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domingo, 13 de maio de 2018

A MORTE DE ZÉ RUFINO | O CANGAÇO NA LITERATURA #91

https://www.youtube.com/watch?v=bGbVaYJTx2k&t=5s

Publicado em 24 de out de 2017

Zé Rufino ou Zé de Dona Rufina morreu de forma curiosa, exatamente no dia do seu aniversário. Fomos investigar e encontramos perguntas e respostas neste que é o primeiro dentre três programas interligados.

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CANGACEIRO RIO BRANCO | O CANGAÇO NA LITERATURA #130

https://www.youtube.com/watch?v=2BBfLCOwqbI

O Cangaço na Literatura
Publicado em 8 de fev de 2018

Sabiam que o cangaceiro Rio Branco estava com Corisco quando este foi metralhado em Barra do Mendes? Vamos debater um pouco sobre ele? Um grande abraço e bom programa!
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A Morte de Jurity | O CANGAÇO NA LITERATURA #70

https://www.youtube.com/watch?v=k9n9Y-I8isg

Publicado em 29 de ago de 2017
O programa mais pedido deste primeiro ano foi A Morte de Jurity, então, está aí para vocês. Novo Perfil do Apresentador no Facebook https://www.facebook.com/roberiosantosII

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TODAS AS MÃES DO MUNDO

*Rangel Alves da Costa

Dia das Mães. Ou dia de todas as mães, vivas e presentes ou ausentes pela partida. Mães separadas de seus filhos pelas circunstâncias da vida ou mães que não faz muito tempo se foram em lágrimas ainda choradas. Mães que não são apenas aquelas que gestaram filhos, que os trouxeram ao mundo entre choros e alegrias, mas que desde a primeira semente cativaram e cultivaram os seus como a boa terra com seu grão.
Mães que sofreram as dores e as aflições da gravidez e jamais desapartaram de seus ventres os filhos mesmos nascidos e já crescidos. Mães de cuidados, de cuidadosos banhos e fraldas quentinhas, de loções e lavandas, de pós e infindáveis carinhos. Mães de ninar, mães de cantar, mães de acordar no meio da noite diante de qualquer ruído ouvido. Mães aflitas pelo choro pequenino, pelo corpo febril, pela enfermidade de seu filhinho.
Mães do esmero na papinha, no mingau, no leito materno colocado na boquinha como primeiro alimento. Mãe pobre e desesperada, de berço de bambu, de esteira, de molambo, mas sempre mãe. Mãe que sente todo o seu filho dentro de si. Mas que não desaparta um só instante para que não sinta preocupação e saudade. Mãe que tanto se orgulha em ver seu filho tomado banho, perfumado, arrumado e fotografado para a posteridade.
Mãe que ansiosamente aguarda o primeiro aniversário de seu filho. Sempre aquela mulher orgulhosa de sua cria. Mãe que silenciosamente chora por ter tão pouco a dar àquele que merece sempre mais para crescer saudável. Mãe que muitas vezes não tem leite nem farinha, não tem fralda nem remédio, não tem qualquer coisa que minimize a pobreza, mas que se reinventa na sua força materna para que seu filho sempre adormeça sem o choro da barriga vazia.
Mãe que se eterniza como mãe, em amor infinito enquanto durar. E que sofre toda vez que o filho já crescido abre a porta para sair, que se atormenta esperando seu retorno, que em preces e orações pede que Deus sempre proteja o seu. E que só dorme depois da certeza que o seu filho retornou em paz. E que tantas vezes se vê diante dos inesperados da vida e por isso sofre todas as dores de mãe.
Assim uma mãe, desde a gestação ao nascimento, num mundo entremeado de alegrias e sofrimentos, mas nada que lhe seja mais importante que o orgulho de mãe. Um orgulho bom que se faz perfaz em amor tamanho que nada da vida pode superar a grandeza de tal sentimento. Por isso mesmo que ela continua tão presente depois da ausência da terrena. Eis que toda mãe é imortal: nenhuma morte jamais conseguiu levar total uma mãe. Ela sempre está ao lado do seu.


Drummond, nosso poeta maior, assim resumiu essa eternidade de mãe no poema Para Sempre:

“Por que Deus permite
Que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite
É tempo sem hora
Luz que não apaga
Quando sopra o vento
E a chuva desaba
veludo escondido
Na pele enrugada
Água pura, ar puro
Puro pensamento
Morrer acontece
Como o que é breve e passa
Sem deixar vestígio
Mãe, na sua graça
É eternidade
Por que Deus se lembra
- Mistério profundo –
Fosse eu rei do mundo
Baixava uma lei:
Mãe não morre nunca
Mãe ficará sempre
Junto de seu filho
E ele, velho embora
Será pequenino
feito grão de milho”.

Todas as mães são, assim, poemas. Tristes, belos, melancólicos, felizes, nostálgicos, amorosos, saudosos, fraternais. Mas todas em versos de um poema: Mãe nasceu para fazer nascer, e nunca perece nos frutos brotados...

