Seguidores

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

DELFINA VITAL DOS SANTOS, SEGUNDA FILHA DO CANGACEIRO TEMPESTADE...

Por Guilherme Machado

UMA MULHER DE FIBRA E HERDEIRA DE GRANDE HONESTIDADE, TRAJADA DE CANGACEIRA EM UMA HOMENAGEM AO SEU SAUDOSO PAI.

Tia Delfina Vital dos Santos é filha mais nova do cangaceiro Tempestade. 

O cangaceiro Tempestade

Delfina mulher guerreira mãe de família aguerrida dedicada e muito honesta. Mãe de sete filhos, viúva por consequência do acaso, uma mãe para a quem a conhece, alegre e espontânea 24 horas de sua vida. 

Tia Delfina trabalhou quase que toda a sua juventude, com um só pensamento, educar e o bem criar a filhos e netos. Delfina, mãe, avó, tia e amiga para todas as horas. A bênção a tia Delfina. Tia Delfina Vital dos Santos.

http://portaldocangaco.blogspot.com.br/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

CONVITE


O Instituto Cultural do Oeste Potiguar - ICOP tem a honra de convidar para sessão solene em comemoração aos 70 anos do Prof. Dr. Benedito Vasconcelos Mendes e posse dos novos sócios:


Antônio Clóvis Vieira
Antônio Marcos de Oliveira
Edilson Gonzaga de Souza Junior
Francisca de Fátima Araújo Oliveira
Francisco Honório de Medeiros Filho
Gualter Alencar do Couto
José Wellington Barreto
Josilene Morais Monteiro
Manoel Onofre Junior
Thiago Jefferson dos Santos Galdino.

Na mesma ocasião, ocorrerá os lançamentos dos livros:

Culinária Sertaneja de Benedito Vasconcelos Mendes

Benedito Vasconcelos Mendes: Um projeto... Vários Desafios de Susana Goretti Lima Leite e Dra. Taniamá Vieira da Silva Barreto.

Dia 29 de agosto de 2015, sábado, 19:00 h.
Local: Câmara Municipal de Mossoró
Rua Idalino de Oliveira, Centro, Mossoró-RN

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

A VOLTA DO REI DO CANGAÇO

Descrição do anúncio

O LIVRO: São 312 páginas produzido de maneira independente pelo autor.

Rodado na Gráfica Impressione de Garanhuns, Pernambuco.

O romance ?A Volta do Rei do Cangaço,? de Junior Almeida, mantém vivo o mito de Lampião.

Neste livro de sabor regional o mais famoso cangaceiro nordestino não foi morto pela polícia em Sergipe, em 1938. Alguém foi assassinado em seu lugar mas prevaleceu a versão das ?volantes? e do governo.

Lampião, na verdade, foi atingido por uma espécie de maldição e ainda está vivo, sem nem ao menos envelhecer. Já morou em vários lugares do Nordeste e usou diversos nomes. Atualmente usa o nome de Luiz Ribeiro, é coronel da Polícia Militar de Pernambuco e mora num recanto escondido no município de Capoeiras, no Agreste do Estado.

O romance faz uma viagem ao passado, relembrando os tempos do cangaço e da violência, tanto por parte dos bandoleiros como da polícia. No presente, Virgulino Ferreira, com outro nome interage com militares de alta patente e até com o governador do Estado.

Um historiador,  obcecado pela vida misteriosa dos cangaceiros, desconfia que Lampião não morreu em Angicos  e começa a fazer investigações por conta própria, enfrentando a descrença de muitos e os perigos dessa busca pela verdade.

?A Volta do Rei do Cangaço? retrata o interior das pequenas cidades do Nordeste, mostra as ligações de Lampião com o padre Cícero Romão e nos apresenta o cangaceiro como uma espécie de justiceiro, capaz ainda hoje de recorrer a violência quando é preciso enfrentar uma desfeita ou punir algum bandido.

Um livro que vai dar o que falar.

Clique no link abaixo e peça o seu.

http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-638907377-a-volta-do-rei-do-cangaco-_JM

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

ANTONIO VITAL DO SANTOS... O POPULAR SERRA NEGRA, O PATRIARCA DO CLÃ DOS VITAL. ÚLTIMO FILHO HOMEM DO CANGACEIRO TEMPESTADE


TRAJADO DE CANGACEIRO EM UMA HOMENAGEM AO SEU SAUDOSO PAI, O CANGACEIRO TEMPESTADE.


