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sábado, 8 de março de 2014

Fotos de cangaceiras do grupo de Lampião


Da esquerda para direita:

Neném, companheira do cangaceiro Luiz Pedro, e segundo alguns pesquisadores afirmam que quando a Neném foi assassinada, Luiz Pedro a amava tanto que caiu  em depressão.

Ao centro, Maria de Pancada, e o seu próprio apelido já diz tudo, companheira do cangaceiro Pancada.

Durvalina é a terceira da direita, e antes fora esposa do cangaceiro Virgínio Fortunato da Silva, o capador oficial do cangaço, e há quem diga que ele era do Estado do Rio Grande do Norte, nascido em Alexandria. Mas com a morte deste, Durvalina passou a ser companheira do cangaceiro Moreno.


A partir do terceiro: Moreno, Neném, Luiz Pedro, Virgínio e Durvalina

Fonte: Governador do sertão Virgulino

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O cangaceiro "Engole cobra"

Por Rubens Antonio*


José Antonio dos Santos, o "Engole cobra". Natural de Capella. Alegou ter permanecido no bando de 1932 a 1937, dos 13 aos 18 anos. Saiu da vida do cangaço, após ter tropeçado e caído de cara em uma fogueira do bando. 


Ficou com uma face queimada e cego de um olho. Recebendo algum dinheiro de Lampeão para "se tratar", deslocando-se para Salvador, acabou descoberto e preso.

*Rubens Antonio é professor e pesquisador do cangaço. Administrador do blog: http://cangaconabahia.blogspot.com 

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DO "O LIBERAL”, DE 28/12/1929 - “A VIDA DE UM BANDOLEIRO

Antônio Corrêa Sobrinho


Sergipe, cuja sorte o tem por felicidade de todos, preservado de incalculáveis danos, passou incólume por duas investidas do bandoleiro Lampião, notando-se que os locais por ele invadidos foram dos mais apreciáveis sob o ponto de vista de proximidade da capital.

Sergipe não tem perseguido o nômade assassino, daí a impunidade com que ele atravessa o Estado, toma orientação que entende, permanece onde bem lhe apraz e cobra sem tributo de guerra sem empecilho de espécie alguma.


Já um órgão da imprensa carioca teve ocasião de dizer que o capitão Virgulino Ferreira é um Estado dentro do Estado.

De fato, ele (...) exerce sua nefanda autoridade.

Aproveita-se das cidades e vilas, desguarnecidas como são, e impõe seu prestígio. Intendentes e delegados o vão servir; arrecadam dinheiro para ele e se submetem aos maiores caprichos de sua vontade.

Nada lhe acontece. Cidades importantes, vilas prósperas são por ele acometidas, sofrendo-lhe o rigor dos caprichos os mais disparatados, sem que o remédio lhes chegue.

Somente quando o perigoso facínora sai, a tropa ocupa a localidade e espalha-se em pesquisas, buscas e diligências.

Agora, em Bahia, Lampião saqueia Queimadas, conduz consigo dinheiro e valores e ainda debica do Sr. Vital Soares, escrevendo-lhe uma carta pirracenta que o ridiculariza.

E vai assim, arregimentando cangaceiros, o terrível salteador depredando os lugares por onde passa, aproveitando-se das condições de desorganização dos Estados para se sobrepor à ordem e à Lei.

A IMPRENSA - FONTE PRIMORDIAL DA HISTÓRIA DO CANGAÇO 

Antonio Corrêa Sobrinho é pesquisador do cangaço

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Foto de cangaceiros de Lampião


Conforme descrito na legenda da foto, lá no fundo, Virgínio Fortunato da Silva, alcunhado no cangaço por Moderno. Observe o cangaceiro Luiz Pedro, está à esquerda da foto. 

Durvinha e Moreno aparecem na foto dançando. Neste momento, Durvinha era a companheira de Virgínio. Ironia do destino ou não? 

Moreno após a morte do seu comandado Virginio, passou a ser o comandante do grupo e companheiro de Durvalian. O casal só se separou quando a Durvalina faleceu no ano de 2008.

Foto do acervo de Severino Barros.

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“LAMPIÃO” COMO SURGIU ESTE APELIDO - PARTE I

Por: cabo Francisco Carlos Jorge de Oliveira


“Algumas hipóteses”

Nordeste brasileiro 06 de janeiro de 1918 14: 30h, como sempre o sol apresentava-se  luzindo  ardente e implacável num   céu  azul  sem  nuvens, e um  mormaço  cálido  sufocante pairava  sobre a mesorregião do São Francisco pernambucano, tarde de verão estava  findando o dia de Santos Reis, era época da colheita do algodão. Virgulino Ferreira da Silva, seu primo Domingos  Paulo e mais  dois rapazes parentes por parte de seu pai,  vinham  de Poço do Negro fazenda próxima a  Nazaré do Pico, pois estavam na casa de seu genitor onde participavam  de  uma festa em comemoração ao dia de Reis.

Virgulino já vivia foragido, pois o mesmo ainda era parcialmente um cangaceiro, ele já havia participado de vários confrontos  com a polícia devido ás constantes contendas em represália ao clã de Zé Saturnino inimigo número um de sua família. O grupo encontrava-se  bem armado e equipado, também  traziam  consigo três cestos repletos  de  alimentos que sobraram do farto festejo religioso, eles  conduziam uma carroça de rodas de madeira puxada por um burrão preto com destino a Floresta, trafegavam por um carreador estreito que tangenciava uma grande roça de algodão. Ah! Que maravilha! Parecia ter nevado no sertão, pois a alvura das caxetas abertas assemelhavam-se  a um enorme lençol de casal cobrindo um imenso leito de amor, Virguluno  fascinado diante de tanta beleza ainda repleto de inspiração fez  até fez uma modesta e significativa poesia em forma de repente, mais ou menos assim:

Meu querido Pernambuco, meu adorado sertão.
 Quero eu   quando morrer, numa rede ou num caixão.
 Ser enterrado na roça, no meio da plantação.
De feijão, milho e arroz, ou na lavoura de algodão.
Cor do véu da Virgem Maria, do mais puro coração.

