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terça-feira, 19 de novembro de 2024

A COBRANÇA

 Clerisvaldo B. Chagas, 19 de novembro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3. 148

Não era ônibus moderno, nem o trem, nem vans, era o caminhão bruto quem levava e trazia passageiros e mercadorias. Os mascates de Santana do Ipanema que davam feira em Olho d’Água das Flores, Carneiros, Pão de Açúcar, submetiam-se a esse único tipo de transporte. Assim, os caminhões partiam para as cidades circunvizinhas lotados de mercadorias para vender naquelas feiras. Os donos da mercadoria, isto é, os mascates, viajavam em cima da mercadoria, sentados em duas alas, pernas penduradas para fora da carroceria. A dureza da profissão fazia surgir tipos engraçados que também iam para feira levando tipos de jogos como negócios. Piadas gargalhadas, histórias curtas e divertidas, procuravam amenizar a tensão nascente do dia.

Representação Santana

Quando o destino era Olho d’Água das Flores, por exemplo, a jornada pela rodagem empoeirada, tinha estacionamento na divisa dos dois municípios onde havia uma casa de fundos voltados para rodagem e um grande pé de jasmim no terreiro. Ali, o proprietário do caminhão, o próprio motorista, fazia a cobrança subindo à carroceria e se equilibrando por cima de lona dobrada, caixas de tecidos, louças e tantos outros objetos. Registramos proprietários caminhoneiros como o senhor José Cirilo e Plínio, irmão de Eduardo Prazeres, dono de olaria. Clientela costumeira, sem problema algum, pagamento certinho, cobrança em lugar estratégico e jornada de volta.  Em tempos de inverno, às vezes, no retorno da feira, se pegava o valente riacho João Gomes com cheia violenta e ainda sem ponte. Pense na trabalheira infernal que entrava pela noite!

Essa gente representava os verdadeiros heróis do progresso que abasteciam cidades e municípios de tudo o que eles precisavam

para garantir azeitado o cotidiano. Tempo duro para quem era mole onde o futuro era ali mesmo na hora presente. Ah... E quando o rio Ipanema, também sem ponte, assustava os mascates com suas cheias descomunais! Entretanto, desafios sempre estiveram presentes no caminho da humanidade. Sem desafio tudo vira rotina e monotonia esfriando o caminheiro do planeta Terra. Mas, voltando aos heroicos tempos dos mascates, nunca conseguimos apagar da mente a parada da cobrança, na casa virada do pé de jasmim.

Assim é o caminhar da gente quando, de vez em quando, a vida pára e nos faz a cobrança.


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LIVRO O SERTÃO DE LAMPIÃO NA FOTOGRAFIA DE MÁRCIO VASCONCELOS

 Cadastrado por Bruno Albertim

Autor do referencial A Invenção do Nordeste, o historiador paraibano Durval Muniz de Albuquerque lembra que, para ser uma demarcação político-geográfica, o Nordeste foi antes discurso. Amparados na estiagem, na transferência de poder para o Sudeste, no patriarcalismo e em outros elementos potencializados como arquétipos ou clichês, uma série de narrativas “construíram” a região. Esse discurso do Nordeste atemporal, um tanto deslocado do fluxo da história, segue como fonte fértil para a produção de novas narrativas: vencedor do Marc Ferrez, prêmio de fotografia da Funarte, o fotógrafo maranhense Márcio Vasconcelos lança hoje, no Recife, “Na trilha do Cangaço - o Sertão que Lampião Pisou”, um ensaio fotográfico de cem páginas sobre os lugares e pessoas que ajudam a fixar o cangaceiro numa pedra de assento do imaginário nordestino.

“Fui inspirado pelas imagens que tenho na memória dos fotógrafos da época, que se aproximaram do Lampião, o filme e o material deixado pelo Benjamin Abrahão, e pude ver que de lá pra cá muita coisa ainda permanece como se o tempo tivesse parado nas mesmas agruras e dificuldades de anos atrás”, conta Vasconcelos, um fotógrafo que tem se dedicado a documentar tradições e narrativas de povos brasileiros. É autor, por exemplo, de “Nagon Abioton – Um Registro Fotográfico e Histórico sobre a Casa de Nagô”.

