Pesquiso
cangaço a uma vida e não sei quase nada. Meu amigo Paulo Gastão sempre dizia a mim a Angelo Osmiro Barreto e a tantos outros colegas "deixe de ser besta cabra, Lampião tá é gozando da gente
rrrssss"
Depoimento de Dezinho Magalhães, Luiz Cazuza e escombros da casa
onde Lampião nasceu.
Trocando as
pás pelo violão, o ex-coveiro de Serra Talhada, Givaldo Inácio de Oliveira,
mais conhecido como Ivo Oliveira, dá mais um passo em sua carreira artística.
Após se
apresentar no Programa do Ratinho, no SBT, e fazer participações em espetáculos
teatrais e produções cinematográficas da cidade, Ivo lançou um videoclipe com a
música, Amigo do Vento.
Gravado em um
dos pontos mais altos da cidade, com o apoio do cinegrafista Nilson Senna, Ivo
faz uma crítica ao mercado da música que dificulta e não abre portas para
artistas locais e que estão começando na carreira.
Contatos para
shows: (87) 9642-7779 / Facebook e Instagram.
Confira no Farol de Notícias o clipe da canção Amigo do Vento, do
serra-talhadense Ivo Oliveira.
O amigo já ouviu falar no lagarto tiú, também conhecido por teiú e tejo? Bicho brabo de língua comprida e rabo de chicote enfrenta e derrota as cobras que encontra pela frente. Sua carne é apreciada pelo povo sertanejo e sua pele valiosa vendida na clandestinidade. Os que apreciam uma cachacinha compram o bicho por qualquer preço, driblando o serviço de proteção ambiental. Pois bem, o réptil que quase sempre leva vantagem com as serpentes, abriga-se das chuvas e do frio, aguardando o Sol. Quando o tempo abre, o teiú procura a pedra ou o lajeiro mais próximo, se estende e parece dormir captando sua vitamina D. O caçador, clandestino e esperto, conhece bem os hábitos da caça procurada pelo rastro.
TRISTEZA DAS RUAS. (FOTO: B. CHAGAS).
Pois assim, imitando o pintado lagarto da caatinga, estava grande parte dos participantes da Festa da Juventude. A segunda-feira, sem aulas em quase todas as escolas de Santana do Ipanema; o Sol que voltou a mostrar a cara no Sertão trouxeram para cima dos lajeiros (digo, às ruas) os brincantes das chuvaradas, do frio e da “cana” exagerada da festa. Uma ressaca homérica em que até bêbados foram arrastados ao banho de sol. Fora alguns pingos de chuva sem compromisso, o azul do firmamento afastou o branco giz que imperava por aqui. Nas primeiras horas do dia e no final da tarde, ruas inteiras mostravam-se nuas, sem um pé de pessoa numa tristeza e solidão se fim. Até os bandos de espanta-boiadas recolheram-se com os humanos.
Mas o importante mesmo é a água que está caindo dos céus, transtornos nas capitais e alegria nos sertões. É da terra molhada no meio do ano que brota o pasto, que engorda o rebanho, que mata a fome do sertanejo. Os roçados enchem-se de feijão-de- arranca, milho, feijão-de-corda, macaxeira, mandioca e melancia. Escorrem os rios, murmuram os riachos, alegram-se os pássaros e a viola do repentista ecoa pelos grotões, baixadas e serranias do planeta Nordeste.
Não há beleza maior que o voo da borboleta e o seu bater de asas. Mas muito cuidado com o voo da borboleta e o seu bater de asas.
O simples bater de asas de uma borboleta pode interferir no curso normal das coisas. As asas batendo movimentam o ar. O ar expande-se em crescente. O resultado final pode ser catastrófico.
No ser humano, as asas da borboleta estão nos pequenos gestos, nas palavras ligeiras, nas atitudes impensadas. Age-se como se nenhuma consequência houvesse, mas depois se tem o contrário.
As asas das palavras esvoaçam sem a real percepção de seu poder. Tudo parece normal a quem pronuncia, mas de consequência alarmante para quem é dirigida. A palavra pode chegar como navalha, como ponta afiada, como ferro em brasa.
Um simples olhar é um bater descomunal de asas de borboleta. Tantas vezes o olhar diz mais que mil palavras. A repreensão ou a aceitação se lançam do olhar e vão ter reflexos imediatos na outra pessoa.
Um aceno, um simples aceno, quanto efeito há num gesto assim. Aceno de adeus que provoca tristeza e melancia. Aceno distante que objetiva mostrar o reconhecimento e a saudade. O aceno ao não existente. De repente acena-se pelo desejo da presença.
