Clerisvaldo B.
Chagas, 4 de maio de 2023
Escrito
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.878
O espetáculo
da pesagem do couro no lugar em que a população comprava carne, não era muito
agradável, mas pertencia a própria época, mesmo tendo aqueles que defendiam que
a venda de couro deveria ser em outro lugar.
Nesse
contexto, entra o bode e o cabrito. Vizinho ao Mercado de Carne, ainda existe
um beco ladeiroso que vai dar no riacho Camoxinga, cerca de 150 a 200 metros
abaixo. Havia muitos quintais por ali e, após os quintais, capoeira rala que
dominava as duas margens do riacho. No início e na esquina do beco, havia uma
mercearia e por trás dela, um pequeno plano repleto de mato que servia de
matadouro de urgência para o sacrifício dos caprinos.
Nos dias de
feira, aos sábados, o bode era morto a pauladas com muita ligeireza. Ouvia-se
apenas um berro abafado e nada mais. O sangue escorria da boca para a poeira
cinzenta do chão. Imediatamente o bode ou cabrito era amarrado de cabeça para
baixo e, o esfolador, habilidoso e rápido retirava o couro da carne. Higiene zero.
A nós parecia uma matança clandestina para atender a demanda do mercado
público, no mínimo, vistas grossas das autoridades.
A carne era
enrolada em um saco de pano e conduzida nos ombros, beco poeirento acima, cuja
parede externa do mercado servia de mictório a céu aberto para os homens, não
importava o movimento dos transeuntes, homens ou mulheres na feira.
Numa época em
que não havia mictório público, os homens se aproximavam da parede, puxavam a
“torneira” para fora, amparavam o sexo com a mão e procediam como os cachorros,
só não faziam levantar a perna. Durante à noite o beco do mercado também servia
para quem quisesse defecar. Era um beco fedorento por excelência.
Vale salientar
que o Mercado de Carne, público, foi construído em 1950, cuja placa permanece
até a presente data, apesar das várias reformas. E se o leitor quer saber quem
o construiu, foi a gestão do coronel José Lucena de Albuquerque Maranhão.
Extraído do
livro inédito: CHAGAS, Clerisvaldo B. Santana: Reino do Couro e
da Sola. Pág.33.
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