Caminhando entre o mais documental e o ensaístico, o fotógrafo refez vários dos caminhos feitos por Lampião, “segundo personagem mais biografado da América Latina, depois do Che Guevara -, Maria Bonita, Corisco, Dadá e seus bandos, através da elaboração de uma trilha que ligará locais que são simbólicos na história do cangaço pelos sertões nordestinos”. Além do corpo físico da região, a história é também contada por meio de retratos de descendente e de outros personagens que viveram os anos de Lampião.

No percurso, o fotógrafo ignorou parabólicas e digitais, as motos em lugar dos jegues, os novos aglomerados como oásis caoticamente urbanos no sertão, para focar o olhar nos rincões onde o tempo parece recusar-se a passar. “Algumas situações de isolamento e de padrões sociais permanecem muito inalteradas”, ele diz.

Silenciosas como esse sertão, de cores saturadas como a realçar um certo hiper-realismo fantástico de uma região plena de seres e subjetividades próprias, como se atemporais, as imagens de Vasconcelos vão do chão renascido da caatinga depois das chuvas, aos vaqueiros que fazem do couro o esteio de uma civilização e à fé tão talhada como os sulcos nos rostos desses homens.

Retratos de descendentes e sobreviventes dos anos do próprio Virgulino Ferreira confirmam a descendência entre novos e velhos homens que fazem deste sertão um presente pretérito contínuo. A intensidade estética não compromete, apenas reforça, o caráter antropológico do projeto fotográfico de Márcio Vasconcelos.

Um texto do historiador Frederico Pernambucano de Mello conta o contexto social em que a cultura do cangaço talhou aquela região com sua estética para além dos anos em que de fato existiu. “Como entender as notáveis afeições estéticas desse traje, inconfundível em sua imponência e escancarado no revelar a identidade de quem o porta, senão como um indicativo de orgulho quanto a vida adotada”, diz ele, num trecho, sobre a confluência da estética com a ética do sertão cangaceiro. Aprovado pela Lei Rouanet com apoio do grupo Ser Educacional, o livro Na Trilha do Cangaço - O Sertão que Lampião Pisou é lançado hoje, a partir das 19h, na Livraria Cultura do Shopping Rio Mar.

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LIVRO - GUERREIROS DO SOL - Violência e Banditismo no Nordeste do Brasil

Por José Mendes Pereira



Quer adquiri-lo, entre em contato com o professor Pereira, lá de Cajazeiras, no Estado da Paraíba, que ele providenciará com urgência o envio do seu pedido. 

Aqui o seu endereço eletrônico:

franpelima@bol.com.br

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A MORTE DE LAMPIÃO DISSECADA POR FREDERICO PERNAMBUCANO DE MELLO

Cadastrado por Diogo Guedes

Em 'Apagando o Lampião', o historiador traz dados novos sobre quem teria matado o mais famoso cangaceiro.

Em alguns de seus campos, a história pode se parecer bastante com uma investigação. Desde 1970, o historiador Frederico Pernambucano de Mello tentava arranjar meios de averiguar uma informação que tinha chegado até ele – a de que Antônio Honorato da Silva, o Honoratinho, não era o verdadeiro responsável por matar o cangaceiro Lampião durante um tiroteio em 1938. O autor do disparo fatal, segundo testemunhas, teria sido um outro guarda-costa do aspirante Francisco Ferreira da Silva, que teria ficado oculto. Então, a partir de 1978, Frederico começou a tentar entrevistar um companheiro dele, Sebastião Vieira Sandes, o Santo, que se recusava a falar sobre o assunto.

