Por Heitor F. Macêdo
(Foto: Paz Loureiro/ Texto: Heitor Feitosa Macêdo).
Quem já não
ouviu falar em Luís Carlos Prestes? Ele está presente nos livros de história,
documentários, cinema, etc. O filme "Olga" retrata um dos vários
episódios da vida turbulenta deste pequeno grande homem, no caso, o momento em
que ele já havia abraçado a causa socialista e teve sua esposa enviada para
Alemanha, onde foi morta nas câmaras de gás nazistas, espécie de vingança do
então presidente brasileiro Getúlio Vargas. Mas, antes de Prestes conhecer esta
ideologia política, já vinha se envolvendo em movimentos de grande repercussão,
como, por exemplo, na Revolta Tenentista, no RJ, defendendo, ao lado de outros
jovens oficiais do exército, o fim do voto de cabresto, isto, no início da
década de 1920. Ainda muito jovem nascido em Porto Alegre/RS, no ano de 1898,
liderou um dos maiores movimentos sociais já ocorridos no País, a Grande
Marcha, mais tarde, batizada de Coluna Prestes, a qual se antagonizava com a
política oligárquica do Café com Leite, reivindicando o voto secreto, a
institucionalização do ensino público e secundário bem como a aplicação da
justiça social. De 1925 a 1927, quatro grupos armados e montados a cavalo
("Destacamentos"), cada um com mais ou menos 800 homens, marcharam
por 13 Estados, percorrendo mais de 25 mil quilômetros. Ocorre que, no ano de
1926, os destacamentos da Grande Marcha encontravam-se de passagem do PI para o
CE, sendo que, por esta razão, as autoridades cearenses montaram uma trincheira
na fronteira destes dois Estados, em Campos Sales, com o famoso Batalhão Patriótico,
coordenado por Floro Bartolomeu e pelo coronel Pedro Silvino de Alencar. Porém,
os Destacamentos, divididos, deram um drible e adentraram o Ceará, uma parte
pelo Norte do Estado (Ipú e Ipueiras) e, outra, próximo à Campos Sales, pela
fazenda Alto Alegre, pertencente a Joaquim Solano Alves Feitosa. O Exército
comandado pelo "Cavaleiro da Esperança" (Prestes) estava sempre
renovando a cavalaria com animais confiscados nas fazendas e, para alimentar os
homens e mulheres do corpo militar, matavam gados. Neste mesmo ano, estes
quatro Destacamentos se reuniram na pequenina cidade de Arneiroz, sertão dos
Inhamuns. A sua chegada foi presenciada por Minzezu Feitosa, que, ao tempo,
possuía apenas 4 anos de idade. Na sua memória de menino, o sr. Minzezu nos
relatou ter visto os "revoltosos" matarem uma vaca e, antes que o
animal acabasse de morrer, começaram a esquartejá-lo, sem sequer tirar o couro.
Na antiga Missão dos índios Jucá, Luís Carlos Prestes se hospedou em um belo
sobrado, bem no centro desta urbe, às margens do Rio Jaguaribe. Dizem que o
referido general sofreu bastante com o calor, tanto é que chegou a ficar apenas
de ceroulas na calçada, tentando se refrescar. Sem maiores percalços, apesar de
ter cortado as linhas do telégrafo e ter confiscado dinheiro e armas, a Coluna Prestes
se retirou, varando os sertões, até atingir a Bolívia, onde encontraria exílio.
É uma pena que o casarão não exista mais em Arneiroz, como quase todos os bens
de valor histórico deste município, despidos de qualquer proteção por parte do
Poder Público, a exemplo do Nicho (antiga estrutura de pedra e cal, da época da
Missão indígena); etc.
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