Antônio Vital dos Santos, o popular Serra Negra. Filho do Saudoso Cangaceiro Tempestade. 

http://portaldocangaco.blogspot.com.br

Um herói nos dias de hoje, um homem de qualidade e honestidade indiscutível, pai de dez filhos avô de dezoito netos e três bisnetos, minhas honrarias e respeito ao meu sogro Serra Negra...!!!

http://portaldocangaco.blogspot.com.br

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

FRAGMENTO DO DOCUMENTÁRIO DA BBC - LUIZ GONZAGA & JACKSON DO PANDEIRO

https://www.youtube.com/watch?v=noTQFhAXgL8

Esse aqui é para todo mundo ter uma noção da dimensão e da importância de Luiz Gonzaga na música brasileira. Esse é o trecho de um documentário feito pela BBC. Mesmo para quem não entende inglês, dá para assistir ao vídeo tranquilamente. 

A locutora fala sobre a revolução musical que Gonzaga fez ao trazer o baião para o Brasil e adaptar para o Nordeste, fala também sobre como ele ficou famoso no início da carreira.

Paulo André Pires (produtor musical) falou sobre o Forró. Em inglês ele explica que o forró representa o Brasil, internamente, de uma forma bem maior que o samba, mas que fora do país o marketing sempre foi favorável ao ritmo do carnaval. De acordo com ele, o forró representa mais o "verdadeiro povo do Brasil".

A locutora da BBC também falou sobre temas das músicas de Gonzaga, como a saída dos nordestinos de sua região para ir para o Sudeste. Vale muito a pena assistir.

Fonte: facebook
página: Aldeir Carlos Silva

http://blogdomendesemendes.blogspot.com
http://jmpminhasimpleshistorias.blogspot.com
http://sednemmendes.blogspot.com
http://mendespereira.blogspot.com

"LAMPIÃO - O CANGAÇO E SEUS SEGREDOS"

Por Sabino Bassetti

O mais novo lançamento do espetacular pesquisador e escritor SABINO BASSETTI

IMPERDÍVEL !!!

Faça seu pedido diretamente com o autor, através do e-mail:
sabinobassetti@hotmail.com

R$ 40,00 (Quarenta reais)

com frete já incluído, e será enviado devidamente autografado pelo autor, para qualquer lugar do país.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

DEPOIMENTOS


"O HOME PRA PRENDÊ ELLE AINDA NÃO NASCEU AINDA. PODE NASCÊ OU JÁ NASCEU PRA JUNTÁ OS PEDAÇOS DELLE, PORQUE ELLE SE ESBAGAÇA E NÃO VAE PRESO".

Izaias Vieira "Zabelê I" falando sobre Lampião, seu antigo chefe, logo após sua prisão ocorrida no ano de 1928.

Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)

Fonte: facebook

Informação do blog ao leitor: 

Este Zabelê não é o tio do escritor e pesquisador do cangaço Alcino Alves Costa, que tinha como nome de batismo Manoel Marques da Silva, mais tarde apelidado como Zabelê no bando de Lampião. Ele era filho único de Antônio Marques da Silva e Maria Madalena de Santana, a Mãe Véia. Suas irmãs, em número de oito, eram Emeliana, Conceição, Osana, Isabel, Rosinha, Mãezinha, Mariquinha e Cordélia.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

CORISCO A SOMBRA DE LAMPIÃO


A venda será realizada com exclusividade pelo amigo Francisco Pereira, da cidade paraibana de Cajazeiras, pelo valor de R$ 50,00 (com frete incluso). 
Os pedidos poderão ser feitos através do email- franpelima@bol.com.br
ou o telefone 83 – 9911 8286.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O MAIS NOVO LIVRO DO ESCRITOR GILMAR TEIXEIRA - "PIRANHAS NO TEMPO DO CANGAÇO"


Dia 27 de julho de 2015, acontecerá na cidade de Piranhas, no Estado de Alagoas, no "CARIRI CANGAÇO PIRANHAS 2015", o lançamento do mais novo livro do escritor e pesquisador do cangaço Gilmar Teixeira, com o título: "PIRANHAS NO TEMPO DO CANGAÇO". Nós que administramos este evento Cariri Cangaço Piranhas 2015, aguardamos a sua presença. 

