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segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

ANGELO OSMIRO BARRETO RECEBENDO O DIPLOMA DE SÓCIO CORRESPONDENTE DA ACADEMIA APODIENSE DE LETRAS (APODI-RN)


Recebendo o diploma de sócio correspondente da Academia Apodiense de Letras (Apodi-RN) das mãos do Magnífico Reitor da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN) Prof. Pedro Fernandes, ao lado do Prof. Dr. Benedito Vasconcelos, Presidente da SBEC (Soc. Brasileira de Estudos do Cangaço). No Náutico Atlético Cearense.

Fonte: facebook

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CORPO DE UM CANGACEIRO


‎Corpo de cangaceiro decapitado fotografado em agosto de 1938, logo após os eventos de angicos onde se deu a morte de Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros pela volante de João Bezerra. Provavelmente o corpo é do cangaceiro Luiz Pedro.

Foto tirada do livro "LAMPIÃO E AS CABEÇAS CORTADAS" de Amaury Correa e Luis Rubens Maciel.

Fonte: facebook

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DONA PORCINA SIMEÃO DA SILVA

Por José Mendes Pereira

Finalmente para todos nós que queremos rever a querida dona Porcina Simeão da Silva, que quem estudou em décadas passadas na Escola Estadual Jerônimo Rosado, sem dúvida, comprou algo a ela, e a conheceu de perto. 

A foto foi gentilmente enviada por Dilma Régis e só tenho que agradecê-la pela boa vontade de colaborar e fazer muitas pessoas recordarem a fisionomia de dona Porcina Simeão da Silva. 

Esta foto também será apresentada a Assis Nascimento Nascimento o qual achava que não tinha foto dela. Mas aqui está grande Assis Nascimento Nascimento, dona Porcina Simeão da Silva. 

Uma das dúvidas que eu tenho, duas pessoas que me informaram ontem, que a dona Porcina faleceu a quase 2 anos, a Dilma Régis sua sobrinha afirma que já se passaram 8 anos após seu falecimento. 

Quem estudou na Escola Estadual Jerônimo Rosado conheceu muito bem a dona Porcina Simeão da Silva que negociava com seus bolinhos, cafés, pastéis, refrigerantes e tudo mais, e sua casa fica em frente ao portão da escola, à Rua Ferreira Itajubá.


A lanchonete da dona Porcina funcionava de 6:00 horas da manhã, até às 10:00 horas da noite, exceto aos domingos e feriados. Dona Porcina era uma senhora de estatura média, morena, e muito sorridente.

Lamento não ter adquirido uma foto dela, mas se algum dos seus filhos comentar este trabalho, irei solicitar uma foto da dona Porcina.

Dona Porcina faleceu e já está perto de completar 2 anos, segundo me informou hoje uma de suas vizinhas.

Acompanhe através deste link abaixo as curtidas no facebook e o grande número de comentários.

https://www.facebook.com/groups/768856323197800/886399761443455/?notif_t=like

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CALDEIRÃO DO BEATO ZÉ LOURENÇO - DOCUMENTÁRIO DA TV ASSEMBLEIA DO CEARÁ - 04/02/2012

https://www.youtube.com/watch?v=Z2DVrL_dEcI&feature=youtu.be

Enviado em 5 de fevereiro de 2012

O Documentário sobre Caldeirão do beato Zé Lourenço foi apresentado durante o Seminário Nacional das CEBs, de 26/01/2012 no Crato, Ceará, rumo ao 13º. Intereclesial das CEBs, que aconteceu de 7 a 11/01/2014, em Juazeiro do Norte, CE. 

Na ocasião visitamos a região de Caldeirão, onde o beato Zé Lourenço liderou uma comunidade cristã e socialista que resistiu de 1926 a 1936. 

Chegou a ser chamada de Nova Canudos. Cf., nesse vídeo-documentário da TV Assembléia do Ceará. Belo Horizonte, MG, 05/02/2012.

