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sexta-feira, 20 de julho de 2018

ARQUIVO CANGAÇO

https://www.youtube.com/watch?v=ZuLzDviL-8o

Publicado em 19 de dez de 2017

Uma parte de meu acervo com depoimentos gravados desde 1986. Espero que um dia esse material esteja em uma instituição que possa cuidar, divulgar e guardar para que as futuras gerações possam assistir depoimentos de pessoas que viveram a época do cangaço Lampiônico.

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ZÉ SERENO DEPOIMENTOS E RELATOS DE UM EX CANGACEIRO DO BANDO DE LAMPIÃO PARTE I

https://www.youtube.com/watch?v=mQlQ07QWu7k

Publicado em 25 de abr de 2017
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AO LANÇAR CANDIDATURA À PRESIDÊNCIA, CIRO CITA LULA E DIZ QUE "RESPONSABILIDADE AUMENTA"

Felipe Amorim Do UOL, em Brasília... 

https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/07/20/ao-lancar-candidatura-ciro-cita-lula-e-diz-que-responsabilidade-aumenta.htm

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JOÃO PESSOA FALOU AO JORNAL "O GLOBO"


Por Antonio Corrêa Sobrinho
João Pessoa

AMIGOS,

FAZ 88 anos no próximo dia 26 de julho que o advogado e famoso político paraibano, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, perdeu a vida, este que por muitos anos foi ministro do Supremo Tribunal Militar do Brasil, governou a sua Paraíba e disputou a vice-presidência da República na chapa encabeçada pelo depois ditador Getúlio Vargas, eleições que ocorreram em março de 1930. Mês de julho que, curiosamente, marca também o passamento de dois outros famanazes da história do Brasil, os “reis do cangaço”, Antonio Silvino e Virgulino Ferreira da Silva (Lampião), ambos extintos no dia 28 de julho, o primeiro no ano de 1944, e o segundo em 1938.

João Pessoa, Lampião e Silvino, os quais viveram e foram protagonistas do banditismo que imperou outrora nos sertões nordestinos, aquele como um seu combatente na época de governador, e estes como chefes de cangaceiros, que eu saiba não se conheceram pessoalmente.

Mas, em janeiro de 1930, estando João Pessoa a residir com a família, na capital federal, Rio de Janeiro, véspera da eleição presidencial, concedeu ele, ao jornal "O Globo", substanciosa entrevista, para os fins de responder a indagação de por que o cangaço ainda persistia no Nordeste. E como em seus depoimentos, os sobreditos famanazes cangaceiros são quase que respeitosamente mencionados, para mim, pelo menos pelas vias jornalísticas, terminaram os três por se encontrarem. É claro que seria o máximo se, Lampião, em plena atividade então, e Antonio Silvino, a cumprir pena na Penitenciária de Recife, tivessem comentado as colocações de João Pessoa, que vieram em favor dos cangaceiros, quando faz críticas severas aos militares no combate ao cangaço.

Afora essa minha elucubração romântica, que não tem nada de história, o fato mesmo foi a polêmica que as corajosas declarações de João Pessoa, resultantes do encontro em sua moradia com o jornalismo do "O Globo", causaram no mundo político nordestino, como vocês verão, recebendo contestações de governadores, ex-governadores de estados nordestinos (consegui colher apenas a publicada no Jornal do Brasil, do Rio, e outra na "Gazeta", de São Paulo). "O Globo", ante a repercussão, retornou a estar com João Pessoa, que esclareceu e confirmou praticamente tudo o que havia dito.

Na sequência, a conversa do Jornal com João Pessoa, duas respostas (réplicas) e a palavra final (tréplica) do grande João Pessoa.

Espero que gostem.

POR QUE O CANGAÇO AINDA NÃO ACABOU NO NORDESTE?
COMO, APLICANDO QUATRO MEDIDAS, O PRESIDENTE PARAIBANO PRETENDE RESOLVER A VELHA CHAGA
UMA PALESTRA MUITO OPORTUNA COM O SR. JOÃO PESSOA

A presença do presidente João Pessoa, da Paraíba, nesta capital, apresentava-se nos como uma boa oportunidade de esclarecimento do público, sobre a vida e a febre de progresso daquela pequena mas altiva unidade federativa. Quisemos assim surpreender o companheiro de chapa do Sr. Getúlio Vargas, num desses dias de intensa soalheira, que tanto lembram os dias de flagelo solar do Nordeste, para precisamente falar-nos S. Ex. das virtudes e dos males da população que está sob seu governo. O senhor João Pessoa está com a sua família numa mimosa casa de estilo colonial, já no fim da rua Paulino Fernandes. É no nº 83. Ali, num gracioso alpendre de quina, aguardávamos S. Ex., à sombra, beneficiados por excelente viração, enquanto o sol esbraseava sobre o asfalto da rua e a pedra e o cimento das calçadas. Quando chegamos à sua residência, o Sr. João Pessoa ainda estava à mesa, a almoçar, com a família e dois amigos íntimos. Um, era o deputado paraibano Carlos Pessoa. De fora, ouvíamos involuntariamente o rumo da palestra, à mesa. Apreciava-se atitude animadora do Sr. Getúlio Vargas. Uma voz acentuava:

- O Dr. Getúlio está agora dando uma vela lição de entusiasmo.

Uma voz acrescenta, derivando a atenção para outro aspecto da luta:

- Estou crente, que o Dr. Simões Lopes será indicado para senador.

Há risos de aquiescência, inteligentes.

