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quinta-feira, 21 de março de 2019

"O PATRIARCA"


Adquira-o através deste e-mail: 

franpelima@bol.com.br

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BREJO DOS SANTOS E "SEU" ANTONIO DA PIÇARRA - DOCUMENTÁRIO

Por Munganga Produções Culturais


Fonte: YouTube

Documentário sobre o maior coiteiro do Rei do Cangaço em terras cearenses. Antônio Teixeira Leite, mais conhecido como Antônio da Piçarra. Em seu sítio Piçarra, em Porteiras - CE, aconteceu o famoso episódio do cangaço denominado o "Fogo da Piçarra" em 27 de março de 1928 e a morte do cabra Sabino das Abóboras, homem de confiança de Lampião, onde em março de 1926 teria recebido a patente de Segundo-Tenente do Batalhão Patriótico de Juazeiro.
Esse registro pertence aos descendentes de Antonio da Piçarra, gentilmente nos cedido pelo pesquisador e escritor Luís Bento de Sousa, o Luís Carolino, de Jati - CE. A primeira parte deste documentário foi dirigido por Rosemberg Caryri;
Apresentação: Tom Cavalcante Música: Pingo de Fortaleza Narração: Tom Barros


E vem aí...
Cariri Cangaço 10 Anos
24 a 28 de Julho de 2019
Crato-Juazeiro do Norte-Barro
Missão Velha - Lavras da Mangabeira

https://cariricangaco.blogspot.com/2019/03/brejo-dos-santos-e-seu-antonio-da.html?fbclid=IwAR2BlN_I8qYn7vQqQ4YRzVI47pTuEl_5epjm-qGQXql08bpNgjhvIg7zMJo

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A CRIAÇÃO DA CÂMARA DA VILA D'AURORA PELA CÂMARA MUNICIPAL DA VILA DAS LAVRAS

