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domingo, 27 de setembro de 2015

LIVROS DO ESCRITOR ANTONIO VILELA DE SOUZA


NOVO LIVRO CONTA A SAGA DA VALENTE SERRINHA DO CATIMBAU
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O livro "DOMINGUINHOS O NENÉM DE GARANHUNS" de autoria do professor Antonio Vilela de Souza, profundo conhecedor sobre a vida e trajetória artística de DOMINGUINHOS, conterrâneo ilustre de GARANHUNS, no Estado de Pernambuco.

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A SAUDADE: O QUE É, O QUE FAZ, O QUE QUER

Por Rangel Alves da Costa*

A saudade é sentimento dos mais estranhos. Também dos mais exigentes. A saudade não vem a qualquer hora nem em qualquer lugar. Nem tudo provoca saudade. Ela exige motivação e ambientação para acontecer. É sempre romântica, nostálgica, cautelosa demais. Gosta de aparecer junto com o pôr do sol, debaixo do clarão da lua, em instantes de chuva, assim que ecoa uma canção antiga. Também gosta de ser provocada. Parece adorar quando a pessoa vai em busca de velharias, de baús, retalhos e velhos recortes dos tempos idos. Nada lhe atiça mais que um retrato de pessoa amada, uma carta de amor, uma visão ou perfume que produza aquele tão conhecido e doloroso sentimento de querer de novo. Tudo isso provoca saudade e disso ela se alimenta. Alimenta-se ainda da solidão, das casualidades da vida, das pequenas coisas que fazem relembrar. Gosta de ter um lenço ao lado, uma vela para ser acesa, um copo de bebida, uma taça de vinho, mas também três a cinco gotas de veneno. Por que ela também é devastadora. O dia inteiro ela se transmuda em sorriso, alegria, contentamento. Parece mesmo esperar o momento exato para reaparecer e agir. E sem querer, muitas vezes apenas porque ouviu a onda quebrando no cais, a pessoa começa a recordar e a sofrer. Então a saudade sorri, mas um sorriso dissimulado e frio. E também devastador.

A saudade é pássaro, é passo, é vento soprando. Possui asas, vai e volta em instantâneos voos. Num instante e já está trazendo no seu bico um bilhete que faz atormentar ainda mais. Com poder próprio de ação, de comando de vida e destino, ela abre a janela, escancara a porta, e segue adiante em correria. Não se incomoda com curvas, desafios ou perigos, pois sobe da terra e alcança as nuvens. O pensamento é seu caminho mais certeiro, aquele por onde trafegam as vontades, os desejos, as necessidades da alma. Basta pensar e já se está caminhando. Basta imaginar e já se está diante da pessoa que se deseja reencontrar. No encontro a desilusão, eis que mesmo tendo voz de súplica, a saudade não consegue transportar o outro até a presença de quem tanto entristece pela distância. Talvez esta seja sua maior falha: sente necessidade de ter bem ao lado, de usufruir, de se dar, e por isso mesmo se apressa em direção ao desejo, mas não pode transportar fisicamente a pessoa desejada. E a certeza de ter avistado na mente, a certeza de ter conseguido estar face a face, bem como a certeza que o reencontro fortaleceu ainda mais o amor sentido, são as consequências mais dolorosas provocadas pela saudade. A mente avista, o corpo sente, parece que está à presença, tudo se transforma em possibilidade, mas apenas a ilusão que conflagra e devora. Sofre, chora, se aflige, se atormenta, mas nunca desiste, pois toda grande saudade sempre retorna, e tantas vezes mais forte que a pessoas chega às portas do ensandecimento. E como vento vai, ganha asas novamente pelo ar e faz surgir da aflição uma velha cantiga de amor.