Similar às asas da borboleta é a consequência do pingo d’água que cai. E muito mais quando é pingo após pingo. Quando caído na água, o pingo adentra no espelho d’água com força maior que o imaginado.
O impacto do pingo na água, de imediato provoca uma pequena onda. Mas esta inocente onda pode se expandir de tal modo e chegar até à margem como verdadeiro tsunami. De um leve impacto, a formação de uma turbulência devastadora.
Tudo é assim, sempre se expandindo do nada. Um simples olhar e mais um amor surgido. Um bater à porta e uma notícia para fazer sorrir ou chorar. O grão brotando de modo despercebido. E depois a flor, o fruto...
Muitas vezes, a lua lá em cima é como se uma tempestade surgisse lá embaixo. Lua que faz o insano enlouquecer ainda mais. Lua que faz apaixonar e chorar de saudade. Lua que açula as marés e muda o curso de muita coisa sobre a terra.
O vento que sopra e traz a folha seca. A folha seca que cai sobre um umbral de janela. A janela que sempre espera a bela mocinha ao entardecer. Entardecer que vai se transformar em poesia, alegria ou sofrimento, assim que a bela mocinha encontrar a folha seca.
E assim tudo vai acontecendo. Não é preciso que as coisas aconteçam de modo espantoso, real demais, visível demais. As coisas mais importantes e surpreendentes vão surgindo ao acaso.
Segundo a
"lenda" tirava dos ricos para dar aos pobres.
José Teixeira da Silva nasceu em 1816, no lugar do Telhado, freguesia de
Castelões de Recesinhos em Penafiel e morreu em 1875 em Angola.
Alistou-se no exército, em Lisboa, tendo-se destacado pelo seu comportamento
militar e pela sua postura destemida ao serviço dos designados "Lanceiros
da Rainha". A nível militar ele teve uma carreira de enorme sucesso.
Participou na Revolta dos Marechais em 1837 e seguiu o Duque de Saldanha
nos combates de Ruivães.
Com o fim da guerra civil, em 1837, e a caminho do exílio, recebeu autorização
do seu tio para casar com a sua prima Ana. Regressa então a Recesinhos, onde
constitui família.
Com a Revolução da Maria da Fonte, em 1846, José do Telhado integra a revolta
popular. Durante os confrontos, chega mesmo a salvar a vida ao general Sá da
Bandeira, sendo por este feito, posteriormente condecorado por ele, com a
medalha de Cavaleiro de Torre e Espada.
Após a Convenção de Gramido, que ocorreu em Junho de 1847, termina a
"Revolta de Maria da Fonte". Por esta altura, a sua família
debatia-se já com sérias dificuldades financeiras. É a partir daí que lhe é
atribuída a lenda de "roubar aos ricos para dar aos pobres". O tempo
que estivera a cumprir serviço militar trouxe-lhe por um lado muito orgulho mas
por outro também lhe trouxe muitas dívidas. Assim quando chegou a Lousada
(localidade em que vivia) os credores começaram a persegui-lo e naquela hora de
nada lhe valeu o seu empenho, coragem e destreza no cumprimento do dever
militar, pois ninguém o ajudou neste momento tão complicado da sua vida. Foi
neste momento que por desespero tornou-se bandido.
No ano de 1852
José Teixeira da silva já era bem conhecido pelas autoridades durienses devido
aos seus famosos roubos e assaltos a casas de cidadãos abastados. Desta forma a
sua fama chegava a todos os lavradores da região do Douro.
O bandoleiro
mais conhecido do país acaba por ser apanhado pelas autoridades em 31 de Março
de 1859 quando tentava fugir para o Brasil. Esteve preso na Cadeia da
Relação, onde conheceu Camilo Castelo Branco que se lhe refere
nas Memórias do Cárcere.
Em 9 de
Dezembro de 1859 foi julgado e condenado ao degredo perpétuo na África
Ocidental Portuguesa. Foi-lhe comutada a pena aplicada de 15 anos de
degredo, em 28 de Setembro de 1863. Viveu em Malanje, negociando
em borracha, cera e marfim. Casou-se com uma angolana Conceição, de quem teve três filhos. Conhecido entre os locais como o kimuezo –
homem de barbas grandes –, viveu desafogadamente.
Faleceu em 1875, vítima
de varíola, sendo sepultado na aldeia de Xissa, município de Mucari,
a meia centena de quilómetros de Malanje, sendo-lhe erguido um mausoléu,
objecto de romagens.
Francis Hime,
Tom Jobim, Dori Caymmi, Sidney Miller, Dóris Monteiro, Zé Kéti, Sônia Lemos,
Ângela Maria, Elizeth Cardoso, Vinicius de Moraes e Edu Lobo.
