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sábado, 18 de agosto de 2012

As trincheiras de Rodolfo, em 1927: II - A Capela de São Vicente de Paulo

A Capela de São Vicente de Paulo
Imagem 01 - Capela de São Vicente de Paula. 1953

O Prefeito Rodolfo Fernandes (1872-1927),  na elaboração da estratégia da Trincheira I, - defesa ao ataque de Lampião (1900-1938), a Mossoró-RN, em 1927, verificou que a lateral sul do palacete (casa 1, da imagem 02) estava fragilizada, pois, a pequena defesa da casa 2, imagem 2, havia sido abandonada.

Prefeito de Mossoró - Rodolfo Fernandes

Para tentar minimizar  esta vulnerabilidade naquele lado da edificação, montou a segunda trincheira, no campanário da Capela de São Vicente de Paulo, imagem 01. Esta foi a igreja que o bandido Lampião a denominou por "igreja da bunda redonda".

Imagem 02 - Vista aérea atual da Igreja de São Vicente. Mossoró-RN.

O Prefeito Rodolfo colocou as seguintes pessoas no campanário: Manoel Alves de Souza, Léo Teófilo e Manoel Felix. Daquele ponto, informariam sobre o movimento dos bandidos, e poderiam atirar em quem tentasse transpor os muros.

Contudo, o autor em referência, Raul Fernandes, frisou que do campanário da capela, número 3 da imagem 2, somente podiam atirar para cima das casas e em alvos distantes. A espessura da parede e a larga cornija circundante impediam onde se desferia a luta. Mas, foi desta torre que Manoel Alves conseguiu avisar aos homens que estavam no telhado da trincheira principal da presença do bandido 

O cangaceiro jararaca

Jararaca, em pleno meio da avenida, o qual foi abatido por Manuel Duarte, posicionado na platibanda da casa 1.

Manoel Duarte
Manoel Duarte

Anualmente, em junho,  no adro desta igreja, é encenado o musical Chuva de Bala no País de Mossoró, dirigido por João Marcelino, escrito por Tarcísio Gurgel e trilha sonora do maestro Danilo Guanais. Musical de caráter épico que conta a epopéia desta invasão cangaceira à cidade, em 1927.

Citarmos as fontes é respeitar quem pesquisou e dar credibilidade ao que escrevemos. Télescope. Fontes: FERNANDES, Raul. ( 1908-1998). A Marcha de Lampião, Assalto a Mossoró. 7a. edição, Coleção Mossoroense, Volume 1550,  Fundação Vingt-un Rosado, outubro de 2009; Fonte do  arquivo fotográfico P&B - Azougue. Provável autor da fotografia 01: Manuelito Pereira, (1910-1980);  Índice das Matérias Publicadas em Memória Fotográfica. 


Poróxima a ser postada: Trincheira III


Escrito por Copyright@Télescope às 13h54

Marciano Medeiros publica “Vida e Morte de Lampião” em cordel

Por: Kydelmir Dantas

O poeta Marciano Medeiros publica um novo folheto de cordel onde relata a trajetória da polícia alagoana, para conseguir matar o temido cangaceiro Virgolino Ferreira da Silva, o popular Lampião.

O poeta Marciano Medeiros

Segundo o poeta relatou no cordel, houve um verdadeiro massacre, no dia 28 de julho de 1938. A volante comandada pelo tenente 

Tenente João Bezerra

João Bezerra chegou ao local onde estavam os cangaceiros pela madrugada e as 5:15 da manhã foi iniciado um tiroteio de menos de vinte minutos, resultando na morte de Lampião, Maria Bonita e outros nove cangaceiros. 

Maria Bonita

O autor ressaltou em suas estrofes que Maria, a “rainha do cangaço,” foi degolada ainda viva. Questionado sobre as fontes de seu cordel o autor disse que a principal foi um livro e Antônio Amaury, um dos mais conhecidos pesquisadores sobre o tema do cangaço e que reside no Estado de São Paulo. 

Pesquisador Antonio Amaury

No livro existem detalhes contados pelos protagonistas que viram o drama de Angico acontecer, a exemplo de 

A cangaceira Sila

Sila e Candeeiro, integrantes do grupo que sobreviveram ao ataque da policia. 

