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sábado, 3 de dezembro de 2011

Crimes sexuais: da antiga capação para a moderna castração química

Por: Archimedes Marques


Todo crime sexual é acompanhado de ato depravado, sórdido, repugnante, horrendo e produz seqüelas irreparáveis para as vítimas e seus familiares. Tais crimes sempre foram combatidos pela sociedade desde os tempos mais remotos.
De uma maneira geral, em quase todas as nações, os crimes de ordem sexual eram punidos nos parâmetros da Lei de Talião, ou seja, o autor sofria castigo igual, parecido ou relacionado ao dano por ele causado.
A máxima OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE fora vivenciada por muito tempo em quase todas as Leis das diversas Nações, em destarte, na Idade média através da Inquisição comandada pela própria Igreja católica.
A Lei de Talião era interpretada não só como um direito, mas até como uma exigência social de vingança em favor da honra pessoal, familiar ou tribal.
O Brasil colônia de Portugal, assim como tal, também seguia tais parâmetros punitivos para os seus diversos tipos de criminosos.
As Ordenações do Reino que compunham as Leis Manuelinas, Afonsinas e Filipinas, formavam a base do sistema penal português, que por sua vez também vigoravam no Brasil. Entre as penas estavam a morte, a mutilação através do corte de membros,  o degredo, o tormento, a prisão perpetua e o açoite.
Até mesmo depois da sua Independência de Portugal, o Brasil continuou adotando penas não menos violentas e cruéis, seguindo de certa forma, os antigos ensinamentos de Talião na sua organização penal.
O homem que praticasse determinados atos sexuais considerados imorais ou criminosos poderia ser condenado à castração, então conhecida por capação que podia ser concretizada de várias maneiras, contanto que com o castigo o agressor não tivesse mais possibilidade de voltar a delinqüir devido a perda total do seu apetite sexual.
Buscando um caso prático para melhor ilustrar o presente texto só encontrei a suposta e inusitada Sentença Judicial datada de 15 de outubro de 1833 ocorrida na antiga Villa de Porto da Folha, hoje município, situado às margens do rio São Francisco aqui no nosso querido Estado de Sergipe.
A referida Sentença que é relacionada a uma tentativa de estupro possui a linguagem arcaica da época e dizem que o dito documento está guardado no Instituto Histórico do vizinho Estado de Alagoas. Tal sentença fora divulgada em alguns jornais virtuais e sites jurídicos do Brasil, a exemplo das páginas Ad referendum, Usina de letras, Recanto das letras, o Norte de Minas Gerais, Jus navigandi, Teologikas, Livros e afins, Estudos de direito, Fórum Jurídico, Jurisciência, Consultor Jurídico, Almanaque Brasil, Pérolas do Judiciário... Por isso a transcrevo acreditando ter sido fato real e documento verídico:
“SENTENÇA DO JUIZ MUNICIPAL EM EXERCÍCIO, AO TERMO DE PORTO DA FOLHA – 1883.
SÚMULA: Comete pecado mortal o indivíduo que confessa em público suas patifarias e seus boxes e faz gogas de suas víctimas desejando a mulher do próximo, para com ella fazer suas chumbregâncias.
O adjunto Promotor Público representou contra o cabra Manoel Duda, porque no dia 11 do mês de Senhora Sant´Anna, quando a mulher de Xico Bento ia para a fonte, já perto dela, o supracitado cabra que estava de tocaia em moita de matto, sahiu dela de sopetão e fez proposta a dita mulher, por quem roía brocha, para coisa que não se pode traser a lume e como ella, recusasse, o dito cabra atrofou-se a ella, deitou-se no chão deixando as encomendas della de fora e ao Deus dará, e não conseguio matrimônio porque ella gritou e veio em amparo della Nocreyo Correia e Clemente Barbosa, que prenderam o cujo flagrante e pediu a condenação delle como incurso nas penas de tentativa de matrimônio proibido e a pulso de sucesso porque dita mulher taja pêijada e com o sucedido deu luz de menino macho que nasceu morto.
As testemunhas, duas são vista porque chegaram no flagrante e bisparam a pervesidade do cabra Manoel Duda e as demais testemunhas de avaluemos. Dizem as leis que duas testemunhas que assistem a qualquer naufrágio do sucesso faz prova, e o juiz não precisa de testemunhas de avaluemos e assim:
Considero que o cabra Manoel Duda agrediu a mulher de Xico Bento, por quem roía brocha, para coxambrar com ella coisas que só o marido della competia coxambrar porque eram casados pelo regime da Santa Madre Igreja Cathólica Romana.
Considero que o cabra Manoel Duda deitou a paciente no chão e quando ia começar as suas coxambranças viu todas as encomendas della que só o marido tinha o direito de ver.
Considero que a paciente estava pêijada e em consequência do sucedido, deu a luz de um menino macho que nasceu morto.
Considero que a morte do menino trouxe prejuízo a herança que podia ter quando o pae delle ou mãe falecesse.
Considero que o cabra Manoel Duda é um suplicado deboxado, que nunca soube respeitar as famílias de suas vizinhas, tanto que quis também fazer coxambranças com a Quitéria e a Clarinha, que são moças donzellas e não conseguio porque ellas repugnaram e deram aviso a polícia.
Considero que o cabra Manoel Duda está preso em pecado mortal porque nos Mandamentos da Igreja é proibido desejar do próximo que elle desejou.
Considero que sua Majestade Imperial e o mundo inteiro, precisa ficar livre do cabra Manoel Duda, para secula, seculorum amem, arreiem dos deboxes praticados e as sem vergonhesas por elle praticados e apara as fêmeas e machos não sejam mais por elle incomodados.
Considero que o Cabra Manoel Duda é um sujeito sem vergonha que não nega suas coxambranças e ainda faz isnoga das incomendas de sua víctima e por isso deve ser botado em regime por esse juízo.