Escritor
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CAJAZEIRINHAS, SÃO DOMINGOS E SÃO BENTINHO CELEBRAM EMANCIPAÇÃO POLÍTICA


Os municípios de São Bentinho, São Domingos e Cajazeirinhas (FOTO), que já pertenceram a Pombal, comemoraram com programações festivas os seus aniversários.

Ambos consolidaram as suas autonomias na referida data, quando foram criados politicamente, portanto há 24 anos.

Os festejos começaram na sexta-feira (27/04) sendo encerrados neste domingo (29/04) com vastas programações.


O momento foi prestigiado por diversas autoridades, entre elas políticos que aproveitaram a ocasião para visitarem as suas bases trazendo mensagens de felicitações à municipalidade.

As referidas programações com ações e atrações  acarretaram imenso público abrilhantando as festividades celebrativas organizadas pelas respectivas prefeituras.

Apesar das dificuldades enfrentadas, cada administração tenta encontrar fórmulas de driblar a crise que hoje atinge praticamente todos os entes federados, visando garantir e ampliar os serviços essências à população.

Marcelino Neto

FONTE: 

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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O CANGAÇO NA LITERATURA

Pedro Batatinha

Este é Pedro Batatinha, foi capado em Dores-SE. Em breve iremos ao local em que ele foi Mutilado. Quer mais histórias? Clique neste link https://youtu.be/fBRq0BTb8ZY

https://www.youtube.com/watch?v=fBRq0BTb8ZY&feature=youtu.be

Publicado em 10 de mai de 2018
Vamos debater um pouco as razões que levam alguém apelidar outro e como isso se aplica ao universo do Cangaço.
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PRAÇA LAMPIÃO EM POÇO REDONDO NO ESTADO DE SERGIPE

Por Voltaseca Volta

VOCÊ SABIA QUE NA CIDADE DE POÇO REDONDO-SE, TEM A PRAÇA LAMPIÃO ? Você é contra ou a favor dessa iniciativa?

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/

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ADQUIRA O HÁBITO DE ESTUDAR CANGAÇO. É FANTÁSTICO!


LAMPIÃO O DESTEMIDO.
Por José Mendes Pereira
Como já é do conhecimento de todos que estudam “cangaço” no dia 04 de junho do ano de 1898, no antigo sítio “Passagem das Pedras”, “Vila Bela”, nos dias de hoje “Serra Talhada”, lá no Estado de Pernambuco, nascia o Virgolino Ferreira da Silva, que posteriormente recebeu a alcunha de Lampião, e se tornou um dos maiores cangaceiros do nordeste brasileiro.

José Ferreira pai de Lampião

Era filho do sofrido casal José Ferreira da Silva um pequeno fazendeiro da região, homem honesto, trabalhador e muito respeitado pela sua vizinhança, e de dona Maria Sulena da Purificação, uma senhora de gênio forte e não aceitava que seus filhos fossem desrespeitados por ninguém.

Maria Sulena mãe de Lampião
Diz alguns historiadores que a vizinhança chegou a dizer que: “Quando José Ferreira da Silva desarmava os filhos na porta da frente da casa dona Maria Sulena da Purificação os armava na porta da cozinha”. E ainda dizia abertamente para quem quisesse ouvir: “Eu não crio filhos para ficarem no caritó e nem para serem desmoralizados".
Analisando o que dona Maria Sulena dizia, ninguém deixa de entender, o comportamento contrário ao bem, não há dúvida, os filhos do casal herdaram o gênio forte da mãe.
Logo que completou três meses de nascido Virgolino Ferreira da Silva recebeu a água benta na capela do povoado de São Francisco, e lá foi apadrinhado pelos avós maternos, isto é, os pais de Dona Maria Sulena da Purificação que eram Manuel Pedro Lopes e D. Maria Jocosa Vieira, com quem Virgolino passou quase toda vida de adolescente com eles.