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236 anos da Festa de Santa Luzia de Mossoró - 06 de Dezembro de 2015

 Por Geraldo Maia do Nascimento

A tradicional festa de Santa Luzia do Mossoró acontece desde o amanhecer do pequeno arraial. E em mais de duzentos anos de existência, por apenas três vezes ela não aconteceu.

               
É dito e aceito que a cidade de Mossoró começou ao redor de uma pequena capela que foi erguida na fazenda Santa Luzia, de propriedade do Sargento-Mor Antônio de Souza Machado. A construção da referida capela deveu-se ao cumprimento de promessa feita pela esposa do Sargento-Mor, dona Rosa Fernandes. Para tanto, os proprietários da Santa Luzia requereram ao visitador diocesano de Olinda, Padre Inácio de Araújo Gondim, de passagem por Aracati/CE, autorização para erguer a referida capela, tendo sua petição atendida em 05 de agosto de 1772. E já no ano seguinte a capela encontra-se erguida e em atividade, tendo o primeiro ato acontecido em 25 de janeiro de 1773, quando foi batizada uma criança do sexo feminino, cerimônia essa oficiada pelo padre José dos Santos da Costa. Em 9 de maio do mesmo ano era feito o sepultamento de uma criança na recém construída Capela de Santa Luzia. Dessa data em diante, os mortos de Mossoró passaram a serem sepultados no interior da capela, visto que anteriormente, por falta de campo santo, as pessoas que morriam no povoado eram sepultadas na Capela de Mata Fresca, comunidade distante 72,0 Km de Mossoró. Em 6 de outubro de 1778 é realizado o primeiro casamento na Capela de Santa Luzia, sendo os nubentes Gregório da Rocha Marques Filho e Francisca Nunes de Jesus, tendo como testemunhas o português coronel regente Francisco Ferreira Souto e Antônio Afonso da Silva, o primeiro sendo morador de Mossoró e o outro do Panema. A solenidade realizada pelo carmelita Frei Antônio da Conceição.
               
Mas apesar da pequena capela está funcionando normalmente, não tinha ainda a imagem do seu orago. Não havia na região artesão santeiro. Em 1779 Dona Rosa Fernandes manda buscar em Portugal uma imagem de Santa Luzia, em madeira, adquirida pelo valor de 25$600. Essa imagem é a mesma que até hoje é conduzida nas procissões e peregrinações.
               
Com a chegada da imagem, em 1779, dar-se início aos festejos de Santa Luzia do Mossoró. Antes, pequena aglomeração na porta da capela, onde os devotos, em suas melhores roupas, prestavam suas homenagens à padroeira, com novenas e orações. Hoje, a maior festa religiosa da região. Festa essa que começa normalmente no dia 03 de dezembro e segue até o dia 13. O encerramento da festa se dá com a procissão que sai da Catedral, percorre diversas ruas da cidade e volta à igreja, acompanhada de grande massa humana. A cada ano, a procissão de Santa Luzia aumenta com a vinda de romeiros de municípios de todo o Estado e até de Estados vizinhos. São crianças, jovens, adultos e idosos emocionados que seguem a procissão entoando, em uníssono, o famoso refrão: “Ó Santa Luzia, pedi a Jesus, que sempre nos dê, dos olhos a luz”.
               
Em apenas três oportunidades não houve a festa de Santa Luzia, por motivo explicado como razoável. No ano de 1860, a irmandade de Santa Luzia determinou que não se festejaria a Padroeira, enquanto não fosse concluída a reforma do templo, reforma essa que se arrastava desde 1858.
               
Ainda ocorreu fato semelhante em 1865, pois consta de um livro de Atas da Irmandade, estando ali declarado que “deixava de ser feita a Festa da Padroeira, devido o estado da Igreja, que ainda se achava em obras e que o dinheiro fosse aplicado na mesma”. Os trabalhos, no entanto, só foram concluídos de 1866 para 1867.
               