Posto que:
Condeno o cabra Manoel Duda pelo malifício que fez a mulher de Xico Bento e por tentativa de mais malifícios iguais, a ser capado, capadura que deverá ser feita a macete.
A execução da pena deverá ser feita na cadeia desta villa. Nomeio carrasco o Carcereiro. Feita a capação, depois de trinta dias o Carcereiro solte o cujo cabra para que vá em paz.
O nosso Prior aconselha:
Homine debochado debochatus mulherorum inovadabus est sentetia qibus capare est macete macetorim carrascus sine facto nortre negare pote.
Cumpra-se a apregue-se editaes nos lugares públicos. Apelo ex-officio desta sentença para juiz de Direito deste Comarca.
Porto da Folha, 15 de outubro de 1833.
Assinado: Manuel Fernandes dos Santos, Juiz Municipal suplente em exercício.”
A capação feita a macete consistia em colocar os testículos do cidadão condenado em local rígido esmagando-os com um forte golpe certeiro, usando para tanto um grosso pau roliço tipo bastão ou cassetete, ou mesmo, uma marreta fabricada com madeira de lei.
Com o tempo a pena de Talião e outras cruéis desapareceram nas legislações modernas na quase totalidade dos Países, sob a influência de novas doutrinas e novas tendências humanas relacionadas com o Direito Penal, entretanto, muitas pessoas ainda defendem a volta de métodos parecidos, como fórmula eficaz para arrefecer o recrudescimento da violência urbana.
Apesar do nosso ordenamento jurídico ter abolido de vez as penas cruéis, a discussão sobre a aplicação de uma pena peculiar para aqueles que cometem crimes de ordem sexual, destarte para aqueles praticados contra crianças através da chamada pedofilia, volta a tona agora de maneira mais presente, vez que  tramita no Congresso nacional o Projeto de Lei nº 552/07 de autoria do Senador Gerson Camata para propor modificação no Código Penal com a pena de castração através da utilização dos recursos químicos, ou seja, a castração química para tais criminosos.
A denominada castração química consiste na aplicação de injeções hormonais inibidoras do apetite sexual, aplicadas nos testículos, conduzindo o condenado à impotência sexual em caráter definitivo e de maneira irreversível.
A proposta inspira-se em ordenamentos jurídicos estrangeiros onde a sanção é aplicada, a exemplo dos estados do Texas, Califórnia, Flórida, Louisiana e Montana nos Estados Unidos da America, em certos países da Europa e até aqui na América do Sul, na vizinha Argentina, entretanto, no Brasil, tal proposta esbarra em sérios óbices constitucionais, vez que é tema relativo ao direito fundamental à integridade física, assim como às garantias contra penas cruéis, desumanas, degradantes e perpétuas estatuídas para todos.
Para muitos legisladores, advogados e juristas a proposta é repudiada e considerada totalmente inconstitucional. Para alguns não passa de um Projeto eleitoreiro populista que visa agradar e enganar o povo, mas que vai de encontro a Constituição Federal e, por isso, mesmo que seja aprovado no Congresso nacional será desfeito pelo Supremo Tribunal Federal. Para outros a própria Carta Magna pode também ser alterada para adaptação de tal pena. Para tantos outros tal penalidade é um retrocesso à Lei de Talião, uma volta à época medieval, um atraso na humanidade, incabível no nosso ordenamento jurídico.
A discussão também gira em torno de se estudar se a castração química é uma pena cruel ou se é somente um tratamento médico, sem maiores gravidades físicas para os autores irrecuperáveis e reincidentes dos crimes sexuais, destarte para os pedófilos, que com a medida perderão apenas o libido, com grande possibilidade de não mais voltarem a delinqüir pois sem a vontade sexual não há o porque da realização do ato.
A vivencia policial e a prática profissional ao longo dos tempos nos contemplam pelo lado psicológico adquirido em casos investigados, a asseverar sem medo de errar, que geralmente os maníacos sexuais parecem não ter sentimentos de culpa e, quando chegam a confessar os crimes inerentes, discorrem como se os seus atos insanos fossem normais, negam suas carências, suas dificuldades, demonstram ser completamente desconectados com sentimentos próprios e muito menos com os sentimentos alheios, com os sentimentos das vítimas e seus familiares, por isso, quase sempre reincidem nos seus crimes quando colocados em liberdade.
É fato contundente e abominável para toda a sociedade que, no nosso pais, um quarto das vítimas de crimes sexuais são crianças com menos de dez anos de idade, porém esse debate não pode ficar apenas adstrito ao Congresso Nacional, deve se expandir para todas as camadas sociais. Advogados, juristas, doutrinadores, médicos, psicólogos, sexólogos, psiquiatras, professores, jornalistas, escritores, cronistas, religiosos e especialistas diversos devem ser ouvidos para formarem suas opiniões não só na pauta constitucional ou jurídica, quanto nas questões sociais, morais e éticas no seio da nossa sociedade.
A experiência internacional através dos países que já adotam esta moderna pena tem muito a nos ensinar, as medidas de lá que restauram frutíferas devem ser aqui adaptadas a nossa realidade e, por fim, restando possível a aplicação de tal penalidade, o mais importante: A realização de um plebiscito para o povo decidir se é a favor ou contra a castração química.
Autor: Archimedes Marques (Delegado de Policia no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela UFS) – archimedesmarques@infonet.com.br  - archimedes-marques@bol.com.br  - archimedesmelo@bol.com.br
Enviado pelo autor: Dr. Archimedes Marques