Capela da Vila de São Francisco onde o rei Lampião foi batizado pelo Padre Quinca, e Virgolino Ferreira da Silva aos 10 anos de idade - Foto da capela: Cortesia Escritor Valdir Nogueira. - Foto do Padre Quinca : Livro - Autor - Edvaldo Feitosa Foto do menino Virgolino: Livro "Lampeão" Autor: Optato Gueiros - 2ª Fonte: Facebook - Página: Voltaseca Volta.
As informações dos pesquisadores afirmam que a cerimônia foi oficiada pelo Padre Quincas, tendo este profetizado os destinos do menino Virgolino Ferreira da Silva, que na hora em que o banhava com a água benta, disse: “- Virgolino – dizia o padre - vem de vírgula (querendo dizer que o vocábulo Virgolino gramaticalmente é derivado da palavra vírgula), quer dizer, pausa, parada".
E arregalando os olhos, disse: - "Quem sabe, o sertão inteiro e talvez o mundo vão parar de admiração por ele".
Diz que a infância de Virgolino foi normal como qualquer outra criança. Vivia harmoniosamente com as demais que com ele conviviam. Juntamente com outros meninos, frequentou escolas, tendo sido alfabetizado pelos professores Domingos Soriano e Justino de Nenéu.
Sua vida estudantil foi curta, passando apenas três meses, e lá, aprendeu a escrever, ficando apto a responder cartas, pois em épocas passadas o estudo para pobres era apenas para alfabetizá-los.
José Ferreira da Silva como não era um grande proprietário e com isso precisava trabalhar; sustentava a filharada através da criação de animais e da roça, e também trabalhando como almocreve, ajudado pelos filhos mais velhos: Antonio Ferreira da Silva e Livino Ferreira da Silva e o próprio Virgolino.
Lampião dedicou-se à vida de almocreve, trabalho em que ele transportava mercadorias sobre o lombo de uma tropa de burros de propriedade da família. E dizem os pesquisadores que este trabalho lhe foi muito importante em anos mais tarde, pois lhe deu bons conhecimentos nos caminhos das caatingas do Nordeste.
Em 1915, ocorreu uma das maiores secas da região nordestina, que muito se prolongou, assim lembrada pela escritora Raquel de Queiroz no seu livro “O Quinze”. Como todos os pais pobres levam uma vida sofrida para sustentar os seus filhos, José Ferreira da Silva não foi diferente. E como a seca havia visitado o sertão pernambucano, e vendo que se não procurasse outro meio para vencê-la, o pai de Virgolino tomou uma atitude, talvez até arriscada: Fazer visita a Juazeiro do Norte, em busca de soluções religiosas, coisa que era de costume de muitas famílias nordestinas formarem grupos e caminharem até Juazeiro do Norte, na intenção de serem abençoados pelo Padre Cícero Romão Batista, que na época, todos o tinham como um santo milagroso.
Sabendo que se toda família viajasse para juazeiro do Norte a sua propriedade ficaria no abandono, e temendo isso, Virgolino não viajou com a família, dispôs a ficar no sítio para cuidar dos afazeres rotineiros.
Mas durante a estadia da família no Juazeiro, mesmo Virgolino com o olhar sobre as suas criações, houve desaparecimento de suas cabras. E assim que a família Ferreira chegou de volta do Juazeiro, percebeu que o rebanho de caprinos tinha diminuído. E ao descobrirem os desaparecimentos de algumas criações, Virgolino começou a fazer investigações, tentando descobrir o verdadeiro larápio dos seus animais. Esta luta durou um bom tempo.


Virgolino e o seu irmão Livino ainda procurando descobrir quem era o larápio dos seus animais, certo dia, sem nenhuma maldade, entraram na casa de um morador na fazenda Pedreiras, do senhor José Saturnino Alves de Barros, conhecido na região por Zé Saturnino, e lá, eles viram couros dos seus animais com o sinal nas orelhas, sendo esta marca da família Ferreira. Com essa descoberta, não havia mais dúvidas, que aqueles couros pertenciam aos animais desaparecidos do chiqueiro dos Ferreiras. Os Ferreiras comunicaram ao dono da fazenda Pedreiras o Zé Saturnino o que estava acontecendo, e em vez dele punir o culpado, revoltou-se contra os filhos de José Ferreira da Silva. E a partir daí, começou uma rixa entre as duas famílias que durou por muito tempo.
Sabendo que essa questão não seria tão fácil ser resolvida Virgolino e seus irmãos reuniram-se, e depois de muitos estudos, encontraram uma solução. Perseguir o Zé Saturnino sem lhe dá chance de defesa.
Após o assassinato do pai os irmãos Ferreiras entrarem no bando de cangaceiros do Sinhô Pereira, na finalidade de apoio para vingarem a morte do seu patriarca, o que nunca aconteceu.
Durante o tempo em que participou do grupo do Sinhô Pereira meses depois ou ano, Virgolino foi alcunhado por Lampião, e prendeu como dirigir um bando de fora-da-lei. Mas o Sinhô Pereira tinha outros objetivos. E aos 26 anos de idade, sentindo-se doente, já com problemas reumáticos, e outros mais, desistiu do bando, entregando-o a Lampião.

Tenente Zé Lucena responsável pelo assassinato de José Ferreira da Silva pai de Lampião    

Mas em minha opinião, Lampião perdeu a guerra para os seus inimigos. Um deles foi o José Saturnino que morreu velho em seu leito, e Lampião nunca colocou a sua mão sobre o seu chapéu. Já o outro, o tenente Zé Lucena segundo pesquisadores, foi ele quem aceitou a morte do seu pai por um volante comandado por ele, que segundo autores, Benedito Caiçara nem sabia em quem estava atirando.
Outros afirmam que o Zé Lucena quando viu o José Ferreira morto, deu duro contra o volante Benedito Caiçara, por ter matado o patriarca dos Ferreiras, que a intenção do tenente Zé Lucena não era assassinar o velho, e sim prender os seus filhos, principalmente o Virgolino que ainda não era chamado de Lampião.
Você quer saber mais acesse este site: 
Fotos:

4 - Amigo leitor, eu não tenho certeza se este é o volante Benedito Caiçara que assassinou o pai de Lampião. Encontrei em um site como sendo ele. Caso não seja, desculpa-me. -http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/…/cangaco-vingan…

PASSAGEM DE ANTONIO CORRÊA SOBRINHO PELO POVOADO ALAGADIÇO DE FREI PAULO-SE.