A saudade é tão ardilosa quanto estrategista. Se oculta, se mantem escondida, foge de situações para reaparecer em outros contextos. Sempre silenciosa, premeditadamente soturna, só fala intimamente e muitas vezes chegar a gritar o mais alto dos gritos. Talvez com poderes mágicos, acaba conduzindo a pessoa para ambientes propícios a desvelar seus mistérios. Abre a porta do quarto sem se preocupar em acender a luz e simplesmente diz: agora sinta toda saudade guardada no peito, incontida na alma, revelada no teu coração que desespera por tanto esperar qualquer reencontro. E no silêncio do quarto escuro, em meio a mais aflitiva das solidões, novamente faz surgir a sua silenciosa voz: agora reencontre na mente o que deseja, vá buscar no pensamento aquilo que lhe faz tanta falta, e não veja distância naquilo que pode ter agora ao teu lado. E vai fazendo com que a pessoa relembre a face do amor distante, traga ao pensamento os laços familiares que já estão em outra dimensão, relembre momentos e situações e tenha necessidade de ter tudo de volta, ao menos por alguns instantes. E não para por aí. Abre a janela para as cores do entardecer sejam avistadas, para que a poesia da noite recaia em versos, para que a chuva molhe o rosto e se misture às lágrimas. Depois de atormentar a alma, de afligir todo o ser, simplesmente vai embora.

Vai embora, a saudade vai embora, mas não sem antes deixar um rastro de agruras e sofrimentos. Sempre deixa para trás um lenço molhado, um olhar vazio, um coração fragilizado. Mas depois retorna. Espera somente o lenço enxugar para depois retornar.

Poeta e cronista
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O MAIS NOVO LIVRO DO ESCRITOR SABINO BASSETTI - LAMPIÃO O CANGAÇO E SEUS SEGREDOS


Através deste e-mail sabinobassetti@hotmail.com você irá adquirir o  mais recente trabalho do escritor e pesquisador do cangaço José Sabino Bassetti intitulado "Lampião - O Cangaço e seus Segredos".

O Livro custa apenas R$ 40,00 (Quarenta reais) com frente já incluído, e será enviado devidamente autografado pelo autor, para qualquer lugar do país.

Não perca tempo e não deixe para depois, pois saiba que livros sobre "Cangaço" são arrebatados pelos colecionadores, e você poderá ficar sem este. Adquira já o seu. 

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ÀS SOMBRAS DO PARAÍSO

Por Rangel Alves da Costa*

Nos dias atuais, está cada vez mais difícil encontrar um lugar de paz para descansar, meditar, refletir sobre a realidade da vida e rebuscar as boas recordações. Quase não existem jardins públicos, praças arborizadas, lugares sossegados para um repouso ao entardecer.

Mais difícil ainda encontrar o silêncio, a doce melodia da valsa do vento, o canto passarinheiro ou o esvoaçar de borboletas e colibris. A cidade espantou suas aves, seus pássaros, suas cores da natureza. Difícil até encontrar um banco de praça ao redor de pombos e folhagens outonais espalhadas ao chão.

O ser humano precisa de paisagens assim, necessita de lugares que sejam um convite à reflexão. Necessita, mais do que tudo, de momentos onde a mente não se volte apenas para números, contas, insatisfações, problemas e mais problemas. Ninguém consegue viver somente ultrapassando portas e caminhando mecanicamente aos mesmos lugares, para fazer sempre o mesmo, para o mesmo desgastante cotidiano.

O homem está tão prisioneiro das mesmices cotidianas que se regozija com a chegada de um final de semana, com o despontar de um feriado, com uma forçada fuga às burocracias do dia a dia. Tão carente é de paz e de sossego, de pensamento e reflexão, que se enche de prazer ao abrir a janela para o amanhecer ou caminhar entre os caqueiros do seu quintal.

Ante a dificuldade de fazer diferente, de redirecionar o modo de viver em busca da paz interior, o homem começa a planejar e faz do sonho um alento para a conquista de um dia. E se enche de desejos que se tornam promessas. E logo lhe vem à mente paisagens de uma praia distante, dunas e areais ladeados de um azul de mar, montanhas encantadoras que levam aos portais do céu.