Em
1927 Lampião resolveu invadir o Estado de Alagoas alegando que era protestando contra Zé
Lucena por ter assassinado o seu pai, e Zé Saturnino, que segundo ele, era o
causador das declinações da família Ferreira, privando o direito deles serem
felizes onde moravam, obrigando-os a fugirem de Pernambuco, e os empurrando
para as terras alagoanas.
Zé Lucena e Zé Saturnino inimigos de Lampião
Em
Pernambuco, ele e os seus familiares deixaram para trás tudo que haviam
adquirido com muito esforço: propriedade, agricultura, criações e principalmente
sonhos e muitos sonhos que pretendiam realizar.
Já
residindo em Alagoas passaram por dois grandes desgostos: O primeiro foi
quando viram a mãe cair em depressão. Ela se sentindo desgostosa com o
desrespeito do Zé Saturnino, por ter afetado o caráter de José Ferreira da
Silva, seu coração não aguentando as maldades, faleceu em 1920.
José Ferreira e Maria Lopes pais de Lampião
O
segundo e mais doloroso foi quando viram o pai envolvido em um horroroso lençol
de sangue, todo crivado de balas pelas armas do tenente Zé Lucena.
Os
desrespeitos que surgiram contra a sua família deixaram ele e seus irmãos sem
rumo e sem decisões, para enfrentarem as maldades dos perseguidores.
Dizia
o rei que o principal culpado das suas desventuras era o Zé Saturnino, por não
ter assumido a sua desonestidade, quando o assecla viu peles dos seus animais
na casa de um dos moradores da Fazenda Pedreiras. Se o fazendeiro tivesse
assumido o feito não teria sido necessário ele e seus irmãos viverem
embrenhados às matas, escondendo-se dos policiais.
Pele de cabra
O
rei ainda se lastimava que todos os seus antes amigos viviam passeando pelas
redondezas do lugar, livres de perseguições, e diariamente
aconchegados às mocinhas do povoado, frequentando festas e bailes. E enquanto os
outros gozavam da liberdade, eles eram privados de participarem dos
divertimentos que o povoado oferecia. Infelizmente teriam que passar a vida
inteira se amparando às árvores, castigados pelas chuvas, sol, poeiras,
dormindo no chão, misturados com caranguejas, lacraias, cobras e no meio de
combates, tentando se livrarem dos estilhaços de balas. E na maioria das vezes,
fome, fome e muita fome, vivendo um horroroso
sofrimento.
Lampião
assumia o seu feito, dizendo que antes da morte do seu pai já havia praticado
crimes. E em um desses, findou a vida de um sujeito que lhe roubara uma das
suas cabras. Mas que todos que o julgavam como um bandido cruel entendessem o
porquê da sua prática criminosa. Fizera para defender o que lhe pertencia, e em
prol de sua própria honra. Se ele não defendesse o que era seu, com o passar
dos tempos, todos iriam querer pisá-lo como se ele nada valesse na vida.
Lampião
alegava ainda que se o Zé Saturnino não tivesse manipulado o tenente Zé Lucena
para assassinar o seu pai, quem sabe, talvez ele não tivesse se tornado um
bandoleiro, e sim, um fazendeiro, um engenheiro, um rábula qualquer ou outra
coisa parecida. Ou ainda teria se casado e construído uma linda e maravilhosa
família.
E
agora, depois das grandes decepções que passaram principalmente a morte do pai,
como os irmãos Ferreira se vingariam das maldades que fizeram contra
eles?
Lampião e seus manos, decepcionados, fizeram um juramento: o seu luto, até a
morte, iria ser o rifle, a cartucheira e os tiroteios. E a partir dali,
decidiram que a solução seria magoar todo povo que morava em Alagoas,
vingando-se a seu modo. Já que tinham perdido o respeito, uma desordem a mais
não influenciava nada.
E
a partir de 11 de janeiro de 1927, partiram para bagunçarem o Estado de
Alagoas, onde destruíam tudo que viam pela frente. E geralmente rios de sangue
ficavam escorrendo por onde os vingadores passavam.
Fonte de
pesquisas:
"Lampião
Além da Versão – Mentiras e Mistérios de Angicos"
Indico o livro da Escritora Marilourdes Ferraz , em sua obra "O canto do
Acauã" , as memórias do Cel. Manoel de Sousa Ferraz ( Coronel Manoel
Flor).
Foi o primeiro livro que li sobre o Cangaço, era o livro da 1° edição da
capa verde. A história de luta das forças volantes contra o banditismo rural o
cangaço.
O RELEMBRANDO
MOSSORÓ vem pedir orações em prol da saúde do nosso amigo CHICO DA PREFEITURA,
o mesmo sofreu um infarto e se encontra internado no Hospital Wilson Rosado,
nesta cidade.