Por Antonio Corrêa Sobrinho

No último dia 10, em rápida passagem pelo povoado Alagadiço, de Frei Paulo/SE, sede do célebre cangaceiro Zé Baiano, fiz estes breves registros: da praça da Matriz, da casa onde viveu Antônio de Chiquinho (o homem que, em 1936, matou Zé Baiano), e o Museu do Cangaço mantido pelo amigo Antônio Porfírio.





https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?multi_permalinks=816104878598458%2C816048961937383%2C815786858630260&notif_id=1526167148570138&notif_t=group_activity&ref=notif

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A MORTE DO PAI e DA MÃE de LAMPIÃO

 Por Raul Meneleu
Bico de pena de Lauro Villares com retratos da época


Não querendo faltar com o respeito aos direitos autorais do Padre Maciel, mas solicitando todas as desculpas, transcrevo uma parte da vida e morte desse homem que passei a admirar, que foi José Ferreira e desta mulher que seguiu seu amado esposo, Dona Maria Lopes, em cuidados com seus filhos, e suportarem tantas injustiças, somente e grandiosamente, para proteção deles.

Também fica registrado aqui nesse blog sem pretensão, a não ser no interesse em mostrar as perseguições sofridas por esta duas almas (que Deus as tenha), fatos acontecidos e testemunhados por pessoas que o autor entrevistou.

Quando li esses dois relatos escrito por esse autor, que pesquisou por 30 anos e somente por insistência de amigos, produziu essa preciosa obra, dividida em 6 livros, atinei em registar e incentivar os amigos a lerem essa obra.

Faço isso para aqueles que não tiveram a oportunidade que estou tendo em conhecer a história desde o princípio da saga guerreira de lampião e de seus irmão, Livino, Antônio e depois Ezequiel (quando se deu a morte da mãe e do pai, ele era menininho), que o acompanharam nessa aventura.

Fica também registrado o meu repúdio, aos perseguidores e destruidores de uma família humilde do sertão nordestino. 



Vamos à história, pelas mesmas letras, do livro 'LAMPIÃO, SEU TEMPO E SEU REINADO' de Frederico Bezerra Maciel.



MORTE DE D. MARIA LOPES


21 de maio de 1920.

Ainda escuro, entre o primeiro e segundo canto dos galos, reuniu José Ferreira a família e seus haveres — tão pouco: uma pequena trouxa para cada um! — e partiu, de mudança pela terceira vez* — “os Proscritos!”  Conduzia sua esposa enrolada em desgastado cobertor, de algodão e montada no velho e serviçal Condave. Os seis filhos atrás, olhos arregalados de pavor a que já estavam afeitos, pés no chão para não acabar com as apragatas muito gastas e remendadas, tiritando de frio apesar do exercício do caminhar.

No arrasto da vida e do destino escuros, quiném aquela noite impenetrável, arrastava José Ferreira a família e a miséria. Seguia ele na frente, trôpego, puxando o animal; na outra mão, levantada para alumiar o caminho, o butirão aceso, feito de garrafa de meio litro, com gás e grossa torcida de molambo fumacento. 


Caminhava devagar como vagaroso era o seu maginar e raciocinar diante da prepotência do destino nos enigmas das ditriminações divinas. Já perto de chegar, voltou-se, consolador, para sua esposa e disse com resignação e fé:

 — "Maria, é preciso aceitar a vontade de Deus!" 


Ela, desde a chegada, continuava sempre amurrinhada. Não se sabe se do cansaço da viagem, embora curta, ou porque sorrateiramente se aproximava a sua hora derradeira. O certo é que, não fossem as tramas ocultas dos perversos, atiçando perseguições e injustiças, não estaria ela assim desacabando a saúde e a vida.

* A primeira mudança da fazenda Ingazeira (Vila- Bela) para a fazenda Poço Negro (Floresta), a quatro léguas de distância; — a segunda, do Poço do Negro para a fazenda Olho d'Agua de Fora (Água Branca, Alagoas), vinte e duas léguas; — a terceira, de Olho d'Água dê Fora para a fazenda Engenho (Mata Grande, Alagoas), quatro léguas; — total: trinta léguas ou sejam cento e oitenta quilómetros! Perseguiram assim José Ferreira ponto por ponto até matá-lo! Dal em diante a família Ferreira não teria mais descanso, tornar-se-ia como Ahasvero, o judeu errante. A perseguição em cima, sem parar. Que se perseguissem os três — Virgulino, Antônio e Livino — que se lançaram no cangaço, compreende-se. Mas a familia que nada tinha a ver com isso? Perseguição inominável! A familia vagueou por Águas Belas, Bom Conselho, Juazeiro do Padre Cícero, Picos no Piauí E com Eurico de Sousa Leão caiu na diáspora! 