Precisa sonhar, precisa viajar, precisa passear, precisa ir muito além do que leva a porta de casa e seus caminhos. Precisa ter a proximidade da natureza, caminhar sobre trilhas, repousar nas pedras grandes da beira do cais, acender um candeeiro num rústico casebre de pescador, lançar uma rede na água pelo simples prazer de senti-la a seus pés. E abraçar a vida desde a alva do dia, beijar a boca do sol no primeiro raio, sentir-se tomado pela magia da lua imensa que enfeitiça a noite.


Mas são apenas sonhos e planos. Tudo muito normal numa pessoa que não mais suporta a vizinhança da violência, do barulho, da arrogância, da carestia, do medo. Seu paraíso é uma casa de portas e janelas fechadas, cadeados espalhados por todo lugar, cachorros soltos pelo muro. Mesmo assim não se sente com segurança alguma. Daí a vontade de ter asas para voar, de dar adeus a essa gaiola, de simplesmente sair por aí sem vontade de retornar.

Inevitavelmente, o homem vive e tem de suportar o mal das cidades. Não há fuga por cima do asfalto e ao redor do cimento. Ou vive o perigo de comprar o pão na esquina ou se deixa anular. Ou vive a cruel e perigosa realidade das ruas ou abdica de vez de viver, esquece que existe sol e lua e se contenta em avistar o mundo pelas frestas das janelas. Até que um dia encontra um prédio de vinte andares se arvorando de dono de todo o seu universo.

A loucura também nasce assim, do enclausuramento escolhido para viver. A insanidade também nasce assim, do sonho de viver diferente e ser forçado a nada realizar. Mas não somente dentro das casas estão os amentais pela brutal realidade urbana, pois as ruas estão cheias de loucos, malucos e até psicopatas. São pessoas presumivelmente normais, mas que a qualquer momento, até mesmo perante um simples olhar que imaginem ser de ofensa, transformam-se em verdadeiras bestialidades.

O que fazer então, se permanecer trancado enlouquece e se soltar pelas ruas é conviver com um hospício? Uma saída difícil para quem mal tem condições de pagar as vultosas contas do mês. Qualquer passeio custa muito caro, qualquer fim de semana numa beira de praia acaba dissipando todas as economias. E como também é uma ruptura difícil deixar a cidade grande e ir morar de vez numa pequena cidade interiorana ou num lugarejo perto do mato, outra coisa não há a fazer do que procurar viver às sombras do paraíso.

Como é possível viver às sombras do paraíso? A partir da conciliação entre o ser e o mundo que deseja para si. Não é tarefa fácil, mas sempre possível que o homem não se deixe totalmente urbanizar pelo simples fato de viver numa cidade grande. A pessoa precisa rebuscar seu estado natural, sua condição simples de ser humano, seu desapego às explorações das ruas. Necessita não deixar-se conduzir pelos apelos e reafirmar seu compromisso com suas raízes, suas tradições, seu cheiro de terra e de gente.

Certamente que a cidade grande tudo fará para transformá-lo em mais um ausente entre tantos. Mas não conseguirá. Se o seu compromisso é com a feição humana e natural da existência, não haverá fumaça que esconda o seu sol, não há edifício que esconda sua lua. E nada lhe arrebatará de surpresa o prazer pela vida. A não ser as sombras de outro paraíso.

Poeta e cronista
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Lançamento do livro CHARGES COM LAMPEÃO

Autor Luiz Ruben Bonfim

Introdução

Lendo e pesquisando tantos jornais e revistas da época em que Lampião atuava, isto é, anos 20 e 30 do século passado, não passou despercebido, de vez em quando aparecia caricaturas e charges de Lampião, mas, o que me chamou a atenção foi a utilização do personagem com a política e os políticos do poder naquele período.

Contextualizar cada charge ou caricatura seria por demais maçante, pois creio que elas não perderam o caráter atemporal.