A MORTE DE LAMPIÃO

Por: Antonio Amaury C. Araujo
O sertão já havia perdido a esperança de que aquele fato um dia viesse a acontecer... Lampião é o Satanás, não morre nunca! Diziam uns. É um enfeitiçado, não tem bala que o acerte! Diziam outros...
Mas, um dia aconteceu. E foi o fim do cangaço.
Vejamos as belas páginas escritas por Antonio Amaury C. Araujo:
"Angico!
Esse é o momento culminante na história do cangaço. Todos aqueles que de uma forma ou de outra, participaram dos fatos que levaram ao combate viveram o momento que marcou o princípio do fim de uma forma de vida que subsistiu nos sertões nordestinos. Por mais de cem anos.
Por mais de um século?
Talvez, essa seja a pergunta cheia de surpresa do nosso leitor. Mais de um século sim, se levarmos em conta, as lutas do grupo familiar formado pelo Cabeleira, seu pai e outros que o acompanhavam. A morte de Lampião, em Angico, foi o dobre de finados do mundo dos cangaceiros. A agonia do cangaço começou nesse dia.
Nossos biografados, Sila e Zé Sereno, estiveram presentes e conseguiram sobreviver para contarem como foi a luta naquele amanhecer sangrento. Não só esse casal, outros que estavam também no coito de Angico, conseguiram escapar ao sinistro chamado da morte configurado materialmente nos disparos feitos por fuzis e metralhadoras. Criança e Dulce,
Juriti e Maria além dos vários cabras que saíram dali com rapidez de veado baleado, são testemunhas incontestes do que ocorreu naquele distante amanhecer do dia 28 de julho de 1938.
E não são só os cangaceiros que têm o que contar. Os soldados da volante do tenente João Bezerra (promovido a capitão nesse mesmo dia) também são uma imprescindível fonte de informações. Escrevemos um livro, "Assim morreu Lampião" que foi levado ao prelo em sua terceira edição pela Traço Editora e no qual damos todos os informes sobre tudo o que ocorreu naquele pedaço do sertão nordestino.
Aqui vamos narrar somente o que nos contaram Sila e Zé Sereno. Sobre o que sentiram, o que pensaram, o que fizeram, como agiram e o que sofreram. Isso tanto nos dias que precederam o combate como no dia em que se feriu o mesmo.
O palco onde se desenvolveu o sangrento reencontro está localizado a uns dois mil metros da margem do rio São Francisco, em terras da fazenda Angico. Esta fazenda, naqueles tempos de bandos de cangaceiros e de forças volantes, fazia parte do Município Ribeirinho de Porto da Folha. Sereno estava numa ascensão vertiginosa em sua carreira de cangaceiro e estava chefiando um grupo numeroso e aguerrido. Seu nome ganhava evidência dia a dia, quer nos meios cangaceiros quer dentre as forças volantes contra as quais lutava.
Vamos transcrever aqui o que contou-nos Zé Sereno nas dezenas e dezenas de vezes em que conversamos com o mesmo. Nas visitas que lhe fazíamos em suas diversas moradias na cidade de São Paulo, bem como nas prolongadas internações no Hospital Municipal de São Paulo.
Sua companheira Sila, igualmente, em várias oportunidades narrou-nos como foi o tiroteio de Angico e de como conseguiu escapar da morte. Tem a lamentar com sentidas lágrimas a perda, nesse combate, de seu irmão Gumercindo que no cangaço ganhara o vulgo de Mergulhão.
Sereno contou-nos que recebera um recado de Lampião, trazido por um coiteiro de confiança, cujo nome era Eráclito, morador de uma das fazendas do coronel Antonio Caixeiro. O recado dizia onde deveriam encontrar-se e quando. Pouco depois de receber o recado, o grupo de Sereno seguiu para o local do encontro e chegaram na casa de dona Cândida a tardinha. Quando chegaram na fazenda, o pessoal de Lampião já se encontrava lá, um pouco distante da casa e descansando sob umas quixabeiras, que foi para onde Sereno e seus cabras se dirigiram incontinente.
Cumprimentaram-se rapidamente e depois todos seguiram para a grota do riacho onde armaram as tordas. Sereno perguntou a Lampião:
- Capitão, quem trouxe o senhor aqui?
O chefe mor dos cangaceiros respondeu:
- Pedro de Cândida. Por quê?
- Num tenho confiança im Pedro de Cândida.
Ao autor destas linhas, Zé Sereno confessou que não gostava daquele lugar e que tinha desconfiança do coiteiro. O filho de dona Cândida, que era popularmente conhecido como Pedro de Cândida, morava do outro lado do rio, exatamente em frente às terras da fazenda Angico. Dormiram essa noite com toda tranquilidade. Mal o dia 27 de julho amanheceu, e Zé Sereno já estava falando com Lampião que deviam deixar aquele lugar. Lampião recebera, a coisa de uns três dias, um sobrinho, José, filho de sua irmã Virtuosa e pediu a Sila que costurasse um uniforme de cangaceiro para o mesmo. O rapaz, nesse tempo, contava com 17 anos de idade. Foi incumbido o coiteiro de trazer uma máquina de costura. Sua mãe tinha uma dessas de mão (que eram comuns naquela época) e ele trouxe para o coito e Sila começou a fazer a roupa. Esse fato, aliás, veio novamente à tona ao conversarmos com Sila e chegamos a conclusão de que cai então por terra a tese de alguns de que Lampião queria abandonar o cangaço.
Se em verdade, esta era a idéia do chefe dos cangaceiros ele não iria permitir que o seu sobrinho fosse investido como cangaceiro. Com roupas, armas e tudo o mais que transforma um sertanejo qualquer em um guerreiro das caatingas. Quando foi à tarde, o coiteiro Pedro de Cândida trouxe as compras em um jegue e disse:
- Capitão, as compra tão aqui. Vamu acertá as conta Qui eu quero saí.
Fizeram as contas e depois, quando Pedro ia saindo, ele passou por Sereno e perguntou:
- Quantos são?
Sereno respondeu:
- Num interessa. Por que qué sabê?
As incumendas podi di num dá. – respondeu Pedro de Cândida desculpando-se.
- Num interessa di sabê. – disse Sereno que não confiava e nem gostava desse coiteiro.
Depois que Pedro foi embora, o cangaceiro foi vistoriar as compras. Pegou uma garrafa de conhaque e viu, quase imperceptível um furinho no estanho que selava a rolha da garrafa. O furo deixado por uma agulha hipodérmica.
Zé Sereno levou a garrafa a Lampião e disse:
- "Seo" Capitão, o sinhô é cego de uma vista mais cum a outra inxerga até dimais. Olha prá Qui. Mostrou o furo por onde tinham injetado o veneno.
- É mesmo, disse Lampião, i o resto das incomenda?
- Tá tudo invenenado, menos a cachaça qui Pedro sabia qui ia tê di prová, respondeu Zé Sereno e continuou:
- É bom nóis sai daqui si não nóis vamu se cuberto di bala.
- Amanhã cedo nóis sai, disse Lampião.
- Sai é, nóis vai sair é cum bala, retrucou Sereno.
Ficou ali pelo acampamento, preocupado.
Maria Bonita teve uma discussão com Lampião e como ficou nervosa convidou Sila para irem sentar-se sobre umas pedras. Conversaram bastante tempo. A escuridão da noite as envolvia e somente se avistava os pontos vermelhos dos cigarros que as duas fumavam. Quando Maria queixou-se de Lampião, dizendo que o cego não morria e que ela, Maria, não tinha receio da força alagoana, a companheira de conversa respondeu:
- Eu não tenho medo da força de Sergipe, tenho até parentes lá, esses eu não temo.
Em dado momento, Sila viu luzes piscando à distância, acendendo e apagando e falou:
- Olha Maria, num é luz di palha? (lanterna)
Maria Bonita preocupada com seus pensamentos, respondeu que não era nada de mais, só vagalumes no mato. Já seriam mais de 21:00 h quando foram para as barracas dormir. Sila não falou nada para Zé Sereno que estava dormindo. Durante a noite, Sereno acordou com o barulho de um jumento que havia se assustado com os soldados que avançavam. Sonolento ficou prestando atenção para ouvir se os cachorros davam o alarme. Nenhum cachorro latiu. Tudo continuou em silêncio. Como não escutou mais nada, o cangaceiro tornou a recostar-se e dormiu, novamente. Lá pelas cinco horas, Zé Sereno acordou e foi rezar o Santo Ofício com o Rei do Cangaço, depois retornou e acordou seus cabras dizendo:
- Acorda e vamu tomá banho no poço.
Havia um "caldeirão" de água numa lage de pedra. Sereno desceu até onde estava Luís Pedro e disse-lhe:
- Cumpadre, se equipe.
- Qui é isso, tá assombrado?, respondeu o outro.
- Assombrado? Você vai vê daqui a pouco.
Luís Pedro começou a equipar-se e Sereno caminhou até onde Lampião estava calçando a alpercata do pé esquerdo e foi quando ouviram-se os primeiros tiros. Ao passar por Lampião, Sereno disse-lhe:
- Num disse qui nóis brigava hoje?
- Vamo brigá, respondeu e alto para os outros cabras: Oh, mininos, descem aí uns di voceis pro riacho.
Quando Zé Sereno percebeu já tinha tirado três pentes de bala de fuzil. Viu quando o tenente João Bezerra avançava em direção às barracas de seu grupo. Atirou. Ao ser baleado, o tenente caiu. O cangaceiro gritou:
- Perdeu a fama macaco fio da puta.
Olhou para trás e viu Lampião caído por terra, morto. No fuzil ainda tinha duas balas, uma na agulha e outra no pente. O dia estava clareando, mas ali na grota a fumaça dos tiros misturando-se com a neblina do dia mal permitia que visse alguns passos adiante.
Na cabeça Sereno trazia um chapéu de massa, semelhante aos usados pela polícia. Foi sua sorte. Sem poder subir pelos barrancos laterais ele foi adiantando-se pelo leito seco do riacho e, de repente, encontrou-se com os soldados do aspirante Ferreira que vinham em sentido contrário. Como se sabe, os trajes da polícia, quando em diligências pela caatinga, e o dos cangaceiros eram quase iguais, variavam, às vezes, só nos chapéus ou quepes. Sem outra saída usou de um estratagema, levantou o braço esquerdo e com a mão espalmada, gritou várias vezes:
- É cumpanheiro, é cumpanheiro, num atiri qui é cumpanheiro.
Na mão direita levava o fuzil, foi avançando pelo meio da fumaça, da neblina e das sombras e passou pelos soldados. Viu um varedo de bode, no meio do xique-xique e da macambira, que descia pela ribanceira. Antes de descer pelo mesmo virou-se de súbito e deu os dois tiros de fuzil em direção aos soldados. Rapidamente sacou do parabellum e deu toda a carga nos policiais surpresos e correndo e saltando desceu pelo trilho. Foi assim que Zé Sereno conseguiu escapar do cerco e da morte certa.
Com sua companheira Sila aconteceu o seguinte. Ela ainda estava na barraca quando dos primeiros tiros, pegou os bornais e saiu. Ouviu o barulho das metralhadoras que mais pareciam latas cheias de pedra sendo sacudidas violentamente. Seu irmão Mergulhão estava atirando ali perto. Quando ele foi baleado mortalmente, ela pegou o fuzil dele e escondeu-se atrás de um pedra. Escutou os soldados que a chamavam:
- Vem prá cá, vem aqui.
Nisso, Criança e Dulce passaram por ali e o cangaceiro chamou-a:
- Cumadri Sila, Cumadre Sila.
Ela saiu de onde estava e seguiu o casal. Tinham andado somente alguns metros quando viram Candieiro atirando. Ao chegarem perto, ele foi atingido no braço direito, o fuzil caiu e Sila apanhou-o do chão e levou-o também. A mulher de Cajazeiras, Enedina, juntou-se ao grupo que fugia. Ia caminhando atrás de Sila quando uma bala atingiu-a no alto do frontal, o osso levantou-se e a massa encefálica foi atirada nas costas de Sila, ficando grudada em sua roupa. Depois que estavam distantes do lugar do tiroteio e o silêncio dizia que o mesmo terminara. Sila disse para Criança:
- Olha, eu acho que só escapou nóis. O resto deve ter morrido tudo.
Mais tarde, ouviram os disparos de um parabellum.
Criança falou:
- Isso é bem cumpadre Sereno. Vamo até lá.
Realmente, Sereno disparara a carga do parabellum com a finalidade de avisar aos companheiros o ponto onde estava. Chegaram onde estava Sereno e, aos poucos, outros sobreviventes foram se agrupando. Alguns vinham feridos, como Candieiro e Balão que tiveram que ser tratados. Falavam dos que tinham visto cair mortos e contavam uns aos outros de como haviam escapado às garras da morte. Estavam todos aparvalhados, desorientados, com medo e sem saberem que atitude tomar agora que perderam o chefe. Zé Sereno foi quem primeiro se refez. Começou a tomar as providências e assumiu o comando."
(Texto transcrito da obra Sila e Zé Sereno/Antonio Amaury C. Araujo/Traço Editora).
Extraído deste site:

O QUE SE ESCREVEU SOBRE LAMPIÃO

Por: Alvarus Oliveira
 15/10/38 - SERGIPE JORNAL
O QUE SE ESCREVEU SOBRE LAMPIÃO
Muito se escreveu sobre Lampião, o cangaceiro que a polícia nortista matou e tirou a cabeça. Sobre a ação hedionda de cortar a cabeça dos bandidos “e a fotografia correu mundo sendo quase um símbolo do Brasil, quase mais conhecido e mais divulgado que o Pão de Açúcar" foi a maior prova de barbarismo, foi o reflexo "lá fora pelo menos não devem ter compreendido assim" irreal da alma brasileira. Não sabemos mesmo como se teve coragem para tanto. Mas é caso consumado, não para os cangaceiros que terão de se vingar mais ainda do revés obtido.
Bastante se escreveu. Comparou-se até a  Napoleão o bandoleiro que deixou nome na história. Muito jogador de futebol ficou com inveja de tanta publicidade. Muito literato ficou com raiva de não ter sido bandoleiro, pois só assim a imprensa falaria mais deles e seus livros teriam a saída esgotada como se esgotaram as fotografias de Lampião vendidas pelos engraxates da cidade.
E nós ficamos, à margem, observando, lendo avidamente tudo que se diz sobre o bandoleiro que deixou de existir.
O problema do cangaceirismo? Pensamos como os que disseram que é questão de terreno. Áspera, seca, ingrata, a terra do Nordeste nada produz nada. Obriga o caboclo a roubar, para viver. Roubando é obrigado a defender-se da Justiça. Defende-se da Justiça e é obrigado a matar. Matando torna-se bandido. É esta a trajetória para o banditismo.
De que maneira se pode combater o banditismo no Nordeste? Pelas armas, cortando-se cabeças? Não. Estamos com os que disseram que o sertão precisa mais de um general Rondon que catequize os bandidos como o fez aos índios.
Agora mesmo no caso das "Bandeiras" que queriam domesticar os índios Xavantes à bala, o mesmo valoroso militar fez retroceder a turba sensacionalista, defendendo os índios.
O mesmo dever-se-ia fazer com referência ao cangaceirismo. Esta a idéia que formamos em torno do assunto.
Mas com referência às páginas que se escreveram sobre o caso coube a coroa de louros a Costa Rego. Pincelada de ouro. Pequeno artigo, sintético, mas feito numa hora de boa inspiração. Que página magnífica! Digna de figurar em qualquer antologia. Nunca lemos coisa tão boa de Costa Rego. Ficamos encantados. Guardamos sua crônica e quase a decoramos de tão bela e real. Não cremos que o redator-chefe do Correio da Manhã possa escrever tão cedo tão formosa página. Nós que temos estado contra o ilustre jornalista com referência a algumas de suas idéias, mas que o tem aplaudido quando a isso faz jus, não o deixando de ler nunca, temos, porém, imenso prazer em recomendar aos que amam as belas letras que procurem ler o que Costa Rego escreveu sobre Lampião.
E que se inscreva nas próximas edições de nossas antologias aquela página que é magnífica de beleza e de sinceridade!