Isto foi concomitante, quando Virgulino acabou o último verso surge numa curva um velho magricelo  de chapéu preto trajando uma túnica negra surrada, seus cabelos  e barbas eram  brancos  e longos misturando-se com a brancura do algodoal, trazia no pescoço um colar com vários patuás e nos ombros dois bornais cruzados a tiracolo, estava calçado com sandálias de couro  e segurava na mão esquerda um cajado com muitos  adornos coloridos e na outra mão, uma cruz com a imagem de São Sebastião e assim num gesto brusco; ele saltou e  se posicionou bem na frente da carroça, erguendo as mãos  num brado em voz autoritária disse: 

- Bem  aventurados são os filhos de Deus! 

De susto o burro quase tomba a carroça e por pouco Virgulino não  alveja o velho com seu rifle papo amarelo mais depois de passar o susto o velho se aproxima e com voz meiga diz:

- Sou o beato Geromim, e assim como o vento não tenho morada, vivo peregrinando por estes sertões de dia e de noite, vagando e rezando nos cemitérios e também pelas almas dos infelizes  das cruzes que encontro à beira das estradas, é minha sina meus filhos; agora dê-me  o que comer e beber em nome do Santo São  Sebastião. 

Virgulino ainda lívido pelo sobressalto, diz ao velho beato solitário: 

- Pra onde o sinhô vai Santo homem di Deus? 

E o beato respondeu: 

- Vou pra onde o destino mi leva, meu filho. 

Daí então o futuro “Rei do Cangaço” tira o alimento dos cestos e  lhe dá uma paleta de cabrito já assada com  um pedaço de pão, o velho errante se sacia com avidez  e ao mesmo tempo abençoa o grupo; Virgulino convida o homem devoto a seguir com  eles até mais uma quarta de légua adiante bem  próximo a um olho d’água, pois lá eles iriam se alimentar e pernoitar. O velho aceita;  e esboçando  um sorriso sobe na carroça, seguindo faustos ambos  ouvindo as profecias do santo viandante até chegarem ao local predestinado.

Quando o grupo chegou ao supracitado lugar, o sol escarlate num moroso declínio, já  se  desprendia  purpúreo no horizonte rubro das caatingas, Virgulino pegou o facão e foi atrás de madeira para uma fogueira, seu primo Domingos desarreou os animais e os levou para beber água, enquanto um dos rapazes armava  as redes, o outro foi preparar a alimentação. O velho tirou os embornais e os pendurou num galho de umbu, e deixando o cajado encostado na mesma árvore, seguiu  subindo até o alto de uma elevação rochosa, onde fincando  a cruz em seu cume rezou, e rezou até a noite chegar.

No momento em que estavam se alimentando sentados ao redor da fogueira, o velho beato aproximou-se assentando bem defronte a Virgulino, e ali comeu  calado e todos  permaneceram calados. Domingos pegando seu rifle quebrou o silêncio dizendo: 

- Vão todos dormir que eu fico com o primeiro turno de guarda. 

E no átimo velho retrucou:

- Não! Não é preciso, todos podem descansar tranquilos que nesta noite não vai acontecer nada, e assim foi feito. 

O tempo passava e Virgulino sem sono permanecia acordado junto à fogueira, mas quando se aproximava a hora zero, de repente o velho se levanta e diz em alta voz acordando a todos:

- Virgulino Ferreira da Silva filho de José Ferreira da Silva e dona Maria Lopes de Oliveira, você é um homem bom e justo, você vai ter muitas tristezas e também passará por muitos perigos e dificuldades, mas Deus vai lhe guardar até seu dia chegar, e ate lá você vai fazer infinita justiça neste sertão sem lei, você será a luz do povo sertanejo, você brilhará como a luz de um “lampião’’ pelas caatingas desta terra que é sua! 

Neste instante todos contemplam um inesperado relâmpago que corta o horizonte de ponta a ponta num céu límpido e estrelado. em seguida no silêncio da noite escura ouve-se o fragor de um imenso trovão que ecoa pelo vale afora, no mesmo momento uma rasga mortalha assustada cruza o acampamento crocitando seu canto soturno e intimidador. Todos permanecem perplexos e calados, e após a tal profecia, o velho se aconchega sobre a relva macia e adormece, e nas redes todos os jovens, exceto Virgulino; vencidos pelo cansaço ferram no sono.

No alvorecer do dia seguinte antes da juriti despertar o sertão, Virgulino ateia as brasas do borralho da extinta fogueira e faz um delicioso café, Domingos e os outros dois companheiros também chegam ali para o desjejum. O dia começa a clarear quando um dos rapazes diz: 

- Olhem todos, o velho sumiu! Sim ele foi embora sem deixar vestígios.

Virgolino ficou encafifado com a revelação do beato, e matutava consigo mesmo: 

- Mas como pode se ele não me conhecia, como é que sabia o nome dos meus pais? 

Nisso seu primo Domingos que já havia preparado tudo para a viagem, disse:

- Tá tudo pronto! Vamos embora “Lampião. 

Os dois rapazes sorriram, mas Virgulino não respondeu, só fechou a cara e carrancudo subiu na carroça.

CONTINUA...


Enviado pelo  autor

Francisco Carlos Jorge de Oliveira é pesquisador e cabo da Polícia Militar no Estado do Paraná.

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