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sexta-feira, 1 de setembro de 2023

EM ALGUM MOMENTO DO PASSADO: RONALD GOLIAS E SEU PAI ARLINDO GOLIAS.

Por Natan Heilei

Nascimento: 4 de maio de 1929, São Carlos, SP.

Falecimento: 27 de setembro de 2005 (76 anos), São Paulo, SP.

Ator e comediante brasileiro, considerado um dos pioneiros da televisão no país.

- Antes de entrar na carreira artística foi ajudante de alfaiate, funileiro, fabricante de presépios, agente de seguros e participante de um grupo de acrobacias aquáticas, o Aqualoucos;- Conheceu Manoel de Nóbrega quando estava na Rádio Nacional e acabou contratado para a televisão, onde atuou por mais de quatro décadas em programas como "A Praça da Alegria", "Família Trapo" e "A Praça é Nossa";

- Ronald Golias é um dos pioneiros do humor na televisão brasileira;

- Em 1967, apresentou o personagem Bronco, que já fazia sucesso no cinema, no humorístico "Família Trapo", da TV Record, onde contracenava com Jô Soares, Ricardo Corte-Real, Cidinha Campos, Renata Fronzi e Otello Zeloni. Bronco virou o mais popular de todos;

- Sua filha Paula é uma homenagem a Paulo Machado de Carvalho, fundador da rádio e TV Record;

- Apesar de ter feito poucos filmes, sua carreira na televisão é digna de um golias, tendo trabalhado nas quatro principais emissoras do Brasil: Rede Globo, Rede Record, Rede Bandeirantes e no SBT;

- Depois de alguns anos afastado da televisão, ressuscitou o personagem Bronco no seriado "Meu Cunhado", de 2004, onde contracenou com Moacyr Franco, amigo de longa data e do início da carreira.

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300 QUILÔMETROS DE AMOR - AUTOR: CÍCERO VIEIRA - CANTA: JOSÉ DI ROSA MARIA

 Por José Di Rosa Maria

https://www.youtube.com/watch?v=t66ydbY0_0c&ab_channel=Jos%C3%A9DiRosaMaria

Letra: Cícero Vieira - Voz: José Di Rosa Maria Acompanhamento: Macote

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LIVRO

 Por Juliana Pereira


Chegou o mais novo e interessante livro sob a Organização de Adriano DE Carvalho Duarte. Um trabalho super cuidadoso, feito a muitas mãos, são 40 renomados autores e pesquisadores trazendo muitas informações sobre o cangaço, coronelismo, messianismo, Nordeste e nordestinidade.

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NOTA DE PESAR

Por Relembrando Mossoró

O Relembrando Mossoró vem comunicar o falecimento de seu Siqueirinha, que ocorreu hoje pela manhã, nossos sentimentos aos familiares e amigos!

Siqueirinha – Ismael Fernandes Siqueira, mais conhecido como Siqueirinha, nasceu no dia 25 de maio de 1935, natural do município de Apodi-RN. Filho de Israel Siqueira Cortez e Celina Fernandes Siqueira.

Seus estudos foram cursados em Mossoró, onde cursou o ginasial na Escola Normal de Mossoró. Seu primeiro emprego foi na Rádio Difusora de Mossoró, de 1950 até 1955, com a ajuda de sua irmã Cleide Siqueira, que atuava nesta rádio. Nesta emissora ele era vendedor de ingressos na bilheteria, quando tinha shows no palco do Cine Caiçara. Em seguida foi controlista de som e mais adiante foi locutor, quando passou a fazer o programa de auditório “Vesperal das Moças”, e “Rimas e Violeiros”.

Após concluir o Ginásio foi para o Rio de Janeiro, onde foi com o intuito de estudar, no início de 1957. Inicialmente estudou na Moderna Associação Brasileira de Ensino e depois foi estudar na Escola Técnica de Comércio, do sindicato dos contabilistas do Rio de Janeiro, onde era considerada uma das melhores escolas. Trabalhou como auxiliar de escritório da Firma Salmaq. Mais adiante trabalhou numa empresa de sofá e por último numa construtora.

