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domingo, 21 de janeiro de 2018

NOVO LIVRO NA PRAÇA "O PATRIARCA: CRISPIM PEREIRA DE ARAÚJO, IOIÔ MAROTO".


O livro "O Patriarca: Crispim Pereira de Araújo, Ioiô Maroto" de Venício Feitosa Neves será lançado em no próximo dia 4 de setembro as 20h durante o Encontro da Família Pereira em Serra Talhada.

A obra traz um conteúdo bem fundamentado de Genealogia da família Pereira do Pajeú e parte da família Feitosa dos Inhamuns.

Mas vem também, recheado de informações de Cangaço, Coronelismo, História local dos municípios de Serra Talhada, São José do Belmonte, São Francisco, Bom Nome, entre outros) e a tão badalada rixa entre Pereira e Carvalho, no vale do Pajeú.

O livro tem 710 páginas. 
Você já pode adquirir este lançamento com o Professor Pereira ao preço de R$ 85,00 (com frete incluso) Contato: franpelima@bol.com.br 
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LIVRO "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS"


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Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:
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MEU SERTÃO COMO DESTINO E SINA

Rangel Alves da Costa


Não vai demorar muita e estarei retornando a Poço Redondo de mala e cuia. Isso mesmo, retomar o caminho de casa e novamente fincar moradia no meu berço de nascimento. Ainda não fiz isso por que não avistei um meio de sobreviver com dignidade na terra sertão. Quer dizer, de me manter como me tenho mantido até agora. E o custo de vida é mais alto que se imagina.
Minha profissão e meus ofícios não terão muita serventia, principalmente por que não pretendo advogar em Poço Redondo. Impossível advogar - defender uma parte num processo - quando todos são amigos. E basta eu representar alguém ou família até em coisa simples, como um divórcio ou inventário, e os outros já catarão pedras para jogar sobre mim. Não quero assim. Só tenho amigos em Poço Redondo, fato que dificulta até cobrar um valor justo por uma ação.
Difícil dizer, mas até hoje não consegui juntar nada de dinheiro que sirva como garantia futura. Não tenho carro, não tenho casa própria, não tenho anel dourado no dedo, não tenho valores em bancos, não tenho cartão de crédito ilimitado. Não tenho luxo em nada nem procuro ter além do que realmente necessito. Na verdade, só tenho eu mesmo e o que sou.
O que sei pelo estudo e esforço, certamente não teria qualquer valia numa feira, num mercadinho, no pagamento de contas. O mundo é do dinheiro e dinheiro não tenho. Escrever, como sempre faço, alimenta a alma, mas não o organismo. Mantenho o Memorial Alcino Alves Costa com o maior esforço do mundo, e assim o faço como se minha própria vida estivesse em meio aquele acervo.


Nunca trabalhei em prefeitura (a não ser num breve período de dois meses que fui nomeado secretário de cultura do prefeito Roberto Godoy, mas forçado a deixar a função após o seu rompimento político com meu pai) e certamente não trabalharei. Dificilmente uma prefeitura vai querer nos seus quadros uma pessoa que pensa e que tem voz própria.
Ademais, jamais aceitaria trabalhar numa prefeitura ou órgão qualquer e depois ser forçado a me submeter ao nojento submundo da bajulação, do puxa-saquismo, da adulação. Do mesmo modo, jamais transformaria minha ética pessoal e minha conduta em nome da defesa do indefensável.
Mas retornarei assim mesmo. Quem sabe eu transgrida meu íntimo e acabe abrindo um escritório de advocacia. Pouco importa que eu defenda uma parte conterrânea contra outra parte conterrânea. Haverão de entender que minha ação é profissional e não por escolha ou gosto pessoal. Pensarei mais sobre isso.
Contudo, a minha vontade mesmo era de retornar e passar a viver afastado do centro. Uma casinha no mato, uma rede, um silêncio e um papel de escrita. E então eu estaria realizado e seria a pessoa mais afortunada do mundo: a riqueza de ter apenas aquilo que gosta. Nada mais que isso.
Que vida boa e que encanto de viver. No meio do mato, juntinho à natureza, acordando na madrugada, caminhando pelos arredores, conversando com os bichos, vivendo em profundidade. Tudo na simplicidade e singeleza do mundo. Abraçando a terra como manto sagrado que alimenta a vida.
Assim retornarei ao sertão, ao meu berço de nascimento. E vou em busca da lua maior, do sol mais quente, da terra mais calorosa e do bucolismo que tanto bem faz ao coração. Um viver tão simples que até o passarinho me chamará para voar.

Escritor
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FOI O ‘CABO PASTEL’ OU MANOEL DUARTE QUEM MATOU “COLCHETE” EM MOSSORÓ?

Por Sálvio Siqueira

A historiografia do cangaço é, em si e por si, bastante complexa em seu amplo parâmetro.

Primeiro pela sua extensão de tempo, de 1756 a 1940 oficialmente e com isso ter feito parte de dois regimes governamentais, Império e República, mais o Estado Novo depois do golpe no golpe, onde o segundo pretendia rasgar, queimar, tirar do mapa, o primeiro. Segundo, junto a ela, a falta de títulos, registros, comprobatórios. A maioria das informações que temos escritas em obras literárias está ‘naquela’ de informações orais, notícias em jornais da época e/ou boletins militares. Se as três fontes de informações, em determinada informação, baterem, tiverem o mesmo ‘percurso’, a mesma ‘trilha’, bacana, estar tudo dentro dos conformes científico- metodológicos. Porém, raramente, as informações batem, pelo menos parecidas, nas três vias de pesquisa.