 Por Calixto Junior



Somente aos 18 de março de 1885, dois anos após ter sido instalada a Vila, foi dada posse às primeiras autoridades constituídas. Apontou-se o cidadão Manoel Joaquim Carneiro como primeiro chefe representante do Legislativo (Presidente da Câmara).
Como não havia sido implantado o Conselho de Intendência, fato ocorrido em 1890, exercia o Presidente da Câmara a função de mandatário mor da recém criada Vila d'Aurora (criada em 10 de novembro de 1883)
Em 1884 (27 de dezembro), pelas 09 h, no Paço da Casa de Câmara e Cadeira da Vila das Lavras, edifício designado pelo Presidente da Província para os trabalhos, foi realizada a primeira eleição da Câmara Municipal do novo Município de Aurora. Em ata da apuração geral, o resultado da votação, apontando-se os votados como primeiros vereadores da recém criada vila:
"Manoel Joaquim Carneiro, criador, residente na Aurora, cinco votos; Manoel Homem de Figueiredo, criador, residente na Aurora, cinco votos, Manoel Raymundo da Cunha, lavrador, residente no Calumby, cinco votos, Alexandre Manoel de Oliveira, lavrador, residente na Roça Velha, cinco votos, João Francisco Leite, lavrador, residente na Aurora, cinco votos, Bento Alves Torres, lavrador, residente no Sobradinho, cinco votos, Joaquim Gonçalves Ferreira, lavrador, residente no Barro Vermelho, dois votos; Pedro Bezerra da Maria, lavrador, residente no Tipy, um voto".
Em 18 de março do ano seguinte (1885) foi dada a posse das primeiras autoridades administrativas constituídas da vila d'Aurora:
“Esta Comarca tem a honra de levar ao conhecimento de Vossa Excelência que, tendo ordem nas leis, vem tomado posse e prestado juramento no dia 13 do corrente, perante o Presidente da Câmara municipal da cidade de Lavras, de cujo município foi o desta Vila desmembrado no dia 10 deste mesmo mês em sessão ordinária, reunidos os ditos seis vereadores, procederam a eleição de Presidente e Vice Presidente da referida Comarca, de conformidade com a disposta na nova Lei eleitoral de 9 de janeiro de 1881, e foram eleitos – Presidente o vereador Tenente Manoel Joaquim Carneiro e Vice – Presidente, o vereador Alferes Manoel Raymundo da Cunha, e na sessão do dia seguinte, foram nomeados o fiscal, o procurador, o secretário e o porteiro da mesma Câmara” (Atas das Sessões da Câmara da Vila das Lavras).
Em 18 de agosto de 1885 foi designado o vereador Manoel Raymundo da Cunha para proceder como agente fiscal na demarcação dos limites da Vila. Em 12 de dezembro de 1885 promulga-se a Lei nº 2.111, que no artigo 36 extingue o Município de Aurora (Vila d’Aurora), voltando a pertencer ao território de Lavras, com o topônimo antigo de Distrito de Paz da Venda. Apesar de extinto e anexado novamente a Lavras, procederam-se normalmente as atividades do poder legislativo até janeiro de 1886, quando se encerraram as atividades da Casa, conforme observado em documentação original.
Somente quatro anos após (29 de julho de 1889) seria novamente emancipada a Vila d’Aurora, desmembrando-se, assim, definitivamente do município de Lavras. Em seção ordinária da Câmara da Vila d’Aurora de 7 de janeiro de 1886 (havia mudança na Presidência a cada ano), tomam posse para o exercício de 1886, o Alferes Manoel Raymundo da Cunha como Presidente, e João Francisco Leite como vice. Como demais vereadores permaneceram: Joaquim Gonçalves Ferreira, Manoel Joaquim Carneiro e Bento Alves Torres (Ofícios expedidos pela Câmara da Vila d'Aurora, 1886).
Em 1890 (8 de janeiro) delibera a Câmara da Vila da Aurora para a eleição do seu presidente e vice, sendo eleitos Barnabé Leite Teixeira e Manoel Tavares Teixeira, respectivamente, aos citados cargos (Ofícios expedidos pela Câmara Municipal da Vila d’Aurora, 1890). Em 1890 é emitido ofício à Presidência do Estado com relação dos bens imóveis pertencentes à Câmara da Vila d'Aurora:
"Uma mesa grande, uma mesa pequena, 12 cadeiras cobertas de couro, uma cadeira de braço coberta de palha, três urnas com seis chaves com puxadores para o trabalho de júri, duas urnas para eleição, duas cabines, duas cantareiras, um arquivo, duas cobertas de lã, dois livros para qualificação de eleitores, dois livros de atas, dois livros de atas de eleições, dois livros de assinaturas, um livro de juramentos, um livro de registros (Ofícios expedidos pela Câmara Municipal da Vila d’Aurora, 1890).
João Tavares Calixto Junior
Pesquisador e Escritor, Juazeiro do Norte,CE
Fonte:

- Ata da sessão da Câmara Municipal de Lavras da Mangabeira, 18 de março de 1885. 
- Calixto Júnior, J.T. Venda Grande d'Aurora. Expressão Gráfica, Fortaleza, 300p.
- Ofícios expedidos pela Câmara Municipal da Vila d’Aurora, 12 de dezembro de 1885. 
- Ofícios expedidos pela Câmara Municipal da Vila d'Aurora, 7 de janeiro de 1886.
- Ofícios expedidos pela Câmara Municipal da Vila d’Aurora, 8 de janeiro de 1890.

E em Julho...
Cariri Cangaço 10 Anos
Crato - Juazeiro - Missão Velha
Barro - Lavras da Mangabeira


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AINDA SE FABRICA CALENDÁRIO

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de março de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.077