Em 1964, em plena Revolução ele voltou para o Rio Grande do Norte, passando a residir na cidade de Mossoró, juntamente com seus três filhos: Ismael Siqueira Neto, Ozismar Siqueira e Ozineide Siqueira. Em Mossoró foi procurar um meio de vida e começou a trabalhar na empresa “Joaquim Duarte Soares e Companhia”, depois Siqueirinha abriu um posto de gasolina, onde só vendia querosene. Um tempo depois passou no concurso do Banco BANDERN, nesta casa bancária trabalhou como gerente, de janeiro de 1966 até o seu fechamento, em 1993. Neste período também foi transferido para Natal-RN, logo depois para Patu-RN, Lajes - RN e retornou para Mossoró, até o fechamento. Faleceu no dia 01 de setembro de 2023.

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SÁBADO - COMEMORAÇÃO DO PROGRAM AS FERAS.

 Por Alan Jones

Sábado(02), temos um encontro marcado para comemorar os 02 anos do programa As Feras. Será no Espaço Catamaran(na lateral do Carrefour, na Duodécimo Rosado), a partir das 17h. Esperamos vc!

https://www.facebook.com/alan.jones.587

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NAZARÉ DO PICO

 Por Manoel Severo

..., Bosco André,... e Manoel Severo.

Nazaré do Pico recebeu na tarde do último dia 21 a abertura dos eventos em alusão ao “Mês do Patrimônio Histórico e Cultural de Floresta: memórias do patrimônio cultural entre legados e futuros”, tendo à frente a vice prefeita de Floresta , Bia Numeriano.

Bosco André, Manoel Severo,...,Inácio filho de Moreno e Durvinha e...

Prefeitura de Floresta e Fundarpe : discutiu sobre a importância da preservação do patrimônio como ferramenta essencial para manter vivas a história, cultura e identidade. 

..., Bosco André, Manoel Severo,..., Inácio filho de Moreno e Durvinha e ...

Houve a palestra do arquiteto Fred Goyanna e dos técnicos da Fundarpe, bem como a participação do Cariri Cangaço através dos conselheiros Manoel Severo ; Ana Gleide e Luiz Ferraz Filho e também do pesquisador Zinho Flor.

https://www.facebook.com/manoelsevero

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SÍLVIO HERMANO

Por Antônio Corrêa Sobrinho

SALVO MELHOR INFORMAÇÃO, ESTA FOI A PRIMEIRA MENÇÃO FEITA NA IMPRENSA NACIONAL, AO FILHO DO CANGACEIRO CRISTINO GOMES DA SILVA CLETO (CORISCO), SILVIO HERMANO E AO PAI ADOTIVO DE SILVIO, O PADRE BULHÕES. REFIRO-ME À MATÉRIA DO JORNALISTA TEÓFILO DE BARROS FILHO, DOS DIÁRIOS ASSOCIADOS E REDATOR DO DIÁRIO DA NOITE, DO RIO DE JANEIRO, QUE COLHO NO DIÁRIO DE PERNAMBUCO, DE 24/07/1940, DOIS MESES PASSADOS DA MORTE DO CÉLEBRE "DIABO LOURO".

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O FILHO DE “CORISCO” QUER SER AVIADOR

SILVIO HERMANO, COM QUATRO ANOS DE IDADE, FOI ENCONTRADO NO INTERIOR DE ALAGOAS – MARIA CELESTE, A OUTRA FILHA DO BANDOLEIRO – “DADÁ” QUER VER AS CRIANÇAS ANTES DE MORRER

MACEIÓ – Via aérea – o vento zumbia nas frestas das janelas. A noite chuvosa era uma fria ameaça de gripe contra o repórter. Estava eu em Santana do Ipanema, no interior do Estado. Tinha de me transportar a Pão de Açúcar, nas margens do São Francisco. Naquela zona só há um transporte regular: o caminhão. Aderi ao caminhão, mas cheguei tarde.

- Não há lugar vago na boleia, seu douto – me disse o proprietário do carro... – Só se o senhor quiser viajar em cima...

- Com a carga? – perguntei espantando, e – e com essa chuva fria?

A situação era má. Além do mais, o caminhão viajaria superlotado. O homem explicou: só se algum dos passageiros desistisse em meu favor, o que seria muito difícil uma vez que reservavam lugares com 15 dias de antecedência. Todavia, eu necessitava seguir. Fosse lá como fosse. Enfrentaria a garoa navalhante da madrugada, pois não havia outro jeito. Olhei para a iluminação da cidade. Os postes pareciam flocos brancos dentro da névoa gelada do sertão.

- Quais são os passageiros da boleia? – perguntei.