O BANDITISMO NO NORDESTE

O Dr. João Pessoa não demorou muito em atender-nos. Depois, mimoseava-nos com um saboroso café, desses que se tornaram proverbiais nas fazendas do Nordeste. Dissemos prontamente o nosso intuito, naquela visita. Queríamos palestrar com o presidente da Paraíba, sobre a própria vida da Paraíba. Antes do mais, a Paraíba fere a atenção do carioca, como joia mimosa do Nordeste, pelos seus sofrimentos clássicos à ação do cangaço. Podia parecer exótico que, num momento de entusiasmo nacional, pela campanha da presidência, quiséssemos provocar um depoimento sobre um mero aspecto da vida doméstica paraibana, aliás, de todo o Nordeste. Em todo caso, era o banditismo dos cangaceiros um velho problema do Nordeste, que há muito estava a reclamar solução enérgica do administrador. E o presidente da Paraíba, como havia, até agora, enfrentado a questão? O Sr. João Pessoa riu-se, pondo-se cativamente à nossa disposição. E foi com serenidade que fez a sua exposição sobre o assunto;

- Preliminarmente, devo dizer que, depois do meu governo, “Lampião” jamais percorreu os sertões paraibanos. Ainda andou pelas zonas sertanejas de Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Alagoas. E agora está entre Bahia e Sergipe. E por que não entrou mais na Paraíba? É que lá não mais entrará, nele, nem Antônio Silvino, nem qualquer outro elemento do cangaço...

- E qual a causa?

A resposta foi pronta e incisiva: - É preciso ver as cousas, com justeza. “Lampião” é, como que o estado-maior do banditismo, como o foi em seu tempo, Antonio Silvino. Mas a grande massa do banditismo, por força das próprias condições políticas dos Estados do Nordeste flagelados pelo mal, está lá mesmo. É preciso que se diga a cousa com a devida energia. O banditismo é uma resultante de velhos vícios e costumes bárbaros da exploração da situação política, nesses Estados. De uma parte, há uma grande e funda prevenção das populações do interior desses Estados contra as suas polícias. É que para a constituição dessas é regra geral se recrutarem elementos perversos, maus, desordeiros. Muitas vezes são temíveis criminosos de morte os que, nos sertões do Nordeste, ostentam a farda dos homens da segurança pública. E, num momento de paixões políticas, quando esses pretensos representantes da lei atravessam as cidades, faz gerar em torno um ambiente carregadíssimo de apreensões. Daí, muitas vezes, quando em luta com essas bárbaras falanges do desespero, serem os bandidos bem acolhidos na cidade. É que esses somente atacam os inimigos. E os soldados das polícias nordestinas, pelo contrário, parece que timbram em causar terror a todos.

PARA ACABAR O MAL

Esboçado esse quadro inicial, sumamente verdadeiro, na aparência de paradoxal, o Sr. João Pessoa concentra-se um pouco, e logo diz incisivamente:

- Para acabar o banditismo no Nordeste, bastavam quatro providências. Primeiro que tudo, moralizar e elevar o nível social das polícias, excluindo dos batalhões os conhecidos assassinos, os desordeiros, os cachaceiros, como dizemos, com energia, lá no norte, dos que vivem sob a excitação alucinante, e frequente da pinga. É preciso, com essa providência, seguida do exemplo da maior moralização e respeito à ordem, nas fileiras – que essas polícias voltem a ganhar a confiança das populações sertanejas. A segunda providência visa a distribuição severa e serena da justiça aos que cometem impunemente crimes, no interior. Assim, que se faça o primeiro julgamento do criminoso no próprio local do crime, como é de justiça, mas que haja apelação obrigatória, quer seja ou não absolvido o réu, para a Relação do Estado, que decidirá ou não sobre novo julgamento. E havendo novo julgamento, seja o mesmo feito em outro ambiente, onde não se exerça a influência do coronelato político, em amparo dos seus “cabras”, ou de seus chefes assevandijados. Essa medida visa desarmar a proteção do coronelato político à sua “polícia pessoal de bandidos”. A terceira medida é complementar desta segunda. Visa o desarmamento real das populações do interior, já amparadas realmente por uma polícia de ordem e de garantia eficiente. Com essa medida, devem ser apreendidas e recolhidas toda qualidade de armamento existente nos campos, sem distinção de pessoa. É a busca como regra geral para todas as fazendas, tomando-se ao caboclo e ao coronel qualquer arma de uso proibido. Finalmente, seria cumprir à risca o Código Penal. E, por último, a quinta medida também se encadeando à quarta: proibir a venda de armas, sob qualquer pretexto. Convenhamos que a medida, assim, seria rigorosa demais, até dificultando ou proibindo a indústria da caça. Mas também há momentos em que as providências só são eficientes, quando executadas em todo o seu rigor.

UM APELO NOBRE FEITO EM VÃO

O presidente João Pessoa observa-nos que fora para o governo da Paraíba com essas ideias, quanto ao problema da segurança pública. Compreendeu, porém, que esse problema representa uma coordenada, no Nordeste, interessando igualmente, e dependendo a sua solução radical, portanto, da ação conjuga de Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Nesse sentido, dirigiu um alvitre aos governos desses Estados, sugerindo um acordo, para execução sistemática daquelas medidas, que lhe pareceram tão intuitivas. O governo do Rio Grande do Norte não se dignou mesmo a acusar o convite. Em todo caso, os governos do Ceará e de Pernambuco aquiesceram na assinatura de um convênio, mas só visando a entrada franca da polícia de um Estado em outro Estado, quando em perseguição de cangaceiros e facínoras.