Francisco Dantas da Rocha – Nasceu no dia 19 de março de 1951, na cidade de
Mossoró-RN; filho de Manoel Rodrigues da Rocha e Ivone Dantas da Rocha. Ao
longo da vida foi funcionário público municipal e vereador em vários mandatos,
conhecido por “Chico da Prefeitura”.
ADENDO
Estudei a 5ª. série ginasial com ele Escola Técnica de Comércio União Caixeiral. Gente finíssima e educada.
No dia 31 de
agosto de 2019 terei a honra e a satisfação de receber das mãos do atual
presidente da nossa querida SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço,
professor Benedito Vasconcelos Mendes, a Comenda
Alcino Alves Costa, cuja condecoração seria-me entregue numa das edições do
Cariri Cangaço realizada ano passado.
Contudo, estarei participando da XVI Semana Multicultural do Museu do Sertão,
com sede na grande cidade de Mossoró, Rio Grande do Norte, quando também tomará
posse a nova Mesa-Diretora da SBEC, cuja eleição se dará em 15 de agosto
próximo.
Sem dúvidas que será um grande evento, e assim sinto-me lisonjeado com esta que
é uma grande honraria, a Comenda Alcino Alves Costa, e ainda mais no trigésimo
ano desta minha carreira de pesquisador da nossa história regional, e sobretudo
do Cangaço.
Muito obrigado a todos que fazem a SBEC, e em especial à pessoa de seu
presidente Benedito Vasconcelos, como também a Aderbal Nogueira e Ângelo Angelo Osmiro Barreto, responsáveis pela
Comissão Eleitoral e que cuidam do pleito que se aproxima.
Anésia Meira Sertão nascida em Boa Nova, BA, em 03/01/1922 (filha de Alfredo Meira Sertão e Elisia de Sá Meira) e Deoclides de Souza Meira, nascido em Boa Nova, BA, em 22/01/1903 (filho de Ambrosio de Souza Meira e Arcina de Souza Meira). Casaram-se em Catingal em 26/11/1944. Ele foi casado em primeiras núpcias com Etelvina Meira Sertão.
A data acima não se referem à cangaceira Anésia Cauaçu, e sim ao casal Anésia Meira Sertão e Deoclides de Sousa Meira.
Anésia Adelaide Cauaçu, foi uma cangaceira brasileira que viveu na região de Jequié, interior da Bahia, no início do séc. XX.
Inicialmente, Anésia era uma dona de casa dedicada ao marido e a filha, mas abandonou essa vida para ingressar no cangaço, juntando-se aos seus tios e e irmãos que formavam o temido e afamado bando dos Cauaçus.
Carismática e extremamente bonita, Anésia era o membro mais célebre desse bando pois, além de ter conhecimento de táticas de guerrilha e ter uma mira infalível, ela também jogava capoeira. Um de seus grandes feitos foi de arrancar, com um tiro certeiro, o dedo de um delegado que indicava aos policiais onde deveriam se posicionar, durante um tiroteio no centro de Jequié, a uma distância considerável.
Em 1916, Anésia abandonou o cangaço e foi viver com sua família sob proteção de um fazendeiro que devia favores aos Cauaçus mas, traída pelo mesmo, foi entregue a polícia e nunca mais se teve notícias dela.
O escritor Ivan Estevam Ferreira, no seu livro “A Pedra do Curral Novo”,sugere que Anésia pode ter falecido em Jequié e a identifica com uma anciã que morreu no ano de 1987 com 93 anos, que vivia sob os cuidados de pessoas caridosas.
O drama da Família Cauaçu; que lutaram de 1906 até 1920. Com os Chefes de Jagunços, que eram: Major Zezinho dos Laços, Coronel Cassiano, Irmão de Zezinho e o Coronel Marcionílio, amigo de ambos. Os três eram ricos e poderosos e tinha muitos Jagunços pistoleiros; Família Cauaçu eram de Gente Pobres, lavradores, criadores de pequenos rebanhos de cabras, ovelhas e porcos e plantavam roças de milho e mandioca abobra melancia e outras lavouras da caatinga no Sertão da Bahia, isto era no Município de Boa Nova perto do Rio de Contas, na fazenda Fedegoso, era lá que moravam os dois irmãos dono da fazenda. Constantino Cauaçu e Rufino Cauaçu. Constantino tinha dois filhos Augusto Cauaçu Marcelino Cauaçu e Rufino tinha Cinco filhos: José Cauaçu, Olímpio Cauaçu, Antônio Cauaçu, Durvigem Cauaçu e Terto Cauaçu; e tinha umas moças que eu não me lembro; nesta época eu ainda era bem pequeno, só sei que a mais velha chamava Anésia, mulher de naquele tempo Augusto Cauaçu foi ser empregado do Major Zezinho e sendo empregado era preciso ser pistoleiro também.