Não se adornava a natureza sua a uma vida assim acuada por toda parte. Sentia-se desinfeliz, sem poder viver. Inda bem ali não chegara e já as perseguições recomeçaram. Não tinha vindo para ali fugida delas? E ei-las de novo! Sempre injustas, e agora grumitadas pela autoridade. Foi mesmo muito pior ter vindo para Alagoas. O arreliado e vendido comissário de Matinha de Água Branca, o famigerado Amarílio, querendo desarmar seus filhos dela para desmoralizar, corregendo as casas e desassossegando as famílias, prendendo sem motivo e torturando um inocente, botando emboscada, atacando à bala, doido para ganhar mais dinheiro matando... Nessas aflições todas, teve durante o dia dois passamentos. Botaram-lhe até vela na mão, maldando estivesse nas últimas e não resistisse mais.

José Ferreira também agoniado, com as mãos apertando a cabeça e sem encontrar canto para aquietar o juízo, exclamava: "Não! Não é possível viver aqui! Não passo mais um dia nessa terra. Vou falar com o delegado de Mata Grande, que é meu amigo, para poder ficar por lá". Diante da melhora, súbita e surpreendente, da esposa, andando embora devagarinho e pegada, comendo e conversando alegre — não sabia ninguém que era a "visita da saúde" precedendo a morte! — resolveu José Ferreira, de madrugada, selar dois burros e com seu filho João ir logo à Mata Grande trazer remédios e falar com o delegado, seu amigo. Os três filhos mais velhos, tendo espalhado antes que iriam ao brejo de Triunfo, na verdade continuavam ocultos no mato por causa da policia. 


Aproveitando a manhã, alegre e de esperança, daquele dia 22 de maio de 1920, conduziram as filhas a mãe para fora, no terreiro de frente da casa, a modo de ela despairecer, tomar um arzinho e uns esquentes do sol brando. Ficou ela sentada numa cadeira, distraindo-se feliz com Ezequiel e Anália, os dois caçulinhas, a brincarem de pega no terreiro. Não demorou muito tempo, deu-lhe nela inexplicável cansaço seguido de sonolência. As três filhas, cada qual com um pote de barro na cabeça, tinham ido vexadas ver água na cacimba. Naquele momento instante, voltando, notaram que sua mãe, de repente, pendia a cabeça de lado e virava os olhos para cima, enquanto o queixo afrouxava entreabrindo a boca.

Compreenderam a evidência do desenlace... 


Num sufragante, Virtuosa segurou a mãe pelas costas, levantando-a um pouco para Angélica retirar a cadeira. Ali mesmo foi ela deitada, a cabeça no colo de Virtuosa que se Sentara no chão. Posição essa mais favorável para ajudar a doente a desafogar o peito e a respiração, fazendo passar a agonia. Pela terceira vez — não sabendo que era a derradeira, Mocinha vigiou a vela benta e lhe colocou acesa na mão.

Ezequiel e Anália agarraram-se ao regaço da mãe, chorando e chamando: 


— "Mamãe! Querida mamãe!"

Talvez para sua consolação, nesse instante derradeiro, tenha ela ouvido dos lábios infantis de seus caçulas essa doce palavra que traduzia inteiramente tudo o que ela fora na vida — mãe! 


O semblante sereno, o olhar fugindo para a eternidade, tendo diante de si a imagem do Senhor Crucificado apresentado por Angélica, que a custo repetia entre soluços:

— "Meu Jesus, misericórdia”, entregou sua alma ao Criador. 


— "Sem o mínimo estremeço o modo de um passarim!"

Mocinha apagou a vela. Soprava uma aragem macia e refrescante aliviando aquelas almas transidas de dor... Uma poeira de luz emoldurava aquele quadro de tragédia em terra estranha e de exílio... Lá para o meio-dia chegaram José Ferreira e João, simultaneamente com os três chamados de seus esconderijos. Encontraram a morta deitada numa cama de vento, amortalhada, com os lábios sorrindo para a morte, de vez que há muito deixara de sorrir para a vida!... Na dor e na lágrima lamentaram todos a desdita. Os três filhos perseguidos, às pressas colheram cravos amarelos e bugaris, enfeitaram o leito da mãe defunta e se esconderam de novo. Não podiam ficar velando. 


Somente à noite, assim mesmo cismados e precavidos, voltariam para o velório. A família e vizinhos entre lágrimas e soluços de todos, inteiraram a noite fazendo a sentinela com os cânticos lúgubres das incelenças e o ofício das almas.