Acrescenta o Sr. João Pessoa que, entretanto, não deixou à margem as sugestões de que vinha animado. Resolvera cumprir dentro do seu Estado, somente, o que esboçara como a salvação do Nordeste. É assim que logo reformou completamente a polícia. Dele excluiu todos os assassinos, os maus elementos, os desordeiros. Deu mesmo instruções severas aos comandantes de corpos para expulsão imediata dos que fossem surpreendidos entregues ao vício da embriaguez. Reformou a organização judiciária do Estado, para tornar o julgamento dos criminosos, no interior, uma cousa séria, livre da influência perniciosa da proteção do coronelato político. É assim que alguns julgamentos famosos, de crimes do interior, já foram feitos na capital do Estado. Quanto à terceira providência, tem desarmado sistematicamente toda as populações do interior paraibano, chegando, de tempos em tempos, à capital paraibana, caminhões carregados de armas apreendidas.

O Sr. João Pessoa cita mesmo o exemplo de um antigo companheiro de turma, muito seu amigo, residente no alto sertão paraibano, e que se foi queixar a S. Ex. de que a polícia do Estado dera busca em suja casa, apreendendo-lhe um rifle. E o Sr. João Pessoa respondeu-lhe que era muito amigo, mas não podia deixar de cumprir o Código Penal.

Finalmente, quanto ao mercado de armas, no Estado, não podendo proibi-lo, diretamente, elevou os impostos para esse negócio, de 1:000$000 para 10:000$000.

Feita essa exposição, o Sr. João Pessoa ainda observou que tomou mais outras providências, para o combate ao banditismo. É assim que, não contando absolutamente com a cooperação dos Estados fronteiriços, resolveu guarnecer, quanto possível, a fronteira paraibana. Tem bastante força ali distribuída, coordenando a sua ação por meio de estações radiotelegráficas. As linhas telegráficas eram facilmente cortadas pelos cangaceiros. Mas esse obstáculo, na perseguição, é removido facilmente pela comunicação dessas estações “rádio”.

DENTRO DAS PRÓPRIAS FRONTEIRAS

O presidente João Pessoa acentua bem que tem procurado defender a população paraibana contra o banditismo, da melhor maneira possível, frisando que os Estados vizinhos, se fizessem o mesmo, estaria o mal sanado. Diz que assinou o convênio policial com Pernambuco e Ceará, mas não reconhece nele nenhum mérito real. A propósito, lembra que não há muito, por força desse convênio, uma força pernambucana entrou em Patos, e, sob pretexto de perseguir um criminoso, deu cerco em uma casa, e fuzilou um pobre homem pacífico, arrastando-lhe, depois, o corpo, e enterrando-o no cemitério, sem nenhuma formalidade legal. Inteirado da ocorrência, formulou o seu protesto junto ao presidente Estácio Coimbra, e mandou instaurar processo contra a força turbulenta do vizinho Estado. Conta mais que, por força desse convênio, também uma força paraibana, em perseguição de um cangaceiro, penetrou em Lavras, no Ceará, dando cerco à casa do coronel Nogueira, onde se acoitara o bandido, oferecendo resistência. Travado o tiroteio, o bandido logrou fugir, arrecadando a força três rifles, um chapéu de couro, e muitas balas. Logo depois, recebeu S. Ex. um telegrama do presidente Matos Peixoto, transmitindo-lhe acusação tremenda do Dr. José Nogueira, irmão do coronel acima. Dizia o Dr. José Nogueira, que estava em Fortaleza, que a força paraibana invadira violentamente a casa do seu irmão, desrespeitando-lhe a família, e roubando-lhe joias. Em vista disso, o Sr. João Pessoa respondeu ao doutor Matos Peixoto que ia mandar abrir um inquérito, e lhe pedia fizesse outro tanto. E daí resultou, com o depoimento do próprio coronel Nogueira, que a polícia paraibana lhe acatara a família, e somente arrecadara o que o bandido deixara. Mas, nesse tempo, lhe chega um ofício do governo cearense, pedindo a remessa dos rifles, do mosquetão e das balas. O Sr. João Pessoa resolveu, então, escrever ao Sr. Matos Peixoto. E a carta que acompanhou o volume com as armas apreendidas, lembrava ao presidente cearense que havia um Código Penal. O senhor João Pessoa soube somente que aquelas armas foram novamente parar às mãos do coronel Nogueira.

- Como vê – conclui – o atual convênio policial em nada adianta, enquanto os demais governadores não encararem a questão com a honestidade e energia com que vou agindo, na Paraíba.

"O Globo" – 09/01/1930

COMBATE AO BANDITISMO NO NORDESTE

Um telegrama do Governador de Alagoas em resposta ao Presidente da Paraíba.

