Por Geraldo Maia do Nascimento
Quando
se fala do início da construção da Estrada de Ferro de Mossoró, costuma-se
atribuir a Jonh Ulrich Graff o pioneirismo pela ideia do projeto, já que o
mesmo conseguiu, em 26 de agosto de 1875, através da Lei nº 742, concessão para
construção de uma estrada de ferro ligando Mossoró a Petrolina, na Bahia. Esse
projeto, no entanto, não chegou a se concretizar.
Hoje
temos evidências de que a primeira tentativa de construção de uma estrada de
ferro ligando Mossoró ao porto de descarga dos navios data de 1870, ou seja,
cinquenta anos antes da concessão de Ulrich Graff e que não foi à única. Outras
concessões foram dadas antes de 1875.
Essas
evidências foram apontadas pelo engenheiro Luiz Saboia, que em 1953 começou a
escrever um livro com o título “Subsídios para a História da Estrada de Ferro
de Mossoró”. Esse livro nunca foi concluído, ficando os seus originais
inacabados na Tipografia Escóssia. Em 1991 o professor Jerônimo Vingt-un Rosado
Maia tomando conhecimento desse material, e consciente da importância das
informações ali reunidas, solicitou permissão da família e publicou o material,
da maneira que se encontrava, pela Coleção Mossoroense, série B – número 1113 –
1991.
Por
esse trabalho tomamos conhecimento que “a lei provincial nº 646, de 14 de
dezembro de 1870, autorizava o presidente da Província a contratar com os
engenheiros José Luiz da Silva e João Carlos Greenhalgh, ou com quem mais
vantagens oferecesse, a construção de uma estrada de ferro que ligasse a cidade
de Mossoró ao porto ou ponto de descarga dos navios que entrassem no rio.” O
projeto não foi realizado.
Dois
anos depois, em 1872, João Pedro de Almeida pleiteou, junto ao Governo Geral, a
concessão de uma estrada de ferro que ligasse o porto de Mossoró à cidade de Souza,
na Província da Paraíba. O seu pedido foi feito na Regência de S. A. a Princesa
Imperial Regente Isabel, que solicitou do Presidente da Província do Rio Grande
do Norte parecer sobre a conveniência dessa estrada de ferro. Não temos
informações sobre a resposta, mas deve ter sido negativa, já que a solicitação
caiu no esquecimento.
Em
1875 coube ao comerciante estrangeiro Jonh Ulrich Graff a solicitação dessa
concessão, obtendo permissão através da Lei nº 742, para a construção de uma
estrada de ferro ligando Mossoró a Luís Gomes, no limite com a Paraíba. Mais
por falta de recursos, o projeto caducou.
Em
1888 foi à vez de Chrockatt de Sá Pereira de Castro, que no dia 25 de maio
daquele ano fez uma brilhante exposição do seu plano ao Clube de Engenharia, no
Rio de Janeiro, sujeitando o seu projeto a aprovação das maiores capacidades
técnicas de então. Não conseguiu a documentação necessária para embasar os seus
argumentos, portanto o projeto não teve prosseguimento.
Em
1889 coube a Francisco Solon encabeçar o movimento pela construção da estrada
de ferro de Mossoró. Chegou mesmo a criar uma empresa para tal fim, a firma J.
Bastos & Cia., da qual fazia parte Francisco Solon, Joaquim Olintos Bastos,
Joaquim Etelvino e Francisco Cascudo, pai do historiador Luís da Câmara Cascudo.
Essa empresa, por conveniência, teve seu nome mudado para “Companhia das
Estradas de Ferro do Nordeste do Brasil” e por imposição dos banqueiros
internacionais mudou para “Companhia das Estradas de Ferro do Rio Grande do
Norte”. Mas as exigências dos bancos internacionais tornaram impraticável a
aquisição de empréstimos, fazendo com que mais uma vez a concessão caducasse.
“O
decreto estadual nº 51, de 22 de setembro de 1890 concedia a João Pereira da
Silva Monteiro, Francisco Lopes Ferraz Sobrinho e Augusto Severo de Albuquerque
Maranhão, negociantes e capitalistas residentes na Capital Federal e neste
Estado ou a companhia por eles organizada, privilégio por 50 anos, para a
construção, uso e gozo de uma estrada de ferro de um metro entre trilhos que,
partindo de Areia Branca, na embocadura do Rio Mossoró, dirija-se ao ponto mais
conveniente da Serra de Luís Gomes, passando pelos municípios de Mossoró,
Caraúbas, Apodi, Port’Alegre, Martins, Pau dos Ferros e Luiz Gomes”. Não
conseguiram levar avante o projeto.
Outras
tentativas foram feitas até que em 1912 Mossoró viu finalmente o seu grande
sonho ser iniciado. Mas a conclusão dessa história contaremos na próxima
semana.
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Geraldo Maia do Nascimento
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