No dia seguinte domingo, pela manhã, conduzida numa rede pelos filhos, que se revezavam, foi feito o enterro, estrada a fora rezando, e sepultada numa cova do cemitério do povoado de Santa Cruz do Deserto*, após lhe terem o esposo e filhos beijado o rosto frio. Três coroas, lembranças do esposo, dos filhos e dos parentes, além de muitos buquês levados pelos acompanhantes, floriam a sepultura, que mais parecia um canteiro de festa, e de vida.** 


* Povoado de Santa Cruz do Deserto no município de Mata Grande (cfr. cap. 24).

** Enviado, cor urgência, de Engenho para Vila Bela, um pombeiro, a fim de avisar aos Ferreiras das ribeiras do Pajeú e do São Domingos esta morte. Dona Mariquinha Ferreira, filha do Cândido Ferreira e prima de Virgulino, ao receber a dolorosa notícia — e ela bem se recorda que ainda na penúltima semana de maio de 1920 — exclamou, os olhos rasos de lágrimas: — "Tá! Maria Lopes morreu..." E ela mesma afirma que José Ferreira foi morto trinta e oito dias depois. 


MORTE DE JOSÉ FERREIRA (29 de junho de 1920)

Penúria...

O pobre do José Ferreira, com tanta coisa amarga e trágica sem trégua se sucedendo, ficou desatinado, abatido, sem gosto pra nada na vida, curtindo os penares da dor e da saudade e os sobressaltos de uma desgraça ameaçadora e iminente. Chamou os três filhos que continuavam ocultos, e lhes disse: — "Vocês aqui não podem mais ficar. Vão para Pernambuco que depois eu tomo o mesmo caminho". Não podia, de súbito, se afastar de perto da sepultura da finada esposa. Seguiram os três filhos para Espírito Santo do Moxotó, onde ficaram; trabalhando na propriedade de seu Terto. José Ferreira vendeu os dois burros para comprar roupa de luto para todos de casa. 


A diligência do diabo...

Cartas do delegado de Água Branca — comprado por Zé Saturnino — ao Chefe de Polícia de Alagoas, carregando em cores os assucedidos mais recentes: a revolta dos Porcinos; a invasão de "perigosos bandidos" vindos de Pernambuco, onde cometeram "muitos crimes"; o caso do soldado Jagunço em Mata Grande; a desfeita à polícia em Água Branca quando ela, "com bons modos", procurou desarmar aqueles "criminosos bandidos", os quais ao depois desfeitearam o comissário de Paricônia;. um "bandido, ainda jovem, comprando armas"; "a ameaça e o terror ganhando as populações"... Alarmado diante de tudo isso, resolveu o Governo cortar pela raiz todos esses males. Para tal, determinou ao delegado de Viçosa, 2° Tenente José Lucena, famoso por excessos de severidade, fazer uma diligência por aquelas bandas conflitadas. Ao chegar em Água Branca, foi Lucena inteirado de tudo o que ocorrera. Inclusive por carta de Zé Saturnino tivera conhecimento do nome dos "três perigosos bandidos e criminosos": os irmãos Virgulino, Antônio e Livino, além de Antônio Matilde, que, armados, haviam descido do Navio para aquele município alagoano. De primeiro, dirigiu-se Lucena à fazenda Chupete, para perguntar ao Capitão Sinhô pelos irmãos Ferreiras. — "Despachei eles para o Coronel José Abílio, de Bom Conselho; não costumo ter bandido comigo" — descartou-se o capitão. Carecia não se inocentar. Lucena não ofendia coronel e protegido da política de cima. Mas somente cabra solto, isolado ou de grupo. Seguiu, então, Lucena, na pista deles, em direção de Santa Cruz do Deserto.*


* Da fazenda Chupete seguiu Lucena no sucaro dos Ferreiras guiado por Zé Batista Quirino e outros mais da mesma família. Zé Batista sabia exatamente paro onde se havia mudado o velho José Ferreira. Tinham os Quirinos transações com os Ferreiras em razão do carguejamento de mercadorias. A aproximação dos Ferreiras com os Marcos, inimigos dos Quirinos, levou estes à denúncia de traição. Além de seus soldados, compunham a tropa de Lucena alguns cachimbos, juntamente com Amarílio e os Quirinos.

O assassínio... 


Na casa de José Ferreira, só tristeza. Tinha ele ido ao cemitério e não compreendia por que desta vez chorara muito mais do que das outras. Revelara aos filhos o que dissera à falecida, já na cova enterrada, que não havia mais sentido para ele continuar a viver. Queria ir pra de junto dela. Repassou, de minúcia e fagueiro, os bons tempos de antanho, de paz e ternura. Recordou particularmente a última festa; do Senhor São João, há dois anos atrás, em que a finada, tão bonita e saudável, tão vistosa e alegre, dançara com ele... Hoje, era ele mais morto do que ela morta! No dia seguinte, 29 de junho, terça-feira, precisamente 38 dias depois da morte de D. Maria Lopes, de manhãzinha, o tempo chuviscoso, ele com mais João e as três meninas fora adjutorar, como alugados, os trabalhos de um roçado vizinho, a modo de trazer para casa alguma coisa de ganho para o de-comer carecente. Voltara logo para casa José Ferreira, cansado e escanchado em Condave, trazendo dependurados, de cada lado das ancas do velho burro, dois sacos contendo quatro mãos de milho plantado em São José e colhido agora para o São João.*

* A mão de milho em Alagoas: 25 espigas não debulhadas; em Pernambuco: 50. 