O Sr. Mario Alves recebeu do Sr. Álvaro Paes, Governador de Alagoas, o seguinte telegrama:

“Dr. Mario Alves – Maceió, 17. – Presidente João Pessoa em entrevista concedida “Globo’ e transcrita “Diário da Manhã” Recife afirmou que no intuito exterminar cangaceirismo que infesta nordeste dirigiu-se Governo Estados dessa região propondo um convênio que facilitasse ação respectivas forças policiais. Há equivoco S. Ex. quanto a Alagoas. Posso afirmar nunca recebi telegrama Presidente Paraíba sobre assunto motivo porque não lhe dei nenhuma resposta. De resto não haveria motivo para telegrama Dr. Joao Pessoa uma vez que Governo Alagoas nos dois últimos quatriênios tem cumprido seu dever de dar combate sem tréguas ao cangaceirismo ao e outros males sociais que envergonham nossa civilização. Há seis anos governo meu antecessor fez convênio com governos Bahia Sergipe Pernambuco e Paraíba para fim dar livre trânsito respectivas forças policiais por todos esses Estados sentido perseguir bandidos chefiados Lampião. Mas a verdade é que antes desse convênio já vínhamos perseguindo tais bandidos. Durante governo Costa Rego polícia paraibana teve necessidade entrar nosso território como aliada nossas forças resistiu ataque cangaceiros que a enfrentavam sendo nessa ocasião também recebida pelas nossas forças que pediu e obteve que retrato Costa Rego fosse festivamente inaugurado seu quartel na Paraíba. Ação nossa polícia tem continuado tão intensa contra Lampião e seu grupo que nessas poucas vezes tem penetrado no Estado de onde é logo expulso. Com convênio ou sem convênio temos cumprido nossos deveres defendendo população sertaneja contra assaltos dos cangaceiros. Cordiais saudações – (a) Álvaro Paes.”

“Jornal do Brasil” – 19.01.1930

CARTAS DO RIO

O banditismo no Nordeste – Revelações novas sobre o padre Cícero.

RIO, 15 (Pelo correio) – O banditismo no Nordeste está outra vez em foco. Lampião, com o seu bando, reiniciou as suas operações. O senhor João Pessoa, governador itinerante da Paraíba, entrevistado aqui por um vespertino, disse que se o cangaceirismo ainda existe naquelas paragens é devido tão somente à falta de ação conjunta dos diversos governadores com jurisdição na zona e que vem a ser, além dele, os da Bahia, Pernambuco, Alagoas, Ceará, R G Norte e Sergipe.

Fazendo gabolices, o sobrinho do sr. Epitácio acrescentou que tinha tido uma iniciativa a tal respeito, resultando inútil o seu esforço em virtude da falta de cooperação dos demais chefes das unidades federativas referidas.

O Rio Grande do Norte imediatamente contestou o Sr. João Pessoa, tendo o senhor José Augusto, ex-governador do mesmo Estado, esclarecido que lá nunca os bandidos conseguiram demorar e que o Rio Grande do Norte podia vangloriar-se de ser um dos estados nordestinos em que menos havia o banditismo profissional.

O jornalista Matos Ibiapina, há pouco chegado do Ceará, por seu turno, procurado por um matutino, esclareceu alguns pontos aos quais o Sr. João Pessoa não se havia referido.

Ele disse, por exemplo, que os culpados exclusivos pela vergonha social do banditismo, no Nordeste, eram os políticos, muitos dos quais tinham sociedade com Lampião.

O senhor Ibiapina chegou mesmo a citar fatos e a precisar nomes.

Quanto à Paraíba, ele assegura que é o Estado da região onde há maior número de criminosos, em que pesem as declarações do senhor Pessoa.

Quando o senhor Washington Luís visitou o Norte, teve ocasião de ir ao sertão da Paraíba. O senhor Ibiapina foi na caravana, para ouvir, de viva voz, a impressão do atual presidente sobre as famosas obras em que o Sr. Epitácio consumiu fartos dinheiros da nação. Numa das localidades sertanejas daquela terra, houve um almoço oferecido ao Sr. Washington e à sua comitiva. Sabem quem se sentou em frente ao então candidato à sucessão do Sr. Bernardes? Sentou-se um dos chefes do grupo de Lampião, já regenerado, segundo se diz no lugar.

A Paraíba sempre foi, realmente, um lugar preferido pelos criminosos. Toda gente, no Norte sabe disso. O Sr. João Pessoa, entretanto, quer negá-lo.

Está no seu direito. Defende o seu Estado; mas, o estranhável é que, para defendê-lo, ataque os vizinhos.

Sabemos, de fonte limpa, por exemplo, que o Ceará está neste momento livre dos bandos de assassinos que infestavam aquelas paragens.

O presidente Matos Peixoto, que é de uma fraqueza lamentável para certas cousas, nesse ponto tem revelado certa energia.

E a verdade é que a sua atuação, nesse particular, tem o apoio do próprio padre Cícero, que é tido, aqui pelo Sul, como o maior protetor de bandidos existente no Nordeste.

O padre Cícero, entretanto, tem uma explicação razoável para essa sua maneira de proceder. Acha que os bandidos, inclusive Lampião, são um produto do meio e quase sempre adotam a profissão do cangaço devido às injustiças que sofreram. Ele os manda para Goiás e Mato Grosso, onde tem amigos e não raro consegue transformá-los em fazendeiros honestos e exemplares pais de família.

Chamá-lo de protetor de bandidos e de criminosos é um exagero, positivamente.

Poderá ser protetor no bom sentido, isto é, um guia para a regeneração da capangada. Juazeiro, porém, sua terra, não é um valhacouto de bandoleiros, segundo declara o velho prelado, que é, conforme nos assegura o Sr. Matos Ibiapina, um conversador admirável, possuidor de uma clara inteligência e cheio de um bom humor magnífico.

