tivesse existido, resultaria em conflitos de honra que no Sertão sempre foram resolvidos por meio aniquilamento físico (morte) do transgressor (a).

A fidelidade e o amor de Maria Bonita por Lampião é flagrante nas cenas registradas em 1936, do filme feito por Benjamin Abraão Botto e, sobretudo, por depoimentos de cangaceiros e cangaceiras e soldados volantes que conviveram com a Rainha do Cangaço. Isso é assunto inquestionável na convivência marital entre os dois por quase 09 anos.

Quanto ao "triângulo amoroso" entre Lampião, Maria Bonita e Luis Pedro " essa é outra falácia que não se sustenta na história do Cangaço. Senão vejamos: Luis Pedro tinha sua companheira chamada Neném, morta em combate e vandalizada sexualmente pelos seus algozes " além do sentimento de perda por não ter conseguido proteger sua mulher da morte em combate, este foi também um dos motivos pelo qual Luis Pedro não mais se deixou acompanhar permanentemente por outra mulher.

Se verdade fosse o "triângulo amoroso" na esfera do alto comando do Cangaço, então como poderia ser abaixo do mesmo? Na visão distorcida do ex-juiz Pedro de Moraes " seria então um ambiente completamente promíscuo. NÃO O ERA. Pelo contrário: era de extremo respeito entre cangaceiros e cangaceiras. Isto está revelado nos anais da história por várias pessoas que conviveram dentro e fora dos grupos de cangaço.

Então a restauração do respeito e da verdade pode e deve prevalecer sobre a mentira, já que temos a liberdade de expressão garantida em Lei. Quando alguém intencionalmente ou não, denigre moralmente pessoas e fatos históricos distorcendo verdades já verificadas, a esfera judicial é a GUARDIÃ para todos os efeitos e julga limitando o autor ou mesmo o punido. Essa novela apenas está iniciando. Pena que o público veja tudo isso apenas como um fato JOCOSO - isso sim é homofobia ou heterofobia.
A LIBERDADE DE OPÇÃO E PRÁTICA SEXUAL DEVE SER SEMPRE DEFENDIDA - isso é uma coisa - A OUTRA É SE TER OPÇÃO HOMOSSEXUAL E QUERER FORÇAR A BARRA AFIRMANDO QUE PERSONAGENS DA NOSSA HISTÓRIA TIVERAM A MESMA OPÇÃO.

Aliás, pergunta-se, quem é mesmo o tal ex-juiz e advogado Pedro de Moraes? Nunca vi ou li do mesmo, algum livro publicado sobre o Cangaço que atestasse seu conhecimento acerca da temática. Muita gente que leu alguns livros se diz especialista. Poucos são aqueles que tratam o assunto com a seriedade que o mesmo requer.

Outra falsa abordagem é opor os adjetivos "BANDIDO ou HERÓI" para qualquer personagem real do cangaço " tenha sido cangaceiro ou volante policial - essa falsa oposição cega a análise isenta e leva o pesquisador a distorcer a realidade para enquadrá-la neste esquema. Houve uma época, um contexto cultural, jurídico-político, social e econômico que propiciou o aparecimento do Cangaço, bem como do Messianismo - como foram os casos do CALDEIRÃO, PAU de COLHER e CANUDOS.

Para este último a recém fundada República propagou para a NAÇÃO que era um aglomerado de fanáticos em torno da liderança de um LOUCO. Denegrindo Antônio Vicente Mendes Maciel, o Conselheiro. Essa ideologia impregnou o povo das capitais. E a guerra de 1894 a 1897 exterminou algo em torno de 35 mil vidas humanas de sertanejos pobres - que desejaram viver por conta própria " até hoje uma VERGONHA.

Voltemos ao tal ex-juiz e advogado Pedro de Moraes: contemporizar é algo que devemos fazer quando a intenção tem razões nobres e válidas. Não é o caso do citado senhor.

Não tenho dúvida que logo-logo o tal ex-juiz venha a estar em algum programa de televisão para, em cadeia nacional, apoiar mais e mais a visão degenerescente das nossas tradições nordestinas e sertanejas. Obras e Novelas tem sido levadas ao público e, em nome de uma palavrinha mágica, "FICÇÃO", roteiristas e diretores tem adotado quase sempre o tom jocoso e depreciativo - como se o povo do SERTÃO nordestino fosse somente essa coisa que casa risos e diverte a Nação.

Penso que o SERTÃO do nosso Nordeste seja a única área verdadeiramente definidora de um caráter BRASILEIRO - há várias razões para se propor tal afirmação. Ainda estamos por aprofundar a nossa "chamada identidade nacional" a antropologia cultural brasileira ainda é devedora disso.

