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sábado, 17 de junho de 2017

XXIII ENCONTRO ESTADUAL DE GEOGRAFIA DO RIO GRANDE DO NORTE


XXIII ENCONTRO ESTADUAL DE GEOGRAFIA DO RIO GRANDE DO NORTE
PRÊMIO DE MELHOR TRABALHO CIENTÍFICO PROF. JOSÉ LACERDA ALVES FILIPE - VERSÃO 2017 - VENCEDOR: DISCENTE PEDRO HENRIQUE ROCHA MARTINS

TÍTULO DO TRABALHO: ENTRE VERSOS E RIMAS: A GEOGRAFIA NA OBRA DE ANTÔNIO FRANCISCO

ORIENTADOR: PROF. DR. JAMILSON AZEVEDO SOARES

ENTRE VERSOS E RIMAS: A GEOGRAFIA NA OBRA DE ANTÔNIO FRANCISCO 

Pedro Henrique Rocha Martins
Aluno do 8º período do Curso de Geografia da FAFIC/UERN

Jamilson Azevedo Soares
Professor do Curso de Geografia da FAFIC/UERN

RESUMO

O presente estudo pretende promover uma discussão sobre a relação entre geografia e literatura, através da obra do poeta popular mossoroense Antônio Francisco, objetivando identificar temas que podem se configurar como fonte de análise de questões que são estudadas pela geografia. O procedimento metodológico adotado constou de revisão da obra do poeta Antônio Francisco, intuindo nela identificar os elementos geográficos relevantes que servem de objetos para reflexão e análise, além de consultas a outras fontes bibliográficas relacionadas à temática em foco. Infere-se que o objeto de estudo apresenta um conjunto de temas tais como, as transformações das paisagens pela ação da modernização espacial, as mudanças no meio urbano e, principalmente, as questões sociais e ambientais, as quais expressam a riqueza da cultura popular pela forma como são abordados, devendo tais conteúdos ser explorados no contexto da ciência geográfica com vistas à valorização e reconhecimento do significado e importância que essa literatura pode representar para a compreensão do papel da geografia no processo de transformação social.

PALAVRAS-CHAVE: Literatura de cordel. Cultura popular. Geografia cultural.

Enviado pelo professor, escritor pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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SESSÃO MAGNA NA CÂMARA MUNICIPAL DE MOSSORÓ:

Por Franci Dantas
Cantora Goretti Alves

A Cantora GORETTI ALVES abrilhantou o evento.
SESSÃO MAGNA NA CÂMARA MUNICIPAL DE MOSSORÓ.

90 ANOS DA RESISTÊNCIA DE MOSSORÓ AO BANDO DE LAMPIÃO.
SBEC - SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESTUDOS DO CANGAÇO.

A Cantora GORETTI ALVES abrilhantou o evento.


Enviado pelo professor, escritor pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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EU NÃO CONSIDERO UM DIVISOR DE ÉPOCA EM SUA VIDA O ATAQUE A MOSSORÓ.

Por Aderbal Nogueira

Apesar de ser um grande acontecimento na história do Cangaço Lampiônico, eu não considero um divisor de época em sua vida o ataque a Mossoró. 


De 1927 para 1938 muita coisa aconteceu e muito mais importante que o ataque a Mossoró, se tivesse essa mudança toda Lampião teria deixado a labuta. Assim penso.


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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Livro "Lampião a Raposa das Caatingas"


Depois de onze anos de pesquisas e mais de trinta viagens por sete Estados do Nordeste, entrego afinal aos meus amigos e estudiosos do fenômeno do cangaço o resultado desta árdua porém prazerosa tarefa: Lampião – a Raposa das Caatingas.

Lamento que meu dileto amigo Alcino Costa não se encontre mais entre nós para ver e avaliar este livro, ele que foi meu maior incentivador, meu companheiro de inesquecíveis e aventurosas andanças pelas caatingas de Poço Redondo e Canindé.

O autor José Bezerra Lima Irmão

Este livro – 740 páginas – tem como fio condutor a vida do cangaceiro Lampião, o maior guerrilheiro das Américas.

Analisa as causas históricas, políticas, sociais e econômicas do cangaceirismo no Nordeste brasileiro, numa época em que cangaceiro era a profissão da moda.

Os fatos são narrados na sequência natural do tempo, muitas vezes dia a dia, semana a semana, mês a mês.