ALL RIGHT
“A Gazeta” - 16/01/1930
O CANGAÇO, FLAGELO DO NORDESTE
Pelo GLOBO, o presidente paraibano, Dr. João Pessoa, responde à crítica despertada pelas suas palavras a este jornal
Porque o Sr. Matos Peixoto vai ficar sem resposta

A nossa primeira palestra com o presidente paraibano, ministro João Pessoa, entrou a despertar vivo comentário e contestação, particularmente do presidente Juvenal Lamartine, do Sr. José Augusto, senador norte-rio-grandense, do presidente do Ceará e do presidente Álvaro Paes, de Alagoas. A questão do cangaço foi ali exposta com rara sinceridade, e tanto bastou para se encresparem os melindres. Demais, o telegrama do Sr. Matos Peixoto ao próprio presidente João Pessoa, pelos termos em que foi redigido, e mesmo pelas circunstâncias em que foi divulgado, criou uma nova situação, que nos levou fatalmente à residência do presidente da Paraíba, à rua Paulino Fernandes. O Sr. João Pessoa acolheu-nos com satisfação, lamentando falhas naturais numa palestra, em que o repórter se baseia exclusivamente em sua memória, reproduzindo, depois, a súmula do que ouviu em manifestação espontânea do vulto procurado, versando quase sempre assuntos complexos e diversos. É uma situação bem contrária da entrevista em que o entrevistado dita ou escreve as suas declarações, ou as revê, tratando de assuntos determinados.

O presidente João Pessoa acentuou, então, as falhas da palestra que publicamos. Assim se exprimiu S. Ex.ª:

- Desde que parti do meu Estado, que não tenho lido jornais, por absoluta falta de tempo. Por isso mesmo, não revi antes, nem li depois, a palestra que tivemos sobre vários assuntos, inclusive sobre o cangaceirismo do Nordeste, palestra que o senhor se lembrou de publicar. Se tivesse revisto, não teria deixado passar alguns senões, aliás sem importância capital, que nela se notam, e são perfeitamente justificáveis, por isso que o senhor não conhece a região, as cousas e os homens do nordeste brasileiro, nem tomou uma nota sequer no correr da conversa, longa como foi, por várias vezes interrompida por uma outra das pessoas que chegaram e assistiram-na. Se a tivesse revisto, certo não deixaria passar a referência a Antonio Silvino, que todos nós sabemos achar-se há 16 anos recolhido à cadeia do Recife; não me escaparia a referência à passagem de “Lampião” pelo território de estados do Nordeste, porque, perguntado sobre este ponto, disse apenas que durante meu governo ele não estivera na Paraíba e que a “imprensa anunciava encontrar-se o referido bandoleiro operando em território de Sergipe e da Bahia; não me passaria o nome do coronel Nogueira, ao invés de Pedro Maranhão, etc.

Disse-lhe resumidamente, se bem me recordo, que fui governar o meu Estado “com a ideia de propor aos governos dos Estados nordestinos”, NOVO convênio policial, para extinção do cangaceirismo, mediante as seguintes bases principais: 1º - Fazer excluir das polícias estaduais todos os elementos maus, de modo que cada um viesse constituir elemento de ordem, conseguindo assim nas diligências conquistar a confiança das populações sertanejas; 2º - Praticar o desarmamento geral, sem escolher amigos, adversários ou indiferentes, humildes, fracos ou poderosos; 3º - Sugerir aos congressos estaduais a votação de um projeto de lei com o intuito de extinguir a ação dos chefes locais dentro do júri; 4º - Por fim, taxar proibitivamente a venda de armas e munições. Justifiquei cada um desses itens, inclusive o segundo que agora se pretende criticar com uma esdruxula interpretação ao art. 377 do Código Penal da República, e com esta pasmosa ignorância de um professor de Direito o pretender ampliar o referido código com o “Regulamento da Polícia do Estado do Ceará”!!! Logo depois de assumir o governo, verificaram-se os dois fatos que relatei e não foram contestados – um com uma força de Pernambuco e outro com um destacamento da polícia da Paraíba, em diligência na propriedade do coronel Pedro Maranhão, no Ceará, conhecido protetor de cangaceiros. Antes de prosseguir, convém notar que a correção da polícia paraibana nessa diligência ficou apurada, tanto pelo inquérito procedido por minha solicitação ao governo do Ceará, conforme documento que me foi remetido pelo Dr. Matos Peixoto, e ainda se encontra arquivado na Secretaria da Segurança do meu Estado, como pelo inquérito procedido de minha ordem.

Conhecido o procedimento dos dois governos – o de Pernambuco não punindo os desmandos de sua força, embora a gravidade das ocorrências legadas por mim ao conhecimento do Dr. Estácio Coimbra, e o do Ceará, entregando as armas e munições apreendidas pelo destacamento da Paraíba ao possuidor das mesmas, antigo e conhecido protetor de cangaceiros, desiludi-me, e convenci-me de que seria improfícua qualquer sugestão minha aos ditos governos para organização de um novo convênio policial e resolvi nada lhes propor – nem a eles nem a outro qualquer governo do Nordeste – e praticar, sozinho, no meu Estado, as medidas que reputo necessárias, senão para a extinção do cangaceiro, pelo menos para o seu afastamento do território paraibano. Isso, porém, não quer dizer que estamos, nós paraibanos, livres de investidas dos bandoleiros. Suponho a minha terra presentemente, com as suas duas companhias de polícia fazendo a cobertura das fronteiras do Estado, as suas forças volantes em constante movimento dentro do seu território, as suas estações portáteis de rádio, etc., etc. o Estado do Nordeste mais aparelhado para conter as incursões dos bandidos, mas, ainda assim, não acreditamos estar livres deles, nem nós nem qualquer outro Estado daquela região. A extinção do cangaceirismo é mais difícil do que aqui se pensa. Se “Lampião” e o seu grupo sinistro não se encontram atualmente ou não estiveram recentemente nos territórios da Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco e Alagoas, por lá já operaram anos a fio e, apesar do esforço dos seus governos, não foi possível captura-los ou extingui-los. Não se admire, entretanto, se a extinção da horda sinistra vier a ser obra de puro acaso.