Em 1935 também não se realizou a Festa da Padroeira. E dessa vez foi o Padre Luís Mota, vigário da Catedral, quem determinou o cancelamento da festa, pelo estado de intranquilidade pública reinante no Estado, em particular em Mossoró, por causa da Intentona Comunista deflagrada em Natal, que tomou conta do governo e instalou ali a miniatura de um soviet. Os adversários do vigário não lhe poupavam a pele, dizendo: “- Mas, já se viu que coisa! Agora, não tendo mais a quem perseguir, o Padre mete Santa Luzia na política!... Quando mais se precisava de reza, ele manda fechar a igreja. E ainda tem quem fale de uns ateus de meia-cara que andam por ai.” 

Todos os direitos reservados

É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.


Autor:
Geraldo Maia do Nascimento

O MASSACRE DE ANGICO E A REAÇÃO DA IMPRENSA


Os jornais da época reagiram de maneiras diversas ao fato, já que os mortos foram todos decapitados e suas cabeças expostas. A fotografia oficial foi amplamente divulgada. O jornal O Estado de S. Paulo publicou artigo oito dias após o massacre, no qual criticava a maneira como a questão foi tratada pela imprensa sensacionalista que, segundo o matutino paulista, teria intensificado o mito do cangaço, além de transmitir ao exterior uma imagem de atraso e barbárie do país. A crônica de Rubem Braga publicada na revista Diretrizes em setembro de 1938, também evidenciou sua insatisfação em relação à divulgação, pelos jornais, da citada fotografia:

PARTE DA CRÔNICA DE RUBEM BRAGA:

(...) Uns publicaram o retrato das cabeças dos cangaceiros. Todos arrumadinhos numa prateleira, com os chapéus ao lado, fazendo ‘pendant’ para acertar a paginação. Estava lindo arrumadinho e comovente como um soneto. Havia mesmo uma graça feminina, um jeito de ternura naquela arrumação. Os jornais que publicaram esse clichê elogiaram os soldados autores da façanha. Uns heróis. Todos foram promovidos. Os outros jornais não publicaram a fotografia. Talvez porque não a receberam em primeira mão. Esses jornais xingaram os primeiros por dois motivos: 

– a) porque publicaram a fotografia 

– b) porque chamaram os soldados de heróis. 

Eles são uns bandidos, tão ruins quanto os cangaceiros, ou piores. Eu concordo com a letra ‘b’ e discordo da letra ‘a’. Acho que a fotografia devia ser publicada. Ela não tem, como se diz, o defeito de mostrar o nosso grau de civilização. Tem, exatamente, a virtude de mostrar o nosso grau de civilização. Ela é a expressão, poética e gentil, de um crime praticado por homens que agiam em nome do governo. Publicar a fotografia é mostrar, documentar o crime. Esconder a fotografia seria esconder o crime, ser cúmplice dos criminosos.

Estou de acordo, como se percebe, com a letra ‘b’. E a tal ponto que sugiro, caso haja facilidade, que sejam também cortadas as cabeças de diretores de jornais que chamaram os cortadores de cabeças de heróis. Creio mesmo que se poderia aproveitar a oportunidade para fazer um serviço mais amplo, cortando mais algumas, milhares de cabeças que há por aí e que não fariam falta nenhuma ao país, embora muitas delas se julguem indispensáveis e sejam importantes. Só o fato dos soldados haverem matado duas mulheres faz com que eles sejam considerados bandidos. Matar mulheres esta abaixo de qualquer adjetivo. É indigno, covarde, e desumano. Mesmo em caso de suprema necessidade nunca se deve, sob pretexto nenhum, matar uma mulher.

FONTE: 

2ª fonte: facebook

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LIVRO DO ESCRITOR GILMAR TEIXEIRA


Dia 27 de julho de 2015, na cidade de Piranhas, no Estado de Alagoas, no "CARIRI CANGAÇO PIRANHAS 2015", aconteceu o lançamento do mais novo livro do escritor e pesquisador do cangaço Gilmar Teixeira, com o título: "PIRANHAS NO TEMPO DO CANGAÇO". 