Destaca os principais precursores de Lampião.
Conta a infância e juventude de um típico garoto do sertão chamado Virgulino, filho de almocreve, que as circunstâncias do tempo e do meio empurraram para o cangaço.

Lampião iniciou sua vida de cangaceiro por motivos de vingança, mas com o tempo se tornou um cangaceiro profissional – raposa matreira que durante quase vinte anos, por méritos próprios ou por incompetência dos governos, percorreu as veredas poeirentas das caatingas do Nordeste, ludibriando caçadores de sete Estados.
O autor aceita e agradece suas críticas, correções, comentários e sugestões:

franpelima@bol.com.br

(71)9240-6736 - 9938-7760 - 8603-6799 

Pedidos via internet:
Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:
Tel.:  (79)9878-5445 - (79)8814-8345

Clique no link abaixo para você acompanhar tantas outras informações sobre o livro.
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LEIA SE QUISER

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de junho de 2017
Escritor Símbolo do Sertão alagoano
Crônica 1.684

Abrindo espaço para trecho de um dos trabalhos do saudoso escritor penedense, Ernani Méro.
“Esse recanto poético e histórico de Alagoas tem um significado especial no contexto do Barroco que aqui chegou e cresceu. Quanta grandeza artística naquela cidade! Quanta falta de reconhecimento do seu valor na formação mental das Alagoas! Fala-se tanto do seu acervo artístico-cultural, mas muito pouco se sabe do seu real valor como Patrimônio Histórico e da sua colaboração na formação de nossos antepassados e o que pode oferecer à nossa geração de hoje.


O convento franciscano de Santa Maria Madalena é o protótipo da arquitetura religiosa do século XVII. Aí está o seu maior valor a transmitir ao hoje e ao amanhã. Ali está um verdadeiro Barroco Nordestino de uma época,  uma réplica autêntica de tantos exemplares de Portugal. Os franciscanos aqui chegados da Província de Santa Cruz em Portugal, graças ao seu zelo missionário e a qualificação dos seus religiosos artistas, deixaram ali uma monumental obra de arquitetura religiosa que honra e destaca o Estado de Alagoas. Os que ali chegam sabem avaliar o seu valor artístico, admirar a beleza  da obra arquitetônica, medir o seu valor pedagógico, enquanto nós ignoramos tudo isso, ficando satisfeitos em afirmar, apenas que ‘Marechal Deodoro é uma cidade histórica’. Ninguém o nega, mas essa cidade tem uma posição de expressivo valor no contexto de uma ‘civilização barroca que aqui se implantou’. Alagoas é um estado pequeno em suas linhas geográficas, porém, ‘grande’ na sua capacidade de assimilar toda uma cultura que nos foi legada. Precisamos acordar para aquilo que Marechal Deodoro representa para a nossa História, valendo esse comentário para a cidade de Penedo da qual falaremos em seguida”.
·         MÉRO, Ernani. Retalhos. Sergasa, Maceió, 1987.


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SOBRE NOITES E GATOS

*Rangel Alves da Costa

Mais uma vez fui acordado no meio da noite pelos gatos reinando por todo lugar. Estavam no telhado, adiante nas calçadas, nas esquinas, nas ruas. Muitos, mas muitos gatos mesmo. Eis que depois que as portas e janelas se fecham eles surgem mansamente para depois transformar a noite em espantos, presságios e estranhos e amorosos gemidos.
Eles surgem silenciosos, noturnos, soturnos, aparecendo nas esquinas, surgindo dos muros, das residências, vindos de todo lugar. Negros, pardos, esbranquiçados, amarelados, de cores mistas ou indefinidas, assim vão surgindo os gatos na noite.
Vão lentamente se achegando aos beirais das calçadas, aos cantos mais escurecidos, aos pés de muros. Confabulam, se roçam, se aproximam, se afastam, de vez em quando parece haver até desavenças e ameaças mútuas. Surgem os primeiros miados.
Os gatos sempre agem assim. São reconhecíveis seus procedimentos de cada noite. Gostam de se reunir em grupos, porém logo vão se dispersando. Os diálogos iniciais entre os bichanos parecem uma distribuição das tarefas noturnas – e madrugada adentro – de cada um.
Ora chegam em maior número, ora apenas uns quatro ou cinco. Mas se avista muito mais dispersos pela escuridão das ruas. Após os encontros iniciais, alguns vão sumindo pelos escondidos enquanto outros permanecem no local ou arredores. Não demora muito e a gataiada já está em plena função noturna.
Coisa estranha acontece nesse bicho caseiro. O gato parece ter duas faces, duas feições, modos distintos de agir se durante o dia ou durante a noite e nas altas madrugadas. Seu comportamento é totalmente oposto se numa ou noutra situação. Ao dia, sempre dócil, fagueiro, amistoso. Mas estranho demais depois do anoitecer.
Quando a noite cai, então o gato se mostra na plenitude de seus segredos, mistérios, desconhecidos. Os gatos da noite são como ébrio apaixonados, são como vagantes solitários, são como seres lascivos e permissivos, são como enfermos cujas moléstias se acentuam quando a lua chega.