25 de julho de 1976
Um dia, quando jagunços e populares bebiam numa venda da localidade. Próximo dali, vinha um jagunço do Major Zezinho montado em uma mula, quando repentinamente surgiu uma porca que ao atravessar a rua, foi atropelada pelo seu animal. A porca morreu e, por estar na hora de dar cria, os filhotes tiveram o mesmo fim. O fato causou um grande desentendimento entre o dono da porca, o qual pertencia à família dos “cauaçus” e queria receber a indenização pela perda do suíno, e o jagunço, que não aceitou os argumentos apresentados. Depois de muita conversa e interferência dos amigos das partes, os ânimos foram acalmados, mas ficaram as promessas de vingança.
Na extrema esquerda está Zezinho dos Laços e na extrema direita, Lucas Nogueira. Entre eles, a família Nogueira. Foto tirada em 1909.
No outro dia, quando o jagunço de Zezinho foi pegar a mula no mangueiro, encontrou-a morta. Sinais de perfuração de bala foram verificados na região da cabeça. O jagunço não fez nenhum comentário, apenas retirou as quatro ferraduras da mula e colocou na capanga. Três dias após o ocorrido, Augusto Cauaçu foi encontrado morto com as quatro ferraduras no pescoço.
A partir deste dia começou a desavença, pois o jagunço que matou Augusto Cauaçu, disse que o mandante do crime teria sido Major Zezinho, mesmo ele tendo afirmado não ter participação no assassinato. Declarações da família dos “cauaçus”, isto é, os Cinco primos e o irmão de Augusto, que vingaria a morte do seu familiar e o alvo era o suposto mandante, José Marque da Silva, o Zezinho dos Laços.
Os bandos dos Cauaçus eram formados por seis homens: O Irmão de Augusto; Marcelino Cauaçu e seus primos: José Cauaçu, Olímpio Cauaçu, Antônio Cauaçu, Durvigem Cauaçu e Terto Cauaçu. Todos unidos e destinados, se armaram com boas armas e muita munição.
O Major Zezinho dos Laços morava em Porto Alegre, as margens do Rio de Contas, dali o Major Zezinho comandava seus jagunços, naquela Caatinga seca de pedregulhos.
Não acreditando e não temendo as ameaças, Zezinho dos Laços viajou para Volta dos Meiras (atualmente Catingal), em companhia de Lucas e de um dos seus capangas, para resolver assuntos pessoais.
Os Cauaçus ficaram sabendo da viagem de Zezinho para Volta dos Meiras e armaram uma emboscada na Fazenda Rochedo, ali o Major Zezinho tinha de passar para voltar a Porto Alegre.
Em Volta dos Meiras, (Hoje Catingal), morava o Coronel Martiniano Meira, homem muito rico e sábio, respeitado por todos, um homem da paz; Ele tinha o apelido de Nonô e assim era conhecido, Coronel Nonô.
O Major Zezinho dos Laços, estando em Catingal, antiga Volta dos Meiras, passou na casa do Coronel Nonô e o Coronel Nonô que já sabia de tudo, avisou ao Major Zizinho dos Laços, que, os vaqueiros dele tinham visto uns homens armados, que parecia os Cauaçus, próximo da fazenda Rochedo, que era a Fazenda do Sr. Candido Meira. Os vaqueiros vinham tocando gado quando viram aqueles homens armados, próximo a um riacho, entrando no mato; e fingiram que não estava vendo nada, para que os homens não desconfiassem. Chegando na casa do patrão contaram o que tinha visto ao Coronel.
O Coronel disse: eu estou lhe avisando Major, e o Major respondeu: “Eu não tenho medo, Moleque não mata homem”. O Major Zezinho dos Laços ia junto com seu cunhado, Major Lucas, e mais três capangas de sua confiança, todos bem armados e montados em bons burros, viajaram já o sol quase se pondo. O Major e seus companheiros eram homens fortes e muito valentes, eles não tiveram medo daquela notícia e viajaram. De Volta dos Meiras à Porto Alegre dista aproximadamente 20 Km ou 3 Léguas, como costumavam dizer; A Fazenda Rochedo era quase o meio do caminho, eles só iam chegar a Porto Alegre a noite.