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O CANGACEIRO BARREIRA E O SEU SANGRENTO SALVO CONDUTO

Por Rostand Medeiros

Como Uma Atitude Nefasta e Uma Foto Impactante Marcaram a Vida de Um Cangaceiro Que Buscou a Regeneração

Barreira e a cabeça de Atividade, 5 de setembro de 1938, propriedade Santo Antônio, Pão de Açúcar, Alagoas

Recentemente eu tive a grata oportunidade, proporcionada pelo pesquisador Ivanildo Silveira, de participar de mais um encontro de pesquisadores e escritores do tema do Cangaço, desta vez realizado na bela cidade alagoana de Piranhas.


Em meio a encontros amistosos (e outros mais protocolares), em meio a ótimas palestras (e outras verdadeiramente sorumbáticas), eu conheci o livro Fim do Cangaço: As Entregas, do escritor e pesquisador Luiz Ruben de F. de A. Bonfim, baiano da cidade de Paulo Afonso[1].

Não conheço toda a eclética obra de doze livros publicados por este autor, que possui um foco maior no cangaço. Mas o trabalho de Luiz Ruben também tem obras com temas ligados a ferrovias, livro de poesias, sobre a história de sua região e até mesmo um trabalho, ainda no prelo, que trata do alcance da Guerra Civil dos Estados Unidos na Bahia.

Mas em relação ao seu Fim do Cangaço: As Entregas, este livro foi para mim uma grata surpresa, onde temos a reprodução de documentos e reportagens oriundos dos arquivos, de jornais, de instituições militares e de revistas de alcance nacional. Um rico material, muito útil para os pesquisadores do cangaço e aqueles que desejam conhecer mais sobre a história das lutas no Nordeste.


Autor Luiz Ruben – Fonte – cariricangaco.blogspot.com

Li o livro praticamente de um folego só e fiquei muito satisfeito.

Já no primeiro capítulo Luiz Ruben reproduz uma reportagem do periódico “Jornal de Alagoas”, edição de sexta-feira, 9 de setembro de 1938 e intitulada “Bandido mata bandido”. Aí me lembrei de um pequeno artigo jornalístico da década de 1980, que me foi presentado pelo amigo Paulo Moreira, potiguar que há muitos anos vive no Rio de Janeiro.

O relato de 1938 é sobre o cangaceiro Barreira, um antigo bandoleiro dos sertões que para deixar este, como dizia o professor Estácio de Lima, “Estranho Mundo dos Cangaceiros”, levou como salvo-conduto a cabeça de um companheiro. Junto com sua horrenda atitude ficou para história uma impactante foto que mostra vários aspectos de um momento de muita violência no Nordeste do Brasil.

Macabro Salvo-Conduto

Em uma segunda-feira, dia 5 de setembro, dia de feira livre na cidade alagoana de Pão de Açúcar, as margens do Rio São Francisco, logo começou a correr a notícia que em uma propriedade distante cerca de 36 quilômetros havia um cangaceiro desejando entregar-se as autoridades[2].

Antiga foto da cidade de Pão de Açúcar, vendo a Matriz do Sagrado Coração de Jesus – Fonte – sertao24horas.com.br

Prontamente o tenente José Tenório Cavalcanti, a maior autoridade policial presente, preparou um grupo de policiais para seguir ao encontro deste cangaceiro na propriedade Santo Antônio[3]. Aparentemente esta gleba era localizada próxima a uma área denominada Caboclo[4].

Mapa de Alagoas, com destaque para a região dos acontecimentos

Quando lá chegaram os policiais encontraram um jovem com a tradicional roupa de cangaceiro, com cerca de 20 anos de idade, boa aparência, muito calmo, tranquilo, que trazia consigo um rifle Winchester e a cabeça decapitada de um homem de tez clara, igualmente jovem, bastante cabeludo e que havia sido morto horas antes.