O cangaceiro Candeeiro

Além disso, Marciano Medeiros disse ter recebido orientações de dois potiguares estudiosos da temática. “Primeiramente o escritor

 
Sérgio Dantas

Sérgio Dantas me passou um livro de Antônio Amaury, indicando em seguida o nome de 

Dr. Ivanildo Alves da Silveira

Ivanildo Alves da Silveira, um promotor de justiça de Natal, que me ajudou para que eu pudesse entender melhor certos períodos da vida de Lampião”, mencionou o autor.

O cordel mostra o local de nascimento de Virgolino Ferreira da Silva ocorrido em Vila Bela, hoje Serra Talhada/PE, no distante ano de 1898, conforme a certidão de batismo. 

Zé Saturnino

Em seguida O folheto mostra as brigas iniciais acontecidas com o primeiro inimigo de Lampião, o fazendeiro José Saturnino. As perseguições do 

Zé Lucena

tenente José Lucena que assassinou José Ferreira, o pai de Lampião em 1921, quando Virgolino já estava envolvido em confrontos, desde 1917, ano em que o cangaceiro participou do primeiro combate no Sítio Pedreira. De maneira que segundo o poeta a morte do pai do Virgolino apenas aumentou sua revolta, ele usou o episódio apelidado pelo pesquisador 

Frederico Pernambucano

Frederico Pernambucano de Mello de “escudo ético”, para justificar sua entrada na vida do cangaço, porém tal afirmação não corresponde à realidade dos fatos. Quanto à eterna pergunta se Lampião foi herói ou bandido, o cordelista enfatizou que “Lampião teve momentos de heroísmo, quando, por exemplo, Virgolino era um garoto de dezessete anos e defendeu sua família, oprimida pelo fazendeiro José Saturnino, no período em que os 

Lampião e seus familiares

Ferreira moravam no Sítio Passagem das Pedras, nesta ocasião ele foi um herói. Porém quando matava implacavelmente era um bandido. Mais acho que devemos fugir destes rótulos com generalizações radicais, eu entendo portanto que Lampião foi um misto de herói e de bandido. Ele pagou em vida por tudo que fez, pois sofreu a pena de morte, na fatídica execução de 28 de julho”, concluiu o poeta popular.

O rei do cangaço - Lampião

Terça dia 31 de julho houve o lançamento do folheto de cordel intitulado: Vida e Morte de Lampião. Foi na livraria Nobel, que fica quase em frente ao hospital Walfredo Gurgel. O evento aconteceu às 19 horas e teve três blocos. No segundo bloco ocorreu o lançamento do folheto e um debate com participação de Marcos Medeiros e de Marciano Medeiros, sendo Marciano o autor referido do cordel. No terceiro bloco o público interagiu com os debatedores. Marciano Medeiros também expôs seu trabalho na Feira do Empreendedor 2012, um evento promovido pelo SEBRAE do Rio Grande do Norte e na 8° Feira do Livro em Mossoró. O autor também disse agradecer o apoio que recebeu de Elenice Anastácio, Secretária Nacional de Jovens Trabalhadores Rurais da CONTAG, que reside em Brasília, para conseguir a publicação do referido folheto.

Enviado pelo poeta, escritor e pesquisador do cangaço:
Kydelmir Dantas

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Comentário

Por: Aderbal Nogueira
Aderbal Nogueira e comendador Mariano

Um olhar mais apurado - Por: Paulo Britto

Link:

Grande Paulo Brito, Filho do Lendário João Bezerra.

Amigo. Com certeza seu famoso pai deve ter sido um bom homem, prova é o filho que ora nos relata a sua vida e o qual tive o prazer de conhecer e me tornar um admirador.

Amigo, lhe disse uma vez "Paulo, tenha consciência que tudo que aparecer falando de Angico, seu pai vai estar no meio, quer no bem, quer no mal". Não sei se o amigo lembra.

O livro em questão é fruto de uma pesquisa feita por um colega, que é um homem também do bem. Quanto às suposições contidas no livro cabe a nós, pesquisadores e principalmente ao amigo, tentar provar ou desmentir as afirmações. A história é feita assim. Com certeza outras coisas surgirão ao longo do tempo. Mas com serenidade e comprometimento só uma história restará "A VERDADEIRA". 