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gilmar.ts@hotmail.com


SERVIÇO – Livro: Quem Matou Delmiro Gouveia?
Autor: Gilmar Teixeira
Edição do autor
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Valor: R$ 30,00 + R$ 5,00 (Frete simples)
Total R$ 35,00

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DOIS LIVROS DO ESCRITOR LUIZ RUBEN BONFIM

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Luiz Ruben F. de A. Bonfim
Economista e Turismólogo
Pesquisador do Cangaço e Ferrovia

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VEJAM COMO FOI A PRIMEIRA VISITA DE LAMPIÃO A POÇO REDONDO, POVOADO DE PORTO DA FOLHA-SE. Parte 03 - FIM


Não estou certo disso, Virgulino. Você precisa parar com essa loucura, precisa tomar novo rumo na vida.

– Tá bem, seu pade. Agora, já qui o sinhô me dá esse conseio, eu lhe peço: deixe eu assisti a missa... É um pidido qui lhe faço...

O coração do padre Artur amoleceu.

– Vá. Pode ir. Só não pode é entrar armado na igreja.

Na sala ao lado, dona Marieta escutava a conversa, apegando-se a todos os santos que conhecia para que tudo terminasse bem. Ao perceber que não havia mais perigo, dados os termos do acordo que acabava de ouvir, correu até a casa da vizinha para contar a novidade. Assegurou à comadre que Lampião era um homem muito educado.

Num instante, todo mundo sabia da notícia: Lampião estava no Poço e ia assistir à missa. Quem pensou em se esconder mudou de ideia ao ver o padre Artur sair da casa de China são e salvo, e atrás dele os ilustres visitantes, descontraídos, afáveis, palitando os dentes.

Começava a chegar gente das redondezas para a missa – gente a pé, a cavalo, em carros de bois. Ao ouvirem a novidade, a reação de todos era a mesma: assombro, medo, curiosidade.

Aos poucos, o povo foi se aproximando, olhando de longe o movimento na casa de China. João Cirilo e Miquéias estavam bebendo cachaça com os cangaceiros, cheios de intimidades. Mandaram chamar os amigos, garantindo que Lampião era amigo do Padre Autur, ninguém precisava ter medo. Uns meninos passaram na frente da bodega e Lampião jogou moedas para eles. Quando os moleques chegaram em casa com aquele dinheiro todo, cessaram de vez os receios. “Eta home danado de bom é Lampião” – diziam.

Na hora da missa, a igrejinha estava lotada. Mesmo assim, quando Lampião chegou com seus homens, as pessoas deram um jeito, se espremeram, coube todo mundo. Lá fora ficou apenas um cabra, de vigia. Mas Lampião não cumpriu a promessa feita ao padre Artur: estavam todos armados e equipados.

Durante a celebração, ninguém prestou atenção ao padre. Mesmo os que estavam na frente davam sempre um jeito de se virar de vez em quando, a pretexto de qualquer coisa, para dar uma espiada nos cangaceiros. Lampião sabia rezar, ajoelhava-se nas horas certas, sentava-se ou ficava de pé nos momentos adequados, respondia até aos “Dominus vobiscum” – coisas que no Poço só dona Marieta sabia.

Depois da missa, os cabras dirigiram-se à casa de China, e o povo, já familiarizado com eles, foi atrás, formando-se um ajuntamento em frente à bodega. China não conseguia dar conta do movimento. Gente que nunca comprou nada em sua venda, de repente virou freguês.

O padre Artur estava preocupado. Desde o amanhecer, os cabras estavam bebendo. Cangaceiro é cangaceiro, ninguém se iluda. Tinha de mandar Lampião embora, antes que acontecesse uma desgraça. Resolveu deixar os batizados e casamentos para mais tarde. Depois de tirar os paramentos, foi bater na casa de China. Ao avistá-lo, Lampião foi ao seu encontro:

– Mais seu vigaro, veja o sinhô qui dia feliz! Só tá fartano ũa sofona! Cadê esse tá de Agenô Pitomba?

– Pois é, Virgulino, é justamente sobre isso que vim lhe falar. Você me disse que estava de passagem...