A fonte fornecedora oral sobre o passado tende por si aumentar, ampliar, parte daquilo que viu, soubera de outra fonte ou mesmo tendo passado, vivido a ocorrência. Isso faz parte da natureza humana, aumentar, diminuir, criar e fantasiar o que aconteceu ao longo da sua existência. É fato.

Uma das fontes escritas, único meio de comunicação em massa na época, os jornais escritos, tendem a tentarem chamar a atenção, particularmente, para o seu produto, aumentando, criando e fantasiando suas matérias para assim seu produto ter saída e as vendas aumentarem. Vemos, hoje, manchetes e matérias, da época da hecatombe, que nem a identificação de personagens e lugares é correta. É fato.

Por fim, temos a fonte de pesquisa dentro das corporações militares de cada Estado por onde o Fenômeno Social Cangaço “andou”, “esteve” e/ou se propagou. Essa fonte deveria ser de total confiança, porém, sabemos que não é. Os subdelegados, delegados e militares dos povoados, vilas e cidades da época, logicamente, não ‘podiam’ escrever, em seus relatórios e/ ou boletins, tudo aquilo que realmente ocorrera em determinadas ações empregadas por civis e militares nos vários embates contra cangaceiros, mesmo porque estavam sendo, sempre, empregadas contra ‘bandidos’ salteadores. Aí, muita gente que nada tinha haver com o ‘causo’, ‘dançou’ bonitinho. Foi castigada a base de ‘cipó de boi’ ou varas de marmeleiro ou mesmo mortas, assassinadas, não tem outra definição, e foram incluídas no somatório do total de bandoleiros abatidos. Também é fato.

Quando as fontes informativas seguem um mesmo rumo, até que se tem uma ampla segurança naquilo que se narra e/ou escreve, quando falha uma delas, a coisa começa a complicar. Há fatos escritos sobre as ações de bandos de cangaceiros, particularmente do de Lampião, em determinados lugares que, jamais o cara colocou os pés nem nos limites do município, imaginem ter adentrado e praticado os horrores costumeiros.
Bem, voltamos a falar nesse texto sobre o ataque que Lampião fez, ou tentou na fazer, a cidade norte rio-grandense de Mossoró.
O sol já havia pendido no horizonte quando o prefeito da cidade, coronel Rodolfo, envia para o chefe cangaceiro, Lampião, seu último bilhete dizendo não ter, nem poder enviar a quantia solicitada. Ao enviar aquele bilhete, com certeza sabia o Intendente que mexeria num vespeiro. Só que, sabidamente, ele organizou uma defesa armada, teve tempo para isso. O coronel organizou uma defesa com os militares que ficaram na cidade junto aos civis determinados, a fim de defendê-la dos proscritos. O coronel sabia da quantidade de cangaceiros que acompanhava o pernambucano chefe, inclusive, do total após terem se aglomerado os bandos de Lampião e Massilon Leite. Nas escuras, sem saber, pelo menos da quantidade, todos sabemos que seria loucura.

Lampião usou uma das armas mais combatíveis e eficientes no decorrer da sua guerra particular, o medo. O medo, gerado por mortes terríveis, sofridas e judiadas, sequestros, estupros e toda série de horrores anteriormente praticados, fazia com que muitos daqueles inquiridos por quantias distintas, as mandassem sem nem pestanejarem.

Ao estudarmos o que ele cometera ao longo do percurso para Mossoró, vemos claramente as pretensões do chefe cangaceiro. Suas ações praticadas durante a ‘jornada’ nos mostra com clareza o ‘efeito esperado’ por ele. Só que o ‘tiro saiu pela culatra’, como dizemos aqui nos rincões do Sertão do Pajeú das Flores, e o efeito foi totalmente ao contrário dos homens daquela cidade.

Segundo o pesquisador/historiador Sérgio Augusto de Souza Dantas, na tarde do dia 13 de junho de 1927, no lugar chamado “Saco”, os bandoleiros encontravam-se acampados enquanto seu chefe tomava as últimas providências. Lampião queria ‘arrancar’ a grana do prefeito sem dar um tiro, por isso, envia-lhe os famosos bilhetes e tem respostas com outros em forma negativa. Vendo que mais nada podia ser feito além de um ataque armado, Lampião chama seus lugares-tenentes, na época os cangaceiros Sabino e Jararaca, e fazem um ‘conselho de guerra’. Havia se juntado ao bando do chefe cangaceiro pernambucano o bando de do cangaceiro paraibano conhecido por Massilon Leite, ficando todo contingente em torno de cinquenta e poucos homens.

O ideal seria terem se divido, o terem divido, o bando em quatro grupos, porém, naquela tarde de junho, o cangaceiro Jararaca havia tomado cachaça em demasia e não tinha condições, físicas nem mentais de comandar sua caterva. Então o bando é divido em três grupos, ficando Sabino como comandante de um, Massilon tomando de conta de outro e o restante acompanha Virgolino.