Por isso mesmo que a noite dos gatos é tão soturna, tão noturna, tão embriagada, tão insana, tão ávida por estranhezas. Por isso mesmo os gemidos, os miados roucos, os miados aflitivos, os miados de fúria e de incontido prazer. O amor e a insanidade noturna dos gatos.
Gatos de gemidos lúgubres, apavorantes, terríveis, alucinantes. Gatos de canções funestas, medonhas, insuportáveis ao ouvido humano. Gatos que gritam seus prazeres e sofrimentos de forma repetida, incontida, quase mecanicamente. Não são avistados, sentidos, presenciados, apenas ouvidos nos seus gemidos fúnebres ou luxuriosos.
As pessoas gemem ao amar, ao fazer sexo, ao sentir prazer. Mas os gatos gemem incontidamente, sem pudor, nas alturas, como em gritos ensandecidos. As pessoas murmuram e sussurram gozos carnais, mas os gatos gemem o prazer como se os sentidos estivessem transformados em agonias. Por isso que os gatos tanto agonizam nos telhados.
De qualquer modo, noite adentro, madrugada afora, e os bichanos fazendo sua festa noctívaga ou vivendo suas dores noturnas. Já não são aqueles gatos do dia, apenas seres que vorazes se entregam ao que os mistérios debaixo da lua ou no breu da hora permitem fazer.
Triste e lancinante deve ser a solidão dos gatos. Os lamentos, os gemidos, os prantos gritados, não deixam dúvidas do tamanho sofrimento que lhes é impingido. Um luto, uma terrível perda, uma saudade sem fim, um desejo impossível sem fim. Vagam pelos telhados, uivam seus lados lobos, atestam que os sofrimentos noturnos não são apenas de humanos.
Pelos telhados a noite se alonga. Quando a madrugada abre seus braços misteriosamente secretos, os gatos ainda permanecem em sentinelas e ladainhas. Suas vigílias são de suas próprias mortes, de suas próprias ausências, de seus sofrimentos. Ora, se são completamente diferentes durante o dia, então por que não se imaginar as insanas transformações?
De repente os telhados silenciam. O breu da noite já se foi, a madrugada já chama o primeiro clarão do dia. Apenas um ou outro gemido de gato. E pelas esquinas vão novamente sumindo. Dali até o anoitecer apenas os gatos caseiros. Até que novamente transbordem seus instintos felinos.
Assim na noite e seus gatos, assim nos noturnos de gemidos e miados sem fim. Nas solidões felinas que também ecoam lamentos em mim.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com  

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NA SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AOS 90 ANOS DA RESISTÊNCIA DO POVO MOSSOROENSE AO BANDO DE LAMPIÃO, O #GABINETEDOPOVO TEVE A HONRA DE HOMENAGEAR O PROFESSOR JOSÉ ROMERO DE ARAÚJO CARDOSO.

Por Rondinelli Carlos

Na sessão solene em homenagem aos 90 anos da resistência do povo mossoroense ao bando de Lampião, o #GabineteDoPovo teve a honra de homenagear o professor José Romero de Araújo Cardoso. Fui seu aluno durante a minha graduação no curso de Geografia na nossa UERN e desde lá acompanho os seus serviços prestados à história de Mossoró.