Vejamos: onde ocorreram mais conflitos e por longos períodos na formação brasileira? O que mesmo significaram tais conflitos na nossa formação moral e ética? Antes do Cangaço, envolveram: índios (levantes de Tapuias - vários), negros (os quilombos como foi o de Palmares e suas muitas ramificações pelo Sertão - há evidências históricas comprovadas) e, as chamadas revoltas sociais - ex. o Quebra-Quilos dentre outras.

Eis a pobreza com qual nos deparamos na história brasileira - o fato de termos a mais rica cesta de expressões culturais e artísticas (música, pintura, dança, artes do couro, do metal, do barro e da madeira, rituais, crenças religiosas, a literatura cordel acessível ao povo simples e a literatura erudita, etc., e nelas se encontrar o lado divertido e inteligente de zombar com a própria desgraça é que, decerto, pode ter influenciado este desprezo NACIONAL.

Finalizo meu comentário crítico com uma breve observação quanto ao debate: enquanto há aqueles que inventam ABSURDOS no afã do sucesso fácil e outros que apenas riem e fazem pouco caso do assunto ou até o desmerecem " atitude infantil e leviana, felizmente também há aqueles que por sensatez conseguem ver o lado importante da nossa história e não costumam empurrar a poeira para debaixo do tapete tentando escondê-la, ao contrário buscam a VERDADE e seu desvendamento como forma de provar o que somos hoje como POVO.

(*) - Sociólogo e Pesquisador de Paulo Afonso-BA - 06/12/2011 (voldi@chesf.gov.br)
  Web site: http://www.folhasertaneja.com.br/opiniao.kmf?&cod=12792810  Autor:   Voldi de Moura Ribeiro

Extraído do blog:
"Cangaço em Foco", do Delegado de Polícia Civil no Estado de Sergipe, Dr. Archimedes Marques.

jornalismo+cangaco/respeito+a+historia+-+restauracao+da+verdade+acerca+de+lampiao+e+maria+bonita 

Nova Diretoria da AFA-CE será empossada sábado em Fortaleza

Por: José Cícero
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCZpRsk0bNFXXPuqJBF36CWgpvk8GcJbPGZf8IZGBdrS4J5yFp0ZHVgEujz6DMByuTrYghj8aFaDObl9xTA1OxhpvtXecWWbnYp8Gs_hMsBr4Vny2w89IVY_1YH5qF2mf-6MVeCX1e51HO/s400/SAM_0154.JPG
Novo presidente da AFA-Ce. José Wilton Campos ao centro, ladeado por sua esposa e o secretário de Cultura José Cícero durante o carnaval em Aurora.
Acontece no próximo sábado(10) na capital cearense a solenidade oficial de posse da nova diretoria da Associação dos Filhos e Amigos de Aurora (AFA) residentes em Fortaleza. O evento está previsto para ocorrer a partir do meio dia do próximo sábado(10) no espaço cultural Mavignier de Carvalho localizado à rua A.C. Mendes, nº 99 na Vila Peri nas proximidades do posto de saúde daquela comunidade.
A entidade está desde já, convidando todos os seus associados, autoridades aurorenses assim como filhos e amigos da terra do Menino Deus. A Expectativa é de que a festa da posse seja bastante concorrida, principalmente pelos aurorerenses residentes na capital do Ceará. Um momento alto e afirmativo do mais absoluto congraçamento sociocultural e fraterno onde os filhos e amigos de Aurora deverão se encontrarem(mais uma vez) para falar de amenidades, história, matar saudade e ainda, colocar o papo em dia. Tudo tendo como pano de fundo, claro, coisas e notícias da boa terra do Salgado.
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeeq17-Gxux_OM9b4gP9JMfQN5EkT4llzCsLsfqWaeGE4xMLaCsv16mDPeLXJcWL4QaLfIurh8V1LwjvcHxteM1b56jAbENx5noMsYaq3UIKoyQDE63WkNEQFOXyJUlEihbxrjckgnvEfV/s200/afa23.JPG
Uma caravana de Aurora está sendo organizada pela secretaria de cultural do município, onde deverão se fazerem presentes o prefeito municipal Adailton Macedo, o secretário da cultural José Cícero e outros convidados, além de artistas da terra, a exemplo da jovem dupla de repentistas locais: Cícero Cosme e Vicente Bié que pela segundo vez deverá sem apresentar na solenidade.
O atual presidente da AFA o professor Tarcísio Leite espera reunir na oportunidade um grande número de aurorenses e amigo de Aurora com o fito de abrilhantarem ainda mais tão significativo acontecimento. O novo presidente que no sábado assumirá os destinos da entidade é o Sr. José Wilton Campos - por sinal um dos mais entusiasmados e dedicados membros do referido sodalício. Um verdadedeiro apaixonado por tudo que diz respeito ao seu torrão natal.
"Estive conversando com o grande Zé Wilton juntamente com a sua digníssima esposa por ocasião do Aurora Folia mês passado e fiquei muito feliz quando sentir a sua disposição em tocar em frente este projeto maravilhoso que é a AFA.
Além da notória dedicação do novo presidente, também é visível o verdadeiro amor que este homem nutre pela sua terrinha. Sei que por tudo isso e muito mais, a AFA continuará em boas mãos. Notadamente com a ajudar de todos os que compõem esta entidade; temos a certeza de que os interesses mais sublimes dos aurorenses continuarão sendo defendidos também na capital do Estado por estes aurorenses de boa cepa. José Wilton certamente será um dos nossos melhores diplomatas na terra de Alencar", ponderou o secretário de cultura do município José Cícero. Após as fomalidades de posse, um ato cultural está sendo organizado com a presentações de música regional(forró de pé de serra) assim como a apresentação de violeiros/repentistas de Aurora.(ver convite abaixo).
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWLI-qvALzd1a6wthTaSYrAyOKP17hDUdieFVKsXsa9Ye61dPuU9GDI0gnNYjWVgSWrxgNUw7reeBAC1petO5vwIqboGysLa83o9RDorfuIbCT-NxRdigNR5SH2NQOJG8NmdqBxyMZlhvl/s400/Convite+Solenidade+Posse+diretoria+da+AFA-CE+doa+10.png
C O N V I T E