Ao chegar no terreiro de frente da casa, bem perto do lugar em que a esposa falecera, apeiou-se. Correram pressurosos e choramingando de fome os dois menores e lhe tomaram a bênção. Abraçou-os o pai, afetuosa e longamente, acarinhando e beijando. Em seguida tirou os sacos e derramou as espigas num balaio. De cócoras, apanhava as espigas, tirava a palha, que avoava para Condave comer. Debulhava o milho numa gamela para depois fazer xerém no pilão, facilitando assim o trabalho das meninas que, ao regressarem, era só preparar o angu. O qual dessa vez não seria comido puro. Tinha ele comprado um bom taco de carne de bode e um litro de farinha. O "café" (almoço) seria sustancioso.

Estava José Ferreira dessa maneira entretido quando, escornetando a concha da mão na orelha, ouviu um tropel. Com mais, estava sua casa cercada de soldados. A uma distância de três braças gritou Lucena para o velho José Ferreira: — "Cadê os seus três filhos bandidos?" Ferido em seus brios e honra, José Ferreira retrucou, com todo o desassombro e altivez, alto, firme e pausadamente: — "Não, sinhô! Bandidos, não! Meus filhos não são bandidos. Querem forçar eles a ser. Mas eles são é home!..." — "É assim que responde a um oficial, velho malcriado, cachorro da mulesta" revidou furioso Lucena. 


E, sem mais, descarregou ele próprio a pistola no peito daquele pobre velho, pacifico e indefeso, que caiu, por estranha coincidência, ali, no mesmo chão onde falecera sua esposa. Na queda, de chofre e de bruços, por cima do balaio, o corpo esparramado, o braço direito estirado segurando na mão um cabucé, torceu o rosto de lado e balbuciou:

— "Coma... coma..." 


Pareceu, nessa única palavra, que a derradeira preocupaçao de seu coração paterno era desafaimar 'as crianças. Elas, as crianças, apavoradas, dispararam, aos berros, por dentro do mato. Um soldado para agradar ao comandante deu na direção delas um tiro de fazer medo, provocando gargalhadas nos seus companheiros de selvageria. Lucena vasculhou a casa de Zé. Ferreira, encontrando de arma apenas um quicé!

Ao retirar-se notou dois homens ,vindo, desconfiados e irriquietos, na sua direção. Sem saber nem perguntar quem eram, ordenou uma descarga de fuzil, matando um e ferindo o outro, que correu. Uma senhora e u'a moça que vinham a certa distância ficaram levemente feridas. Não era ele o senhor absoluto da vida e da morte?! 


Os dois eram o velho Fragoso e seu irmão Zequinha. Aquele, viúvo e dono da fazenda Engenho, onde, por caridade, cedera uma humilde casa de morador para José Ferreira ficar até que resolvesse seu destino. A senhora era a dona da casa e a moça sua filha. Atentando nos disparos, tinham ido ver, desarmados, o que acontecia, sendo seguidos pelas duas mulheres.*

* É absolutamente autêntica, _ com todos os seus pormenores, a descrição. 'assassínio doi. pobre; manso e indefeso velho José Ferreira., assim como das outras circunstâncias. Em vez de debulhando milho, alguém fantasiou José Ferreira tirando leite de uma vaca ... 


Vezo da polícia, para justificar seus crimes: alegar que houve "resistência". Assim fez Lucena: O cúmulo do grotesco: o alquebrado velho José Ferreira enfrentando sozinho uma formidável volante e "tiroteiando" com uma quicé, isto é, com um toco do facas Quando João Ferreira, filho da vítima, em entrevista, usou a palavra "tiroteio", entendeu dizer que houve tiros de um lado, o da volante.

Quase profético o Padre Epifânio Moura, vigário de Água Branca: — "Esse crime vai trazer muita desgraça para o sertão". O povo: — "Mataram dois cidadãos de bem só pru gosto de matar!" — "É do esperar que não fique nisso, não". E, de fato, o povo não se enganou. Tão revoltante crime lançou Virgulino e seus irmãos no cangaço. Criou Lampião! A situação piorou. Diante do ressurgimento do cangaceirismo, agora em forma diferente, recrudescido e desafiador. Chamou o Governador alagoano aquele homem de sua confiança, o único, a seu ver, que enfeixando poderes absolutos e indiscriminados, poderia liquidar, de um golpe, todo aquele mal, muito embora enegrecendo o seu nome e o da História. Este homem: — Segundo Tenente José Lucena de Albuquerque Maranhão. Esteve confabulando no Palácio do Governo, em Maceió, no dia 4 maio de 1921. Depois destituído da delegacia policial de Viçosa, iria com carta branca, acabar com o banditismo em todo o estado. E assim e vexado com uma poderosa volante de vinte e quatro homens, deixaria no dia 10 de maio, a cidade de Palmeira dos Índios “na direção do sertão.” A ação repressiva de Lucena chegou a ser "desumana", conforme ele próprio reconheceu. (Cfr. Adendo ao capítulo 45.)