Parabéns ao amigo por defender a memória de seu amado pai. 

Espero encontrá-lo em breve para conversarmos sobre o cangaço e principalmente sobre o Ten. JOÃO BEZERRA.

Abraço e saudações.
Aderbal Nogueira

UM CACHORRO VADIO (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa*
Rangel Alves da Costa

O melhor amigo do homem está vagando abandonado, faminto, sedento, com o pelo caindo, numa magrez estarrecedora...

O bom amigo do homem, aquele mesmo que ontem era perdigueiro, caçador, farejador sem igual, agora está sendo carcomido pelas pulgas e piolhos, talvez cheio de muitas doenças...

O tão confiável amigo do homem, aquele mesmo que era beijado, abraçado, acariciado, acolhido no colo, deitado no mesmo leito e colocado ao lado na mesma poltrona, já não consegue latir. Está sem forças, sem motivos para continuar cachorro...


Dias atrás foi avistado rondando o lixo nas calçadas, lambendo um resto de resto, um tanto irreconhecível diante da nuvem de moscas que o confundia com a imundície ali se espalhando.

Será que é o mesmo cachorro ou será outro? Será que é o mesmo cão com dono de ontem ou o cachorro abandonado de sempre? Ou será que na solidão e no abandono há de reconhecer que nunca foi de ninguém?

Mas aquele homem que passa adiante, nos arredores onde o cachorro se confunde com o lixo, não será o mesmo homem que saía para a praça ao entardecer levando orgulhoso seu cachorro bonito e tão bem cuidado? Ou será que é outro homem, ou o mesmo homem esquecido que possuía um tão amigo cachorro?

Dependendo da situação, da causa dada ao infortúnio, do desprezo no momento de precisão, quem terá mais valor: o cachorro ou o homem, o homem ou o cachorro, o ser humano ou o cão, a pessoa ou o animal dito irracional?

Deus criou a todos, seres humanos e bichos. Fez o homem à sua semelhança, mas aos bichos deu a semelhança da natureza, de infinita pureza. Pelo dom da racionalidade lógica, o homem submeteu o animal, o bicho, para colocá-lo a seu dispor. E os que lhes são de serventia maior são reconhecidos como grandes amigos.

Quanto ao cachorro, que fareja e caça para lhe dar alimento, que enfrenta o perigo para protegê-lo, que está a seu lado para o que der vier, foi alçado à condição de seu melhor amigo. Mas isto por uma mera questão de conveniência ao humano sempre servido.

O cão, o cachorro, o animal canino como o melhor amigo do homem. Pelo peludo sim, pelo cachorro sempre, pois nunca se assemelhou à falsidade humana. Mas o contrário também é verdade, o homem é o melhor amigo do cão?

O cachorro sim, seja de raça ou vira-lata jamais negou a condição de ser amigo não só do homem como de quem lhe tratar bem. É protetor, atencioso, preocupado, amável, afável, presente, verdadeiro companheiro. E se contenta com muito pouco em troca dessa amizade: o seu reconhecimento.

Mas o que faz o homem, senão usá-lo, fingir amizade e proteção, para depois, quando a idade já estiver mostrando suas garras, quando o animal já estiver perdendo o ânimo e o encorajamento de antigamente, simplesmente abandoná-lo, renegá-lo?

Quantas vezes esse homem resolveu levar seu dito melhor amigo para lugar distante, lugar ermo e de difícil retorno, e lá simplesmente abandoná-lo? E quando o cachorro volta – pois cachorro sempre volta para o seu dono – certamente encontrará a porta fechada, o desacolhimento, a negação.


E não adianta latir, ladrar, solta ganidos de tristeza e dor. Se ontem era o melhor amigo agora não é mais nada; se ontem era o cão tão bem cuidado e admirado, agora não passa de um reles e inoportuno cachorro. E é nesta condição que deverá tomar o seu rumo.

E qual o rumo, o destino, a sina, dos cachorros abandonados, dos vira-latas renegados, dos cães olhados sempre como perigosos doentios? Pergunte ao homem e o homem responderá.