FOTO: B. CHAGAS.
O tempo passa rápido por conta do mundo tecnológico. E Assim como o aparelho eletrônico, também muda o modelo da cueca, embora o costume da nudez seja de forma crescente. Mas você já usufruiu ou ouviu falar dos brindes de final de ano que recebíamos das casas comerciais. Havia vários tipos de ofertas para agradar o cliente: um pouco a mais da mercadoria, um chaveiro, um calendário de parede (folhinha) ou um calendário de bolso. Padarias, farmácias e armazéns, principalmente, nunca deixaram de presentear a freguesia. Havia ainda a Folhinha do Sagrado Coração de Jesus, esta vendida pela Igreja Católica. Retirava-se uma folha por dia cujo verso trazia uma universidade de informações.
Lembro-me bem de que a Farmácia Vera Cruz – uma das mais antigas de Santana do Ipanema – nunca deixou essa prática agradável e salutar. O seu proprietário, o saudoso professor Alberto Nepomuceno Agra, também costumava oferecer almanaque com meio mundo de conhecimentos: piadas, fases da lua, época de plantio, curiosidades e muito mais. Esse costume foi sendo reduzido, parece-me, que pelos preços abusivos das gráficas. Em casa estampávamos na parede os doze meses do ano com a propaganda da casa comercial. Quanto às estampas, havia de todo tipo. As sensuais eram mais usadas em lugares como barbearias e oficinas de automóveis. Nada melhor do que realizar consulta na hora sobre a data que se queria.
Pois bem, a prática desse tipo de brinde ainda continua na praça. Fico muito feliz quando recebo a folhinha. Em Maceió recebemos uma de um açougue. Em Santana, de uma farmácia. Nem precisa esse negócio de celular, gente, basta levantar a cabeça e acusar o dia de São José. E para provar que isso ainda existe, fiz esse artigo com foto de pães na hora. Vamos marcando o valor da tradição na utilidade e beleza do que o matuto chama de bloco. Já o calendário de bolso foi parar direto no celular, nunca mais o vi no papel laminado das gráficas. A Farmácia Vera Cruz mudou de dono e eu nem sei se o novo distribui almanaque “veracruziano”.
Obrigado, amigo, pela folhinha.


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SERTÃO, DE ALMA E CORAÇÃO

*Rangel Alves da Costa

Sou todo sertão. Nasci nas entranhas da terra, sou de barro, sou do visgo do chão. Tenho no sangue a seiva do caroá, da macambira, do mandacaru, do xiquexique, do pé de manjericão. Tenho na pele o abrasado do sol, tenho na face o brilho grande da lua, tenha um destino estrelado e uma estrada de pé no chão.
Sou sertão, sou todo sertão. Sou do mesmo visgo do barro do pote de Dona Benvinda. Sou do mesmo couro curtido por Brasilino e do ferro batido e dobrado por Galego do Alto. Sou do tecido grosso, e tão bonito e tão nobre, à moda cangaceira e bordado por Zé de Bela. Sou de entranha trançada na renda de bilros de Carmosina, Clotilde, Arací e Conceição de Laura. Sou molhado da água do cantil de caçador de Seu Ermerindo, de Odon e João de Terto. Sou da mesma obstinação desbravadora dos Lucas, dos Cardoso e dos Sousa. Sou da mesma terra da incansável valentia de Zé de Julião. Sou o grito do gado e o canto de aboio das vaqueiramas da história, por isso sou da raça vaqueira de Abdias, de João Capoeira, de Mané Cante. Sou de espírito tão doce como a cocada de Dona Quininha, de Cecília de Duié e de Naní. Sou do mesmo tacho do arroz-doce de Baíta e da tábua de pirulitos de Luisinha. Sou daquelas delícias preparadas por Maria de Miguel e dos cozidos de Maninho e de Dona Mirian. Sou do sangue cangaceiro do meu tio Zabelê e da amizade cangaceira do meu avô China. Sou tão sertanejo como todo sertanejo que um dia foi e ainda é. Sou Rangel. De Dona Peta e de Alcino. Sou do Sertão e todo Sertão.