Quando visitava Alagoas, o historiador deixava sempre um recado, com esperança de uma resposta. O máximo que recebeu, através de um parente de Sandes, foi uma recusa educada e uma garantia de que, se um dia o ex-soldado aceitasse falar sobre o assunto, o procuraria. Esse dia só veio 25 anos depois, quando Frederico já quase não alimentava expectativas. A paciência, ainda mais na história, é muita vezes recompensadora, e a conversa com Sandes gerou uma das principais revelações do novo livro do autor, Apagando o Lampião: Vida e Morte do Rei do Cangaço (Global), que vai ser apresentado na próxima segunda (26), com uma palestra, às 15h, e o lançamento do livro, às 17h, na Academia Pernambucana de Letras.

Uma das principais autoridades no cangaço no Brasil, Frederico é autor de títulos como Guerreiros do Sol e A Estética do Cangaço. Em Apagando o Lampião, o foco é na morte do principal líder do banditismo no Nordeste, que, na prática, começou a decretar o fim definitivo do cangaço na região. Mais do que analisar e narrar o assassinato de Virgulino Ferreira da Silva, o historiador traz novas hipóteses e dados, defendendo que foi outro o autor do disparo fatal que vitimou o companheiro de Maria Bonita.

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Quando recebeu uma ligação de São Paulo, em 2003, com um homem com voz grossa dizendo que se chamava Sebastião Vieira Sandes, Frederico tinha a certeza que se tratava de um trote feito por um amigo que conhecia a sua busca. Não era. “Ele dizia que tinha um aneurisma inoperável, que ia para Alagoas se despedir de parte da sua família e que estava finalmente disponível para falar. Fui encontrá-lo e gravei com ele de 8 a 12 de dezembro”, conta o autor.

Na conversa, Sandes confirmou que, quando tinha 22 anos, foi o responsável por desferir o tiro que matou Lampião. Não assumiu a responsabilidade por ordem de seu superior, que sabia dos amigos poderosos do cangaceiro e do risco de vinganças e não queria um rapaz novo na mira de assassinos. O temor era real: Honoratinho, que assumiu o feito e chegou a dar entrevistas anos depois sobre o assunto, terminou assassinado em 1968 quando saía de casa.

Se a conversa com Sandes aconteceu em 2003, porque o livro só é publicado agora? Frederico explica: “Sou um historiador muito cauteloso. Tiro até o relógio para trabalhar, porque não gosto da pressão do tempo. Tento investigar tudo. Para o historiador, como para a polícia, a confissão não é tudo. Esperei para escrever porque fui atrás de outros elementos – só concluí o livro quando pude escrevê-lo com toda segurança”, afirma o autor.

Um dos elementos foi uma perícia balística. Segundo o relato de Honoratinho, o tiro que matou Lampião teria vindo de baixo para cima. No testemunho de Sandes, colhido por Frederico, o disparo havia sido feito no sentido oposto, descendente. Para comparar as versões, o historiador mandou as fotos do punhal do cangaceiro, que foi atingido pelo tiro, para o perito Eduardo Makoto Sato, da Polícia Federal. “Ele aplicou o escaner digital que eles têm e chegou à conclusão que o tiro foi dado em sentido descendente entre 30 e 38 graus de inclinação”, revela. A avaliação ajudava a comprovar o relato de Sandes.

Outros elementos também foram investigados, ajudando Frederico a formar sua convicção de que a narrativa do guarda-costa mais novo. O historiador conta que, desde a publicação do livro, surgiram alguns textos que discordam da sua conclusão. “Mas não houve uma confrontação direta dos dados, porque o estudo é muito denso”, pondera. “O trabalho do historiador não difere muito do de um delegado de polícia: se há algo incoerente, você não avança. Avancei porque não havia. Se alguém quiser impugnar mais adiante, será preciso apresentar também fatos.”