*Nota do estudante e apaixonado pelos assuntos ligados ao cangaço, Archimedes Marques, gerente do site www.cangacoemfoco.com.br (01 de junho de 2011):

O presente texto escrito pelo jornalista Alvarus de Oliveira em 15/10/38 - SERGIPE JORNAL (jornal extinto há muito tempo) faz parte do livro "O fim de Virgulino Lampião” O que disseram os JORNAIS SERGIPANOS", de autoria de Antonio Corrêa, que rompeu meses de trabalho de pesquisa debruçado nos velhos arquivos da nossa Aracaju e além fronteiras para trazer ao público as pertinentes matérias jornalísticas de Sergipe, no período pós-morte de LAMPIÃO, em trabalho exaustivo que por certo servirá de parâmetro e ajuda em novos livros, de novos ou velhos autores, sobre esse tema que canta e encanta e que é sem sombras de dúvidas, de inesgotáveis fontes, jamais saturado, sempre em busca da verdade absoluta dos fatos que marcaram para sempre a história nordestina.

Não só recomendo a leitura do livro, como entendo ser necessário colecionar a referida obra na sua biblioteca, como sendo de excelente fonte de pesquisa e aprendizado, para tanto, sugiro a sua aquisição através contato via endereço de e-mail com o autor Antonio Corrêa Sobrinho: tonisobrinho@uol.com.br
Atenciosamente
Archimedes Marques " Archimedes-marques@bol.com.br
Autor:    Alvarus de Oliveira
Extraído do blog: "O Cangaço em Foco", do
Dr. Archimedes Marques.

O Mercado Público de Mossoró - 02 de Abril de 2009

Por: Geraldo Maia do Nascimento
 
A primeira notícia que temos de Mercado Público Municipal em Mossoró data de 23 de agosto de 1875, quando a Câmara Municipal de Mossoró autorizou, através da Lei nº 739 da mesma data, \"a construção de uma casa destinada ao mercado da cidade a ser feita mediante contrato com quem melhor vantagem oferecesse\".
 

 Em 12 de julho de 1877, portanto dois anos após a autorização, os construtores Antônio Secundes Filgueira e José Alexandre Freire de Carvalho, fazem entrega da Casa do Mercado que iria substituir a palhoça que fazia vezes de tal onde, sem as mínimas condições de higiene, eram expostas carnes e outros gêneros. Esse primitivo mercado foi construído no mesmo local onde ainda hoje se encontra o Mercado Municipal de Mossoró, no centro da Cidade. Esse prédio funcionou com a arquitetura primitiva até 1908, quando passou por uma substancial reforma. Em 1947, na administração do Prof. Gerson Dumaresq, passou por uma nova reforma da sua estrutura, tendo inclusive sua área de cobertura ampliada. 
O Mercado Público Municipal tinha, no início do século, um papel muito importante na vida de uma cidade. Era no Mercado que se encontravam os comerciantes que abasteciam as cidades dos mais diversos produtos que iam desde os cereais, carnes e frutas, até roupas, produtos de couro, cerâmicas (utilitárias e decorativas) e uma infinidade de doces, bolos e refrescos. Não faltavam também as bancas de pinga. 
Mas a cidade crescia e já se fazia necessário a construção de um outro mercado. Em 30 de setembro de 1951 foi inaugurado um novo prédio para um segundo Mercado Público Municipal. O novo Mercado foi construído no bairro do Alto da Conceição e na sua inauguração estiveram presentes, dentre outras autoridades, o Governado do Estado do Rio Grande do Norte Sílvio Pedroza, o Prefeito de Mossoró Francisco Mota e o Bispo Diocesano. O discurso da inauguração foi proferido pelo Dr. Hélio Santiago, então secretário do governo do município. 
A importância do Mercado Público atualmente foi renegada a um plano inferior, frente ao surgimento dos super mercados. Mas os velhos mercados de Mossoró continuam existindo, tanto o do centro como o do Alto da Conceição, para atender aos saudosos que não se adaptaram ao novo estilo de vida. 
Não vai longe o tempo que os farristas, trabalhadores da noite ou madrugadores confesso se dirigiam ao Mercado para a primeira refeição ainda de madrugada, que invariavelmente era cuscuz com ovos ou leite, acompanhado de canecas de café preto e forte.
Geraldo Maia do Nascimento
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GUERRA DE CANUDOS

Por: Flávio de Barros  - 1897

Em 1897, Flávio de Barros documentou a fase final da campanha de Canudos, no interior da província da Bahia, estando presente à ofensiva final de 1 de outubro e fotografando o cadáver do beato Antonio Conselheiro...
Flávio de Barros viveu o extraordinário privilégio de documentar com uma câmera fotográfica a Guerra de Canudos. Ele é precursor de dezenas de outros fotógrafos que nos anos posteriores também registraram esta epopeia sertaneja.
Flávio chegou a Canudos em 26/09/1897, acompanhando a Divisão de Artilharia Canet...
De suas fotografias originais são conhecidas três coleções que pertencem ao Museu da República, no Rio de Janeiro (72 fotos), ao Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (68 fotos, que desapareceram) e a Casa de Cultura Euclides da Cunha de São José do Rio Pardo (24 fotos).
Agradecemos ao Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional (IPHAN/SR – BA), a cessão das fotos históricas que publicamos a seguir.

Incêndio em Canudos

O Combatente (lado esquerdo da tela) e Os Combatentes (lado direito).