As codificações visuais que os chargistas queriam passar ao retratar Lampião eram afetadas de acordo com a região do artista, o que determinava, até pela falta de conhecimento que tinham do caricaturado, a representação de formas tão dispares na fisionomia desenhada. 

As charges com Lampião, nessa pesquisa, abrangem o período de 1926 a 1939, porém acrescentei duas de 1969, sendo a última apresentada, uma propaganda com alusão ao desenvolvimento industrial através de incentivos fiscais, citando Sudam-Sudene onde Lampeão é usado como referência de uma região. Ao todo o livro mostra 83 charges e caricaturas.

A charge tem como finalidade satirizar, descrever ou relatar fatos do momento por meio de caricaturas, com um ou mais personagens de destaque, nas áreas da política com maior frequência.

As apresentadas nesse livro abrangem personagens de prestígio nacional como o Padre Cícero, Antônio Carlos, governador de Minas, Capitão Chevalier, com a famosa tentativa de uma expedição contra Lampião no início dos anos 30, Getúlio Vargas como presidente do governo provisório após a revolução de 1930.

Após sua morte, cartazes foram utilizados como propaganda de filme da Warner, com James Cagney “substituindo o famoso cangaceiro nordestino”.

A propaganda comercial também utilizou com frequência o nome de Lampião. Como curiosidade inseri no trabalho as da Casa Mathias e O Mandarim, que apresentavam nos seus comerciais um conteúdo humorístico.

Até o conhecido compositor Noel Rosa, como Lampeão foi caricaturado. Como se fossem dois personagens ao mesmo tempo é mostrado características de identificação de Lampião com o rosto de Noel Rosa. Mesmo nas capas de famosas revistas, Careta em 1926 e 1931, O Cruzeiro em 1932, Lampeão é caricaturado.

Na contracapa desse livro, consta a foto original muito popular de Lampeão e seu irmão Antônio Ferreira, já nesta época, famigerado cangaceiro, perseguido em Pernambuco, Paraíba, Ceará e Alagoas. Foi tirada em Juazeiro do Norte, no estado do Ceará, onde Lampeão foi convocado pelo Padre Cícero a pedido do deputado federal Floro Bartolomeu, para combater os inimigos do governo de Artur Bernardes, a Coluna Prestes, em 1926. Na capa, usando a foto da contra capa, foram introduzidas as faces de Getúlio Vargas como Lampeão e Osvaldo Aranha como Antônio Ferreira. Foi publicada pelo Estado de São Paulo em 24 de setembro de 1933, sendo Getúlio já vitorioso da revolta de 1932 em São Paulo. 

O desenho era utilizado, isto é, a charge, como uma crítica político social onde as situações cotidianas são exploradas com humor e sátira. Lampião foi personagem principal dos chargistas, mas o objetivo era atacar os poderosos da época, geralmente vítima dos jornais da oposição.

Coloquei tudo numa ordem cronológica para facilitar a sequência histórica, pois, no futuro com a leitura das diversas obras publicadas sobre Lampião e o cangaço em geral, teremos uma visão não contextualizada das sátiras contra os personagens vítimas dos chargistas.

Luiz Ruben F. de A. Bonfim
Economista e Turismólogo
Pesquisador do Cangaço e Ferrovia

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O BANQUEIRO DE MOSSORÓ - SEBASTIÃO FERNANDES GURGEL - PARTE VI

Por Mariana Gadelha

Amor e generosidade

Honesto, pacato e amoroso são palavras que resumem as qualidades de Sebastião Gurgel aos olhos do filho Raimundo. Em casa o patriarca era maleável, cultivava um casamento feliz ao lado de Elisa Rocha e preocupava-se com a educação dos descendentes. Ele próprio não tinha muito estudo, mas gostava de ler jornais e livros, assim como ir ao teatro e ao cinema, costumes que o tornaram um homem bem instruído. "Meu pai sempre dizia que ganhava mais que um general, mas não tinha a segurança de possuir um diploma, por isso nos incentivou a estudar", afirma o sucessor do grande banqueiro que "não era Midas, mas onde colocava a mão fazia o negócio prosperar", complementa.