Sabino e seus ‘cabras’, incluindo os cangaceiros Colchete e Jararaca, ficaram com a linha frente, ou próximo a essa devido estarem a usar, aí entra o dedo estratégico de lampião, os reféns como escudos. Lampião ordena que se faça uma linha de frente com os prisioneiros. Eles entregam rifles aos prisioneiros, descarregados é claro, para que, se ocorresse um investida do pessoal da cidade, essa seria em cima dos pobres refén, dando tempo para o bando refazer-se da surpresa e contra-atacar. Imaginem como esse pessoal, andando na frente de um bando de celerados, prontos para brigarem, sabedores da resistência colocada pelo prefeito, vendo a hora serem atingidos, por um ou por outro lado, o quanto ‘cortaram prego’. Logo depois estava o grupo de Massilon e, por último, na retaguarda ficou o comandante-chefe com os seus. Por mais que se esgueirassem não foi possível chegar ao ponto determinado, o Banco do Brasil ou a casa do prefeito, sem serem notados.

“(...) A frente da matutada marchavam – como ajustado – os reféns Amadeu Lopes, Pedro José, Azarias Januário, Júlio soares, Joaquim Germano de melo, Belarmino de Morais, Sancho amaro, além de Geraldo Oliveira e filho, cada qual com rifle desmuniciado às mãos e chapéus à cabeça. Pavor estampado nos rostos humildes, como a refletir desconfortável condição de “escudos humanos” (...).” (“Lampião e o Rio Grande do Norte – A História da Grande Jornada” – DANTAS, Sérgio Augusto de Souza. Natal, 2005)

O Intendente nos mostra conhecer de batalhas ao estudarmos como ‘armou’ a defesa de sua cidade. Além de usar sacos com algodão, para reter os projéteis, colocou vários dos seus homens na parte alta, sobre os telhados, para assim terem melhor visão sobre o inimigo e uma melhor posição de tiro, além d e ficarem fora da linha de fogo. Atirar de cima para baixo, resguardado por frentões de tijolos, sempre é melhor do que estar no meio das ruas em busca de abrigo frontal e para o alto, o que não se encontra em todo local.

Estrategicamente o coronel Rodolfo coloca sentinelas nos lugares mais elevados da cidade, nas torres das igrejas. Uma dessas sentinelas fora o dentista Antônio Brasil, que, segundo o escritor citado, Sérgio Dantas, deu o primeiro alarma. O homem sempre tende a usar aquilo que estar ao seu alcance em confrontos e, se nada há, ele improvisa e/ou cria para sua defesa e seus ataques. Pois bem, com certeza havia sido acordado antes que, quem primeiro notasse movimentos de cangaceiros, daria o alarma para os companheiros mais próximos. O dentista deu o alarma para os funcionários do Telégrafo. Estes passam a informação para o Padre Luís Mota, que daria a ordem para puxarem as cordas e badalarem os sinos. Assim ocorreu: o padre permiti que homens fiquem nas torres da Igreja Matriz, protegidos, para consumarem a resistência...

“(...) Cedi as torres da Igreja Matriz para nela se fazerem trincheiras(...) Da torre esquerda da Matriz rompeu o primeiro tiro em direção à Capela do Alto da Conceição, onde apontavam os primeiros bandidos. Corro à Praça da Matriz, mando tocar os sinos como alarma, correspondido pelas demais torres das igrejas (...).” (Ob. Ct.)

Acreditamos que Massilon tinha ordens específicas, não de Lampião, mas de um coronel coiteiro, o coronel Isaias Arruda, do município de Aurora, CE, para dar um fim no coronel Rodolfo Fernandes, Intendente de Mossoró, RN. No início do conflito, conta-nos a história que Massilon guia seus subordinados em direção específica à casa, exatamente do prefeito, o coronel Rodolfo. Apesar de alguns não verem, ou não quererem ver, o coronel sabia ser o alvo principal. Tanto que constrói uma excelente barricada em sua moradia. Concluímos isso quando vemos, nos anais dos relatos da história, que a casa de seu genro, o gerente do Banco do Brasil, na época, fica desguarnecida e é invadida por parte dos cangaceiros que estavam com Sabino. Eles arrombam suas portas, entram e fazem o maio arruace dentro dela. 

Esses, e outros detalhes, contaremos em outra oportunidade. Fixaremos nossa volta ao passado no ataque a casa do coronel e da sede, casa, da Intendência. Massilon de tudo faz, ou pensa ter feito para invadir a casa do coronel Rodolfo e apossar-se dela e do nela tinha. Deu a molesta e não conseguiu. Sabino com os seus, estava a atacar a sede da Intendência, já o comandante mor do cangaço, encontrava-se distante do eixo do conflito.

Seguindo os trilhos, Lampião chaga a Estação Ferroviária e nela monta seu QG. Dali ele recebe notícias e dá suas ordens. Junto aos homens de Sabino encontrava-se o cangaceiro “Colchete”. “Colchete” se esgueira feito uma serpente à procura de sua presa usando como anteparo a mureta de uma casa. Chegando ao limite, nota que como vai, a coisa não iria muito longe. Toma uma decisão suicida: parte de seu abrigo, em busca dos fardos de algodão que faziam barreira na casa onde se encontrava o coronel e seus defensores para atear fogo nos mesmos. Não vendo outra maneira de desalojar os defensores do coronel, e ele próprio, parte para cima da trincheira. No caminho para essa casa, ziguezagueando, Colchete pretende, ou pretendia colocar fogo nos fardos do algodão, a fim de desalojar os homens que dentro da casa estavam a darem combate. Mais uma vez a estratégia fica ao lado de quem usa. Dessa vez o estrategista era o coronel prefeito. Além da barreira que havia com os frentões das casas usadas como trincheira tinha as torres das Igrejas usadas para o mesmo fim. No local bastante elevado, alguém, de muito sangue frio e boa pontaria, nota as intenções do cangaceiro ao aproximar-se da casa sede da Intendência. Sem pressa, leva o rifle ao ombro, faz mira e aperta o gatilho.