INÍCIO E FIM

Apagando o Lampião também traz outros avanços relevantes para quem estuda o cangaço. Frederico aborda, por exemplo, o fato que teria levado Lampião a abraçar o banditismo, também alvo de controvérsia. “Em 1970, eu gravei em Serra Talhada com o indivíduo que era declarado por Lampião como seu maior inimigo, José Saturnino. Eu tive que me cercar de pessoas conhecidas dele, porque ele já havia mandado muitos pesquisadores voltarem. Ele me revelou que foi a partir do seu primeiro conflito com Lampião e os irmãos que a aventura de Virgulino com o cangaço começou. O irmão saiu baleado nas nádegas do encontro. Outros pesquisadores apontam outros fatos inaugurais que levaram Lampião para esse caminho, mas as versões não coincidem com o relato de Saturnino”, indica.

O livro também revela ainda mais sobre a relação de Lampião com o estado e os poderosos. “A razão, secreta até hoje, para a ida de Lampião para a Bahia, atravessando o São Francisco, foi um acordo feito com a polícia pernambucana através de um primo legítimo seu”, aponta Frederico. Chefe de polícia local, Eurico de Souza Leão mandou pelo parente do cangaceiro o recado para que ele se rendesse ou atravessasse a fronteira e não voltasse. Após uma derrota mais grave em Mossoró, Lampião resolveu ganhar uma sobrevida no banditismo partindo para Bahia em 1928, levando todo dinheiro e ouro que acumulou ao longo de anos.

Outro dado que o livro – também recheado da poesia popular e da cantoria, fonte importante sobre os eventos do período – atesta é o plano de Virgulino de partir para Minas Gerais. O projeto, não realizado, havia surgido de um convite de Farnese Dias Maciel, irmão do então governador do estado, que queria que o cangaceiro combatesse a família Borges, sua inimiga. “Ao morrer, ele morre sonhando com Minas Gerais”, conta Frederico.

 https://jc.ne10.uol.com.br/canal/cultura/literatura/noticia/2019/08/24/a-morte-de-lampiao-dissecada-por-frederico-pernambucano-de-mello--386439.php

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LAMPIÃO CRUEL DECRETA O TERROR EM ALAGOAS.

 Por No Rastro do Cangaço

https://www.youtube.com/watch?v=QkC1Niq_FHU

Virgulino Ferreira da Silva, Lampião, o rei do Cangaço, comandando seu Bando de cangaceiros no sertão nordestino, adentra o Estado de Alagoas como um furacão, causando, mortes, sequestros e outros crimes em mais uma intrigante história do cangaceirismo no nordeste do Brasil. Temas relacionados: Sertão Nordestino, Lampião e Maria Bonita, Grota de Angico, Contos do cangaço no sertão, cangaço Lampiônico, Cangaceiros de Lampião, cabras de Lampião, História Nordestina, Literatura do Sertão Brasileiro, Crime de castração, história do eunuco, lampião a raposa das caatingas, o governador do sertão, lampião mata inocente, crimes de Lampião, lampião herói ou bandido, Volantes Policiais no cangaço, volante policial Nazarenos, Volante Zé Rufino, Volante Mané Neto, Padre Cícero, Rota do cangaço, cangaceiro Corisco, cangaceiro Moreno, Cangaceiro Zé Baiano, cangaceiro Gato, histórias e contos, filmes completos, canais de cangaço, A morte do cangaceiro Corisco. Assistam e ao final deixem seus comentários, críticas e sugestões. INSCREVAM-SE no canal e ATIVEM O SINO para receber todas as nossas atualizações. #NoRastroDoCangaço Vejam também:

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LAMPIÃO E A ROTA DE FUGA PELO AGRESTE DE ALAGOAS.

 Prefeitura de Arapiraca > Notícias.

Lampião e a rota de fuga pelo Agreste de Alagoas.

Vila Craíbas, em 1938, quando ainda pertencia a Arapiraca

Vila Craíbas, em 1938, quando ainda pertencia a Arapiraca

A história de  Virgulino Ferreira da Silva, o cangaceiro Lampião,  provoca admiração por parte de alguns historiadores que encontra, nessa figura emblemática,  um dos primeiros revolucionários sociais no Nordeste brasileiro. Outros escritores  desmistificam a imagem do filho justiceiro –  que queria vingar a morte do pai-  em função da barbárie dos crimes cometidos . Herói ou bandido, a história de Lampião, que liderou o cangaço durante duas décadas, também teve o seu registro no Agreste de Alagoas.