Ele se apresentou como sendo o cangaceiro Barreira e a cabeça era a do cangaceiro Atividade, seu companheiro no grupo que tinha como chefe o cangaceiro alcunhado como Português. Comentou que seu nome era João Correia dos Santos, sendo filho de Manoel e Maria Correia e era natural da região, do lugar Furna[5].

Barreira depois de detido – Coleção do autor

Logo alguém, que não sei quem foi, sacou de uma máquina fotográfica e clicou o macabro salvo-conduto. Provavelmente o cenário deste instantâneo foi de alguma maneira produzido e esta é sem dúvida uma das fotos mais marcantes do período do cangaço.

Logo o jovem cangaceiro e a cabeça de Atividade foram levados para Pão de Açúcar, onde chamaram muita atenção da população local. Depois seguiram para a cidade de Santana do Ipanema, a cerca de 50 quilômetros de distância, onde um repórter do “Jornal de Alagoas” ouviu Barreira.

Lampião, Maria Bonita e parte do seu bando na escadaria da Prefeitura de Piranhas, Alagoas, 1938

O fora da lei comentou que a cerca de um ano vivia em contato com os cangaceiros do grupo de Português, sendo inicialmente convidado a seguir pelas veredas do sertão de arma na mão. Mas o jovem recusou o quanto pode, até que foi ameaçado de morte pelo chefe se não fizesse parte do bando.

Já sobre a ideia de entregar-se a polícia e usar a cabeça de Atividade como uma espécie de salvo-conduto junto às autoridades, provavelmente surgiu após Barreira ver algumas das muitas reproduções da famosa foto com as cabeças cortadas de Lampião, Maria Bonita e nove outros integrantes do bando e expostas um mês e uma semana antes na escadaria do prédio da prefeitura da cidade de Piranhas. Talvez tenha imaginado que se fizesse igual aos policiais, poderia ser mais bem aceito por estes.

Coronel José Lucena de Albuquerque Maranhão – Fonte –http://www.pm.al.gov.br

Seu pai inclusive havia entrado em entendimento com o tenente José Tenório e o então todo poderoso coronel José Lucena de Albuquerque Maranhão, maior inimigo conhecido do cangaceiro Lampião e comandante do 2º Batalhão da Polícia Militar de Alagoas, sediado na cidade de Santana do Ipanema. O coronel Lucena comentou ao velho Manoel Correia que seu filho não sofreria problemas, desde que auxiliasse as forças volantes no combate aos cangaceiros. Barreira então aguardou uma oportunidade de sair fora daquela vida de arma na mão.

Corisco

Percebemos igualmente no relato de Barreira ao jornalista que para ele, após as mortes na Grota do Angico, o desbaratamento dos grupos de cangaceiros era eminente e isso foi relevante para sua decisão. Além disso o conhecido chefe Corisco teria “fracassado terrivelmente” (talvez em uma provável rearticulação dos bandos) e estava “bebendo muito”. Quanto a Português, seu ex-chefe, Barreira o considerou “covardíssimo”, que “fugia das lutas” e apenas enviava seus cangaceiros em “missões” de extorsão e punição a fazendeiros da região que não lhes dava dinheiro.

E foi numa dessas “missões” que Barreira colocou seu plano de sair do cangaço em funcionamento[6].

Negociando Com Uma Cabeça

Ele, Atividade e o irmão deste, alcunhado Velocidade, seguiram na madrugada do dia 5 de setembro para o povoado de Belo Horizonte, próximo a propriedade Santo Antônio. O trio de cangaceiros era comandado por Atividade e tinham como missão incendiar uma casa no povoado, cujo proprietário era Elísio Maia. Porém Atividade ordenou a Barreira algo muito impactante e muito controverso – o jovem cangaceiro teria de “matar o seu próprio irmão e um seu tio, que lá moravam”[7].


Segundo o relato de Barreira ao jornalista do periódico “Jornal de Alagoas”, sem especificar como, este começou a “azucrinar” propositadamente a paciência do cangaceiro Atividade para evitar cumprir esta função. Na sequência, ao passarem próximo a um riacho, Atividade ordenou a Barreira que fosse buscar água para os cantis e teve início uma nova discussão. Nisso, a fim de evitar problemas, Velocidade se prontificou a fazer a tarefa, descendo por uma rampa até o riacho.