- Vai V. Ex. responder o telegrama que a imprensa hoje publicou, como lhe tendo sido dirigido pelo Dr. Matos Peixoto? – interrompemos, afinal.
- Absolutamente não. Primeiro, porque dada a gratuidade e a insolência da agressão, ele revela ter sido escrito por quem não estava no momento no uso perfeito das suas faculdades. Se tivesse havido de minha parte na palestra que tivemos, um engano, uma referência menos extada, a mais rudimentar educação, aconselharia, isto mesmo depois de apurada seguramente e textualidade das declarações que me eram atribuídas, que me fosse dirigido um pedido cortês de retificação. Segundo, porque nós lá no Nordeste sabemos e os senhores sabem aqui, que o Dr. Matos Peixoto não é quem está “de fato” governando o heroico povo cearense. Terceiro, porque, como bom cristão que sou, perdoo aos pobres de espírito.

O "Globo" - 21/01/1930

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CAMPANHAS DE REPRESSÃO AO CANGAÇO



Entre as décadas de 1920 e 1930, governos da região nordeste do Brasil empreenderam um conjunto de medidas políticas, administrativas, judiciais e policiais no intuito de debelar os bandos de cangaceiros que assolavam os sertões de sete estados nordestinos, sob a chefia de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.

Ao assumir o Governo de Pernambuco, Estácio de Albuquerque Coimbra promoveu novo alento na repressão ao cangaço. Coimbra nomeou em 12 de dezembro de 1926 para o cargo de Chefe de Polícia o bacharel Eurico de Souza Leão. De fato, as novas diretrizes aplicadas na repressão aos bandos sob a chefia de Lampião tiveram impacto imediato. A campanha previa a repressão paralela aos protetores de bandidos, o apoio à ação da polícia, o reforço do policiamento nas fronteiras, o aumento do contingente de contratados, o desarmamento e o desaforamento. Conjugadas essas medidas, o saldo foi positivo.

A foto mostra a visita do dr. Euríco de Souza Leão em janeiro de 1928 à cidade de Belmonte, quando da inspeção ao Sertão pernambucano. Na ocasião, o Chefe de Polícia ao sertão de Pernambuco foi recepcionado pelo prefeito Sr. João Primo de Carvalho e autoridades locais. A foto foi tirada em frente à Prefeitura municipal. Sentados da esquerda para a direita: o prefeito João Primo de Carvalho, Jacinto Gomes dos Santos (Delegado de polícia), o major Theófanes Ferraz Torres, comandante geral das forças volantes, dr. Eurico de Souza Leão, dr. Melquíades Montenegro (juiz municipal), major Joaquim Leonel Pires de Alencar (presidente da Câmara Municipal) e Antônio Brandão de Alencar. Em pé e por trás de Theofanes e Eurico: tenente Arlindo Rocha (este, durante o combate da Serra Grande em Vila Bela, foi gravemente atingido no rosto, tendo o maxilar quebrado). O capitão Nelson Leobaldo (delegado de Caruaru) encontra-se por trás do major Joaquim Leonel. Em pé, por trás do Sr. Jacinto Gomes dos Santos está o Sr. Manoel Lucas de Barros, na época vice-presidente da Câmara Municipal do Município de Belmonte.

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83 ANOS QUE LAMPIÃO ATACOU SERRINHA DO CATIMBAU


Por Junior Almeida

Serrinha do Catimbau, antiga vila de Garanhuns se viu em apuros naquele sábado 20 de julho de 1935, com a presença nada amigável do Rei do Cangaço e parte da sua horda. Virgulino Ferreira, o Lampião, sua companheira Maria Bonita, Maria Ema, Medalha, Fortaleza, Juriti, Moita Braba e Gato, estiveram no dia anterior, sexta-feira, no Sítio Azevém, distante cerca de uma légua da cidade de Paranatama, onde assaltaram a casa e bodega do casal Zé Basílio e Maria Gracinda, a Branca, mãe de um menino de oito meses e grávida do seu segundo filho e estupraram as duas irmãs do dono da casa: Antônia e Josefa. Do Azevém os cabras foram para o Sítio Queimada do André, onde assassinaram o idoso José Gomes.

Na vila, distante aproximadamente uma légua do local desse crime de morte, o bando de Virgulino Ferreira foi recebido à bala, numa heroica e arrojada resistência liderada por moradores locais, à frente João Caxeado e Ozéias Correia. No fogo de Serrinha Lampião sofreu uma de suas mais desmoralizantes derrotas, pois além de ter sido morto um cachorro do bando de nome “Dourado”, Maria Bonita, a rainha do cangaço, levou dois tiros: um na pá e outro na bunda. Lampião babou de ódio e jurou o povo do lugar. Versos atribuídos ao cangaceiro diziam:

Mataram o meu cachorro
Balearam a baianinha
Quando nós voltar
Toca fogo em Serrinha.