Silvan Oliveira, pesquisador sobre a passagem de Lampião pelo Agreste

Silvan Oliveira, pesquisador sobre a passagem de Lampião pelo Agreste

Para saber detalhes sobre a passagem do cangaceiro e seu bando nessa região, fomos até Craíbas conversar com o funcionário público Silvan Oliveira.  Há alguns anos ele vem colhendo depoimento com os familiares dos primeiros moradores da antiga Vila Craíbas, que pertencia ao município de Arapiraca, para  obter informações sobre a passagem de Lampião e seu bando pelo região. O trabalho de pesquisa resultou no esboço de um livro intitulado “O dia em que Lampião assustou o Agreste alagoano”.

De acordo com o pesquisador,  Lampião e 17 cangaceiros passaram por aqui em abril de 1938, cerca de três meses antes de sua morte. Segundo Silvan, nessa época o cerco estava fechado e as forças policiais estavam concentradas em Santana do Ipanema, com a criação do 2º Batalhão de Polícia Militar. “Os estados de Pernambuco e Bahia já não admitiam o trânsito de cangaço na região. Virgulino estava escondido na fazenda do coronel Antonio Caxeira, em Gararu-SE, quando resolveu ir a Piranhas-AL encontrar-se com o cangaceiro Corisco por dois motivos: tramar a morte do tenente Zé Rufino e em seguida abandonar o cangaço, refugiando-se com Maria Bonita, no estado de Goiás.

Ainda de acordo com o pesquisador, a rota de fuga foi iniciada atravessando o rio São Francisco, em  Traipu.  Há relatos que durante essa passagem pelo local  Lampião teria encontrado uma “retreta” – pequena banda de música. “Ele pediu que os músicos tocassem uma música e teria recompensado os músicos com cinquenta mil réis”, relatou Silvan Oliveira.

Bando de Lampião

Após atravessar o rio São Francisco, o bando de lampião chegou ao povoado Capivara, e teve o primeiro combate nessa região, ao deparar-se com a volante do tenente Valdemar Goes, que  naquela época era o delegado de Batalha. Lampião estava  a cavalo acompanhado de 16 cangaceiros. “Durante o confronto, Lampião e seu bando fogem a pé em direção a então Vila de Girau do Ponciano.

O pesquisador relata que quando o bando de Lampião chegou em Girau do Ponciano, no local estava acontecendo uma feira livre. Os cangaceiros e seus comparsas fizeram um arrastão nas bancas e saquearam os  armazéns do comerciante Eloi Maurício. Ainda em Girau, há outro confronto com a polícia e os cangaceiros se deslocam em direção a Lagoa da Canoa e o povoado Salomé, atual município de São Sebastião. “Lá eles sentiram que não estão sendo mais perseguidos e no dia posterior eles retornaram a rota de fuga pelo Agreste, em direção ao alto Sertão”, informou o pesquisador.

Em Arapiraca

Uma curiosidade relatada por quem teve contato com o cangaceiro é que ele sempre andava com uma caderneta anotando os nomes dos coronéis mais abastados da região para fazer os saques. Ao chegar no Povoado Lagoa da Pedra, próximo a  Vila Fernandes, em Arapiraca, Lampião foi informado que o coronel Lino de Paula tinha muitas posses.

Lampião e Maria Bonita

Lampião e Maria Bonita

O bando encontrou o próprio Lino de Paula que estava em uma de suas fazendas trabalhando com uma roupa suja e desgastada. Pensando que era um trabalhador  comum, o cangaceiro perguntou se  ele sabia onde morava o coronel Lino de Paula e ele com medo de morrer disse que levaria o bando de lampião até a casa do militar.