Era a oportunidade que Barreira queria e sem titubear este desfechou um tiro de rifle nas costas de Atividade!

Velocidade voltou rapidamente para socorrer o irmão e Barreira passou a descarregar vários balaços na direção deste. Ao jornalista do periódico alagoano Barreira afirmou que atingiu e matou Velocidade com seus tiros, o que é uma mentira, pois este cangaceiro foi capturado meses depois.

Cangaceiro Atividade – Fonte –http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/

Após isso Barreira chegou próximo de Atividade, que segundo o seu algoz ainda estava vivo, e com um facão decepou-lhe a cabeça[8].

Queria Ser Policial, Mas Ficou na Cadeia… 

A história da decapitação de Atividade foi publicada em pequenas notas em alguns jornais do Rio de Janeiro e de outras capitais do Brasil. Não encontrei registros que a terrível fotografia circulou na imprensa.

 Jornal A República, Natal, edição de 12 de setembro de 1938

Pouco tempo após a detenção de Barreira outros cangaceiros foram se entregando as autoridades, como o grupo do cangaceiro Pancada. Além deste chefe faziam parte do bando sua mulher Maria Jovina (ou Maria de Pancada), Cobra Verde, Peitica, Vinte e Cinco, Vila Nova e Santa Cruz. Todos foram levados para o quartel de Santana de Ipanema, onde Barreira se encontrava.

Entrega do grupo do cangaceiro Pancada – Fonte – cariricangaco.blogspot.com

Apesar do crime hediondo praticado por Barreira, que poderia ocasionar retaliação por parte dos outros cangaceiros, nada aconteceu. Acredito que os cangaceiros estavam mais preocupados com os seus incertos destinos naquele momento.

Sob as ordens do coronel Lucena havia uma atmosfera positiva no quartel e uma relação entre cangaceiros e seus antigos perseguidores que pode ser considerada como amistosa. Até porque os policiais precisavam da ajuda dos cangaceiros detidos para prender os que ainda se encontravam soltos, principalmente Corisco[9].
  
 Atual fachada do antigo quartel de Santana de Ipanema onde ficaram detidos os cangaceiros. Depois foi o Ginásio Santana, atual Colégio Cenesista

Em novembro este grupo de cangaceiros estive em Maceió, a capital alagoana. Ali foram alvos de extrema curiosidade pública, tomaram banho de mar, realizaram compras no comércio acompanhados dos soldados e pagaram regiamente o que adquiriram. Os antigos cangaceiros estavam felizes e muitos comentavam aos jornalistas que desejavam ser policiais e não queriam mais ser chamados pelos seus antigos “nomes de guerra”[10].

Em pé: Barreira, Santa Cruz, Vila Nova , Peitica. sentados: Pancada, Vinte e cinco e Cobra Verde – Fonte –http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2009/08/o-periodo-das-entregas.html

O jornal carioca “A Noite”, na sua edição de segunda-feira, 14 de novembro de 1938, página 8, trás uma interessante reportagem sobre estes cangaceiros em Maceió. Os membros do antigo grupo de Pancada, além de Barreira, tiveram oportunidade de narrar um pouco de suas vidas antes e durante o período como cangaceiros.

João Correia dos Santos, o Barreira, então com apenas vinte anos de idade, era o mais novo dos bandidos. Nesta nova entrevista não negou que matou Atividade, não escondeu os motivos e nem que o decapitou. Mas acrescentou que era sempre “insultado” por ele. Daí em diante nesta entrevista, Barreira começou a mudar os relatos sobre sua vida pregressa.

Ele já não vinha mais do lugar Furnas, mas havia sido “vaqueiro do fazendeiro João Lessa, da cidade de Propriá” (quase 90 quilômetros de Pão de Açúcar). Já não havia entrado no grupo de Português obrigado, mas por vingança. Informou que passou apenas seis meses no cangaço e soltou a pérola que durante os combates “tinha vontade de passar para o outro lado, mas tinha medo de ser assassinado”. Finalizou que estava feliz, desejava ser policial e caçar seus antigos companheiros!