- Um major da Força Pública e o padre Bulhões.

A dona do hotel que ouvia o diálogo, falou sentenciosa:

- O melhor é o senhor deixar pra viajar na outra semana. Indo em cima é capaz do senhor se resfriar ou apanhar uma pneumonia...

Foi a perspectiva de ficar uma semana paralisado em Santana do Ipanema que determinou minha resolução. Iria de qualquer jeito. Com a carga no meio da caboclada que ia fazer feira em Pão de Açúcar, afrontando a friagem da madrugada, mas iria. Vinha eu de uma visita à famosa cachoeira de Paulo Afonso. Deliberei conhecer o sertão de Alagoas para depois retornar a Penedo donde me transportaria a Maceió.

Até o local viajara de ônibus. Daí em diante pelo rumo que desejava não havia outra condução além do caminhão cujos lugares eram disputadíssimos. Não imaginava me deparar com um problema assim, mas afinal a resolução já estava tomada. Repórter é soldado. Não tem luxo. Mas o vento que zumbia navalhante pela fresta das janelas, me enchia de receio.

MÃE AFLITA

Comuniquei ao homem que estava disposto a ir assim mesmo e voltei ao meu quarto, no hotel. Enquanto esperava o jantar, peguei uns jornais velhos e pus-me a ler. “A morte de Corisco”. O noticiário localizava detalhes. O tiroteio. Os feridos. A luta. Os bandidos presos. Entre os bandidos presos caíra nas mãos da polícia a famosa Dadá, mulher de Corisco. Contava o jornal que Dadá gravemente ferida, falava constantemente nos filhinhos que deixara longe. Um dos jornalistas chegou a ouvi-la. Dadá só queria morrer depois de vê-los.

Manifestava-se naquela hora aguda de sua vida, uma eclosão de instinto materno.

Naquele transe de sua vida manchada pelo crime, surgiam lampejos dignificantes “Raio de luar por sobre um pântano”. Fenômeno complexos da emoção humana.

- O jantar está na mesa – avisou-me Ercilia, a empregada do hotel, por sinal bem jeitosa de corpo.

Jantei. Depois do jantar, faminto por notícias da guerra indaguei de Ercilia quem tinha rádio na terra.

- O padre Bulhões tem um rádio que é uma beleza...

- E onde mora?

Ipanema.

Apontou a casa que na escuridão eu mal distinguia. Toquei para lá, de guarda-chuva aberto. Nas proximidades do Ipanema subi uma rampa de pedras. Adiante, a casa. Pela porta aberta, um quadro de Cristo no Horto de Getsemani. Devia ser ali a residência do reverendo. Bati. Era mesmo.

Apresentei-me ao padre Bulhões. Disse a que vinha, e o sacerdote, um sertanejo bom, de coração aberto, não escondeu nas suas feições morenas um cavalheirismo generoso. “Pois não”. O rádio estava às minhas ordens. Carregou-me para o interior da casa. Apresentou-me à irmã e ao cunhado. Mandou preparar café. Ligou o receptor para esquentar as válvulas. O rádio, porém, não estava de boa paz naquela noite. Encrencou e não houve meio de fazê-lo apanhar a N. B. C. ou mesmo as estações da Alemanha e Inglaterra. Só entrava a Tabajara da Paraíba e nada mais. Parecia que a tribo radiofônica da terra de meu amigo Aderbal Jurema estava senhora dos pagos celestes. Fechamos o rádio desiludidos quando entrou na sala um garoto dos seus quatro anos pedindo dinheiro ao padre para comprar fogos. O sacerdote bondosamente retirou do bolso o “porte-monale” e deu-lhe uma moeda. Quando o garoto se retirou e mergulhou na algazarra que a criançada fazia lá fora, no alpendre, ele me disse calmamente, como se não dissesse nada:

- Sabe quem é esse?

- Não... – respondi.

- É o filho de “Corisco”.

O repórter chegou a se engasgar com a notícia. Ali estava fresquinho, novinho em fino um furo magnífico. Alvoroço nas associações de ideias. Jornais que lera há pouco, Dadá. Filhos distantes. Hora da morte... etc.

A meu pedido, o padre Bulhões contou que certa vez lhe chegara a “encomenda”. “Corisco” enviou juntamente com a criança, um bilhete recomendando que eu criasse e desse a educação que pudesse. Insistiu: “Cuidado com a educação do meu filho. Sou mesmo o capitão Corisco, chefe dos cangaceiros. A mãe dele é Sergia Maria da Conceição (Dadá). O padrinho é o senhor e a madrinha é Nossa Senhora”.