O atirador acerta o alvo escolhido na altura da sua face. Colchete, impondo uma velocidade limitada as pernas dos homens, recebe o impacto da bolota que saíra da arma do atirador na torre da Igreja. Acreditamos que mesmo sem serem somadas as duas velocidades, apenas o tiro bastava, dá um grito de horror e seu corpo e jogado no chão. O cangaceiro fica a mover-se de dores e a urrar feito fera ferida. Calmamente o atirador recoloca outra bala na agulha, faz mira e puxa o gatilho. Dessa feita, o projétil vai alojar da altura do dorso do bandido. O corpo, cremos que por efeito de espasmos, puro reflexo, ainda estremece por algum momento, ficando inerte logo em seguida, pois sua vida havia chegado ao fim.

Ao perder tão efetivo combatente, o chefe naquela linha de fogo, o cangaceiro Sabino das Abóbodas, ordena imediatamente o toque de retirada. Pela extensão em que estavam posicionados, logicamente os homens não escutariam o simples toque da corneta. Por isso, para esse combate, havia Lampião, prevendo uma ocorrência semelhante, ordenado que, ao afastarem-se da linha de fogo, seus homens usassem como ‘toque de retirada’ o som dos disparos das armas pequenas, revólveres e pistolas, e assim foi feito. Essa tática é bastante usada quando da participação das mulheres, depois de 1930, nos combates entre cangaceiros e volantes. Dentre os comandados por Sabino, um, não conseguindo atinar o que faziam os outros, talvez pelo excesso do álcool, fica pra trás. Ele, vendo o companheiro ter sido abatido, parte para cima de seu corpo. Alguns autores referem que Jararaca simplesmente iria com a intenção de recolher os ‘bens’ que seu companheiro levava nos bornais.

Aqui deixamos nosso parecer, particular, de que não acreditamos nessa versão. O cangaceiro José Leite de Santana, mais conhecido por “Jararaca”, era um ex-militar do Exército brasileiro. Prestava seus serviços a Nação desde 1920, quando, em 1924 estoura mais uma revolta militar, tida na História como Revolta Paulista de 1924, sendo, também conhecida por: Revolução Esquecida, Revolução do Isidoro, Revolução de 1924 e de Segundo 5 de julho, onde participara sob as ordens do general reformado Isidoro Dias Lopes. Então meus amigos, a ida do cangaceiro Jararaca, ou a pretensão deste, para nós não fora simplesmente em busca de seus pertences, mas, talvez para ajudar ou mesmo recolher o corpo de um companheiro tombado na trilha sangrenta do combate. Quando se cai nas garras do crime, tornando-se um criminoso, não importa como sejam, muitos dos pesquisadores, talvez para darem uma satisfação, insatisfeita, aos leitores, ou a seus leitores, já determinam as ‘causas’ em suas entrelinhas.

Pois bem, Jararaca, também é atingido por tiros vindos do alto das torres da Igreja. Cai por sobre o corpo do companheiro e permanece por alguns instantes imóvel. Ao ver-se ferido gravemente, pois havia recibo um tiro na altura da linha medial do tórax e outro na parte posterior de sua coxa direita, grita pedindo socorro a Sabino. Naquela altura Sabino e seus homens já haviam se retirado, estando distantes, não conseguem escutar os gritos do companheiro, mesmo porque o barulho ensurdecer dos disparos continuava pertinentemente.

“(...) caiu desacordado por cima do corpo fétido de Colchete.

Minutos transcorreram em enervante silêncio. 

Em pouco, o cangaceiro recobrava as forças. Sem embargo, de sangue verter aos borbotões pelo profundo ferimento aberto a altura do peito, articulou simultaneamente os músculos das pernas e ensaiou rastejar. Percebeu já distantes, seus consortes de guerra. Bradou rouco, desesperado:

- Sabino, estou ferido! Moreno, socorro! Me ajude, Sabino!

Não havia menor possibilidade de retorno. A cabroeira, atarantada, vencia o campo aberto até o cemitério. A escapada em desordem os colocava na ira de atiradores posicionados na residência de Ezequiel Fernandes de Souza, na trincheira do casarão do Intendente e na torre da Igreja de São Vicente. A artilharia, naquele momento, provinha de três flancos (...).” (Ob. Ct.)

