A partir de
1917/18 os irmãos Antônio, Livino e Virgolino Ferreira, segundo relatos de
pesquisadores, já mostram do que são capazes de fazer com as armas nas mãos.
Uma
das primeiras imagens de Lampião e seu grupo- 1922
Andam com o grupo dos Porcinos e, depois se juntam de vez ao bando comandado
por Sinhô Pereira.
Sinhô Pereira
Sinhô Pereira, entra no cangaço para vingar a morte de um parente. Dentre os grandes chefes cangaceiros que ‘juraram’ vingança, como Antônio Silvino e Lampião, Sinhô foi o único que concluiu a promessa.
Antiga
Rua do Comércio. No primeiro plano a famosa loja "A Rosa do Monte" do
Coronel Gonzaga Ferraz e mais adiante a sua famosa residência, adquirida tempos
mais tarde pelo Sr. João de Pádua. Fonte - Arquivo de Valdir Nogueira, Belmonte-PE, através do pesquisador Artur
Carvalho.
Naquele tempo
ter um parente fazendo parte de bando de cangaceiros, não importando a causa,
razão ou circunstância que o levou a entrar para horda, era motivo de ser
castigado pelas volantes. Quantos e quantos sertanejos, com suas famílias,
foram surrados... Suas mulheres e filhas vítimas de estupros por soldados de
volantes inescrupulosos? Muitas família foi desonrada dentro da sua própria
casa.
Havia dois cidadãos que residiam, na cidade e município, de Belmonte, PE. Em certas obras literárias, trazem os dois até como compadres, e, para alguns,
naquele tempo, ser compadre, era fazer parte da família.
Coronel
Luiz Gonzaga - Luiz Gonzaga Lopes Gomes Ferraz
Pois bem, um
desses cidadãos era o comerciante Luiz Lopes Gonzaga Gomes Ferraz, mais
conhecido como coronel Luiz Gonzaga. Era constantemente ‘inquirido’ pelos
cangaceiros para fornecer-lhes mercadoria.
Ioiô Maroto à esquerda
O outro era o cidadão Crispim Pereira de Araújo, conhecido como "Ioiô
Maroto". Como notamos, em seu sobrenome tem “Pereira”, um clã que há muito
vinha em luta com outro, ou outros clãs. E consequentemente, parente do,
naquela atualidade, chefe cangaceiro Sinhô Pereira.
Família
do Coronel Luiz Gonzaga. Foto tirada no Porto da Madeira, Recife, onde passaram
a residir logo depois do ocorrido em Belmonte. Sua esposa é a senhora vestida
do preto, de luto pelo falecimento de Gonzaga. Fonte - Arquivo de Valdir
Nogueira, Belmonte-PE, através do pesquisador Artur Carvalho.
Naqueles dias, antes do meado de 1922, na cidade de Belmonte, PE, serviu de
base para tropa do tenente Cardim. Essa volante vinha no ‘rastro’ do bando de
Sinhô Pereira. Há, ali próximo, um local, que era ou ainda é, chamado Olho
D’água. Esse lugar destaca-se por ser quase que nas divisas dos Estados do
Ceará, Pernambuco e Paraíba. O citado comandante recebe a informação de que o
chefe cangaceiro, e seu bando, estavam naquela região. Coloca a tropa em forma
e dirigem-se para lá.
Sabedor da quantidade dos ‘cabras’ do bando de Pereira, e quão eram aqueles
cangaceiros destemidos e valentes, o tenente pede auxílio ao tenente Peregrino
de Albuquerque Montenegro, que fora cangaceiro, comandante de uma volante
cearense. Essa volante, segundo relatos, era composta por mais ou menos 60
Praças. Aumentando assim o contingente para o previsto encontro com os
cangaceiros.
Só que o
comandante cearense desvia sua rota e vai ‘vasculhando’ as modestas moradias
dos sertanejos, passando a maltratar, descendo o cacete nos moradores daquela
redondeza. Tiros, gritos e palavrões chegam aos ouvidos dos cangaceiros
acoitados e esses dão no pé, embrenhando-se na caatinga, apagam seus rastros.
O tenente Montenegro segue para a cidade de Belmonte, lá chegando, entra em
contato do o coronel Luiz Gonzaga. O coronel ver aí uma chance de vingar-se
daquilo que os cangaceiros sempre faziam com ele.
Sabedor do que
era capaz de fazer aquele comandante sem escrúpulos, Gonzaga dedura seu
compadre, dizendo que ele era parente de Sinhô Pereira. O comandante da volante
segue em direção à residência de Ioiô Maroto.