Natural de Pombal, Estado da Paraíba, Romero é Graduado em Geografia, Especialista em Geografia e Gestão territorial e em Organização de Arquivos. É Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente, pesquisador, professor adjunto da UERN e palestrante. Assessorou a Fundação Vingt-un Rosado/Coleção Mossoroense, por onde lançou diversos livros que tratam da complexidade do semiárido nordestino. É autor de inúmeras plaquetas, a exemplo de Mossoró e a Resistência a Lampião (2002) e de Maria do Ingá a Maringá (2003). É sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, membro do Conselho Consultivo da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço e sócio da Associação Paraibana de Imprensa, além de sócio fundador do Grupo Benigno Ignácio Cardoso D’Arão. É Sócio da ASCRIM. #VereadorRondinelliCarlos #CMM #Mossoró

Vereador e Geógrafo Rondinelli Carlos

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso


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RARA FOTOGRAFIA DA LOJA DO COMERCIANTE SERGIPANO JACKSON ALVES DE CARVALHO


Rara fotografia da Loja do comerciante sergipano Jackson Alves de Carvalho da cidade de Capel-SE, onde Lampião comprou um parabellum novo em folha, juntamente com uma capa de chuva de cor amarela.

O cangaceiro pergunta:

- Quanto lhe devo, seu Jaqui?

E o mesmo responde:

- Não me deve nada não, capitão!

E Lampião retrucou:

- Nada disto, homi, de sua qualidade, a gente não rouba e nem maltrata não!

Lampião meteu a mão no bolso e paga 500$000 mil réis ao comerciante, que em agradecimento e amizade dar um livro ao cangaceiro, (A vida de Jesus Cristo do escritor Italiano Giovanni Papini)

Fonte: Pesquisada Ranulfo Prata (Lampião 1933)

Material adquirido na página facebook do historiador e pesquisador Guilherme Machado, no grupo O Cangaço.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1211548028949120&set=gm.1603374243009021&type=3&theater

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SIMPLESMENTE SERTÃO

Por Eduardo José
Poeta Eduardo José

Simplesmente sertão...

Fui nascido e criado
No sertão de antigamente
Tudo era diferente
Era um sertão respeitado...
Lá a luta com o gado
Começava madrugada
Ao cantar da passarada
E do galo no terreiro
Onde o sol o ano inteiro
Nascia dando risada....
Eduardo José





Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso


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MESSIANISMO E CANGAÇO


Durante a Primeira República vários conflitos sociais emergiram, assim expressando as limitações da jovem republica brasileira, querendo garantir a todos a conquista da modernidade.

Canudos expressava um estado de carência social, mas, além disso, manifestava um desejo de religiosidade. Em 1893, Antônio Conselheiro fundou o Arraial de Canudos, a vida no Arraial era dedicada ao trabalho e as práticas religiosas. Os moradores dividiam-se para realizar as tarefas. O conselheiro obrigava todos a participarem dos cultos religiosos, era exigido respeito aos países o recato das mulheres.

De inicio a comunidade e o líder eram aceitos pelas autoridades, mas as pregações de Antônio Conselheiro incorporaram críticas duras a republica, pois Conselheiro de fendia o não pagamento de impostos. O que aumentou a população de Canudos foi quando os homens pobres venceram as três expedições enviadas pelo governo. Quando ocorreu a quarta expedição, Antônio Conselheiro morreu vítima de ferimentos resultantes de estilhaços de bombas. Mas mesmo assim a população não se rendeu, resistiram até ao esgotamento de suas forças, quando acabaram sendo destruídos.Violência e Cangaço

O cangaço se constituiu como uma força de contestação paralela aos movimentos messiânicos. Os cangaceiros e conselheiristas tinham em comum a condição social de homens humildes,ambos se revoltavam contra a miséria e as injustiças sociais. Os cangaceiros recorriam a violência em suas ações.

O movimento operário

Os operários trabalhavam até 16 horas diárias em condições insalubres e sob vigilância constante. Eles reivindicavam melhores condições de vida, de trabalho, de saúde e o direito de participar ativamente da vida política do país. Os operários organizaram greves como forma de direitos e benefícios.

Anarquismo e Anarcossindicalismo

Os anarquistas defendiam a supressão de toda forma de autoridade e a sua substituição por formas de livre associação...

http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Messianismo-e-Canga%C3%A7o/53169677.html

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PESQUISADOR CEARENSE VAI MOSTRAR TUDO DE LAMPIÃO

Por Júnior Almeida
Aderbal Nogueira com o ex-cangaceiro Candeeiro.

O documentarista e produtor de vídeo cearense Aderbal Nogueira, dono do maior acervo em vídeo do país sobre cangaço, está com um novo projeto: o documentário Lampião do Início ao Fim, onde ele pretende mostrar a trajetória do Rei do Cangaço de uma maneira nunca antes vista no Brasil.