Sou todo sertão. Carrego nos meus braços e no meu corpo as mesmas folhagens e os mesmos troncos da catingueira, da quixabeira, da umburana, da craibreira, do umbuzeiro. Tenho no sangue aquele sol mais ardente como aquele mesmo que ardia na pele e corpo da minha gente do cangaço, filhos de minha terra: Sila, Adília, Cajazeira, Zabelê, Canário, Enedina e tantos outros. Sou sertanejo, por isso também sou coiteiro, sou homem de confiança do Capitão, assim como um dia foi Mané Félix, Adauto Félix e Messias Caduda. Sou da roça e do mato, sou da cerca e do cercado, sou de quintal e de cumeeira. Sou casebre antigo e sou sobrado esquecido no tempo. Candeeiro de parede também sou. Sou tudo sertão desde a ribeira do rio à margem do riacho, mas também sou do tanque e do barreiro, sou a pedra da velha lavadeira e seu cantar bonito e plangente. Sou aquela andorinha que ainda voa pelos seus sertões, sou a tem-tem, a fogo-pagô, até o pardal de pé de cumeeira também sou. Sou do mato o mateiro, sou o pescador e sou o dono de todo mistério das noites tão sertanejas. E como sou aquela viola de pinho e a canção dolente de apaixonar. Sou o forró e o forrozeiro, a zabumba e o zabumbeiro, sou o xaxado e o chiado da chinela em noite de leilão caipira. Sou ainda de um tempo de esteira estendida na calçada e rede estendida na varanda. Tempo de compadre chegando para um proseado e Dona Zefinha debulhando o feijão de corda para comer com carne de bode. Sou desse sertão.
Sou todo sertão. Sou a comida mais simples, sou o prato do dia, sou o tiquinho que se tem. Sou a farinha com rapadura, sou a perna de preá tostado na brasa, sou a raspa do tacho, sou o resto de qualquer coisa. Mas também sou a coalhada, sou o pirão de mulher parida, sou o mocotó, sou o pedaço de toucinho abrasado, sou a tripa, sou o bucho. Quem bom ser assim, ser todo e tão sertão. E do sertão a linhagem antiga, herança primeira desde o pai do pai do pai de tudo que é pai. Sou um filho assim, um sertanejo que canta mulher rendeira e ainda segui na história os passos do Capitão Lampião. Sou o sertão catingueiro, da pedra grande, do tufo de mato, do preá escondido e do cágado que só é avistado quando vai cair trovoada. Sou desse sertão de caminhos e trilhas, de vereadas e curvas, de sombreados e árvores nuas. Um sertão passarinheiro e um sertão tão triste sem passarinho. Sou desse voo sobre a terra e sobre o alto, desse espantado voo pela devastação avistada por todo lugar. O sertão da seca e da secura, da fome e da desvalia. Mas sem igual de se nascer e se viver. Sou de um sertão assim. Sou todo sertão em mim.


Sou do sertão como um poema de sol e de chuva, como uma canção verdejante e como gemido esturricado. Sertanejo eu sou no mesmo eco de um aboio, de uma toada, de um repente. Que cheiro de feira, que cheiro de mato, que coisa de café torrado, de cuscuz ralado, de tripa na banha de porco. Coisa boa é ser sertanejo. E melhor ainda quando o sertão está dentro da gente. Então tudo se chama alma e coração.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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LAMPIÃO NÃO MORREU EM LUGAR NENHUM AINDA ESTÁ VIVO

Por José Mendes Pereira
1- Zé Paulo, primo; 2 -Venâncio Ferreira (tio); 3 - Sebastião Paulo, primo; 4 - Ezequiel, irmão; 5 João Ferreira, irmão; 6 -Pedro Queiroz, cunhado (casado com Maria Mocinha, que está à sua frente, sentada); 7- Francisco Paulo, primo; 8- Virgínio Fortunato da Silva, cunhado (casado com Angélica) 9 - ZÉ DANDÃO, agregado da família. SENTADOS, da esquerda para direita: 10 - Antônio, irmão; 11-Anália, irmã; 12 - Joaninha, cunhada (casada com João Ferreira); 13 -Maria Mocinha, ou Maria Queiroz, irmã; 14-Angélica, irmã e 15 - Lampião.

Para que você saiba que o rei do cangaço capitão Lampião não morreu em lugar nenhum, ainda está vivo, tem que ler tudo aqui.

Um diz que Lampião não morreu ali na Grota do Angico, no Estado de Sergipe. Outro diz que ele morreu já velho no Norte de Minas Gerais. Vem outro agora diz que ele morreu num recanto da Bahia.

Escrever o que quer nunca foi proibido e nunca será, mas não se deve contrariar o que foi registrado por pessoas competentes e outras que conheciam bem Lampião e Maria, viram as cabeças dos cangaceiros e que comprovaram que ali estavam no meio daquelas cabeças estavam as rei e da rainha do cangaço Lampião e Maria Bonita.