“(...)Consta que o militar recebeu uma informação sobre um possível coiteiro e
parente de Sinhô Pereira e, para não “perder a viagem” no caminho de volta para
casa, fez uma “visitinha” a esta pessoa e sua família. A propriedade era
conhecida como Cristóvão, pertencia a Crispim Pereira de Araújo, conhecido como
Ioiô Maroto, um homem pacato e que vivia longe de complicações, apesar de ser
membro da família de Sinhô Pereira(...)”. (tokdehistoria.com)
Ao chegar lá, manda descer a ‘lenha’ no chefe da família, que sem nada ter
feito, há não ser, ser parente de um cangaceiro. Pense numa sova demasiada de
grande.
Além da surra que manda dar em Ioiô, o comandante, segundo relatos de um
periódico, rir muito com o que faz um de seus comandados. “(...) à visita da
volante cearense ao pobre do Ioiô Maroto foi que “o cacete comeu” e sobrou para
sua já vetusta mulher e suas filhas. Consta que um policial negro, conhecido
como “Uberaba”, teria praticado contra as mulheres “toda sorte de misérias e
imoralidades, entre a risadaria de todos, inclusive do tenente que achava em
tudo muito espirito”(...)”. (blog Ct.)
Sinhô Pereira passa o comando do bando para Virgolino, que a essa altura já era
Lampião, devido a problemas de saúde, e some no ôco do mundo para arranchar-se
em terras distantes. Antes, porém, faz um pedido ao seu sucessor, que ele lave
a honra de seu parente, Ioiô Maroto. O “Rei dos Cangaceiros” promete resolver
essa ‘questão’. Que seu amigo e antigo chefe ficasse tranquilo.
Numa quinta-feira, 19 de outubro de 1922, a noite, choveu torrencialmente. Na
manhã da sexta-feira, no quebra da barra, pois ainda eram umas quatro horas da
manhã, 20 de outubro, estoura um forte barulho de disparos de armas de fogo na
cidade de Belmonte.
“No livro
“Serrote Preto”, de Rodrigues de Carvalho (1961. Págs, 157 a 161), o autor
comenta que certa noite, provavelmente um ou dois dias antes da manhã de 20 de
outubro, Lampião e seu bando chegou a propriedade de Ioiô Maroto pronto para
resolver a questão. Rodrigues de Carvalho afirma que o parente de Sinhô Pereira
não queria mais a vingança e que seguiu com Lampião praticamente obrigado”.
(blog Ct.)
Belmonte, na
época era guarnecida por dez soldados comandados pelo sargento José Alencar de
Carvalho. Havia uma ordem, ou um pacto, entre os militares de que se algum
tiroteio começa-se, todos deveriam procurar, imediatamente, o “QG”.
“(...)o sargento Alencar se achava adoentado na casa do seu sogro, o coronel
João Lopes, irmão de Gonzaga. Mesmo assim Alencar saiu a rua e disparou contra
os cangaceiros “cerca de 40 tiros” e foi para o pequeno quartel para dar ordens
ao seu pessoal. Mas no lugar, ao invés dos 10 militares só estavam os praças
Manoel Rodrigues de Carvalho, José Francisco e José Oliveira(...)”. (blog Ct.)
Com o
tiroteamento, a pequena população procura refugiar-se como pode. Embaixo de
móveis, em esconderijos feitos anteriormente, danam-se nas brenhas e etc.. O
fogo continua e mais dois militares, Severino Eleutério da Silva e Heleno
Tavares de Freitas, vem auxiliar aqueles que já estavam no confronto. Este
último é de cara atingido e tomba sem vida.
O coronel
Gonzaga, começa a tirotear com o bando de cangaceiros. A família fica
enlouquecida, uns choram, outros gritas e outros rezam... Gonzaga vai para a
parte traseira da casa e vendo uma barreira de balas a sua frente, sobe de três
em três degraus a escada que leva para o sótão. Na pressa e agonia, o coronel
tenta alcançar uma janela e escorrega. Com o peso de seu corpo, ele, por falta
de sorte, cai numa parte em que o forro é apenas de lambri. Este cede e ele
despenca e vai cair no meio da turba sedenta de sangue...
O Governador de Pernambuco, Sérgio Teixeira Lins de Barros Loreto, é
responsabilizado pela falta de segurança no interior pela imprensa escrita,
além do “Jornal do Commercio” trazer impressa uma carta da viúva do coronel
Gonzaga, fazendo Ioiô Maroto responsável pela morte de seu marido... Nas
quebradas do sertão.
Fonte: facebook
Página: Sálvio Siqueira
Grupo: OFÍCIO DAS ESPINGARDAS
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