Aderbal Nogueira pesquisa cangaço, messianismo, coronelismo e temas ligados ao Nordeste há mais de 30 anos, tendo em seu acervo entrevistas com vários componentes do bando de Lampião, volantes e coiteiros. Sendo um dos grandes nomes no país nos estudos do cangaço, Aderbal é membro da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço - SBEC, Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará – GECC, e conselheiro do Cariri Cangaço, maior evento da temática no país.   

Com toda sua experiência, o Benjamin Abrahão brasileiro, como é chamado no meio, numa alusão ao sírio libanês que filmou Lampião e seu bando, viajará a todos os locais que Virgulino Ferreira esteve com seus cabras, e pretende para isso ser ajudado por colegas pesquisadores de cada região onde o cangaceiro atuou.

A ideia do cineasta é utilizar drones e câmeras especiais, que segundo o pesquisador, vão fazer com que as pessoas entendam melhor como se deram as ações do Reis do Cangaço e seu bando. Aderbal diz que ao final desse trabalho, resultará em um documentário em cinco capítulos que depois se transformará em um documentário longa metragem.

AJUDA

Sem ajuda financeira do poder público para custear o projeto, além do auxílio dos colegas nas suas andanças, o pesquisador cearense está se valendo de uma vaquinha virtual, através do site “catarse”, especializado nesse tipo de campanha.

Sobre o site: “o Catarse é um espaço para viabilizar financeiramente projetos. As iniciativas inovadoras, criativas e ambiciosas tornam-se realidade a partir da colaboração direta e da confiança entre as pessoas que se identificam com elas”.


Para saber mais sobre o projeto de Aderbal Nogueira, inclusive de como colaborar com o financiamento do mesmo, você pode clicar aqui.

*Foto: Aderbal Nogueira com o ex-cangaceiro Candeeiro.

http://robertoalmeidacsc.blogspot.com.br/2017/06/pesquisador-cearense-vai-mostrar-tudo.html

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GENTE DAS RUAS DE POMBAL: DÉCADA DE 1960 SEU ZÉ DE SANTA – JOSE DE ASSIS DE OLIVEIRA. (1918 A 1998)

Por Jerdivan Nóbrega Araujo

Todos os meninos tem uma fantasia que assombra o seu sono, e que as mães usam para obrigá-los a se comportarem adequadamente. Par as criança de Pombal não tinha o “Homem do Saco”, “Maria Algodão”, ou coisa do tipo para os dias de hoje: o que assustava as crianças da minha época, além dos loucos das ruas da cidade na década de 1960, era o famoso “Papa Figo”. Porém, o meu medo no tempo d’eu criança, era bem mais assustador, e tinha nome e endereço. Eu sempre o via atravessar a Rua de Baixo, em sua bicicleta, com os seus instrumentos de trabalho no bagageiro: um estojo de injeção, e dentro uma seringa de vidro e uma agulha hipodérmica em aço: seu Zé de Santa.


Seu Zé de Santa não era um home mau: ao contrário, era um experiente enfermeiro muito conceituado da nossa cidade, e salvou muitas vidas.

Na cheia de 1967, uma das maiores do Piancó, o governo do Estado distribuiu a famosa “antitetânica” e a milagrosa “Penicilina”. As duas foram aplicadas em “massa” no couro dos moradores dos bairros mais atingidos pelas águas.

Seu Zé de Santa e outros profissionais se desdobraram para aplicar as injeções, principalmente nas crianças.


Ele chegava em sua bicicleta, mandava ferver água para esterilizar os instrumentos, e dava início ao “tirinete”. Os pais seguram as crianças, que estrebuchavam em seus braços, e tome injeção. A agulha hipodérmica mais parecia um raio de bicicleta, entrando couro do “desinfeliz”: chegávamos a ouvir o estralo ao atravessá-lo. Ouvia-se de longe o grito dos moleques, que até parecia seu Godô capando um bacurim.

Nas casas que tinham mais de uma criança para aplicar a maldita injeção, quando o segundo via o sofrimento do irmão saia em disparada pelas ruas, com o pai atrás no encalço. Alguns mais espetos só apareciam em casa à boca da noite, mas, não tinha escapatória: Zé de Santa era impiedosa e no outro dia ele estava de volta para concluir o seu trabalho de tortura.


E era por isso que quando as crianças se recusavam a comer, a mãe se valia de uma estratégia infalível.

― coma, se não eu vou chamar seu Zé de Santa!

Mas, nem tudo era sofrimento: quando o víamos passar em sua bicicleta, já sabíamos que alguém ia gritar de dor. E era divertido olhar pela janela e ouvir a gritaria dos moleques nas garras do velho aplicador de injeção.