O certo é que, aqueles que contrariam sobre as não acontecidas mortes do rei e da rainha na Grota do Angico, naquela madrugada fria e triste, do 28 de julho de 1938 quer apenas aparecer.


E de quem é esta cabeça que se tem dúvida? Se não é a cabeça de Virgolino Ferreira da Silva o capitão Lampião, finalmente, de quem é?  

E esta cabeça, se você acha que não é a cabeça de Maria Gomes de Oliveira a rainha do cangaço a Maria Bonita, finalmente, de quem é?

Sem dúvida, Virgolino Ferreira da Silva o capitão Lampião foi morto ali mesmo, na Grota do Angico, nas terras de Poço redondo, no Estado de Sergipe. 
   
Clique no link e leia o que diz ele:

 - http://lampiaoaceso.blogspot.com/2019/03/o-povo-edicao-de-22-de-novembro-de-1948.html

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O POVO, EDIÇÃO DE 22 DE NOVEMBRO DE 1948 "LAMPEÃO NÃO FOI MORTO PELA POLÍCIA"


Primeira reportagem da série "As Façanhas do Rei do Cangaço", publicada no Jornal O POVO em 22 de novembro de 1948.

A partir do dia 22 de novembro de 1948, o Jornal O POVO passou a publicar uma série de 11 reportagens sobre a vida criminosa de Virgulino Ferreira, conhecido como Lampeão e seu bando de cangaceiros.

 A primeira reportagem teve o título "Revelação de uma irmã do rei do cangaço:

Lampeão não foi morto pela polícia" que foi escrita pelo jornalista e farmacêutico José Geraldo da Cruz.

"Na verdade, ninguém está em melhores condições do que José Geraldo para fazer a crônica emocionante da capital do fanatismo e do cangaço, a única terra que Lampeão respeitou e amou. O chefe da UND, antecipa-nos alguns itens da sua narrativa sensacional. A respeito do Rei do Cangaço, de cuja trajetória sangrenta o Nordeste ainda está cheio de marcas, afirma-nos que o célebre bandido não foi morto pela polícia.

E, antes que externássemos nossa surpresa e incredulidade, acrescentou:

- A fonte onde obtive esta informação é a melhor possível: uma irmã do próprio Lampeão, que residiu em Juazeiro e morreu recentemente.



 José Geraldo da Cruz

Era conhecida aqui por todo o mundo. Pena é que você não a tenha encontrado viva. Mas eu lhe posso dar todos os detalhes sobre o assunto, e qualquer juazeirense os confirmará. Chamava-se Virtuosa Ferreira e morava à rua Santa Rosa. Sou padrinho de um filho dela. Virtuosa se correspondia com seu mano, Lampeão (Virgolino Ferreira), de quem, mensalmente recebia dinheiro.

Quando foram estampados nos jornais as cabeças dos cangaceiros trucidados pela polícia de Alagoas, ela ria-se diante daquela que era atribuída a Lampeão, exclamando que seu irmão não era aquele, pois morrera num recanto do interior da Bahia.

Tinha bilhetes comprovando tudo isso."

Créditos para José João de Souza

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LAMPIÃO, JUSTIÇA ABANDONADA POR FALTA DE JUSTIÇA.


Por Raul Meneleu

Manuel Neto, certa vez, foi encontrado por Gérson Maranhão perambulando pelos areais do Moxotó, acompanhado apenas de três homens armados.

Você não tem medo de andar assim com tão pouca gente? Perguntou-lhe Gérson.

Não respondeu ele. Nada tenho a perder na vida. Não quero mesmo viver. Só quero é morrer e o mesmo pensam os três que me acompanham. Ninguém de nós quer viver, mas só morrer.

O mesmo dizia o sargento Moisés, do povoado Bezerros, então pertencente ao município de Salgueiro (hoje Verdejante). Tornou-se ele, por questão de vingança, grande perseguidor de Lampião: "Meu desejo não é viver, mas morrer" dizia ele.

Também o sargento Lero (Aureliano de Sousa Nogueira), de Nazaré e perseguidor de Lampião: "Os nazarenos não tinham outro jeito, ou se acabar nas unhas de Lampião ou se acabar brigando com Lampião."