Durante o percurso, Lino de Paula, com medo que Lampião descobrisse sua verdadeira identidade pediu ao chefe do cangaço para ir até o “meio do mato”  defecar pois estava com dor de barriga.  Lino de Paula aproveitou essa oportunidade e fugiu pela vegetação, enganando Lampião e seu bando.

A notícia de que Lampião estava em Arapiraca se espalhou,  e segundo o pesquisador, muitos moradores dos bairros Baixa Grande,  Cavaco, e Baixão deixaram suas casas, e dormiram no mato com medo que Lampião chegasse durante à noite para saquear as casas.

Outros foram se abrigar  nas residências  de parentes no centro do município, onde o cangaceiro não chegaria com medo da ação da polícia.

“A próxima parada de Lampião e seu bando no município de Arapiraca se deu na Vila Canaã, onde cometeu alguns saques. Lá ele apreende um rapaz identificado apenas como “João Catenga”, que informou quem são os homens de posse da redondeza como “Zé Ciben”, Manoel Ireno, Possidônia. Todas as propriedades foram saqueadas e, continuando a rota, o bando chegou a Vila  de Craíbas”,  relatou Silvan Oliveira.

Ao chegar na Vila,  Lampião com os 16 cangaceiros armados,  renderam os moradores que ainda permaneciam no local. Eles entregaram dinheiro, pertences pessoais e armas. Segundo os relatos de moradores de Craíbas, um senhor que se chamava “Nicolau” negou ter armas em casa, mas quando os cangaceiros entraram na residência encontraram munições. “Por ter mentido para Lampião,  Nicolau foi amarrado em um cavalo e arrastado até a lagoa da vila para ser “sangrado”.

Segundo Silvan Oliveira, nesse dia que Lampião esteve na Vila Craíbas, seria celebrado um casamento.  Quando o padre Epitácio estava a caminho foi avisado que Lampião estava saqueando os moradores . Ele rapidamente retornou a Arapiraca e avisou  a três volantes do tenente Porfírio sobre o bando.

No momento que Lampião e os cangaceiros iriam executar Nicolau à beira da lagoa, os policiais chegaram atirando e os disparos de armas de fogo  assustaram o bando de Lampião, que fugiu sem executar ninguém.

Um fato curioso nesse dia do casamento é que a casa do sanfoneiro que iria tocar no casamento está situada na praça onde Lampião rendeu os moradores. Com medo de ter o seu principal instrumento de trabalho roubado pelos cangaceiros, Artêmio, como era conhecido o músico, escondeu a sanfona dentro de um saco de farinha.  Até os dias de hoje a casa, situada no centro comercial de Craíbas,  permanece com as mesmas características da década de 30. “Devido  a questões de herança, o imóvel não pode ser vendido, pois está em processo judicial. Tanto a fachada quanto todo o interior permanece com a mesma estrutura de quando Lampião passou pela região”, revelou Silvan Oliveira.

Casa do sanfoneiro Artêmio mantém as mesmas características da década de 30

Casa do sanfoneiro Artêmio mantém as mesmas características da década de 30

Três meses após essa passagem por Arapiraca/Craíbas, no dia 28 de julho de 1938,  Lampião, Maria Bonita e seu bando sofreram uma emboscada e foram assassinados na Grota em Angicos, em Poço Redondo-Sergipe. Suas cabeças foram expostas em várias cidades como troféus.

Essa parte da história tem uma ligação muito pessoal com o pesquisador Silvan Oliveira. Após a exposição das cabeças nas escadarias do município de Piranhas-AL, os policiais seguiram para Água Branca, Mata Grande e Santana do Ipanema. “Nessa época minha mãe, Jaci Oliveira Santos, tinha 6 anos e morava em Mata Grande. A casa dos pais dela era próxima à delegacia da cidade e quando os caminhões da polícia chegaram com as cabeças dos cangaceiros foi um alvoroço só. Centenas de pessoas, entre  crianças e adultos lotaram a praça para ver os “troféus” exibido pela polícia.  Mesmo com apenas 6 anos de idade, minha mãe até hoje, nunca se esqueceu daquela imagem de cabeças cortadas em cima do caminhão”, finalizou Silvan Oliveira.