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso


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... DEPOIS DO FOGO DA SERRA GRANDE!


Lampião, em 26 de novembro de 1926, com seu bando, em números de 116 cangaceiros, trava uma luta ferrenha contra a Força Pública de Pernambuco, na ocasião composta por sete volantes somando mais de 300 Praças, em parte da encosta da Serra Grande, município de Calumbi, PE. Tendo arquitetado o plano e preparado o local, saiu-se vencedor desse embate que se iniciou por volta das 08h00min horas da manhã e teve seu epílogo já próximo da ‘boca da noite’, lá pelas 17h00min horas da tarde, daquele dia.

Após os militares recuarem, o “Rei dos Cangaceiros” deixa seu abrigo para averiguar o campo da batalha. Encontrando soldados feridos, impossibilitados de locomoverem-se e, logicamente, que não foram retirados pelos companheiros, ordena que seus ‘cabras’ os matem sangrados. Rapidamente isso é feito. A cabroeira consegue apossar-se de algumas armas e munição que encontram no campo da morte, mas, como as primeiras sombras da noite já envolviam a serra, não recolheram todas.


Os soldados sobreviventes estavam estafados. Desde o dia 24 que estavam em campo ‘rastejando’ os sinais na trilha dos cangaceiros. Pegam alguns dos baleados e os leva para a casa sede da fazenda Tamboril, propriedade do senhor Francisco Braz. Os feridos recolhidos e levados para o sítio, fazenda, eram em torno de 14 homens. Os comandantes das volantes enviam um mensageiro para que fosse à cidade de Vila Bela a fim de que transmitisse ao Comandante Geral das Forças Contra o Banditismo, major Theófhanes Ferraz Torres, a solicitação de um transporte para os feridos. Nessa ‘casa hospital’, também ficaram os comandantes de volante sargento Arlindo Rocha, ferido na altura da mandíbula, que se deitou em um banco de madeira e o cabo Manoel de Souza Neto, ferido nas pernas, que se deitou no chão junto ao banco. Já era a hora da Ave Maria sertaneja quando o próprio comandante geral chega à sede da fazenda Tamboril com um comboio de cinco caminhões para transportar a tropa de volta para Vila Bela. Ao chegar, vislumbra de imediato a bagaceira, estrago, que o bando de Lampião tinha feito no contingente de seus comandados.


Com a certeza de ter realizado uma grande vitória, Lampião chama seus ‘cabras’ e descem a serra em direção a Roças Velhas. Nesse local, na propriedade rural de um parente, Lampião tinha ‘alojado’ uma moça alagoana e, de quando em vez, dava uma passadinha para namorar ela. No percurso, resolveu caminhar até o sítio Barreiros, propriedade de seu colaborar Serafim. Quando chega à casa do coiteiro, já eram mais ou menos 20h00min horas da noite daqueles 26 de novembro de 1926. Chegou nessa noite, junto ao chefe, uma parte da cabroeira, pois estando em locais dispersos, não poderiam se juntar todos de uma só vez. O restante do bando só chegam 12h00min horas depois, na manhã do dia 27 de novembro, por volta das 08h00min horas da manhã.


Dois cidadãos que moravam na localidade Roças Velhas, logo cedinho, amanhecer do dia 27 de novembro, decidem irem ao local do tiroteio do dia anterior para ver se conseguiam alguma arma e/ou munição no campo da luta. Chegando próximo ao boqueirão da serra, os dois se veem cercados por alguns cangaceiros retardatários que imediatamente perguntam se eram da Força. Os dois roceiros, ‘Antônio Bernardino e Pociano’, apressam-se em dizer que não eram policiais. Os cangaceiros dizem para os dois que um ficaria vivo e o outro seria abatido. Cada um deles ao ouviram aquilo, recuam e nesse momento escutam um disparo. Antônio Bernardino, mais alto, saiu levando jurema preta, catingueira, xique-xique e outras nativas da região no peito. Seu compadre, Pociano, era um homem de estatura baixa, mais correu mais do que o outro. Antônio Bernardino correu até chegar a sua casa e, de tão cansado, desmorona no meio da sala. Sua esposa, dona Maria, pergunta o que está acontecendo, ele com palavras entrecortadas devido ao cansaço, diz que se encontrou com alguns cangaceiros no pé da Serra Grande e eles haviam matado seu compadre Pociano. Nesse momento Maria grita relatando a sua irmã Dorinha, que morava numa casa próximo a sua, esposa de Pociano, que seu esposo tinha sido assassinado pelos cangaceiros. Respondeu a irmã que seu esposo estava ali, ao seu lado dentro de casa. O medo foi tanto, que os dois compadres, na carreira que empregaram, não conseguiram se avistar durante o percurso por cima de pau e pedra.