O que Lampião fez para esses valentes policiais lhe devotarem tanto ódio e perseguição? E por que reservei o nome desse artigo como "Justiça abandonada por falta de justiça"? se todos nós sabemos que Lampião era um facínora covarde e fez muita miséria por onde passava nos sertões nordestinos? Existiu algum momento dele ter uma vida social de honestidade e exemplo de cidadão pacato e cumpridor das leis?


Para seus cabras Lampião era um ídolo. Tinha a força de um mito. Para isso contribuía sua conquistadora personalidade, excepcional inteligência, espirito de liderança irresistível, genialidade guerrilheira, profundo misticismo religioso e outros carismas notáveis. Além disso o modo como dirigia o grupo: rigorosa moral, exemplo de honestidade, espírito de justiça, energia de autoridade, alegria e fraternidade. Dai por que nunca faltaram cabras que o seguisse e verdadeiras feras humanas, sendo de todos eles senhor absoluto, da vida e da morte. E para se explicar por que ele dominava dessa forma podemos ver algumas de suas decisões:

por motivo de traição, matou Mourão...

por razão de falta de respeito moral, matou Cacheado, matou Sabiá...

Quando viu que não havia mais jeito de cura, matou outro Sabiá, o cabra que tinha sido baleado no combate de Mata Grande, e que vinha sendo conduzido numa rede, por léguas e mais léguas, por vários dias na direção do Navio.

Lampião condoía-se da pobreza. Segundo se conta, quando era almocreve, fazia questão de não deixar passar, sem sua ajuda, um esmoler ou necessitado.

No cangaço exercia a prática de enfermeiro, dentista (extrações à ponta da faca!) e parteiro.

Por toda parte favorecia os pobres, quer como produto dos saques, quer com dinheiro.

Tanto assim que os cantadores nas feiras, o exaltavam pela justiça que exercia com equidade.

Mas o mundo inteiro ficaria abismado diante de suas legendárias gestas dilacerantes, hora agindo com loucura vingativa, hora com pendores de honestidade e bondade, se bem que essa última afirmativa fosse infinitivamente inferior em quantidade de atos em relação à primeira. Mas sabemos que os cantadores de feira focavam mais suas estórias nos predicados de homem revoltado pelas injustiças a ele acometidas e seus feitos mitológicos e quixotescos. Se bem que entrava também o medo de falar mal do cangaceiro. Sabe lá se teriam um encontro com ele nas estradas e caminhos?

Virgulino Ferreira da Silva, Lampião, celebraria em famosa poesia, para agregar mais ainda a construção de um mito, suas palavras de protesto em forma de endechas, sua grande decisão de viver do outro lado da lei. E isso era bastante compreensível pelo sertanejo pobre, que constantemente era empurrado para o paredão das injustiças que eram submetidos naquele caldeirão cultural onde o direito pendia para os afortunados:

"Por minha infelicidade
Entrei nesta triste vida
Não gosto nem de contar
A minha história sentida
A desgraça enche o meu rosto
Em minha alma entra o desgosto
Meu peito é uma ferida.
Aí peguei nas armas
Para a vida defender
Perseguido, aperriado,
Vi que era feio correr,
Vi a desgraça no meu rosto
Então senti-me disposto
Matar para não morrer".'

Foi um alvoroço geral quando os cantores cordelistas levaram essas palavras de Virgolino Ferreira, entoadas num choro sentido, pela escolha que o ídolo fizera, praticamente por imposição de uma casta dominante, que não aceitara por inveja, esse rapazinho de inteligência fora do comum e que sobressaía-se nos eventos sociais, onde as mocinhas o olhavam admiradas por sua postura de corpo e inteligência. Era poeta, músico, ótimo como domador de cavalos, bom vaqueiro, excelente artífice do couro, bom negociante, excelente almocreve, fino e educado, religioso e respeitador. Essa era a imagem lembrada por todos que o conheciam.