A desolação da abominação! *

Alarmados pelos tiros, João Ferreira e as três irmãs abalaram para casa. 


No maior desespero reviraram o cadáver, fecharam-lhe os olhos e o conduziram para dentro de casa. — "Mas, cadê Ezequiel e Anália?" — "Onde estavam escondidos?" — "Ou será que foram roubados?" — perguntavam-se angustiados uns aos outros, noutro desespero somado. . Feito loucos, saíram João e Angélica às procura deles, chamando-os repetidamente com toda a força dos gritos. Encontraram, enfim, os coitadinhos, com bem cem braças, num estado horrível, assombrados e atordoados, rasgados dos espinhos e tocos de pau, sujos de terra, quase sem mais falar de tão roucos, caídos no chão, semimortos de fome e pavor! Tragédia de rara concepção ou de difícil visualização nesse quadro desumano de miséria e barbaridade! — "Pareciam (as crianças) dois filhotes de ema perdidos no mato, piando de fome!..." Atirados os irmãos aos ombros, retornaram às pressas. No entanto, o grave da situação era que ninguém cia vizinhança, com medo de Lucena, queria se aproximar, para amortalhar e sepultar as vítimas. João Ferreira mandou comunicar o triste acontecido ao delegado de Mata Grande, Maurício de Barros** que atendeu prontamente e pessoalmente veio ao local, providenciando, por sua conta e risco, o enterro, mas de um modo tão atabalhoado, dadas as circunstâncias de terror, que João Ferreira nem viu quando os corpos, altas horas da noite, candeeiro aceso na frente, foram levados! - "José Ferreira também era filho de Deus e não bicho para os urubus..." — dissera Maurício, essa destemida autoridade e mais tarde integrante da polícia pernambucana. Sem que, ninguém da família assistisse, José Ferreira foi sepultado numa cova do cemitério de Mata Grande, na manhãzinha do dia 30 de junho de 1920, a última quinta-feira do mês.***

Unidos à mesma gleba do Pajeú, que os viu nascer, unidos numa vida de vinte e seis anos de amor conjugal; unidos ao mesmo chão do Moxotó em que expiraram o último alento, deveriam seguir o mesmo destino de continuar diante de Deus. 


* Naquela época, culto sacerdote-vigário, corajosamente vergastou do púlpito e censurou severamente, condenando esses abomináveis fatos, tomando por tema de confronto as Sagradas Escrituras no famoso texto, cap. 9, v. 27, do profeta Daniel": — "O maldito Coronelismo, simbolizado no deus pagão-político, prepotente, cruel e desumano foi erigido sobre o altar da Justiça — divina por natureza — sob à qual procuravam se abrigar os humildes e ofendidos, os pobres e fracos, cuja vida é um perpétuo holocausto de seus direitos sagrados! Profanação, na linguagem bíblica chamada de "abominação da desolação" ou desoladora e horrorosa abominação".

**. Maurício Vieira de Barros. Lampião, a 29 de novembro de 1930, o prendeu juntamente com um soldado, nas Negras (Águas Belas), quando ainda estavam deitados e dormindo. Levou-os presos até Pau Ferro (hoje Itaíba) município de Águas Belas. A porta da casa de Maurício, disse Lampião: — "Vou matar o soldado. Você não, porque lhe devo um grande favor: enterrou meu pai! Lhe poupando a vida, paguei a dívida. Se continuar a me perseguir e eu lhe pegar você não tem jeito, não. Morre, visse?!" Apesar das súplicas de Maurício, Lampião matou ali mesmo o soldado e soltou o prisioneiro. Maurício havia verificado praça na Polícia Militar de Pernambuco, chegando a ser sargento. Foi comandante de volante. Era perverso, cometendo muitos crimes. Etelvino Lins, Interventor do Estado, expulsou-o da polícia. Chamava a atenção seu bigodão, Ainda vive com seus noventa anos.


*** Defronte da igreja de Santa Cruz do Deserto visitou o autor deste livro um velho, em sua casa, o qual ajudou no enterro e, sem registro de óbito, no sepultamento de José Ferreira em Mata Grande, território da jurisdição policial do delegado Maurício Vieira de Barros. O nome do velho, o autor não guardou, mas tem como testemunhas o Dr. Tarcísio de Freitas então engenheiro chefe do DNOCS, emt Palmeira dos Índios.

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