Nesse local, onde o amigo pesquisador/historiador Louro Teles encontra-se, é onde foram enterrados sete soldados, mortos no combate da Serra Grande, em uma cova coletiva.

As ordens de Lampião eram para que se fizesse bastante comida para seus homens e a encarregada da cozinha era a esposa do dono da propriedade Barreiros, dona Francelina, a qual comandava suas duas filhas, Francisca e Joaquina, nos preparativos da ‘boia’. Cassiano Serafim, filho do proprietário, relatou em várias oportunidades que, quando a ‘cabroeira’ estava toda junta, no terreiro da casa de seu pai, comendo, contou 115 ‘cabras’. Portanto, só ocorreu uma baixa no bando de Virgolino quando da Batalha da Serra Grande, que fora o cangaceiro Mané Preto quando desertou.

O major Theófhanes Ferraz Torres, Comandante Geral da Força Contra o Banditismo, no interior do Estado pernambucano, no Sertão do Pajeú das Flores, ao chegar com seu comboio de cinco caminhões na fazenda Tamboril, fica inconformado com a quantidade de soldados feridos e, mais ainda, com a quantidade que fora abatido pelos cangaceiros, um pouco incorreto, pois não sabiam os comandantes das volantes que vários soldados lá não estavam por terem desertado, e não por terem sido abatidos no embate. Imediatamente o comandante geral chega junto de um dos comandados, comandante da volante de Flores, que não estava ferido, o soldado comandante Durcarmo, e inquere ao mesmo sobre o que se passou para provocar tão grande tragédia em sua tropa. O soldado Ducarmo, responde ao superior com outra pergunta, querendo saber se o comandante queria saber de quem errou ou de quem seria a culpa. Logicamente que o oficial queria o relatório completo, no que é atendido pelo soldado comandante de volante da cidade de Flores.


“(...) Percebendo o tamanho da tragédia, pergunta ao soldado Ducarmo que vinha chegando da Serra Grande, do campo de luta:

- O que foi que houve, soldado?

Ducarmo falou ao major:

- O senhor quer saber de quem é a culpa ou de quem foi o erro?

O major respondeu:

- Os dois!

- O erro foi de Manoel Neto e Arlindo Rocha que são tão valentes que não viram que era uma armadilha, mas a culpa foi do tenente Higino que não segurou os dois (...).” (A Maior Batalha de Lampião” – LIMA, Lourinaldo Teles Pereira. 1ª Edição. Paulo Afonso, BA. 2017)

Depois dessa prosa com seu comandado, o major ordena para que voltassem para Vila Bela, pois os feridos já haviam sido colocados nos caminhões.

No fim da tarde do dia 27 de novembro, já em São Serafim, hoje Calumbi, PE, Lampião solta o prisioneiro representante da ESSO. A ele entrega uma carta para que a mesma fosse enviada para o governador do Estado de Pernambuco, onde rezava à missiva, uma proposta do “Rei dos Cangaceiros”, propondo dividir o Estado em dois, onde, do fim dos trilhos na cidade de Rio Branco, hoje Arcoverde, até onde as ondas do mar quebravam, na Capital, seria governado pelo governador, e a outra parte, governaria “Ele”. Essa carta já estava pronta, pois Lampião a tinha escrito no topo da Serra Grande. Após dar as ‘coordenadas’ ao prisioneiro, Lampião liberta Pedro Paulo Mineiro Dias, o homem da “ESSO”, que ficou conhecido nas hastes da história do cangaço como ‘mineirinho’, o enviando a casa de uma pessoa no município de Betânia, major José Miguel, pois era o único que possuía um automóvel naquela ribeira. Virgolino envia, também, um pedido ao major, que o mesmo providenciasse a ida daquela pessoa para Vila Bela ou Rio Branco.


