Por Rostand Medeiros
Seguramente
este local é, juntamente com a Base Aérea de Natal, a Rampa e a Base Naval de
Natal, uma das maiores referências relativas a história da Segunda Guerra
Mundial em terras potiguares.
Se a vinda dos
militares norte-americanos trouxe benefícios a membros da elite social
natalenses, seguramente um destes foi Theodorico Bezerra, arrendatário do
Grande Hotel, o principal da cidade naquela época, pois este hospedava os
oficiais americanos, recebendo o pagamento em dólares.
O velho hotel
nos dias atuais.
No final da
década de 1930 a capital potiguar contava com cinco hotéis de pequeno porte,
que naquela época eram de propriedade de Theodorico Bezerra. Todos ficavam na
Ribeira e entre estes podemos listar os Hotéis Internacional, Avenida,
Palace e o Hotel dos Leões que funcionava onde atualmente se localiza o
escritório da empresa Ecocil.
Quando a
aviação começou a destacar a cidade em todo mundo, algumas empresas aéreas
começaram a utilizar Natal como escala em viagens entre a Europa e a América do
Sul, sendo constantes os pousos de hidroaviões vindos de diversos pontos do
mundo junto ao estuário do Rio Potengi. Natal precisava de um hotel moderno,
amplo, para um momento de intensas transformações sociais, econômicas e
políticas no Rio Grande do Norte. A partir de 1935 começou o projeto do Grande
Hotel.
O Grande Hotel
na época da II Guerra
O
empreendimento foi arrendado a Theodorico Bezerra em maio de 1939, pois, enfim,
era o único em Natal que entendia de hotelaria. Mas o empreendimento só começou
efetivamente a funcionar em setembro daquele ano. Theodorico continuou como
arrendatário por 48 anos, até 1987.
Antes da
eclosão da Segunda Guerra Mundial, o bairro comercial mais importante de Natal
era a Ribeira. Era nessa região que se concentravam os principais órgãos de governo,
onde estavam as estações ferroviárias e o porto. As avenidas Duque de Caxias,
Tavares de Lyra, largas e arborizadas e as praças José da Penha e Augusto
Severo compunham o quadro. Os primeiros norte-americanos que chegaram a
cidade foram os técnicos da ADP, com a função especifica de trabalhar no
desenvolvimento do aeródromo de Parnamirim Field e foi para o Grande Hotel que
eles se dirigiram em busca de algum conforto. Logo o inglês, depois do
português, passou a ser o idioma mais falado nos bares, restaurantes, boates e
no comércio local.
Oficiais
militares brasileiros e possíveis técnicos americanos da ADP, no restaurante
do Grande Hotel – Foto – Life Magazine.
Além dos
estrangeiros, grandes figuras de projeção nacional e da máquina governamental
de Getúlio Vargas se hospedavam no Grande Hotel, inclusive altas autoridades
militares como Gaspar Dutra, Cordeiro de Farias e Mascarenhas de Morais.
Até
recentemente o prédio do Grande Hotel foi utilizado pelo Juizado Especial
Central da Comarca de Natal, antes conhecido como Juizado de Pequenas Causas.
Atualmente está sem utilização aparente.
FONTES –
DANTAS, Ana
Caroline C. L. et al. A paisagem criada pelo saneamento: propostas
arquitetônicas para Natal dos anos 30. (XVII Congresso Brasileiro de
Arquitetos). Rio de Janeiro: UFRJ, 2003.
EDUARDO, Anna
Rachel Baracho. Do Higienismo ao saneamento: As Modificações do Espaço Físico
de Natal 1850-1935. Monografia de Graduação. Natal, UFRN, 2000.
FARIAS, Hélio
T. M. de. Grande Hotel de Natal: Registro histórico-memorial e restauração
virtual. Monografia de Graduação. Natal, UFRN, 2005.
Material do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do "Cangaço" Rostand Medeiros
http://tokdehistoria.com.br/2015/06/30/o-grande-hotel-da-ribeira-e-a-ii-guerra/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com