Lampião e seus cabras saíram corridos de Paranatama. Se ficam morrem. A vitória do bem contra o mal foi a glória de Serrinha, que demonstrou galhardia e desassombro, mostrando que é terra de homens valentes, briosos, embora depois viesse o medo das pessoas da terra, pois não se poderia desprezar as ameaças de Lampião. 83 anos depois desse episódio a população local se orgulha em ter imposto ao maior de todos os cangaceiros uma derrota inesquecível. 

Para se ter noção da importância desse tiroteio na história do cangaço, Maria Bonita que foi baleada em Serrinha, até a data de sua morte três anos depois em Sergipe, teve seqüelas por conta do ferimento, chegando a sair do coito de Angico, para ir se tratar em Propriá, poucos dias antes de tombar sem vida pelas mãos das volantes do tenente João Bezerra, pois vivia a escarrar sangue. VIVA SERRINHA!

*Fotos: 1-igreja de São Luiz Gonzaga, em Paranatama; 2- Bando de Lampião; 3 Capa do livro LAMPIÃO, O CANGAÇO E OUTROS FATOS NO AGRESTE PERNAMBUCANO.

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JOÃO MOSSORÓ - CD CANTO DE AMOR

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LUIZ DUTRA O Amigo dos Nordestinos!

Linda interpretação de JOÃO MOSSORÓ com a música "Tocando em Frente", de Almir Sater e Renato Teixeira. Vídeo gravado nos estúdios da Gravadora Hawaí por Qualitativa Comunicação e Markekting para o novo CD CANTO DE AMOR.

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Silvano
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MARIA BONITA A RAINHA DO CANGAÇO

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Publicado em 1 de out de 2010

Maria Gomes de Oliveira, vulgo Maria Bonita (Glória, 8 de março de 1911 - 28 de julho de 1938) foi a primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros. Nascida no sítio Malhada da Caiçara, do município de Paulo Afonso, na época município gloriense, na Bahia. Depois de um casamento frustrado, em 1929 tornou-se a mulher de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, conhecido como o "Rei do Cangaço". Continuou morando na fazenda dos pais, mas um ano depois foi chamada por Lampião para fazer efetivamente parte do bando de cangaceiros, com quem viveria por longos oito anos. - Box Cultural transmitido pela NGT nacional, inedito as sextas, 22hs e com reprises aos domingos 20h30. - Box Cultural transmitido pela ITV NGT regional, inedito as tercas, 23hs e com reprises as quintas 11h30 e aos domingos, 20h30. - Box Cultural transmitido pela Rede TV/VTV de terça para quarta depois do programa do Amaury Jr.

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UM REINADO CANGACEIRO QUE ENCERRA SEU CICLO.

Por Geraldo Júnior

Ao amanhecer do dia 28 de julho de 1938 a Força Volante alagoana sob o comando do Tenente João Bezerra silenciosamente se aproxima da Grota do Angico localizada nos limites da antiga Fazenda Forquilha (Atual Fazenda Angico), na época pertencente ao município sergipano de Porto da Folha, local onde Lampião e parte de seu bando encontravam-se acoitados. Por volta das cinco horas da manhã quando a tropa ainda se posicionava para fechar o cerco ao bando, um tiro é disparado, transformando aquele pedaço de chão em uma amostra do inferno. 


Cabeças dos cangaceiros mortos em Angico. No primeiro degrau de baixo para cima vemos a cabeça de Lampião e logo acima a cabeça de sua companheira, Maria Bonita.


Uma incessante saraivada de tiros são disparados pelos soldados contra os cangaceiros, muitos deles ainda deitados. O fator surpresa, muitas vezes executado por Lampião e seus comandados contra seus inimigos, agora era a principal arma adversária. Pegos de surpresa os cangaceiros não tiveram tempo de se organizarem para uma possível desforra. Uma tímida e desproporcional reação é executada por alguns cangaceiros, mas diante do avanço e do poderio bélico da Força Volante a única e sensata decisão tomada naquele momento pelos cangaceiros, ainda sobreviventes, era fugir daquele local.

O resultado foram doze mortos. Onze cangaceiros, entre estes Lampião e Maria Bonita e o Soldado Volante Adrião Pedro de Souza, membro da tropa comandada pelo Aspirante Francisco Ferreira de Melo. Francisco Ferreira de Melo, que segundo consta na história, impulsionado pela bebida, foi um dos mais tenazes e ferozes combatentes, naquela manhã fria de 28 de julho de 1938 em Angico.

Cessado o tiroteio os soldados avançaram sobre os corpos dos cangaceiros, executaram alguns que ainda sobreviviam e saquearam seus bens. Em seguida os mortos foram degolados e suas cabeças seguiram junto com a tropa rumo à cidade de Piranhas em Alagoas, onde foram fotografadas e permaneceram expostas ao público até serem transportadas em cortejo por várias cidades até chegarem à Maceió, onde foram analisadas por legistas. Em Maceió, após passarem por análises, as cabeças dos nove cangaceiros mortos foram enterradas em uma cova coletiva em um cemitério público local, enquanto as cabeças de Lampião e de Maria Bonita foram enviadas para o Instituto Médico Legal Dr. Nina Rodrigues em Salvador, Bahia, onde permaneceram expostas ao público no Museu da instituição até fevereiro de 1969, permanecendo trinta anos, seis meses e nove dias insepultas.