Lampião coçou o queixo, embaraçado. Estava gostando daquele lugar. Depois dos batizados e casamentos ia ter festa. João Cirilo tinha dito que à noite ia ter um baile de arromba, o sanfoneiro era Agenor Pitomba. E outra coisa: nunca tinha visto tanta mulher bonita. Tudo doidinha por folia, que mulher é bicho danado pra gostar de cangaceiro. Mas, que fazer? Não se desrespeita um padre, pois ai do vivente que for excomungado por um padre, vai direto pras profundas dos infernos.

– Pade Artur, o qui eu prometi ao sinhô eu cumpro. – E, dizendo isso, alteou a voz: – Mininos, venham se dispidi e pidi a bença ao pade! Zequié, venha cá. Você tamém, Virgino. Cadê o resto?

O Capitão levou o padre até os outros cangaceiros, que estavam se divertindo entre o povo, olhando de longe para as mocinhas, como quem não quer nada. No alpendre de uma casa estavam as filhas de Antônio Marques e de Lé Soares. Uma das filhas de Lé não tirava os olhos do cangaceiro Mariano. E o cangaceiro também estava de olho nela. Naquele instante Mariano estava conversando com um vaqueiro, perguntando quais eram os homens ricos do povoado, além de Julião, um velho que era proprietário de muitas terras, porém sovina como o diabo. Lampião apresentou o companheiro:

– Este aqui, seu pade, é Mariano, cabra bom, anda cumigo fais munto tempo, é fio dum lugá chamado Afogados da Ingazeira, im Pernambuco, lá pras banda do Pajeú, o mermo lugá onde nasceu Antonho Silvino, de quem na certa o sinhô já viu falá. Se dispeça do pade, Mariano.

O próximo a despedir-se foi um cangaceiro avermelhado, de cabelo claro, feições firmes:

– Esse aí é Luís Pedo, seu vigaro. Ele num gosta de apilido. É cuma se fosse um irmão meu. É tamém de Pernambuco. E aquele ali é da Quixaba, se chamava-se Anjo Roque e agora é Labareda, derna de onte qui tá cum nóis. Aquele outo é Zé Furtaleza. Os outos dois são primo, é Curisco e Arvoredo. E agora venha vê um segipano. Dexei ele pro fim de proposto. É o premero cabra de Segipe a me acumpanhá. Nóis chama ele de Vorta Seca.

O padre Artur ficou chocado com o que via. O cangaceiro sergipano não passava de um menino, um mulatinho de olhos vivos e jeito brincalhão que nem fios de barba tinha ainda. O vigário perguntou a idade dele.

– Onze ano – respondeu o garoto.

– Deus misericordioso!... – balbuciou o velho padre, condoído com tão terrível desgraça. – Uma criança...

– Criança!? – contrapôs Virgulino. – Nun se ingane não, pade Artu. Esse muleque, com essa carinha de besta, tem corage de fazê coisa qui até o diabo duvida! Nasceu pra sê cangacero!

O Capitão levantou o rosto, consultando a posição do Sol, e decidiu que era hora de tomar a estrada. Pegou o apito que levava amarrado com uma tira de couro à cinta do cantil e soprou forte duas vezes, chamando os cabras.

– Vou simbora, pade Artu. Até mais vê. Adiscurpe os mau jeito.

– Deus o leve, Virgulino. Pense no que eu lhe falei. Arranje um jeito de largar essa vida. Procure o coronel João Maria, da Serra Negra. Ou o coronel Antônio Caixeiro, da Borda da Mata. Diga que falou comigo. Eles podem lhe ajudar.

– Munto obrigado, seu pade.

Enquanto Lampião ia falar com China, o padre Artur Passos procurou Volta Seca, que já estava montado, junto com os companheiros. Estava sinceramente preocupado com o destino daquele pobre menino. Segurando as rédeas do cavalo do garoto cangaceiro, o padre perguntou:

– Meu filho, por que você deixou sua família, para seguir essa vida?

– Eu nun tenho famia. Meu pai agora é Lampião.

– Você tem certeza de que é essa a vida que quer ter?

Embora a pergunta fosse feita a Volta Seca, quem respondeu foi Mariano, que estava perto, escutando a conversa:

– Ninguém é cangacero purqui gosta, seu vigaro. Nóis nun tem outo jeito não. A nossa vida é esta.