Barreira

Se assim desejava aparentemente ficou só na vontade, pois tudo indica que a polícia alagoana dispensou seus serviços como “caçador de cangaceiros”. Além disso, se Barreira imaginava que conseguiria amenizar alguma condenação trazendo a cabeça do cangaceiro Atividade para os policiais, isso funcionou em parte, pois ele ficou atrás das grades por quatro anos e seis meses.

Liberdade

Em uma entrevista realizada em 2012, concedida ao jornalista Antônio Sapucaia, do jornal “Gazeta de Alagoas”, o funcionário público aposentado José Alves de Matos, o antigo cangaceiro Vinte e Cinco, comentou que após passar mais de quatro anos na Penitenciária do Estado, em Maceió, gozava de certo privilégio naquele ambiente, a ponto de tornar-se o “chaveiro” da prisão.

O cangaceiro Vinte e Cinco no destaque – Fonte –http://lampiaoaceso.blogspot.com.br

Certa vez, provavelmente no segundo semestre de 1942, Vinte e Cinco recebeu a visita do Promotor Público Rodriguez de Melo, o qual ao se inteirar da situação dos ex-cangaceiros afirmou que nada poderia fazer em favor deles, a não ser que surgisse um milagre e o fato chegasse ao conhecimento do então Presidente da República, Getúlio Vargas, haja vista que todos estavam presos sem nenhum processo formalizado, à disposição do Governo do Estado.

Utilizando-se da confiança de que desfrutava, Vinte e Cinco recorreu ao engenheiro Ernesto Bueno, que estava preso por crime de homicídio contra um cidadão de Coruripe, pedindo-lhe que, em seu nome, escrevesse uma carta a Getúlio Vargas expondo a situação vexatória em que se encontravam. Seu pedido foi atendido e, usando de uma manobra habilidosa, apelou para uma mulher de nome Maria Madalena, que era encarregada de vender os produtos de artesanato que os presos fabricavam na prisão, a qual escondeu a carta no seio e depois a postou nos correios.

Segundo relata Vinte e Cinco, o Presidente Vargas, depois de manter contato com o Interventor alagoano Ismar de Góes Monteiro e com o Dr. José Romão de Castro, diretor da penitenciária, baixou um ato e pediu-lhes que os colocassem em liberdade, conseguissem empregos para todos, objetivando evitar o retorno deles à vida nômade e violenta no Sertão[11].

Cangaceiro Pancada na cadeia – Fonte – fotonahistoria.blogspot.com

Mas na reportagem do jornal carioca “O Globo”, edição de quinta-feira, 7 de janeiro de 1943, existe uma outra versão.

Nela o diretor da penitenciária, Dr. José Romão de Castro, informa que encaminhou para Alexandre Marcondes Machado Filho, então Ministro da Justiça e dos Negócios Interiores, através do Interventor Ismar de Góes Monteiro, uma exposição do aspecto jurídico e social da prisão, onde apresentou em linhas gerais o seu pensamento a respeito daqueles ex-cangaceiros, que se mostravam extremamente trabalhadores, obedientes e alguns muito estudiosos. Dos dez remanescentes, sete haviam se alfabetizado com o professor Manoel de Almeida Leite, dentre estes Barreira. Mérito dele!

Vale a leitura dos argumentos apresentados pelo Dr. José Romão de Castro para a soltura daqueles antigos combatentes das caatingas:

“Pois eles não podem ser encerrados como verdadeiros delinquentes uma vez que não havia entre eles e a sociedade aquilo que se chama semelhança social, harmonia de compreensão de deveres. Para eles, a figura de Lampião não era somente de chefe, a quem obedeciam, mas, sobretudo representava um princípio de autoridade, e, em torno de certas determinações, eles sentiam a última extensão da influência do poder público. Logo, penso que podem regressar ao meio social os últimos homens do grupo de Lampião, embora vigiados e sendo dado a cada um profissão certa.”

Seja pela carta enviada por Vinte Cinco, seja pelo parecer do Dr. José Romão de Castro, o certo é que no dia 10 de fevereiro de 1943, ao meio-dia, em meio a uma solenidade presidida pelo Dr. Ari Pitombo, Secretário do Interior, Educação e Saúde de Alagoas, os antigos cangaceiros foram libertados.

Barreira foi um dos que foram empregados pelo poder público de Alagoas e não perdeu a oportunidade oferecida[12].