As cabeças de Lampião e de Maria Bonita e as cabeças de outros cangaceiros que se encontravam também expostas no mesmo museu foram sepultadas no Cemitério Quinta dos Lázaros, em Salvador, Bahia. Colocando fim em uma longa batalha judicial travada pelas famílias que buscavam na justiça o enterro dos restos mortais de seus entes.

Geraldo Antônio de Souza Júnior

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"ESCOLHAS DO CORAÇÃO" É O MAIS RECENTE LANÇAMENTO DA AUTORA LUIZA DE CASTRO

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Luiza de Castro nasceu em Santos-SP/Brasil, em 1975. Reside em São Paulo (capital) com marido e dois filhos. Aos 23 anos, graduou-se em medicina e mudou-se para São Paulo onde concluiu a residência médica em Doenças Infecciosas e Parasitárias. Mestre em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, atua como infectologista há 16 anos.


Apaixonada por romances desde o início da adolescência, utiliza sua formação acadêmica como base para compor suas obras de ficção.

“Quando estou escrevendo, o rumo da trama me pertence e a sensação é incrível. Durante o processo, sinto-me poderosa, capaz de concretizar os sentimentos e desejos dos personagens. O objetivo é dar vazão ao texto e ver até onde ele vai. Escrever é somente prazer.”

Boa leitura!

Escritora Luiza de Castro, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que a motivou a ter gosto pela arte de escrever?

Luiza de Castro - Acredito que escrever tenha ocorrido como uma consequência do hábito inveterado da leitura de romances. Desde o início da adolescência, estava sempre com um livro nas mãos e com o próximo na bolsa. E entre um e outro escrevia em minha mente um texto complementar ao que estava lendo. Mas foi somente na fase adulta que este texto virtual foi de fato parar no papel e confesso que foi muito mais prazeroso do que imaginei que seria.

O que a escrita representa para você?

Luiza de Castro - Significa não somente desenvolver minhas próprias histórias. É uma oportunidade incrível de vivê-las. Quando estou escrevendo, o rumo da trama me pertence e a sensação é incrível. Durante o processo, sinto-me poderosa, capaz de concretizar os sentimentos e desejos dos personagens. O objetivo é dar vazão ao texto e ver até onde ele vai. Escrever é somente prazer.

Como surgiu inspiração para o romance “Escolhas do Coração”?

Luiza de Castro - Quando comecei a escrever “Escolhas do Coração”, havia lido um livro de sucesso em que o protagonista se mantinha afastado do seu amor por se considerar um perigo para ela. Como trabalho com portadores de HIV, achei que este seria um tema contemporâneo que ainda não havia sido inserido no contexto heterossexual. No livro, o protagonista, portador de HIV, tem sérios problemas em aceitar o amor da personagem principal, por se considerar “perigoso” para ela.

Apresente-nos a obra?

Luiza de Castro - O livro conta a história de Julia Hittman, uma atraente e bem-sucedida jornalista e escritora que tem seu coração dividido entre o seu melhor amigo Jack Taylor, o lindo fotógrafo com quem trabalhava em Nova York e o orgulhoso doutor Pedro Rodrigues, médico cardiologista e dono de um haras no Brasil onde Julia se instalara para escrever seu romance após uma briga com Jack. Julia se apaixona perdidamente por Pedro que, apesar de também ser apaixonado por Julia, sente-se inferior a ela e torna o relacionamento entre eles cheio de conflitos, joagndo-a de volta nos braços de Jack.

Trata-se de um triângulo amoroso composto de três partes. A primeira conta a história de Julia  no momento presente. A segunda parte se passa no momento anterior à vinda de Julia para o Brasil e conta sua história com Jack. Na terceira parte do livro, Julia retorna aos Estados Unidos. Então, o destino lhe prepara uma surpresa e obriga Julia a escolher entre os dois amores de sua vida.

Qual o momento, enquanto escrevia o livro, que mais a marcou?

Luiza de Castro - No final da segunda parte, quando Julia perde toda a esperança no futuro de seu relacionamento com Pedro.

Qual o cenário, espaço geográfico escolhido para a obra?

Luiza de Castro - A obra apresenta essencialmente dois cenários: As partes 1 e 3 se passam nos Estados Unidos, principalmente em Nova York.  A parte 2 se passa principalmente em um haras no interior do Estado de São Paulo. 

Quais critérios foram utilizados para escolha do título?

Luiza de Castro - Jack é o amor passado de Julia e Pedro é o amor presente.

A série de eventos ocorrida na trama leva Julia a decidir entre os dois e baseou a escolha do título.

O que mais a encanta em “Escolhas do Coração”?

Luiza de Castro - Os protagonistas atravessam uma longa jornada para se libertarem de seus conflitos e limitações e, com isso, se permitirem encontrar a felicidade. No livro, existe a mensagem que o amor pode transformar a forma de pensar de um indivíduo, sem alterar seus valores pessoais.

Onde podemos comprar o seu livro?

Quais os seus principais objetivos como escritora?

Luiza de Castro - Meu principal objetivo como escritora é proporcionar entretenimento.

Deixar o leitor absorto na história de forma que ele viva o momento juntamente com os personagens. Não espero deixar uma mensagem para o mundo. Espero que o leitor entre no livro e não queira sair!

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Luiza de Castro. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?

Luiza de Castro - Existem vários tipos de objetivos ao se ler um livro. Eles nos tocam de forma e intensidade diferentes, mas creio que cada livro nos acrescente uma cor nova na alma. Espero que, tendo ou não um gênero preferido de leitura, sempre haja oportunidade para que  um livro possa colorir seu cotidiano.

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