Sim amigos, os cantadores de feira eram os portadores das palavras do povo que em reconhecimento proclamavam Lampião com o epíteto de "Santo":

"O Santo Lampião,
Era um homem bem devoto
Só andava pelo voto
Do Padre Cirço Romão
O Santo Lampião
Era um home bem querido
Ele era protegido
Do Padre Cirço Romão
Quando o pai dele foi morto
Depois é que não sabia
O Santo disse um dia
Precisamos nos vingá.
Lampião é inteligente
Que o povo bem já se vê
o Santo adivinhou
Até o dia de morrê."

Sim amigos, esse era o mundo injustiçado e abandonado em que viviam os deserdados em sua pobreza infinita, onde os meninos e meninas acordavam com olhos remelentos e pregados, como se fosse providência divina para não enxergarem a pobreza em que viviam, onde até mesmo a água para desgrudarem as pálpebras era difícil.

Era o mundo pesado caindo nas costas daquele povo sofrido e injustiçado, onde para fazer justiça, a força das armas eram o revide para ofensas de toda sorte; injúrias, traições, pagamento de dividas e de salários, etc., eram resolvidos pela força e o crime de homicídio era avaliado

naquele sertão de "deus dará" pela balança dos malfeitos cometidos. Era a justiça do povo.

Num mundo abandonado como aquele do sertão, absolutamente carente de justiça, Lampião iria aparecer, como um enviado quase hierático, reconhecido e consagrado pelo povo, para fazer justiça: ofensas de donzelas, resoluções de casamento, pagamento de dividas e de salários, etc, eram resolvidos por Lampião por onde passava e que fazia questão de ser sempre justa, pois era definitiva, aceita por todos sem discussão. Conta-se que até mesmo crimes de homicídio anteriormente tão freqüentes, rarearam, porque Lampião seria chamado como juiz. Os rapazes pensavam duas vezes em mexer com uma moça donzela.

Um fato para ilustrar, colhido nos carrascais secos de Custódia, pelo padre Frederico Bezerra Maciel, conterrâneo de Lampião, onde este assunto surgira espontâneo e forte, pois ainda menino, fixou-se, não porém, como obsessão ou mesmo preocupação, mas como estudo pois era admirável e lhe despertara perguntas - "Quem é este homem para ser tão perseguido?” Perguntas como essa voejavam de sua mente e se misturavam ao apito nervoso dos trens que via, bufantes, fumacentos e poeirentos, transportando tropas volantes, ao toque estridente de cornetas,“ em demanda do sertão” o campo de batalha da Guerra de Lampião, onde recolhi dados para esse artigo; sua sextologia LAMPIÃO, SEU TEMPO E SEU REINADO:

Seu Capitão e meu Padim, vim aquí pru mode tão dizendo que foi eu que buli com a moça, mas não foi eu não.

Me diga, zé Júlio, fale a verdade, você é meu afilhado. Só dou proteção dentro do direito e da justiça.

Juro meu Padim e Capitão, a moça já tava bulida.

Lampião depois de se inteirar rigorosamente, através de testemunhas, do caso e da inculpabilidade do afilhado, pune por ele, sentenciando peremptoriamente ao pai:

Trate de casar sua filha com outro. E não toque em Zé Júlio, que não deve nada à honra dela.

E José Tiago da Silva, vulgo Zé Júlio, livrou-se de um casamento forçado à ponta de faca. Mais tarde, mudou-se ele para Belo Jardim onde se casou com D. Coleta Cirino. Matutão jeitoso e bom, tornou-se industrial de laticínios e fazendeiro, além de gostar de politica, chegando a ser prefeito municipal.

Lamplão tornou-se nome internacional e manchete obrigatória nos maiores jornais do mundo, "New York Times"; "Paris Match" e em Buenos Aires o "La Nación"

Não admira que a Enciclopéia Britânica, na sua edição brasileira BARSA, Ihe tenha dedicado verbete especial e na internet, pesquisa do portal Google, com milhares e milhares de páginas sobre ele, onde numa barafunda de histórias e estórias contam e inventam casos dele.

O poeta popular João Martins de Ataide, no folheto de sua autoria "Os projetos de Lampião", põe na boca de Lampião a seguinte sextilha:

"Muita gente no Brasil
Tem grande ódio de mim,
Outros julgam que eu nasci,
Somente para ser ruim,
Alguém está enganado,
Eu vivo nisto obrigado,
Mas nunca fui mau assim".