Combatente

Combatentes
Ruínas da Igreja Velha de Santo Antônio e Ruínas da Igreja Nova
Vista Geral de Canudos
 Vista Geral de Canudos
Vista Geral de Monte Santo
Soldados e um conselheirista preso e Sepultamento do Capitão Antônio Manuel de Aguiar e Silva.
Soldados e um conselheirista preso e Sepultamento do Capitão Antônio Manuel de Aguiar e Silva.
O corpo de Antônio Conselheiro (Antonio Vicente Mendes Maciel)
Nota: Em 27/09/1997 foi emitido o selo Centenário do Fim da Guerra de Canudos, com valor facial de R$ 0,22 centavos, o selo mostra um desenho infantil de Antonio Conselheiro... Picotagem: 12 × 11½. Tiragem: 1.000.200 selos. Impressão: Ofsete. Papel: Cuchê gomado. Scott: 2647. Michel: 2769. RHM: C-2045.

Memorial Antônio Conselheiro: o lugar dos vencidos!

Por: Luís Osete · Juazeiro, BA
Luís Osete
Canudos - BA - Monumento de Homenagem aos Conselheiristas
Plantas catalogadas e descritas por Euclides da Cunha no livro “Os Sertões”. Pilar, tijolos e pedras do alicerce da Igreja Velha de Bom Jesus. Armas pederneiras em sílex usadas pelos conselheiristas. Crânios humanos de possíveis combatentes e objetos de utensílios domésticos do ano da graça de 1897. Essas são algumas relíquias possíveis de serem observadas numa visita ao Memorial Antônio Conselheiro.

Museu, biblioteca, salão de vídeo, auditório, painéis, mostruários, expositores e um belo Jardim compõem o Memorial, inaugurado em homenagem aos 100 anos do Massacre, Guerra, Movimento, Revolução, Insurreição ou como vocês queiram chamar a história da maior Epopéia Nacional.

Na exposição Arqueológica, objetos encontrados nos Sítios Arqueológicos trazem o relato mais completo do cotidiano de batalha, identificando locais de acampamento, hospitais de sangue, zonas de combate, trincheiras etc.

Fragmentos de granadas, garrafas, frascos, botões, numeração indicativa de batalhão, fivelas, estojos e projéteis de fuzis Manlicher e Comblain são reflexos de estratégias de sobrevivência no momento em que ocorreram os embates entre o exército brasileiro e os defensores de Canudos.

Uma urna com o protótipo de um soldado morto no campo de batalha traz o emblema de uma lira inscrito na farda, algo que, para um observador cuidadoso, é um indicativo de que se trata de um músico da cavalaria. E assim os vestígios espalhados pelo Memorial vão sendo preenchidos de significados.

Para quem chega ao Memorial munido de um bom conhecimento da História do Brasil, o crânio de uma pessoa negra pode ser indicativo de que o Movimento de Canudos estava abrigando negros ex-escravos que continuavam sendo perseguidos ou explorados por grandes fazendeiros ou coronéis da região.
Na ala reservada para o Museu Arqueológico estão expostas máscaras da réplica da cabeça de Antônio Conselheiro e uniforme militar, objetos estes usados no filme “Guerra de Canudos” (1997), de Sérgio Rezende.
Interior do Museu Arqueológico
Além disto, fotos de pessoas como João de Régis, o descendente de conselheiristas que mais contribuiu para a divulgação dos fatos referentes ao conflito, estão espalhadas pelas paredes e em locais de fácil acesso, bem visíveis e em bom estado de conservação.

Na área externa que ladeia o Memorial é possível nos defrontarmos com descendentes dos maiores adversários enfrentados pelo exército brasileiro. Umbuzeiro, umburana, xiquexique, catingueira, mandacaru, bromélia, angico, favela, quipá (espécie de cacto que tem espinhos extremamente agressivos ao corpo humano) são só alguns exemplares das armadilhas que a própria natureza criou no teatro de operações.
Jardim Euclidiano João de Régis
Entre as mais de 50 espécies de plantas da flora sertaneja que se encontram no “Jardim Euclidiano João de Régis”, uma se destaca pela simplicidade e importância simbólica: O Canudo-de-pito, uma planta cujos galhos têm forma de canudo, muito utilizada na confecção de cachimbo. Está nela a origem do nome do lugar. Como está na clarividência da inscrição de uma placa junto ao monumento de homenagem aos conselheiristas a origem do Memorial: “Os vencidos também merecem um lugar na História. Não devem ficar no anonimato.” (José Calazans).

guia/memorial-antonio-conselheiro-o-lugar-dos-vencidos

Canudos, de Oleone Fontes



A sexta-feira foi primorosa, além dos livros alcançados no Chá do Armando, recebi do amigo Oleone Fontes seu último trabalho. O cultor da saga do Conselheiro não para, acaba de publicar – No rastro das alpercatas do Conselheiro (Salvador: Ponto & Vírgula, 2011). Trata-se como o autor explica de sua coletânea de textos conselheiristas e euclidianos.

Mas, quem é Oleone Fontes? “Canudólogo de primeira hora, daqueles que não deixam apagar da memória nacional a história de
Antônio Conselheiro e seus “sequazes” (como dizia Euclides da Cunha), o escritor Oleone Coelho Fontes lançou na capital baiana (em meio às comemorações dos cem anos de Os sertões) o livro Canudos, a quinta expedição (Ed. Ponto & Vírgula, 435p), seu quarto trabalho sobre o tema”.
A apresentação que reproduzo circulou no jornal O Estado de São Paulo (Caderno 2, Cultural, em 1º dez. 2002). E tem mais sobre a identificação de Oleone, para mim o sucessor do saudoso mestre
José Calasans e o maior especialista sobre a campanha de Canudos, para “o qual o assunto é inesgotável”.