Quando eles iam atravessando o riacho os Cauaçus gritaram, fogo! E os capangas do Major Zezinho dos Laços também gritaram, fogo! E o tiroteio começou. O Major Zezinho foi alvejado com um tiro no peito e o burro que ele ia montado saiu marchando pela estrada até chegar na casa da Fazenda Rochedo, propriedade do Sr. Candido Meira, por que o Major já tinha costume de parar ali; o Major segurou na cabeça da sela já quase sem vida; enquanto isso, os capangas trocavam tiros com os Cauaçus. O Major Lucas saiu correndo a pé pelo mato pois sua mula foi baleada e caiu logo, o tiroteio durou pouco pois os Cauaçus correram; o Major Zezinho dos Laços foi tirado do burro pelos donos da casa, o Sr. Candido e seu filho, Enpidio, porém, o Major não resistiu e Morreu.
Candido Meira mandou Elpídio Alves a Porto Alegre avisar os parentes. Ficaram na fazenda velando Zezinho dos Laços: Cândido Alves, sua esposa Joana Alves Meira e suas filhas Florinda Meira, Leonilha Meira. Rita Meira e Ana Meira. No dia seguinte, Zezinho dos Laços foi levado e sepultado em Porto Alegre.
Imediatamente depois da sua morte e enterro; com apoio da polícia e ajuda de Marcionílio Antônio de Souza, influente chefe político em Maracás, Cassiano Marques da Silva e seus sobrinhos Rodolfino Marques da Silva e Randulfo Marques da Silva passaram a perseguir o mandante e todos os envolvidos no assassinato de Zezinho dos Laços.
Depois de várias investigações feitas em fazendas, eles foram informados de que havia passado uma família com destino a Bom Jesus da Lapa. Na região próxima ao destino da família, foi montada uma emboscada pelos dois jagunços de Zezinho dos Laços, que conheciam bastante Marcelino Cauaçu. No tiroteio Marcelino, irmão de Augusto Cauaçu foi alvejado por vários tiros que somente a ele atingiram. Agora só restaram os cinco irmãos, os primos de Augusto e Marcelino Cauaçu.
Depois disso, os cinco irmãos se emprenharam numa serra e sumiram foram parar nas matas do Sul da Bahia. Muitos acharam que tal vez tivesse sido baleados e tivesse morrido no mato. Naquele tempo não exista estrada, nem carro, a condução era burro ou cavalo ou então no chinelo de dedo mesmo. O Sul da Bahia era como se fosse um outro país. Os Cauaçus ficaram por lá uns 7 anos sem que ninguém soubesse do seu paradeiro.
Os filhos do Major Zezinho dos Laços não eram homens inclinados a vingança, eram uns moços educados e não quiseram seguir o caminho de seu pai, acabaram deixando essa luta de lado, o Coronel Cassiano também já estava velho e não quis mais seguir adiante com essa luta; e nessas idas e voltas o tempo passou e os Irmãos Cauaçus começaram a aparecer.
O povo começou a dizer: “Os Cauaçus estão de volta, e agora parecem estarem protegidos e muito mais fortes” Os primeiros apareceram em Jequié, depois em Maracás e Boa Nova. Era época de política e os Cauaçus aproveitaram para aparecerem e fazer grande movimento naqueles três municípios; Jequié, Maracás e Boa Nova.
Na cidade de Maracás estava uma política muito forte, O Coronel Marcionílio era de um partido e o Coronel Teotônio Alves era de outro. O Coronel Marcionílio era cunhado do Coronel Teotônio Alves, eles não eram inimigos, mas também não gostavam um do outro. O Coronel Marcionílio era muito rico e poderoso, ele possuía muitas fazendas, tinha muitos jagunços a seu serviço e era amigo do governador da Bahia.
O Coronel Teotônio Alves, não era um homem pobre, mas comparado ao Coronel Marcionílio, ele não tinha quase nada.
Teotônio Alves tinha 11 filhos, 3 rapazes e 8 moças, todos muito educados e bonitos. As moças eram simpáticas gostavam de conversar e da mesma forma os rapazes, o mais velho se chamava Francisco e era chamado Chiquinho. Um dia, em plena campanha política, Chiquinho, filho do Coronel Teotônio, estava em um bar e chegou ali um jagunço do Coronel Marcionílio, o jagunço tomou uma pinga e ofereceu para Chiquinho, porém Chiquinho respondeu: Eu não bebo pinga de bandido. O cara puxou o revolver e atirou em Chiquinho, a polícia prendeu o jagunço.
Chiquinho foi levado ao hospital, o médico tirou a bala e Chiquinho sobreviveu. O Coronel Marcionílio mandou a polícia soltar o jagunço; o que pareceu ao Coronel Teotônio uma grande afronta e tratou de tomar providências para se vingar do Coronel Marcionílio.
O Coronel Teotônio mandou chamar José Cauaçu; mandou que José viesse com urgência que ele tinha um negócio importante para José, José Cauaçu não demorou; e combinaram entre eles de matar o Coronel Marcionílio. Os Cauaçus já a muito tempo não gostavam do Coronel Marcionílio, pois o Coronel era um de seus perseguidores.
