Outro material do acervo do Doizinho Quental
Segundo Bezerra Maciel:
“Com o lenço prendia Virgulino a
tecla do gatilho à alavanca de manejo do rifle, unindo-os de modo que, em cada
movimento da alavanca, o pino do percutor ( agulha ), liberto, picotava a
cápsula fulminante, por si mesmo, sem necessidade de se acionar a tecla.
Transformado deste modo o rifle ( cruzeta ou papo amarelo ) de repetição, em arma semi - automática, isso
porque não dispensava o manejo da alavanca para colocar o cartucho na câmara.
Virgulino
manejava com tanta rapidez a alavanca do rifle assim peiado, que os tiros se
sucediam formando uma tocha na boca do cano. Ora, contam-se os tiros pelos
clarões sucessivos na boca do cano. Impossível contar os de Virgulino. Era um
clarão só, aturado, permanente!
Quando
ele, perto da casa-quartel de Sinhô Pereira, ali em São Francisco, fez a experiência
pela primeira vez, era noite.
Sinhô
Pereira, entusiasmado de admiração, exclamou:
-
“Isso é um Lampião da Vila Bela! “
Algazarra
da cabroeira toda em torno de Virgulino, que teve de repetir a demonstração.
Um
dos cabras, Fiapo, embasbacado, deixara cair do beiço o cigarro que fumava, e
gritou:
-
“Acende, de novo, o lampião, para eu achar meu cigarro”.
E
o nome pegou. Do rifle para Virgulino.
Ao
deixar a vila levava a alcunha.
-
“Meu nome é Virgulino, Apelido Lampião”.
Segundo...
“A
origem do apelido Lampião foi a seguinte:
Ao
ser admitido no grupo de Sinhô Pereira, perguntaram-lhe que título de
recomendação apresentava para fazer parte o seu nome. Respondeu apenas, parco
de frases como é, que no seu rifle, no tiroteio da noite anterior, jamais
faltara o clarão.
Ao
ouvirem esta bazófia os comparsas, entre eles os célebres Baliza e Cajueiro,
gritaram: - temos agora o Lampião! Não haverá mais escuro entre nós! Temos
agora o Lampião!
E daí por diante
Virgulino Ferreira passou a se conhecido pela luminosa alcunha.”
ADENDO:
Luiz Conrado de L. e Sá, primo do Sinhô PereiraIn - Fundação Casa da
cultura S. Talhada
Não
querendo contrariar o que escreveu o escritor Bezerra Maciel, afinal, eu não sou autoridade no que diz respeito a cangaço, mas leia o
que disse o cangaceiro Sinhô Pereira, em uma entrevista que cedeu ao seu primo, Luiz
Conrado de Lorena e Sá, sobre o apelido de Lampião.
Lorena - Por que Virgulino
Ferreira da Silva ganhou o apelido de Lampião?
Sinhô Pereira - Num combate, à noite, na fazenda Quixaba, o nosso companheiro Dê Araújo,
comentou que a boca do rifle de Virgolino mais parecia um lampião. Eu reclamei,
dizendo que munição era adquirida a duras penas. Desse episódio resultou o
Lampião que aterrorizou o Nordeste.
Mesmo eu não sendo uma autoridade sobre os estudos do cangaço, eu acredito mais no que disse o Sinhô Pereira, que no período em que isto aconteceu, ele era o chefe de Lampião. blogdomendesemendes
Qual o pé baleado?
Outro
fato muito conhecido da vida de Lampião foi o do ferimento do seu pé, em 1924.
Poucos escritores coincidem quando se referem a este caso. Vejamos o que fala Rodrigues de Carvalho em seu
famoso livro "Serrote Preto" na pag.
224 2ª Edição: "Esconderam-se a fim de tratar do ferimento que
Lampião recebera no pé esquerdo, em tiroteio travado com elementos da família
Gomes Jurubeba. Ou mais precisamente com
Odilon Flor, o seu inimigo mais acirrado dentre os membros da aguerrida
família."
Já
no livro "De Virgulino a
Lampião" de Vera Ferreira e Antônio Amaury, Edição de 1999, no capítulo
"Lampião ferido no pé" está registrado: "Nessa mesma época, por
pura coincidência o Major Theóphanes Ferraz Torres estava convocando soldados
de várias localidades para formar uma volante destinada a combater os
cangaceiros.
Quatro
desses soldados convocados pelo major estavam em viagem para apresenta-se
quando, de repente, toparam com Lampião e seus companheiros. O início da troca
de tiros foi imediata. Logo aos primeiros disparos Lampião foi ferido no pé
direito, ao mesmo tempo em que seu jegue era mortalmente atingido, tombando e
prendendo a perna ferida de Lampião sob seu pesado corpo."
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