A TODOS OS ASSOCIADOS DA AFA, FAMILIARES, AURORENSES E AMIGOS DE AURORA,
CONVIDAMOS todos associados da AFA, familiares, aurorenses e amigos de Aurora para participarem da posse da nova diretoria e do novo presidente da AFA, o Senhor José Wilton Fernandes.
A solenidade e respectiva festa de comemoração ocorrerão no dia 10 de março (sábado) de 2012, a partir das 12 horas, no seguinte endereço: ESPAÇO CULTURAL MAVIGNIER DE CARVALHO - Rua A. C. Mendes, 99 - Vila Peri - Referência: Posto de Saúde da Vila Peri.
Por ocasião do evento, a AFA estará oferecendo como cardápio do almoço uma deliciosa feijoada sob o som de forró pé de serra e de dois violeiros de Aurora.
Atenção: Durante as festividades, haverá um sorteio de uma sanfona doada a AFA por LÚCIA FRANÇA. Todos os presentes, exceto criança até 12 anos, concorrerão ao prêmio, mediante o pagamento de R$10,00 (dez reais) no ato da entrada ao clube. As bebidas serão por conta do participante.
Não percam esta grande oportunidade de muita alegria e confraternização dos filhos e amigos de Aurora em Fortaleza (CE).
AFA - Associação dos Filhos e Amigos de Aurora
A Diretoria.
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JC - Da: Redação do Blog de Aurora e da Seculte(JC).


LEIA MAIS EM:
www.eitaaurora.blogspot.com
WWW.jcaurora.blogspot.com

Fotos: Arquivos Seculte/Blog de Aurora/JC


Foto pequena: Prefeito Adailto Macedo com membros da AFA - Sebastião Maceil(Bastim), Dr. Paulo Henrique, Regina Célia,AM e Maria Leite em 2011.

http://blogdaaurorajc.blogspot.com/2012/03/novo-presidente-da-afa-ce.html


Enviado pelo Secretário de Cultura de Aurora:
 José Cícero, no Estado do Ceará

OS MENINOS DO CANGAÇO (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa*
Rangel Alves da Costa