Nessa época, José Cauaçu já tinha sua turma, os quatro irmãos e mais uns vinte capangas. Os Cauaçus começaram a estudar meios para armar uma emboscada para matar o Coronel Marcionílio, mas para a surpresa dos Cauaçus, o Coronel viajou para Salvador, Capital Baiana, e como ele era amigo do Governador, pediu uma força policial para ajudá-lo a perseguir os Cauaçus. O Governador cedeu duzentas praças comandado por um coronel da Polícia Militar e com este Coronel vieram outros Oficiais como: Tenentes, Sargentos e cabos que, marcharam e desembarcaram na cidade de Jequié.
E foram divididos todo exército em grupos para os lugares em que os Cauaçus costumavam habitar. A polícia fechou o cerco em cima dos Cauaçu, que antes procuravam matar o Coronel Marcionílio e tiveram que fugir rapidamente e então eles fugiram para Volta dos Meiras, porém, não ficaram no Arraial, foram acampar na Fazenda do Sr. Mário Meira, Fazenda Larga Nova, lugar de muitas pastagens e de muito gado, não só do fazendeiro, mas também dos vizinhos que entravam na Fazenda e ficavam por lá.
Os Cauaçus começaram a matar o gado e não queria nem saber quem era o dono, quem ficavam no prejuízo eram os fazendeiros, as Fazendas eram escondidas numa brenha de mata fechada sem estrada, que só ia lá quem tinha negócio.
A polícia ficou sabendo que os Cauaçus estavam em Volta dos Meiras, e foram atrás dos Cauaçus. Volta dos Meiras ficava 2 léguas de distância da Fazenda que os Cauaçus estavam; mas os policiais chegaram em Volta dos Meiras tudo estropiados pois a caminhada por caminhos de difícil acesso não era tarefa fácil, não havia transporte e a tropa chegou em Volta dos Meiras a pé.
O Comandante era o Tenente Simão, que escolheu 30 homens da polícia, dos que ainda se encontravam mais fortes e mandou no comando do Sargento Etelvino, homem forte e de muita coragem, para verificar se os homens ainda estavam na Fazenda Larga Nova.
Naquela época eu tinha uns 11 anos de idade, e a nossa Fazenda era bem perto da Fazenda Larga Nova. Eu e meus irmãos acordavam sedo para tirar o leite e naquele dia eu acordei mais sedo ainda, quando abrir a porta tomei um baita susto, a casa estava cercada pela polícia perguntando; onde estavam os Cauaçus. Eu corri para dentro de casa, morrendo de medo e chamei meu pai, tínhamos tanto medo que quase não conseguíamos falar. Meu pai foi lá e conversou com o Sargento, eles pensaram que era em nossa Fazenda que os Cauaçus estavam escondidos, pediram desculpas e pediu para que um de meus irmãos ir com eles até perto da Fazenda que os Cauaçus estavam e quando tivesse perto, eles mandariam de volta. Meu pai permitiu e assim o fizeram, quando se aproximaram da Fazenda Larga Nova, eles mandaram o rapaz voltar; Os Cauaçus naquele dia estava matando um boi, eles só comiam carne assada com farinha de mandioca, era o único alimento que tinham.
Quando os Cauaçus viram que a polícia se aproximavam eles se abrigaram na casa e sentaram o tiro na polícia e a polícia também meteu chumbo nos Cauaçus, e trocaram tiros por mais de uma hora. Os policiais se afastaram e os Cauaçus continuaram firmes na Fazenda. Da minha casa eu e meus irmãos escutavam os tiros, pareciam que estavam batendo em uma lata detrás da serra.
A tardinha a polícia chegou em nossa casa e pousaram em uma casa desocupada que tínhamos, casa de fazer farinha, ali a gente guardava sacas de feijão e farinha; Os Soldados estavam com muita fome e meu pai deu para eles um taxo de fazer rapadura, um bode e eles mataram o bode e cozinharam o bode com feijão e comeram com farinha.
Nesta noite os Cauaçus, que já estavam sem munição, se retiraram da Fazenda e foi para outros lugares mais escondidos, mas, a polícia não desistiu e continuaram a perseguição.
Os Cauaçus se esconderam na Fazenda Boa Vista, do Coronel Teotônio, que se encontrava desocupada e rapidamente conseguiram mais munição. Ali ficaram muitos dias sem ninguém saber notícias deles.
Um dia a polícia, que andava sempre procurando, passou naquela Fazenda e encontrou a turma toda de frente. O Sargento Etelvino com seus 30 homens armados travou um violento tiroteio com a turma dos Cauaçus, que eram também mais de 20 homens, todos armados com repetição, a famosa espingarda de 12 tiros.