O bilhete recomendava três vezes que educasse o garoto. Assinava: Cristiano Gomes da Silva Cleto, “Corsico”.

A criança veio com nove dias de nascido.

O padre escolheu um nome para batizá-lo: Silvio Hermano. Entregou-o aos cuidados de seus parentes.

Passaram-se quatro anos. Veio mais intenso o combate ao banditismo. “Lampião” foi morto em Angico. “Corisco”, sem o chefe, sentiu-se desamparado. Andou querendo se entregar à polícia. Acabou sendo morto na Bahia. “Dadá” ficou gravemente ferida. Amputara uma perna.

O padre Bulhões chamou Silvio Hermano. Observei-o melhor. É um garoto forte, sadio, olhos grandes, temperamento dócil, ares melancólicos. Não é um menino alegre, bem vivo como a maioria das crianças. Aparenta sentimentos morigerados e ignora seus antecedentes.

Perguntei-lhe a título de curiosidade:

- Você de quem é filho?

- De Eugenio Bulhões e Liquinha Bulhões.

- E seu padrinho? Quem é?

- É o padre Bulhões.

- Quando crescer o que é que você quer ser?

- Quero ser aviadô...

Mostrou-me um avião de folha de flandres todo colorido e saiu zumbindo, imitando o motor, com o brinquedo nas mãos.

TEM UMA IRMÃ

Fizemos fotografias. Silvio prestou-se pacificamente às poses.

Nessa ocasião o padre Bulhões me contou o resto da história. Chama-se Maria Celeste e está sendo educada pela família Sebastião Medeiros, residente em Poço das Trincheiras, lugarejo próximo de Santana do Ipanema. “Corisco” enviou a menina a essa família nas mesmas circunstâncias de Silvio Hermano e com as mesmas recomendações.

O padre Bulhões deu-me a fotografia de ambos. Pedi-lhe mais uma cópia. Essa cópia a mais estou remetendo-a aos nossos companheiros do Estado da Bahia a fim de que façam chgá-la às mãos da infeliz Dadá. Se não pode ver as crianças, ao menos veja a fotografia.

Quando me despedi do padre, ainda chovia.

- Até amanhã.

Ele consertou:

- Viajo muito cedo amanhã. Creio que não nos veremos mais...

- Viajo também amanhã, padre. Vou no mesmo caminhão.

- Conseguiu lugar na boleia? – indagou ele.

- Não. Vou em cima, com a carga.

O padre Bulhões teve então um gesto que deixou o repórter rendido ante a gentileza: cedeu o seu lugar para que viajasse até Pão de Açúcar.

Quando mais tarde adormeci, o vento ainda zumbia pelas frestas das janelas, mas a noite chuvosa não era mais uma fria ameaça para o repórter.

Diário de Pernambuco, 24 de julho de 1940

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Fotografia de Celso Arcoverde de Freitas.

Santana do Ipanema (AL) - 1942 -

Acervo da Fundação Oswaldo Cruz. Casa de Oswaldo Cruz

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PAJEÚ: O EX-ESCRAVO ESTRATEGISTA MILITAR DE ANTÔNIO CONSELHEIRO

Por Sertão Cangaço

Em Os Sertões, Pajeú tem várias entradas. Estivera na serra do Comboio, dando combate à expedição de Febrônio de Brito, a segunda enviada contra os jagunços. “Bravura inexcedível e ferocidade rara”, ele seria, na opinião de Euclides da Cunha, um representante típico de todas as tendências das raças inferiores que o formavam: “Simples e mau, brutal e infantil, valente por instinto, herói sem o saber”. Imaginou, depois, por detrás da sua envergadura desengonçada, o perfil fidalgo de um Brunswick qualquer. Nos dias da quarta expedição, Pajeú, na sua qualidade de quadrilheiro famoso, criava, constantemente, dificuldades à tropa republicana, como quando congregou piquetes na passagem das pitombas quando tocaiou os soldados nas encostas da Favela. O negro ardiloso teria assumido, na fase final da luta jagunça, depois que morreram os cabecilhas, o comando das guerrilhas. Na sua preocupação de comparar figuras, Euclides da Cunha disse, afinal, que o “bronco Pajeú emergia com o facies dominador de Chatelineau”.