Marcado Para Sempre

Vamos reencontrar este controverso ex-cangaceiro em uma reportagem de 1982 e em um momento muito festivo. Presentado pelo amigo Paulo Moreira, esta reportagem mostra que depois de quase 40 anos de trabalho como funcionário público estadual, lotado na Secretária da Fazenda do Estado de Alagoas, João Correia dos Santos se aposentava.

Gazeta de Alagoas, 7 de maio de 1982 – Fonte – Paulo Moreira

Neste período o antigo Barreira estava com 64 anos, era casado e pai de cinco filhos. Consta que sua passagem como funcionário público foi bastante positiva, a ponto dele ser considerado o “Funcionário Modelo do Estado” do ano de 1976 e receber um prêmio e um diploma das mãos de Divaldo Suruagy, então Governador de Alagoas.

Ainda nesta reportagem de 1982, o velho Barreira falou em tom bastante crítico sobre a minissérie da TV Globo “Lampião e Maria Bonita”, um grande sucesso na época. Para ele a obra televisiva “Nada tinha a ver com a história real”[13]. Que a protagonista de Maria Bonita na minissérie, a ótima atriz Tânia Alves, não era “branca o suficiente e os dedos da original eram mais curtos”.

João Correia dos Santos , o Barreira – Fonte –http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/

Mas concordava que a Maria Bonita real, tanto quanto o personagem apresentado na minissérie, tinha influência sobre Lampião. Outra concordância estava no fato de que realmente Corisco recusou-se a se “amoitar” com Lampião na Grota do Angico. Barreira ainda discorreu sobre vários outros aspectos relativos ao local do derradeiro combate do chefe cangaceiro e de como seu desparecimento contribuiu para o fim do cangaço, principalmente diante das perdas dos contatos dos fornecedores de armas e munições[14].


Nesta reportagem Barreira pouco comentou especificamente sobre seu período como cangaceiro e nada sobre a morte de Atividade. Aquele degolamento e a triste foto daquele ato era um passado que não valia a pena recordar.

Igualmente não sabemos quando Barreira faleceu, mas sua passagem em relação a história do cangaço está firmemente associada à fotografia do degolamento de Atividade. Para a grande maioria dos pesquisadores do cangaço a figura de Barreira praticamente se centraliza apenas em seu ato covarde.