Não, não. Talvez não. Ele passou e viu, ele sentiu a presença, mas fingiu nada ter avistado. Também não precisa mais dar atenção àquilo que não lhe tem mais serventia. Mas o cachorro continuará vagando até o seu silêncio final.

Enquanto isso, o homem estará abrindo o seu canil para morder a esposa que ainda não colocou a comida na mesa. E tanta racionalidade...

(*)Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com



Hoje na História de Mossoró - 18 de Agosto de 2012

Por: Geraldo Maia do Nascimento

No dia 18 de agosto de 1950, Mossoró foi visitada por uma grande comitiva da União Democrática Nacional – UDN, em propaganda das candidaturas do Brigadeiro Eduardo Gomes e do Ministro Odilon Braga à sucessão presidencial da República, além do Senador José Ferreira de Souza, Deputado José Augusto Bezerra de Medeiros, Manuel Varela de Albuquerque e Duarte Filho, estes candidatos ao Governo do Estado. O comício seria naquela mesma noite, na Praça Bento Praxedes, onde haviam armado um palanque de grandes proporções.

Da construção do palanque, ficou encarregado o Sr. Francisco Sales dos Santos Bezerra (Sales de Avelino, como era chamado), um construtor com bastante experiência naquele tipo de estrutura. Mas dada a urgência dos trabalhos, Sales de Avelino resolveu simplificar: montou todo o tablado do palanque apoiado em tambores metálicos vazios, do tipo que ainda hoje é usado para coletar lixo.

Naquela noite, a Praça se encheu de gente para o grande comício, e o palanque foi recebendo candidatos, senhoras e personalidades locais, em número de quase 100 pessoas. E quando os primeiros oradores se preparavam para o início da falação, o palanque desabou. Generalizou-se o pânico, houve correrias e provocações, tendo Sales de Avelino, por precaução, abandonado o local.

O historiador Raimundo Soares de Brito foi testemunha ocular do evento. Segundo suas palavras, o palanque não caiu: afundou. Não resistindo o peso de tanta gente, os barris foram se deformando e o piso foi baixando, fazendo com que as pessoas sumissem da vista do público, já que as laterais do palanque ficaram intactas.
               
Não houve feridos. Passado o susto, o comício pode ter início com discursos de alguns dos nossos oradores, além do major André Fernandes de Souza, em nome da UDN, do Dr. José Augusto, Odilon Braga e por fim do Brigadeiro Eduardo Gomes.
               
Mas o trágico da história é que quase todos que subiram ao palanque da Praça do Codó, como ficou sendo chamada a partir de então, foram derrotados nas urnas. Eduardo Gomes e Odilon Braga perderam para Getúlio Vargas e o nosso conterrâneo Café Filho; Manuel Varela e Duarte Filho foram suplantados pelo mossoroense Dix-sept Rosado Maia e Silvio Pedrosa. José Augusto não conseguiu ser reeleito para a Câmara Federal, com a particularidade de não ter obtido nem um voto em Mossoró. Além de outros deputados estaduais e vereadores que também não foram eleitos. Foi mesmo um codó aquele comício da noite de 18 de agosto de 1950, pois codó, é uma palavra originária de um dialeto africano e o seu significado se aproxima do que em português entendemos como azar ou carma negativo. Há quem diga que o autor do batismo da praça como codó foi o Dr. Vingt Rosado, como uma forma de diminuir o ânimo dos adversários.
               
E a maldição do codó tomou corpo no imaginário popular. Nenhum candidato queria usar a Praça que já tinha sido palco de grandes embates políticos. Até que em 1960 o “cigano feiticeiro”, apelido pelo qual era conhecido Aluízio Alves , então candidato a governador do Rio Grande do Norte, num golpe de marketing sem igual na região, anunciou que iria exorcizar, como cigano, o feitiço que havia na praça. E mobilizando o eleitorado de Mossoró em memoráveis passeatas, cujo percurso varava a madrugada e o final era sempre na Praça do Codó, saiu-se vitorioso, acabando assim com a maldição.
               
A maldição da praça foi tirada pelo “cigano feiticeiro”. Mas na memória popular, a Praça Bento Praxedes será sempre a Praça do Codó.

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Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento

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