Pajeú foi responsável pelas mais significativas baixas contra as tropas federais. Acostumados a caçar para sobreviver, os guerrilheiros usaram a experiência adquirida e se tornaram franco-atiradores, pois quando algum soldado desavisado, principalmente em noite sem lua, acendia um cigarro, certeiro tiro o prostrava imediatamente. Usavam os “presentes” que Moreira César lhes deixou, ou seja, fuzis mausers de fabricação alemã do Exército Brasileiro.

PS: Este na imagem não é pajeú, mas um negro fotografado na Bahia. É apenas para o post não ficar sem referência visual.

Referências:

CALASANS, José. Os jagunços de Canudos. Cahiers du monde hispanique et luso-brésilien, 1970, 31-38.

CUNHA, Euclydes da. Os sertões. 2010.

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“O SUPLÍCIO DO CANGACEIRO BALIZA”

 Por Sálvio Siqueira

Em dias quentes, quando o ‘Astro Rei’, sem dó nem piedade, calcina as terras sertanejas, os animais e aves da caatinga procuram refugiarem-se do abrasador calor, popularmente conhecido como ‘maiá’, nos mais diversos lugares possíveis.


O cangaceiro conhecido pela alcunha de “Baliza”, que na verdade tratava-se de Venceslau Xavier, junto com sua companheira Antônia Maria, em princípios de 1933, estão a aninharem-se na beira de um barreiro, mais ou menos ao meio dia, do dia 19 de março do ano que corria. Ali, juntinhos e abraçados estão, no silêncio da mata, pois tudo que tem vida, respeita a força do poder do clima no Sertão. 

A ‘coisa’ estava pegando fogo igual ao calor do sol do meio dia, tão boa e gostosa que, mesmo naquele total silêncio, não notaram a aproximação da volante que os cercavam.

Tratava-se da volante comandada pelo cabo Justiniano. Os soldados volantes os cercam e dão ordem de prisão. Após serem amarrados, o casal de cangaceiros é levado para um povoado próximo. 

Ficando preso naquela localidade, servindo de atração para aqueles de maior curiosidade em conhecer um cangaceiro de perto, como que fossem ‘coisa de outro mundo’. Esquecia que eram gente igual a todos, menos seus atos, isso, os fazia diferentes.

Depois de vários dias detidos naquele pequeno povoado, vem a ordem para que o cabo escolte o prisioneiro para a cidade de Santo Antônio da Glória. O cabo manda que entre em forma seu pequeno contingente e seguem, em cortejo, com o prisioneiro entre duas fileiras humanas, rumo à localidade designada. 

Havia naquela região um comandante de volante, Ladislau Reis, que tinha sua fama propagada por toda ribeira. As atrocidades comandadas pelo tenente foram tantas que, mesmo diante de tão horrendas histórias, o sertanejo, sem nunca perder a inspiração, dão-lhe o apelido de “Tenente Santinho”. Quando algum lavrador escutava que o ‘tenente Santinho’ estava pela redondeza, seu coração disparava, seu corpo, involuntariamente, reagia como que o repugnando, e seus pelos, todos, arrepiavam-se, descendo uma corrente elétrica do ‘talo’ do pescoço ao osso do ‘mucumbu’. 

O dito comandante era mais perverso do que Lampião e Corisco, juntos. Gato, Zé Baiano e Sabino foram ‘fichinhas’ diante da ‘dureza’ do tenente.

Seguindo pelas estradas tortuosas do longo caminho, o cabo, seus homens e o prisioneiro, a certa altura, encontra-se com uma volante que estava de passagem por aquela várzea... E era, justamente, a volante comandada pelo “Tenente Santinho”.

Tendo a patente superior a do cabo, o tenente ordena que seja lhe entregue a guarda do prisioneiro. O cabo, tremendo mais que vara verde, apressadamente entrega o prisioneiro ao superior. Ladislau diz que levará o mesmo para a cidade designada pela ordem escrita e que o cabo poderia retornar para sua cidade com seus comandados.

Depois de assumir a custódia do prisioneiro, o tenente Santinho imediatamente ‘ordena’ a seus homens que comessem a dar um ‘trato’ no cabra Baliza. 

A seção de tortura inicia-se ali mesmo. O ‘cacete come solto’ de tal forma, que em pouco tempo, em vez de ver-se um rosto, via-se um acúmulo de sangue e edemas os quais desfiguraram totalmente a cara do prisioneiro. 