A generosidade era outro ponto forte de Sebastião, que ao lado de Elisa encaminhava os parentes para a educação e o trabalho. No livro sobre Delmiro Rocha, escrito por Misherlany Gouthier juntamente com o neto do personagem, Fernando Diniz Rocha, há relatos de que o casal Rocha Gurgel ajudou a família em tempos difíceis. "Elisa e Tião Gurgel foram verdadeiros protetores dos Diniz Rocha até o início de suas atividades comerciais, independentemente", citam os autores.

Em outra página, Fernando Rocha compartilha que Elisa era uma grande mulher, considerada uma verdadeira matriarca pela maneira protetora e fundamental com que cuidava dos irmãos e se preocupava com o futuro deles. "Além da pessoa que era, teve na família a sorte advinha do seu casamento com o comerciante e posteriormente banqueiro Sebastião Gurgel, próspero que ao lado da companheira agiu beneficamente, engrandecendo aos demais familiares pelo encaminhamento na vida social e educativa dos parentes. (...) O sucesso dos Diniz Rocha se deve, em grande parte, a ajuda benevolente do casal Sebastião e Elisa"". ressalta.

Raimundo Gurgel adiciona que a família da mãe era humilde, por isso ela costumava dizer que só se casaria com "homem de loja", ou seja, alguém que tivesse melhores condições financeiras. Além de concretizar o seu desejo, Elisa ainda teve a sorte de viver um relacionamento harmonioso ao lado de Sebastião. "meu pai era de um temperamento brando demais. Não levantava a voz, ao contrário da minha mãe, que era mandona. Ele era um verdadeiro "MANICACA", inclusive, na mesa da sala de jantar não era meu pai que se sentava na cabeceira, e sim ela", recorda o filho do casal. Elisa faleceu em 1968 e Sebastião ainda viveu mais alguns anos. Em 1972, ele partiu para reencontrar o seu amor. 

CONTINUA...
Fonte: Revista BZZZ
Digitado por José Mendes Pereira

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MUSEU DO SERTÃO MAIS PEÇAS IMPORTANTES

Por Benedito Vasconcelos Mendes

Uma das principais peças do acervo do MUSEU DO SERTÃO da Fazenda Rancho Verde de Mossoró-RN é a  Bolandeira Dentada, também conhecida por Bolandeira de Entrosa ou simplesmente Cangulo. 


É uma gigantesca e interessante máquina, que revolucionou as velhas agroindústrias do passado, por ter promovido a substituição da força humana pela força animal. É uma engrenagem de madeira, que redireciona a força dos animais de tração (juntas de boi ou burros). 


A roda maior (chamada "Bolandeira") tem três vezes mais dentes (72 dentes) e gira na horizontal e a menor ("Rodete") com 24 dentes movimenta-se na vertical. Enquanto a "Bolandeira" dá uma volta, o "Rodete" dá três. Esta máquina foi usada para tanger moendas de cana-de-açúcar, caititu de  ralar mandioca, descaroçadores de algodão  e piladores  de grãos (milho e arroz).

Informação do blogdomendesemendes: O Museu do Sertão na Fazenda Rancho Verde em Mossoró não pertence a nenhum órgão público, é de propriedade do seu criador professor Benedito Vasconcelos Mendes.

Quando vier à Mossoró, procure visitá-lo, pois são mais de 5 mil peças para os seus olhos verem.

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A SOMBRA DE JARARACA

Por Honório de Medeiros

POR QUE JARARACA PEDIU A UM POLICIAL, NA TARDE QUE ANTECEDEU SUA MORTE, PARA FALAR EM PARTICULAR COM O CORONEL RODOLPHO FERNANDES?


O quê Jararaca queria conversar em particular com o Coronel? Por que ele foi assassinado na noite seguinte ao pedido? Há alguma relação entre um fato e outro?

Façamos um intervalo e nos dediquemos a analisar o episódio da morte de Jararaca, que é bastante revelador.