NOTAS
[1] Para aqueles que desejarem adquirir este livro entrem em contato com Luiz Ruben pelo telefone 75 – 3281 – 5080, ou pelo email – luiz.ruben54@gmail.com
[2] Pesquisadores apontam a data deste acontecimento como sendo em 5 de julho de 1938, o que acreditamos ser um equívoco.
[3] O periódico “Jornal de Alagoas”, edição de sexta-feira, 9 de setembro de 1938, apresenta o oficial José Tenório Cavalcanti com a patente de tenente. Mas o periódico “Diário de Pernambuco”, edição de 4 de agosto de 1938, quarta-feira, apresenta o oficial com a patente de capitão. Ficamos devendo a exatidão da informação neste detalhe e seguimos o pensamento do autor Luiz Ruben.
[4]Ás margens da asfaltada estrada AL-220 existe um distrito da cidade de São José da Tapera denominado Caboclo, mas não sabemos se é a mesma localidade dos fatos de 1938. São José da Tapera se emancipou de Pão de Açúcar em dezembro de 1957. Ver –http://ibge.gov.br/cidadesat/painel/historico.php?codmun=270840&search=alagoas%7Csao-jose-da-tapera%7Cinfograficos:-historico&lang=
[5]No passado existia nesta região uma propriedade denominada Furna da Onça. Não sabemos se é o mesmo local, mas na atualidade existe na zona rural de Pão de Açúcar uma comunidade denominada Furnas, ou Furnas de Cima, localizada a cerca de 40 quilômetros da sede do município. Ver – http://www.paodeacucar.al.gov.br/?p=1692
[6] Ver BONFIM, Luiz Ruben F. de A. Fim do Cangaço: As Entregas. Paulo Afonso-BA: Edição do autor, 2015. Págs. 19.
[7] Na atualidade encontramos referência em Pão de Açúcar a uma propriedade rural denominada Belo Horizonte, mas não a um povoado. Ver – http://www.paodeacucar.al.gov.br/?p=3222
[8] Os irmãos Atividade e Velocidade eram nascidos na zona rural de Pão de Açúcar, sendo conhecidos na “vida civil” como Manoel e Pedro Pau Ferro. Integrantes da família destes rapazes já militavam nas fileiras do Cangaço quando eles iniciaram suas atividades no bando de Corisco. Existe a informação que Atividade era exímio castrador de homens, função que exercia com a maior presteza, eficiência e naturalidade, onde propalava que perdeu as contas das vítimas do seu horrendo oficio. Já Velocidade sobreviveu aos pretensos tiros disparados por Barreira. Segundo reportagem publicada no “Jornal de Alagoas”, em sua edição de 17 de dezembro de 1938, ele foi preso na fazenda Boa Vista, em Pão de Açúcar, pelo tenente José Joaquim Grande e sua volante, ajudados pelo ex-cangaceiro Pancada. Existe inclusive um interessante foto com o tenente Joaquim Grande, Velocidade, Pancada e outro militar. Os cangaceiros Atividade e Velocidade podem ser oriundos de uma propriedade denominada Pau Ferro, em Pão de Açúcar, que foi de João Vieira Damasceno em 1923. Sobre o cangaceiro Atividade e sua função de castrador ver –http://blogsolvermelho.blogspot.com.br/2012/09/manoel-pau-ferro-o-cangaceiro-capador.html
Sobre a notícia da prisão de Velocidade ver BONFIM, Luiz Ruben F. de A. Fim do Cangaço: As Entregas. Paulo Afonso-BA: Edição do autor, 2015. Págs. 53 a 55.
Sobre a foto do tenente Joaquim Grande, Velocidade, Pancada e outro militar ver ALBUQUERQUE, Ricardo (org). Iconografia do Cangaço. São Paulo-SP: Editora Terceiro Nome, 2012. Pág. 183.
Sobre a propriedade Pau Ferro ver Relação dos Proprietários dos Estabelecimentos Ruraes Resenceados, Directoria Geral de Estatística. Rio de Janeiro-RJ: Typografia da Estatística, 1923. Pág. 84.
[9] O local do antigo quartel que recolheu os cangaceiros, entre eles Barreira, se transformou depois no Ginásio Ipanema e é atualmente o Colégio Cenecista Santana. Ver –http://www.maltanet.com.br/noticias/noticia.php?id=4265
[10] Ver BONFIM, Luiz Ruben F. de A. Fim do Cangaço: As Entregas. Paulo Afonso-BA: Edição do autor, 2015. Págs. 43 a 50.
[12] Ver BONFIM, Luiz Ruben F. de A. Fim do Cangaço: As Entregas. Paulo Afonso-BA: Edição do autor, 2015. Págs. 198 a 207.
[13] Primeira minissérie da TV Globo, “Lampião e Maria Bonita” foi exibida originalmente em 1982. Com os atores Nelson Xavier e Tânia Alves nos papéis principais, a trama contou como foram os últimos meses de vida do rei do cangaço. Com cenas gravadas no sertão nordestino, nos mesmos locais por onde andou Lampião, a minissérie ganhou prêmios internacionais e marcou a teledramaturgia da TV Globo. Ver –http://memoriaglobo.globo.com/programas/entretenimento/minisseries/lampiao-e-maria-bonita.htm
[14] Consta que Barreira deu uma entrevista para uma revista alagoana em setembro de 1984, onde nada falou sobre o caso de Atividade. Ver BONFIM, Luiz Ruben F. de A. Fim do Cangaço: As Entregas. Paulo Afonso-BA: Edição do autor, 2015. Págs. 233 a 235. Existe a informação que no ano de 1990, por uma semana, o pesquisador Frederico Pernambucano de Mello recebeu o ex-cangaceiro Barreira em sua casa no Recife, onde este estudioso realizou entrevistas com o antigo celerado. Verhttp://lentescangaceiras.blogspot.com.br/2010/11/resposta-alcino.html

Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros

http://tokdehistoria.com.br/2015/08/04/o-cangaceiro-barreira-e-o-seu-sangrento-salvo-conduto/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com