OS MENINOS DO CANGAÇO

O cangaço, enquanto fenômeno social de luta armada contra as injustiças sociais que imperavam nos sertões nordestinos no século XIX e até os anos 40 do século passado, foi seguramente o “ideário justiceiro” que mais arregimentou adeptos e opositores.
Diferentemente do messianismo fervoroso e quase insano de Antônio Conselheiro e do fanatismo politizado do Padre Cícero Romão Batista, ambos sem grandes rejeições nos seus postulados pela população, o cangaceirismo se manteve numa fronteira de graciosidade e ódio.
Por medo ou desconhecimento da causa, boa parte da população se revoltava até com a presença dos cangaceiros nas redondezas. São famosas as carreiras de habitantes de cidades inteiras com medo do bando que se aproximava. Outros ficavam para acolher alegremente os da caatinga e fornecer-lhes alimentação. Quanto aos políticos, latifundiários e poderosos, esse contraste é ainda mais nítido. Ou apoiava veladamente o cangaço e suas ações ou delatava, apoiando as forças de perseguição.
Contudo, fato curioso é que o sentimento de rejeição ao cangaço foi quase inexistente perante as pessoas mais jovens, principalmente entre os meninos e rapazotes sertanejos. Vivendo no mundo de mesmices, sem pouca valia social, sem emprego, enxergando sempre algo de podre nas ações dos poderosos, essa adolescência matuta começou a se interessar pelas ações cangaceiras que tanto ouviam falar.
Ora, vivendo nas proximidades dos embates e o cangaço sendo o assunto mais recorrente, logicamente que a lide cangaceira passou a ser verdadeiro sonho de muitos. Abraçando uma causa qualquer – vez que não sabiam quais as verdadeiras bandeiras de luta dos bandoleiros das caatingas -, sairiam daquele marasmo e proporcionariam um novo valor à vida, ainda que as suas próprias não valessem nada acaso se tornassem cangaceiros.
Fator de relevância para a abnegação desses jovens pelo sonho cangaceiro se observa também no contexto mítico, fantástico, descomunal, temeroso, delirante, com que os mais velhos tratavam o assunto. Ora, o cangaço era comentado como um mundo ora maravilhoso ora de absurdos, um imaginário grandiosamente envolvente ou um monte de violentos arruaceiros que andava por ali saqueando e matando. Contudo, na cabeça de cada um ficava aquela ideia de força, coragem, genialidade, engenhosidade.
Não se pode esquecer o aparato cangaceiro como um deslumbramento aos olhos da meninada, da rapaziada matuta. Conheciam bem os alforjes, os gibões, as roupas de couros, os chapéus sertanejos, suas armas e seus cantis, mas tudo naqueles homens das caatingas era diferente, muito mais bonito e atraente. As armas, os chapéus estrelados, as cartucheirais, os embornais, as sandálias de couro cru, as joias mais reluzentes, os enfeites de roupa a roupa, e aquele cheiro de terra, o suor empesteado de luta, de sangue, de chão, de desvão pela vida. Tudo isso era maravilhoso aos olhos adolescentes.
Certamente que outros fatores também concorreram para que tantos meninos e meninas enveredassem pelas lides cangaceiras e passassem a fazer parte principalmente do bando de Lampião, o mais famoso existente. Exemplo disso é a motivação tomada por Zé de Julião, um rapazote do Poço Redondo que ao entrar para o cangaço recebeu a alcunha de Cajazeira. Segundo relatos, o jovem, de família abastada na povoação onde vivia, não suportou ver as ações violentas da polícia para tirar dinheiro das famílias, decidindo, então, entrar no bando para combater aqueles verdadeiros marginais.
Ao seguir para o cangaço, o rapazinho filho de Seu Julião levou consigo a jovem Enedina, sua esposa. Outra menina que entrou para o cangaço também por amor foi Adília. Nascida Maria Adília de Jesus, chegou ao cangaço com menos de dezesseis, influenciada pela sua paixão adolescente pelo conterrâneo e também cangaceiro Canário. Sila, outra cangaceira nascida em Poço Redondo, fugiu com o cangaceiro Zé Sereno quando ainda não tinha nem quinze anos. Ele não passava dos vinte.
Os homens, aliás, muitas vezes chegavam ao bando com cara de menino sem infância, mal sabendo segurar uma arma, e certamente sem condicionamento físico suficiente para as lides cangaceiras. Só mesmo o cotidiano de lutas é que transformava a infância em habilidade guerreira. Assim, verdade é que muitos se tornaram homens e mulheres já no meio do mato, lutando pela sobrevivência, fugindo do inimigo.
A boneca de pano e o cavalo de pau foram deixados num canto qualquer. E brincar de pistola, punhal e mosquetão era muito diferente.

Rangel Alves da Costa* 
Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

Prelúdio (Poesia)

Por: Rangel Alves da Costa
Rangel Alves da Costa

Prelúdio

Nada do que espero
ainda está ao alcance
a tarde para o pôr do sol
o ocaso para o anoitecer
a noite para o luarar
a lua para iluminar
o seu passo noturno
o nosso reencontrar

escrevi um poema
colhi uma flor no jardim
tirei do baú um disco antigo
vou apagar todas as luzes
e acender velas aromáticas
não esqueci o vinho
não esqueci do tapete
a sala parece um ninho
esperando você chegar

quem dera esse prelúdio
com ensaios e esperanças
pegasse a asa do vento
e lhe dissesse em segredo
que repito isso todo dia
colho flor e acendo velas
apago as luzes e adormeço
porque tudo continua prelúdio
até que você venha um dia
até que me queira um dia.


Rangel Alves da Costa
Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com