Sérgio Dantas nos conta, acerca do episódio, o seguinte:

(...) "no mesmo dia em que fora preso, Jararaca concedera bombástica entrevista ao jornalista Lauro da Escóssia, do noticiário “O Mossoroense”. Não mediu palavras."

Mais a frente, continua o historiador:

"Jararaca pisou em terreno minado. Logo percebeu que tornara pública parte de uma teia intocável. Suas incisivas declarações puseram em dúvida a probidade moral de destacados chefes políticos de estados vizinhos. A repercussão das declarações, claro, fora inevitável. Decerto, o bandido temeu pela própria vida. Pressentira algum perigo. Chamou um militar, ainda cedo da tarde. Expressou-lhe o desejo de falar em particular com o Intendente Rodolpho Fernandes. O pedido, no entanto, lhe foi negado sem maiores explicações. A caserna tinha outros planos para o cangaceiro. À surdina, ensaiou conspiração. Tramaram abjeto extermínio e apostaram no sigilo. Sem mais demora executou-se o plano."

Em tudo e por tudo está certo Sérgio Dantas. 

Somente errou ao afirmar que as declarações de Jararaca puseram em dúvida apenas a probidade moral de chefes políticos de estados vizinhos e por essa razão temeu pela própria vida.

Não colocou Jararaca em dúvida somente a probidade moral de alguém fora dos limites de Mossoró ou circunvizinhança. Por certo sabia que esses chefes políticos tinham amigos poderosos em Mossoró e vizinhança. Colocou sim, provavelmente, em dúvida, a probidade moral de alguns próceres que estavam próximo, bem próximo ao Coronel Rodolpho Fernandes e aos fatos. 

Como seria possível as declarações de Jararaca chegarem ao Ceará, se a alusão for ao Coronel Izaías Arruda, com a rapidez necessária para que ele, ao perceber que falara demais, ficasse com medo de morrer? Naquele tempo não havia telefone. Havia telégrafo, que não estava funcionando no sentido do Sertão, danificado pelo bando de Lampião. Quem, no entanto, enviaria informações comprometedoras pelo telégrafo e, através dele, discutiria um plano para a eliminação do cangaceiro que envolvesse a Polícia, comandada pelo Tenente Laurentino de Morais e o Governo do Estado do Rio Grande do Norte? Não parece óbvio que se houve o plano, necessariamente também houve a participação de quem pudesse mobilizar, no Rio Grande do Norte, em Mossoró, essas instituições?

Também não seria possível enviar, a cavalo ou de automóvel, notícias alusivas à entrevista de Jararaca para os estados vizinhos, em tempo suficiente – cinco dias - para que houvesse uma decisão acerca de sua eliminação pela Polícia do Rio Grande do Norte. 

Não. O que Jararaca disse e o que queria dizer ainda mais ao Coronel Rodolpho Fernandes provavelmente incomodou alguém ou alguns que estavam por perto, perto o suficiente para querer, planejar, decidir, e mandar mata-lo. Atribuir tudo isso ao Coronel Izaías Arruda é dar a ele um interesse e poderes que vão além do razoável.

Finaliza o pesquisador Sérgio Dantas: 

“Jararaca sucumbira. Morreu porque sabia demasiado.” 

A seguir:

“Findou o terrível salteador nas primeiras horas da manhã. Sua morte, entretanto, já havia sido decretada há dias. O laudo do exame cadavérico, por exemplo, fora assinado ainda na tarde do dia dezoito. E assim foi. Horas antes da execução e sob escuso pretexto de rotina, examinavam-se ferimentos de um corpo, sofridos durante uma batalha. Logo depois se chancelava, com base em conclusões médico-legais, documento de óbito de homem ainda vivo.”

Honório de Medeiros é mestre em Direito; Professor de Filosofia do Direito da Universidade Potiguar (Unp); Assessor Jurídico do Estado do Rio Grande do Norte; Advogado (Direito Público); Ensaísta.

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