Já na outra frente, com o chefe Massilon e seus comandados, a coisa estava bem parecida com a primeira. A residência alvo não fora tomada. Ferrenhos defensores desceram as mãos nos gatilhos das armas, tornando-se impossível algum progresso por parte dos homens de Massilon. Sem ter outra saída, passa a ordem e recuam em direção ao ponto em que encontrava-se Lampião. Antes, porém, recebem uma saraivada de balas de homens estrategicamente colocados ao longo dos trilhos do trem. Com muito esforço Sabino chega a presença do chefe e faz seu relatório. Lampião fica sabendo de que tiveram duas grandes baixas, Colchete e Jararaca. Sabino pensava que seu companheiro, o cangaceiro Jararaca, também estivesse morto. Lampião ordena que Sabino retorne ao campo da luta e passa a ordem para que Massilon e Luiz Pedro, que estavam a trocar tiros com os defensores, entocados dentro da sede da União dos Artistas, (Dantas), dando cobertura a retirada de Sabino e seus homens. Assim fora ordenado, e assim foi cumprido. Lampião, ‘lambendo as feridas’ parte rumo ao Estado do Ceará, para a cidade de Limoeiro do Norte, onde seus homens recebem os cuidados de um farmacêutico e depois partem rumo ao Leão do Norte.

Na cidade do sal, as coisas estão a se clarear para os defensores. O receio de uma nova investida dos cangaceiros vai passando aos poucos. Cita Dantas em sua obra que essa certeza só veio depois que o tenente Abdon Nunes de Carvalho junto ao sargento Pedro Sílvio e alguns homens, fizeram uma ronda de averiguação protegidos, resguardados, pelos defensores que estavam no alto da torre da igreja e das casas.

A cidade volta a ter vida alegre. A alegria é percebida em todo rosto. Venceram o bando do “Rei dos Cangaceiros”. Aos poucos algumas pessoas, que estavam escondidas próximos a cidade, começam a voltarem e, juntando-se aqueles que saíam das trincheiras, começam a aglomerarem-se em volta do corpo inerte do cangaceiro Colchete. Dessa forma, fora descrita a cena tétrica do corpo do cangaceiro morto na travessa São Vicente por um artista:

“Trajava roupa cáqui, vestindo uma calça mesclada; usava chapéu com dois barbicachos, calçava luvas de couro, usando alpercatas com meia de seda; ao pescoço trazia encarnado, bom como à cintura uma faixa de chita bem vermelha. A sua arma era um fuzil Mauser, trazendo trazendo no bornal profusa munição. Foi encontrada em duas algibeiras uma porção de moedas de prata. Ao pescoço pendurava inúmeros escapulários, orações diversas e medalhas de Santos, inclusive uma de alumínio, com a efígie do Padre Cícero.” (Ob. Ct.)

Os momentos de tensão e medo antes do ataque, aos poucos se transformam em uma aloucada tensão geral de quererem, ao exibirem o corpo de um deles, mostrarem todo seu ego, potencial, nas ruas daquela cidade. Então começam a arrastarem o macabro troféu pelas ruas, profanando-o com perfurações, de facas e punhais, chegando a cortarem uma das orelhas do defunto, até chegarem às escadarias da Igreja de Santa Luzia, aonde o deixam.

Bem meus amigos. Notamos que na obra do pesquisador/historiador Sérgio Augusto de Souza Dantas, “Lampião e o Rio Grande do Norte – A História da Grande Jornada”, o mesmo não cita, em momento algum, o nome daquele defensor a acertar, mortalmente, o cangaceiro Colchete. Já há em vários textos há citação de um civil como sendo o feitor da ‘obra’. Já em outros, vemos a citação, resultado de uma pesquisa feita por um pesquisador militar, essa nos trás o nome do militar e sua patente, referindo inclusive que o mesmo fora promovido pela ação em Mossoró.

O pesquisador Romero Cardoso, da cidade de Pombal, usando as páginas do blog CARIRI CANGAÇO, em uma quinta-feira, 1 de setembro de 2011, na matéria “O Trucidamento de Jararaca em Mossoró”, não referindo quais as fontes usadas sobre o assunto, assim nos relatou o caso: 

“Na parte superior da residência do prefeito postava-se exímio atirador, de nome Manuel Duarte, que logo notou a intenção do famoso bandido do vale do Pajeú. 

O bravo defensor mossoroense esperou momento oportuno, quando Colchete ficou com a cabeça visível o suficiente para que o winchester calibre 44 do homem postado em cima da residência do prefeito detonasse projétil certeiro que esfacelou o crânio do cangaceiro de Lampião. Colchete estertorava devido o estrago causado pela bala da arma de Manuel Duarte, quando outro indômito integrante da trincheira do prefeito pulou a janela de punhal em riste para terminar o serviço, sangrando-o impiedosamente. Imediatamente esse homem que não sabia o significado da palavra medo voltou ao seu posto para continuar o combate.”

Agora veremos, através das páginas do blog TOXINA, a matéria: “CURIOSIDADE – CABO PASTEL, O POLICIAL QUE MATOU COLCHETE E PRENDEU JARARACA”, colhida de uma fonte militar. Um coronel da Briosa do RN, Coronel Ângelo, fazendo uma pesquisa sobre antigos guerreiros daquela corporação, descobre um boletim datado de 15 de junho de 1927, dois dias depois do ataque a cidade de Mossoró, RN, onde o mesmo refere quem fora o homem a acertar o cangaceiro Colchete naquela tarde.

Vejamos o que nos relata o pesquisador sobre a pesquisa do coronel Ângelo:

“...No dia 11 de maio de 1927, seguiu em diligências para o interior do Estado, um contingente de 16 policiais militares, com o objetivo de reforçar o policiamento do interior contra o bando de Lampião.