Oleone Fontes - certamente pensando em Canudos
“Natural da cidade de Senhor do Bonfim (BA), próxima ao teatro da Guerra de Canudos, Oleone Fontes se impressionava com as histórias que seu pai lhe contava sobre o conflito. Quando leu Os sertões, chorou em vários trechos diante da ‘crueldade republicana’ e se surpreendeu ao descobrir que Queimadas, cidade em que havia morado na adolescência, fora um dos cenários do episódio de Canudos. A vontade de conhecer mais a fundo o assunto ocorreu quando teve a sorte de ser aluno do professor Calasans. A partir de então, fez várias viagens aos cenários da guerra e coletou farto material de pesquisa, que até hoje lhe rende livros e artigos sobre Canudos.”

Oleone (à esquerda) e o autor, no sebo do Brandão, em Salvador (BA)
Muito obrigado mesmo, Oleone, pela inclusão de meu nome entre “os amigos que se sensibilizam com a tragédia de Canudos e são solidários com os jagunços de Antônio Conselheiro”.

Em julho próximo, no Hotel Brasil, almoçamos em Canudos.

2011/02/canudos-de-oleone-fontes.html

Exemplo de dedicação à Arte...Guanabara

 
Amigos da grande família Cariri Cangaço, o Grupo Empresarial Guanabara, um dos mais sólidos conglomerados de empresas do ramo de transportes do Brasil; patrocinador Master do Cariri Cangaço, realiza dentre suas várias iniciativas de carater sócioi-cultural, um dos mais brilhantes trabalhos de incentivo à arte, cultura, música e cidadania... a  Orquestra Filarmônica Estrelas da Serra.
 
A Expresso Guanabara traz a Fortaleza, a Orquestra Filarmônica Estrelas da Serra, da cidade serrana de Croatá, no norte do Ceará; em turnê denominda "Caminhos Musicais Guanabara " e que já apresentou-se em Viçosa, Sobral, Crato, Juazeiro do Norte, Mossoró.
É neste domingo, dia 4 de dezembro, no Centro Cultural Dragão do Mar, em Fortaleza. Não perca, trata-se de um espétáculo sem igual.
 
FILARMÔNICA ESTRELAS DA SERRA

A inclusão social através da música promove intervenção de caráter cultural na sociedade em razão da linguagem contida na sua forma de escrita mundialmente conhecida. O aprendizado musical amplia o entendimento e o conhecimento dos diversos estilos musicais, dos ritmos e dos autores da nossa música, melhora o nível intelectual e a integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e cognitivos, assim como a promoção de interação e comunicação social.
 
No início do ano de 2006 criamos o projeto Vamos Fazer Arte e iniciamos aulas de teoria musical com o objetivo de formar um grupo de flauta doce. Surgiu então o grupo Doce Melodia. No ano de 2008 foi incorporado violão ao grupo de flauta.
 
No ano de 2009 foi criada a Associação Arte em Pauta, que dá suporte ao projeto através dos cursos: violão clássico e popular, bateria e percussão, prática instrumental, arranjo musical para grupos de sopro e editoração computadorizada de partituras que são ministrados por voluntários.
 
Em março de 2009 iniciamos aulas de prática instrumental com o objetivo de formar uma filarmônica de sopros. Em outubro de 2009 formamos a Filarmônica Estrelas da Serra, que teve o seu nome escolhido através de votação pela internet no endereço: provarte.blogspot.com, onde mostramos o nosso trabalho. A filarmônica realizou sua primeira apresentação no dia 18 de outubro de 2009 na II Conferência Municipal de Cultura de Croatá.
 
Motivar e criar condições para a juventude, para que possa ter mais esperança e se integre de forma igualitária na sociedade. Incluir o jovem sócio e culturalmente para que ele cresça como pessoa e como cidadão. Estes são os nossos desafios.
 
O jovem precisa ter o que fazer nas horas livres, e projetos assim, sejam eles de qualquer segmento, geram condições que evitam que muitos escolham o mundo das drogas e de outros crimes. Se fizermos isso, com certeza teremos um mundo melhor para todos nós.
 
Participam da filarmônica alunos da rede pública de ensino com idade entre de 8 a 18 anos que estejam devidamente matriculados e freqüentando a escola, sendo este o pré-requisito mais importante.
 
A Filarmônica Estrelas da Serra composta por 35 integrantes. Executa um repertório variado que vai da música popular ao erudito, atraindo tanto o publico jovem quanto o adulto. Apesar do pouco tempo de existência, a filarmônica já apresentou seu trabalho em vários municípios da região norte e também na capital, tornando-se referência musical em sua região e recebendo grande prestigio com divulgação em jornais impressos e TV.
 
Os instrumentos foram adquiridos com recursos do Ministério da Cultura no ano de 2008 e outros doados pela Secretaria Estadual de Cultura (Secult) e pela Prefeitura Municipal de Croatá através do Conselho Municipal de Desenvolvimento Sustentável de Croatá (CMDS).
 
Como reconhecimento do trabalho realizado com sucesso em apresentações da Filarmônica, tanto no interior quanto na capital, a Associação Arte em Pauta conta com a parceria da Prefeitura Municipal de Croatá. Administração Croatá Cada Vez Melhor e o patrocínio da maior empresa de transporte rodoviário do ceará e do nordeste, a empresa Expresso Guanabara S/A - Satisfação em todos os sentidos.
 
A Filarmônica Estrelas da Serra segue seu caminho em busca do crescimento e do desenvolvimento da cultura musical do município de Croatá, valorizando-a e criando oportunidades para jovens aprenderem uma arte que lhes servirá para toda a vida.