Por horas, os soldados da volante aplicam inimagináveis atos torturantes naquele corpo, que mais parecia uma peneira de tantas perfurações de pontas de punhais e facas peixeiras. E segue aquela sessão horrível aplicada ao corpo de Venceslau Xavier. 

Em determinado momento, os soldados do tenente Santinho, acatando suas ordens, o amarram em uma árvore. O laço da corda de fibras de agave, sisal, e colocado na altura dos tornozelos do cangaceiro. Arrastam-no como se arrasta um tronco de madeira e amarram-no de cabeça para baixo num galho de uma árvore próxima.

Após está dependurado, é colocado pedaços de madeira bem perto da sua cabeça. Uma fogueira estava arrumada, a qual, logo, logo, estaria acesa, pelo próprio tenente Santinho.

O prisioneiro debate-se, gira para um lado, depois para o outro... Contorcendo-se feito uma cobra na areia quente, na tentativa vã de esquivar-se das chamas que consumiam seu corpo, Venceslau Xavier, tenta amenizar as dores causadas pelo calor das labaredas que assam, no sentido próprio da palavra, seu corpo. 

No princípio, ouvem-se gritos horripilantes saídos das cordas vocais do cangaceiro Baliza, acompanhado do odor de cabelos chamuscados, para em seguida, a fumaça levar um cheiro de carne assada pelos campos sertanejos. Por fim, o suplício tem seu término, Baliza está morto. 

Santinho não deixa nem o fogo apagar-se totalmente, puxa da bainha seu facão e corta o pescoço daquele corpo, chamuscado, queimado, assado...

Deixando o corpo naquela posição, o tenente Ladislau leva seu troféu macabro para Santo Antônio da Glória, e lá o mostra a população, exibindo, com orgulho e satisfação, o ‘produto’ de seu ato de selvageria.
Fonte “CORISCO - A Sombra de Lampião”- DANTAS, Sérgio Augusto de S., pg 145. 1ª edição, editora Polyprint Ltda, Natal-RN,2015

Foto "A noite Ilustrada", Revista, edição de 30 de Novembro de 1932.

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LUIZ GONZAGA E O MELHOR SANFONEIRO DO NORDESTE BRASILEIRO.

 Por José Mendes Pereira


Meu amigo e vizinho cantor Alan Jones, palavra de rei, é de rei, e não se deve, em momento algum, contrariá-la.

O meu amigo e passeiro blogueiro Giovane Costa, lá do Estado do Ceará, em Inharé, localidade existente na zona rural do Município de Boa Viagem, distante pouco mais de 31 quilômetros do Centro da cidade de Boa Viagem, contou-me que certa feita, houve um concurso de melhores sanfoneiros do nordeste brasileiro, e depois de eleitos os três melhores sanfoneiros, a comissão do evento resolveu convidar o famoso rei do baião seu Luiz Gonzaga, para entregar os troféus aos famosos sanfoneiros, que seriam os: 1º., 2º. e 3º. lugares.   

Um dos eleitos que já tinha sido escolhido como 3º. lugar do concurso, era um senhor de nome José (não tenho o seu nome completo), que havia trabalhado como sanfoneiro de Luiz Gonzaga uns anos passados. E na hora da entrega, seu Luiz Gonzaga pegou o troféu que seria para o que já tinha sido considerado o melhor e conquistado o 1º. lugar, entregou ao José, que tinha ficado no 3º. lugar na escolha. Mas seu Luiz Gonzaga não quis acompanhar a escolha dos encarregados. E foi direto ao José, dizendo-lhe:

- Toma, José! O primeiro lugar é seu...

- Mas seu Luiz, eu fiquei em 3º. lugar. O primeiro lugar é de...

- Nada disso, atalhou Luiz Gonzaga, o melhor sanfoneiro que eu conheço no nordeste brasileiro é você, e ponto final...

O sanfoneiro teve que aceitar o primeiro lugar, e a os organizadores do concurso nada disseram contra a opinião do rei do baião. Palavra de rei, é de rei. Todos são obrigados a obedecê-lo.

Minhas Simples Histórias

Como eu escrevo histórias fictícias e não fictícias diferencie as minhas histórias verídicas das fictícias. Segundo o blogueiro Giovane Costa esta história é real.

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