Entre esses homens estava o Cabo Leonel da Silva Pastel, figura pouco conhecida na história do cangaço e cuja única fotografia foi descoberta tem pouco tempo junto aos arquivos da PMRN em Natal, pelo Coronel Ângelo, historiador da PMRN.

Por volta de 16h00 do dia 13 de junho de 1927, Lampião e seus cangaceiros invadiam a cidade de Mossoró os quais foram recebidos e expulsos à bala pelos corajosos mossoroenses.

Entre os cidadãos que se encontravam nas várias trincheiras armadas pela cidade, estavam alguns policiais que pertenciam ao contingente policial local. Um deles era o Cabo Leonel da Silva Pastel, pouco conhecido na história e cuja única fotografia foi descoberta tem pouco tempo pelo Coronel Ângelo, historiador da PMRN. 

Conforme Boletim Oficial da PM, o Cabo Pastel teria sido o responsável pela morte do cangaceiro Colchete e também teria sido o autor da prisão de Jararaca, ferido no peito quando tentava ajudar seu companheiro Colchete.

Por tais razões, Pastel foi promovido ao Posto de Sargento, tudo isso registrado no Boletim Regimental da PMRN, nº 166, datado de 15 de junho de 1927. Além disso, também foram promovidos ao Posto de Cabo, os soldados Minervino Fagundes e João Arcanjo, pela coragem com que ajudaram a população a enfrentar a investida do Bando de Lampião, tudo isso, registrado no Boletim Regimental nº 172, de 21 de junho de 1927”

Vejam que, apesar de ser um fato bastante divulgado, estudado e analisado por diversas linhas, frentes, de pesquisa, surge esse, digamos, impasse, sobre quem, realmente, seria o matador de Colchete.

A pesquisa, aí é esse seu criado particularmente referindo, executada pelo pesquisador/militar, o coronel Ângelo, nos trás uma fonte escrita. Nela uma data e nomes de militares participantes daquele conflito., nos levando a seguir essa trilha.

E aí? Quem, na verdade, foi o matador do cangaceiro “Colchete”, na tarde do dia 13 de junho de 1927, na cidade norte rio-grandense de Mossoró?

No entanto, meus amigos, fica ao encargo de vocês, darem seguimento a essa pesquisa e, ao final de tudo, tirarem sua conclusões.

Fonte Obra e blogs citados
Foto Cariricangaço.com
Toxina.com

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II GRANDE GUERRA RESQUÍCIOS DE NAGASÁQUI


Menino "aguarda" sua vez para cremar o corpo do irmão preso as suas costas.


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LIVRO “O SERTÃO ANÁRQUICO DE LAMPIÃO”, DE LUIZ SERRA


Sobre o escritor

Licenciado em Letras e Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (UnB), pós-graduado em Linguagem Psicopedagógica na Educação pela Cândido Mendes do Rio de Janeiro, professor do Instituto de Português Aplicado do Distrito Federal e assessor de revisão de textos em órgão da Força Aérea Brasileira (Cenipa), do Ministério da Defesa, Luiz Serra é militar da reserva. Como colaborador, escreveu artigos para o jornal Correio Braziliense.

Serviço – “O Sertão Anárquico de Lampião” de Luiz Serra, Outubro Edições, 385 páginas, Brasil, 2016.

O livro está sendo comercializado em diversos pontos de Brasília, e na Paraíba, com professor Francisco Pereira Lima.
franpelima@bol.com.br

Já os envios para outros Estados, está sendo coordenado por Manoela e Janaína,pelo e-mail: anarquicolampiao@gmail.com.

Coordenação literária: Assessoria de imprensa: Leidiane Silveira – (61) 98212-9563 leidisilveira@gmail.com.

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“PAJEÚ EM CHAMAS: O CANGAÇO E OS PEREIRAS”


Quem interessar adquirir esta obra é só entrar em contato com o professor Pereira através deste e-mail: franpelima@bol.com.br
Tudo é muito rápido, e ele entregará em qualquer parte do Brasil.

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POMBAL 1721.

 Por Elri Bandeira DE Sousa Bandeira

POMBAL 1721

Seus sobrados e castelos seculares se curvam e olham
A cena atual.
Coluna da Hora, Cadeia, Catedral, 
Barracas
Abrem alas para os grupos do Rosário,
Com seu Rei, Secretário e Embaixador, 
Que passam, coloridos, a dançar, 
À frente da ensolarada procissão. 
Brincantes se espalham em suas largas avenidas,
Fazendo soar, ao sol quente,
Seus velhos paralelepípedos,
Suas lanças, que abrem caminho, 
Sanfona e alegres maracás. 
Seus sinos dobram, 
Entoando novos gêneros de vida. 
Nossos ancestrais
Rebentam as lápides de seus túmulos 
E fazem de volta o caminho do féretro, 
Vindos de longe
Para o grande encontro. 
Chegam à Praça ‘O Centenário’,
Ágora da milenar Pombal. 
E dançam com os filhos dos seus filhos
Velhos novos rituais. 
Pinga, santa e espanto reúnem devotos, 
Noctívagos, transeuntes, 
Vendo aquele cortejo de ex-votos a passar:
Coroa de espinho, pedra na cabeça,
Roupa caqui, roupa branca: 
- “Dizei, dizei-me, neste dia, 
Quando tudo começou
Aqui neste Arraiá”?



Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso

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OS AMORES DO CANGACEIRO

*Rangel Alves da Costa

A história e os livros comprovam a sedução causada pelos cangaceiros perante as meninas e mocinhas sertanejas. Envoltos em adornos e enfeites, lastreados de dourados e prateados, reluzindo nos embornais, nas cartucheiras, nos dedos e nas cabeleiras, os artistas das caatingas faziam pulsar corações e mentes. Sem falar na pele jambeada, tingida de sol e curtida no suor da luta, sempre exalando desmedido perfume. Fragrâncias tão fortes quanto o próprio homem.

Juriti era um verdadeiro galã. Luiz Pedro, com seu porte altaneiro e sua cabeleira, parecia saído de uma película hollywoodiana. Alguns, além dos dourados e reluzências, das vestes encobertas de vaidades, até usavam óculos escuros de sol. Que se imagine a tempestade que provocavam ao surgirem nas fazendas e taperas ou adentrarem nos arruados e povoações! Um espanto a tantos, mas também um indescritível fascínio aos virgens e despreparados corações femininos.

Os pais de família tudo faziam para evitar que as atrações e seduções cangaceiras levassem de sua casa sua menina ou sua mocinha. Muitos fugiam levando suas crias, muitos as escondiam debaixo das camas. Muitos não tinham, perante o calor da hora, o que realmente fazer. Então os encantamentos, as paixões repentinamente surgidas. E depois os retornos para buscar as prometidas ao mundo cangaceiro. Assim aconteceu, por exemplo, com Sila. Canário disse que retornaria para buscá-la e assim aconteceu.

Contudo, o homem cangaceiro nem sempre precisou utilizar sua estética - roupas, adornos e enfeites - para atrair corações. Sua força sedutora estava em outras qualidades, que não a da beleza ou do porte, mas necessariamente pela sua própria feição humana, incluindo-se, logicamente, atributos como o caráter, a honradez e a cordialidade. Assim aconteceu com José Francisco de Nascimento, o Cajazeira no bando de Lampião, que após a morte de sua companheira e também cangaceira Enedina, revelou-se num amante inveterado.

Ainda muito moço, José Francisco, ou ainda Zé de Julião (pois filho de Seu Julião e Dona Constância), enamorou-se pela bela sertaneja de nome Enedina, de larga e honrada linhagem familiar em Poço Redondo, sertão sergipano. Do namoro ao casamento foi um pulo, como se diz pelas bandas de meu sertão. Contudo, o jovem Zé de Julião, atiçado pela consciência crítica da excludente, brutal e injusta realidade social que o circundava, um dia resolveu dar a mão à sua amada e com ela tomarem os destinos catingueiros, aos braços do cangaço.

Ressalte-se que o pai do depois afamado Cajazeira, Seu Julião do Nascimento, era um dos mais ricos daquela povoação sertaneja, dono de muitas terras e rebanhos. Mas a cada chegada das forças civis ou policiais (volantes), logo o temor tomava conta de todos. Muitas eram as extorsões, os maus-tratos, as barbáries cometidas. Sob pretexto de caçar cangaceiro, o esbulho e o aviltamento praticado era contra o mundo sertanejo. E uma das maiores vítimas era Seu Julião. E foi isto que tanta revolta causou àquele espírito jovem e já cheio de rebeldia.

Pois bem. Zé de Julião e Enedina deram-se as mãos e foram ao encontro do bando de Lampião. Aceitos, deste mundo fizeram parte até a Chacina de Angico de 38, ali mesmo em Poço Redondo, na Gruta do Angico, nas proximidades das beiradas do Velho Chico. Em vexame, em situação de fuga desesperada, eis que um tiro acertou a cabeça de Enedina que os miolos espargiram pelo ar. A esposa de Cajazeira jazia morta e este, sem nada poder fazer, apenas em fuga daquele terrível cerco. De Angico voltou viúvo.

Enviuvado no Angico, mas não sozinho por muito tempo. Após a fuga do massacre, homiziou-se no município alagoano de Jirau do Ponciano, nas Alagoas (numa fazenda de José Onias de Carvalho, renomado político de Propriá, em Sergipe) onde conheceu uma mocinha chamada Nelice, cujo namoro resultou em casamento e o nascimento do filho Inácio. Em constante fuga, arribou para a Bahia e deixou a esposa e o filho na casa de seus sogros. Da Bahia retornou às terras sergipanas e no seu Poço Redondo se enamorou da irmã de sua falecida Enedina, de nome Estela Maria do Nascimento, com quem também casou no civil, tendo o casal ido morar no Rio de Janeiro. Desta união mais o nascimento de muitos filhos. Somente retornou a Poço Redondo, sozinho, após, a morte de seu pai. Daí em diante se dividiu entre o sertão e Nova Iguaçu, até decidir retornar de vez para levar adiante seu grande plano: ser prefeito de seu berço de nascimento. 