Aqui abrimos um parêntese para explicar quem governava o Estado de Pernambuco na época da Batalha da Serra Grande e que, logicamente, recebeu a carta de Virgolino Ferreira: Em 18 de outubro de 1922, assume o governo, o governador eleito Sérgio Teixeira Lins de Barros Loreto, que governou até 18 de outubro de 1926. No dia 18 de outubro de 1926 toma posse como governador o Presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, deputado Júlio de Melo. Que governou até 12 de dezembro de 1926, quando, nessa data, o governador eleito Estácio de Albuquerque Coimbra assume o governo até ser deposto pela Revolução de 1930.


O local da batalha é citado como sendo na Serra Grande. O que é verdade, porém, a extensão da serra é muito grande, sendo vários proprietários donos de alguma das glebas compondo o total de seu tamanho. Uma parte da serra, onde ocorreu o combate, era de propriedade de dona Isabel Teles de Siqueira e seu esposo Manoel Lorde, e ainda hoje seus descendentes são possuidores do terreno. Pois bem, havia um cidadão, Sebastião Valeriano Mangueira, possuidor de uma extensão de terra limítrofe com a de dona Isabel, o qual criava animais soltos na serra e que ia de quando em vez dar uma olhada para ver como estava seu ‘patrimônio’. No dia 28 de novembro, chama um de seus filhos, Antônio Lorde, e vão fazer a verificação dos animais na Serra Grande. Ao chegarem ao pé da serra, dão de cara com uma patrulha que, naquele dia, 28 de novembro de 1926, estavam ali para sepultarem os corpos dos soldados tombados no confronto. A tropa pega os dois, e obriga pai e filho a irem buscar os corpos no Boqueirão da Serra, trazerem para determinado local e os enterrarem. A coisa não fora fácil, pois, já havia vários dias que os soldados tinham sido abatidos, portanto, estavam em fase avançada de decomposição. Os soldados encarregados de enterrarem os corpos dos companheiros mortos na batalha da Serra Grande encontraram, no dia 28 de novembro, quatro fuzis e farta munição, não achados e recolhidos pelos cangaceiros.


“(...) Antônio Lorde contava que quando foi pegar em alguns, as peles ficava grudadas em suas mãos, falava também que cavaram três covas e depois, por conta do mau cheiro, o comandante mandou cavarem uma cova coletiva onde foram colocados sete soldados e só depois que todos foram enterrados foi que eles foram liberados (...).” (Ob. Ct.)

Após essas providências, o “Rei do Cangaço” divide seu bando e segue entrecortando serras e serrotes, indo e voltando para que seus perseguidores ‘perdessem’ sua pista, até se posicionar em um coito por trás da Serra Grande, local da grande batalha. Sabia ele que depois daquele combate, mais o conteúdo da carta/proposta, os militares seriam acionados e todos sairiam a sua caça fosse onde fosse, estivesse onde estivesse para dar cabo dele. Porém, nunca imaginariam de procura-lo tão próximo ao campo da luta.


No pé da Serra do Enjeitado, local escolhido por Lampião para esperar a poeira da batalha baixar, havia um ‘lote’ de coiteiros em derredor. Entre eles citaremos:

“Silvino Cariri, Joaquim de Ursa, Henrique Cândido da Silva, vulgo Henrique Quelé, Mané Pato, Santo de Basto”, mais afastado um pouco, ainda encontrava-se, no sítio Saco dos Campos, havia o coiteiro Baião Mangabeira. Lampião sempre fora esperto, então não dava todas as obrigações a um só colaborador. Silvino Cariri tratou de conseguir a comida que abastecia o bando. Já Joaquim de Ursa ficou encarregado do transporte, de levar, a ‘boia’ até eles em cima da serra. Como tinha que levar muita coisa, era muita gente pra comer, Joaquim pedia sempre a ajuda de sua cunhada Angelina, a qual Virgolino lhe presenteia com um “vestido de seda e um anel de ouro acompanhado com uma corrente com um coração pendurado”. (Ob. Ct.)


No período que teve que permanecer isolado, acoitado com muito segredo na Serra do Enjeitado, Lampião descia a serra para mudar um pouco a comida. ‘Visitava’ a fazenda do amigo Silvino para ‘comer cuscuz com leite’. Assim, até o dia em que agradeceu ao coiteiro, se despediu e entrou de caatinga a dentro.

O “Rei dos Cangaceiros” fica no acampamento até o dia oito de dezembro de 1926, esperando as coisas acalmarem-se um pouco e, quando a poeira começa a baixar, ele e sua cabroeira saem rumo a outro coito há vários quilômetros de distância de onde estavam... nas quebradas do sertão do Pajeú das Flores.

Fonte/foto Ob. Ct.

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