LIVRO

 

Depois de onze anos de pesquisas e mais de trinta viagens por sete Estados do Nordeste, entrego afinal aos meus amigos e estudiosos do fenômeno do cangaço o resultado desta árdua porém prazerosa tarefa: Lampião – a Raposa das Caatingas.

Lamento que meu dileto amigo Alcino Costa não se encontre mais entre nós para ver e avaliar este livro, ele que foi meu maior incentivador, meu companheiro de inesquecíveis e aventurosas andanças pelas caatingas de Poço Redondo e Canindé.

O autor José Bezerra Lima Irmão

Este livro – 740 páginas – tem como fio condutor a vida do cangaceiro Lampião, o maior guerrilheiro das Américas.

Analisa as causas históricas, políticas, sociais e econômicas do cangaceirismo no Nordeste brasileiro, numa época em que cangaceiro era a profissão da moda.

Os fatos são narrados na sequência natural do tempo, muitas vezes dia a dia, semana a semana, mês a mês.

Destaca os principais precursores de Lampião.
Conta a infância e juventude de um típico garoto do sertão chamado Virgulino, filho de almocreve, que as circunstâncias do tempo e do meio empurraram para o cangaço.

Lampião iniciou sua vida de cangaceiro por motivos de vingança, mas com o tempo se tornou um cangaceiro profissional – raposa matreira que durante quase vinte anos, por méritos próprios ou por incompetência dos governos, percorreu as veredas poeirentas das caatingas do Nordeste, ludibriando caçadores de sete Estados.
O autor aceita e agradece suas críticas, correções, comentários e sugestões:

(71)9240-6736 - 9938-7760 - 8603-6799 

Pedidos via internet:

Peça através destes e-mails:

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Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:
Tel.:  (79)9878-5445 - (79)8814-8345

Clique no link abaixo para você acompanhar tantas outras informações sobre o livro.
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GATO TRABALHOU PRO MEU PAI

 Por Aderbal Nogueira

https://www.youtube.com/watch?v=j6nMDeVwwqE

João de Sousa Lima e Petrúcio Luiz conversam com Seu Coquinho, que contou que o cangaceiro Gato trabalhou para o pai dele. Para participar da Expedição Rota do Cangaço entre em contato pelo e-mail: narotadocangaco@gmail.com Seja membro deste canal e ganhe benefícios:    / @cangacoaderbalnogueira   Parcerias: narotadocangaco@gmail.com #lampiao #cangaço #maria bonita #cangaceiros

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CABO MILITÃO...

 Por Adelso Mota Silva

Boa tarde! quase noite deste sábado, 16/11/2024. Tenho contado muitas histórias do Cangaço na Bahia, e novas descobertas foram comprovadas por minhas pesquisas e insistência. Foi o caso da paternidade do Cabo Militão, morto por Lampião, em Brejão da Caatinga, Campo Formoso. Buscamos as certidões de, óbito, nascimento dele e de sua mãe, tendo colaboração de vários amigos.

Pois bem, conto também, as histórias de, Mundo Novo, Mairi, Baixa Grande, Várzea do Poço, Várzea da Roça, Morro do Chapéu, Jacobina, Cafarnaum Serrolândia, Itapeipu, e tenho publicado muitos, Story com fotos, é a história de cada uma. Espero não está sendo repetitivo.

Agradeço aos meus seguidores por sempre, terem manifestações de apoio. É isso, amigos! Um povo sem história e sem memória é um corpo sem cabeça...

Penso em continuar meu trabalho de Memorialista, contador de histórias do Cangaço e da nossa região.

Abraços a todos (meus arquivos de fotos são fatos históricos ainda haverás muitas histórias) elogios e críticas são bem-vindas.

ADENDO: J. Mendes Pereira

https://www.youtube.com/watch?v=JiqwTfq8MMo

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