Então meus amigos, cheguei a conclusão que ninguém nasce ruim. Lampião foi levado àquela vida por fatos poderosos que talvez possa até ter tido inversão se tivesse sido assistido pela justiça dos homens. Mas, sabemos que esta é falha pois como diz, é a justiça dos homens! Agregado a isso, tem a questão do ego humano, o orgulho exacerbado das partes contribuindo para o crescimento da raiva e da dor. Além disso tem o mal uso das autoridades, de um poder que achavam ser ilimitado. E quem poderia ser contra?

Vemos assim que até certa época da vida de Virgolino Ferreira, podemos dizer que era a de um rapaz comum, com seus almejos normais, dentro dos limites impostos a todos, pela imposição de uma sociedade imaginada, onde prevalecesse as regras independente do dinheiro e poder. Mas nunca foi igualitária, até os dias de hoje, mas houve melhorias. Mas isso não absolve Lampião. Poderá até absolver Virgolino. Mas nunca poderá absolver Lampião, pois sua conduta mesmo enaltecida em eventos humanísticos que são poucos, abate-se sobre ele a mão pesada da Justiça por sua vida de crimes e violência.

RAUL MENELEU

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O CORDEL DE EMILLY LAMPIÃO SOB O OLHAR DE UMA CRIANÇA


Por Kiko Monteiro

No último dia 13 nós atendemos mais um convite do professor Renato Araújo para resumir a saga de Lampião para todos os alunos do ensino médio do Colégio José Augusto Vieira (rede particular de Lagarto, SE).

 
O ensaio histórico foi aberto para convidados, dentre estes a pequena Emilly de Souza Monteiro, de 10 anos, que movida pela curiosidade foi acompanhando sua mamãe, a professora M.ª Érica Monteiro.
  


Ontem a Emilly nos surpreendeu ao revelar que foi proposto aos alunos do 5º ano do Colégio Mundial, onde ela estuda, que produzissem um poema de tema livre para um concurso interno. 

Surgiu um breve dilema, a indecisão sobre o que escrever, e ela nos disse que de repente veio uma luz, precisamente a luz de um Lampião que não se apaga. A pequena notável lembrou da nossa palestra e criou um pequeno cordel com as suas impressões e inclusive algumas das passagens que mais lhe impressionaram. 


Manuscrito

Vamos conferir a transcrição dessa lindeza...
Lampeão 

Cangaceiro arretado do Sertão quente 
Tiro certeiro que passa pelo dente 
Cangaço perigoso e pavoroso 
Faca que dói como uma serpente. 

Maria Bonita, sua linda esposa 
Ficava a esperar e os tiros a escutar 
Orava pra Lampeão pra não morrer nesse sertão 
Rezava pra não morar naquele lugar. 

Cangaceiro Balão, cangaceiro de Lampião 
Chamou alguém que confiava de coração 
Rasgou os ombros como promessa 
Dentro tinha hóstias que botou Lampião. 

Criança na mata não podia 
O choro profundo acordava a polícia num segundo 
Era mandada para padres confiáveis 
E os pais não tinham noção da criança no mundo. 

Cangaceiro rico com cinco anéis em cada dedo 
Todos os acessórios de ouro brilhante 
Na caça, armas de porte grande 
Brilhante como lua minguante. 

Mulher no cangaço não podia trair 
Se traísse algo iria atrair 
Poderia morrer sim
Lampião pena não tinha a sentir. 

A morte deles foi anunciada 
Dois dias depois do acontecido 
Triste notícia, mas era pedido 
Recompensa grande, prazer enorme 
Cangaceiros mortos, esquecidos.

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4 LIVROS PARA QUEM QUISER COMPRÁ-LOS

Por Dênis Carvalho

Pessoal, estou repassando esses 4 livros por um valor bem abaixo do mercado. O lote por R$ 100,00 (25 por livro; bagatela).

OBS: O "apontamentos sobre a faca de ponta" é copia feita em gráfica.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1037219823154351&set=gm.1027601957448748&type=3&theater&ifg=1

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