Após enveredar na vida política e ser candidato a prefeito por duas vezes (episódios estes que merecem relatos à parte), e as incansáveis perseguições provocadas pelo chamado “Roubo das Urnas”, o ex-cangaceiro procurou esconderijo na região de Serra Negra, sob a proteção do Coronel João Maria de Carvalho. E lá mais uma vez se enamorou de uma jovem chamada Djair, com quem manteve união conjugal e teve prole. Não obstante isso, Zé de Julião ainda conviveu com uma moça de Poço Redondo chamada Rita, com quem teve vários filhos, dentre os quais Anita, Neném e Elício. E também relacionamento amoroso com Julieta Gomes dos Santos (conhecida como Êta, da região poço-redondense do Jacaré e Salobinho). Com esta teve dois filhos: Venúcio e Alaíde.

Como visto, o coração do ex-cangaceiro foi amante por natureza. Em Zé de Julião sempre a chama acesa das paixões, dos relacionamentos afetivos, dos convívios amorosos. Enedina, Nelice, Estela, Djair, Rita, Julieta, e talvez mais. Ou talvez muito mais.


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UMA PASTORAL DE PADRE CÍCERO ( O Pacto dos Coronéis )..


04 de outubro de 1911, data de posse de Padre Cicero Romão Batista para intendência municipal de Juazeiro do Norte, e, também, a assembléia entre os líderes políticos da região do Cariri, cuja culminância foi a assinatura de um acordo mútuo, prezando os artigos do PACTO DE HARMONIA POLÍTICA. Em se tratando de homens poderosos, latifundiários, chefes de hordas de capangas, e, ou até coiteiros de cangaceiros os referidos se enquadravam na alcunha de coronéis. De 1889 a 1930 prevaleceu a política dos senhores latifundiários que dominavam a sociedade através dos currais eleitorais, da brutalidade para o domínio do voto, da opressão, do medo, da ameaça... por via, a denominação de período do CORONELISMO.

Esta modalidade política irá se enfraquecer a partir de Juazeiro com a citada assembleia entre os coronéis, e, por muitos intitulado PACTO DOS CORONÉIS. O ponto polêmico concerne a todos os signatários se rendessem em total apoio ao governador Antônio Pinto Nogueira Accioly. Por esta monta, padre Cicero, como presidente da reunião, quebra as forças dos coronéis da região quando os mesmos se comprometem com a harmonia entre si, e o não apoio a cangaceiros. Houve reincidência, mas estava posto a fragilidade dos mandatários do poder local.

Para o escritor Rui Facó, na sua famosa obra Cangaceiros e fanáticos, “o pacto era na verdade um sinal de debilidade, um prenúncio de decadência do coronel tradicional, do potentado do interior, outrora senhor absoluto de seu feudo e em disputa constante com os feudos vizinhos. Sua maneira de pensar fora sempre esta: todos lhe deviam render vassalagem!”.

Não se pode atribuir ao Padre Cicero a alcunha de coronel, ou o pejorativo "titulo" de coronel de batina. Terras e imóveis não lhes serviam de patrimônio e sim aos que chegavam ao Juazeiro sedentos por abrigo e trabalho, ao fim da vida, tudo foi dado, previamente, em testamento aos Salesianos. Aqui vem a difícil compreensão de que tudo se tratou de uma pastoral do reverendo. Padre Cicero rendeu os "donos" do Cariri, pois reunir inimigos políticos num mesmo ambiente, cujas especulações eram de que a referida assembléia terminaria em tiroteio, mas, saíram abrandados de seus ódios e refletivos se sua atitudes.

Contudo, o "pacto dos coronéis" pode ser sim entendido como uma pastoral do levita, e não uma associação de poderosos, ali estava, em continua obediência ao sonho com o Coração de Jesus - "Cicero, tome conta Deles", se referindo aos pobres, vítima do coronelismo que entravam na sala esfarrapados e famintos de tudo.

Sobre isso vejamos o depoimento do historiador Marcelo Camurça, como está no seu livro Marretas, molambudos e rabelistas: “No meu modo de ver o Padre Cícero se relacionou com as oligarquias, transitou na sociedade política, se compôs com os setores dominantes, tanto pela sua condição de sacerdote letrado, um intelectual tradicional, e esta condição o estimulava qual outros padres no Império e na República a ter uma projeção social, quanto pela vontade de ajudar o seu povo, de levar adiante o seu projeto de manter de pé a comunidade do Juazeiro, pela via da conciliação tão marcante na sua visão de mundo. Porém, o Padre Cícero nunca abriu mão de sua identidade sacra, do seu papel de guia religioso, de líder espiritual, para se tornar um político profissional, tampouco abriu mão da mística do "milagre" e de sua visão messiânica, simbólica do catolicismo popular, daquele primeiro sonho que teve quando Cristo encarregou-o de cuidar do Juazeiro e de seu povo. Este sem dúvida não é o perfil de um "Coronel" latifundiário ou de um político das classes dominantes. Um "Coronel" apesar da camaradagem e da articulação do compadrio com seus agregados nunca teve com seu povo um relacionamento tão intenso e profundo; no campo ideológico: como os vínculos do catolicismo popular, da "Santidade"; no campo político e social: como os conselhos dados pelo Padre nos seus "sermões" onde forjou uma ética sertaneja do bem viver; no campo econômico: onde regulou e organizou a produção e o emprego”.

Colô do Arneiroz 

Foto: internet. (QUADRO CONFECCIONADO POR D. ASSUNÇÃO GONÇALVES)
Bibliografia: Marretas, molambudos e rabelistas. 
Cangaceiros e fanáticos.

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