No tiroteio a polícia acertou o José Cauaçu, Chefe do bando, os Cauaçus fugiram levando José nas costas, eles foram por dentro do mato e a polícia se recuou, porque temiam entrar no mato e os Cauaçus, que, conheciam bem o mato armarem uma emboscada e matar muitos policiais.
Naquele mesmo dia o Chefe dos Cauaçus faleceu e foi enterrado por seus irmãos em cima da serra que eles estavam escondidos. Essa sepultura foi procurada depois, mas nunca foi encontrada por ninguém. A polícia continuava à procura dos Cauaçus, um dia depois de enterrar o José Cauaçu, seus irmãos passaram em nossa casa; um grupo de homens sujos, rasgados e famintos pedindo comida; meu pai deu carne, requeijão, farinha e rapadura; eles pediram que não falássemos nada sobre eles para a polícia, no meio deles tinha um que estava baleado no braço e meu pai deu remédio para ele e foram embora.
No outro dia a polícia chegou também lá em casa, a procura dos Cauaçus, porém, não nos contaram o que tinha acontecido. Contamos para eles que os Cauaçus haviam passado lá em casa e estavam com fome, e nós damos comida para eles; contamos também para a polícias que eles nos disseram que, o José Cauaçu tinha morrido no tiroteio na Fazenda Boa Vista.
Os Cauaçus, agora já derrotados, pois o seu chefe havia morrido, tomaram os matos do Sul da Bahia e a polícia continuava a perseguição. Nesta feita ficaram mais de 2 anos sem ninguém ouvir falar dos Cauaçus.
Depois de 2 anos sumidos os Cauaçus voltaram a mostrar as caras. Apareceu o Terto, depois o Olímpio e foram juntando os outros dois irmãos; juntaram muitos jagunços, todos bem armados e retornaram do Sul da Bahia e tomaram conta do Arraial de Volta dos Meiras (Hoje Catingal), a cidade de Jequié distava de Volta dos Meiras 80 Km, isso para quem andava a pé era muito longe, e os Cauaçus passaram a mandar em tudo e em todos no Arraial de Volta dos Meiras.
Em Volta dos Meira, os Cauaçus e seus 60 homens de brigas, todos armados, estavam folgados; maravam o gado dos moradores comiam e bebiam e ninguém falava nada. Eles se ajuntaram com a família do Coronel Teotônio, que tinha moças bonitas e o Olímpio, que era o chefe, casou-se com a mais velha, que se chamava Maria Rita. Todo dia tinha festas, eles matavam cabras dos moradores e comiam com sua turma.
Um dia eles mandaram recado para meu Pai mandar um capado gordo, e tivemos que mandar; com isso, eles ficaram muito feliz, disseram para nós que se precisássemos deles ou dos homens deles para qualquer coisa era só falar. Outro dia mandaram pedir um boi gordo e meu pai mandou o boi, nosso vaqueiro levou o boi e eles ficaram muito satisfeitos.
E assim a gente ia levando eles e quando eles chegavam em nossa casa, nós não tínhamos medo deles, e eles nos respeitavam e nos consideravam de mais.
O agrado do meu pai fazia os Cauaçus ficarem mansos; naquela época muitos fazendeiros abandonaram suas fazendas e foram morar em suas casas da cidade, por medo dos Cauaçus; porém, nós, que não tínhamos casa na cidade tivemos que permanecemos firmes em nossa Fazenda e tratar de agradar a todos, tanto a polícia, quanto os Cauaçus.
Mas um dia eles estavam fazendo uma grande festa em Volta dos Meiras; comendo, bebendo e farreando à vontade. Então apareceu uma turma de polícia, juntos com os jagunços do Coronel Marcionílio e sentaram o chumbo na turma dos Cauaçus e os Cauaçus também meteram chumbo na polícia e o tiroteio durou mais de uma hora.
Não morreu ninguém no tiroteio, pois a polícia atirava de longe, pois temiam medo da mira dos Cauaçus, assim eles davam fuga para a turma se retirar. Na verdade, a polícia só veio para fazer os Cauaçus desocupar o Arraial de Volta dos Meiras.
Depois disso, os Cauaçus desapareceram do Arraial e ninguém mais soube notícias de sua turma. Em viagem a Bom Jesus da Lapa eu encontrei com Maria Rita, ela estava vestida de preto e nos contou que seu marido, o Olímpio Cauaçu tinha desaparecido.
A família do Coronel Teotônio procurou as cidades e desapareceu, e nunca mais se ouviu falar dessa gente.
História contada por Deoclides de Souza Meira em 1976
Digitação e Diagramação para Internet: Levy Barros