– E vocês não têm medo das forças do governo?

– Medo de macaco? Nóis? Os macaco é qui se pela de medo da gente, home!

A conversa de Lampião com China foi reservada. O Capitão estava interessado em coisas práticas. Queria saber se Aracaju ficava longe e se em Itabaiana havia muitos macacos.

– Capitão, se o sinhô tá pensano im ir pro Aracaju, pode mudá de ideia, purque fica nos confim do mundo. Tabaiana é a merma coisa. Lá quem manda é o coroné Dorinha, e a cidade tem mais sordado do qui gente!

– Seu China, quem foi qui diche qui eu quero ir pra Aracaju? Daqui eu vou é pra Serra Nega! Agora, mudano de assunto, eu quero qui o sinhô me conte aí a histora de uma butija qui o sinhô achou.

China tomou um susto. Até isso tinham contado a Lampião?!

– Butija, seu Capitão? – perguntou China, se fazendo de desentendido.

– Me conte a histora da butija, seu China – insistiu o cangaceiro. – O sinhô achou ou nun achou ũa butija?

– Ah, sim, a butija... Já lhe falaro disso pro sinhô, é? Foi coisa sem importança, Capitão. Eu tive um sonho, ũa arma do outo mundo dizeno onde tinha um dinhero interrado nũa casa véia.

– E tinha dinhero mermo, seu China? Quanto?

– Ũa bobage, Capitão. Era ũas mueda do tempo antigo, qui nun circulava mais, nun valia de nada...

– Foi isso mermo qui me dichero, seu China. Eu tava só quereno uvi a histora de sua boca. E agora vou simbora. Diga a dona Marieta qui adiscurpe o trabaio qui nóis deu a ela. Munto obrigado pur tudo.

– Eu é qui agardeço, Capitão.

Saindo do interior da casa, Lampião soprou o apito novamente e dirigiu-se ao cavalo. Aumentou o alvoroço. As pessoas esticavam-se na ponta dos pés para ver mais uma vez o Capitão Virgulino, que estava indo embora. As moças apinhavam-se nas portas e janelas. Dizia-se que Volta Seca tinha dado um de seus muitos anéis a Mocinha de Dedé, e ela agora mostrava o presente às amigas, que morriam de inveja.

China veio falar de novo com Lampião, que já considerava seu amigo:

– Capitão, gostei munto do sinhô. Se argum dia vosmicê vinhé de novo pur aqui, a casa tá as suas orde. Se eu nun tivé aqui, tou no terreno. 

Tenho ũas terrinha num lugá chamado Recurso, logo aí na saída da rua.

– Eu já sabia, seu China. Mais é assim qui se fala. Tou veno qui o sinhô é um cabra macho. Cum certeza vou vortá outas veis aqui. Até mais vê!

O Rei do Cangaço, imponente em sua montaria, acenou para o povo de Poço Redondo. Os cangaceiros esporearam os cavalos, fazendo cabriolas, mostrando destreza, e dispararam a galope pela estrada que ia para a Serra Negra. O povo ficou olhando o bando se afastar levantando uma nuvem de poeira.

Todos estavam maravilhados com os modos gentis do Capitão cangaceiro. A partir dali, os mais velhos teriam muito que contar, muito assunto para os encontros com os amigos. E os mais novos teriam razões para sonhar de olhos abertos, imaginando novas perspectivas em suas vidas. Devia ser maravilhoso viver como cangaceiro, ficar famoso, ter dinheiro, ter mulheres, ser temido e adulado aonde chegasse, podendo fazer o que quisesse na vida, como Volta Seca, que aos onze anos de idade já era homem!...

Em vez de ir para a Serra Negra, como dera a entender ao sair de Poço Redondo, logo adiante o astuto cangaceiro mudou de rumo, pegando a estrada de Monte Alegre.”

O texto acima, entre aspas, é reprodução literal do capítulo 95 de Lampião – a Raposa das Caatingas. No capítulo 174, faço considerações acerca das circunstâncias que levaram Poço Redondo a ser identificada como “A Capital do Cangaço”.

Fonte: facebook

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