Seguidores

quarta-feira, 25 de abril de 2018

DEBATE DO POVO


Por Manoel Severo
 
DEBATES DO POVO, na rádio O Povo-CBN, com o jornalista Plínio Bortolotti; logo mais ás 11 da manhã, tudo sobre o Cariri Cangaço Fortaleza; IMPERDÍVEL. 

Com as presenças de Manoel Severo Barbosa, Aderbal Nogueira e Ângelo Osmiro Barreto. Acompanhe pelo Rádio, Internet e Redes Sociais.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1777228082299042&set=gm.807421949466751&type=3&theater&ifg=1

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

BRASIL FOI CHAMADO PARA OCUPAR A ÁUSTRIA

Brasil-na-segunda-guerra

EUA queriam que Brasil assumisse controle sobre a terra natal de Hitler depois do fim da 2.ª Guerra Mundial

Wilson Tosta, O Estadao de S.Paulo
Fonte – http://www.planobrazil.com/pais-foi-chamado-a-ocupar-a-austria/
Um dos mais prestigiados pesquisadores das relações militares entre americanos e brasileiros, o historiador Frank McCann, da Universidade de New Hampshire, revela que o Brasil recusou gestões dos EUA para participar da ocupação aliada da Áustria após a 2ª Guerra (1939-1945).
feb-V-Army
A sugestão, rejeitada por motivos ainda hoje não esclarecidos, poderia, se aceita, ter modificado substancialmente o papel brasileiro nas relações internacionais no pós-guerra e facilitado o caminho para o País obter a almejada cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, acredita o professor.
DSCF0698 - Cópia
Frank McCann e Rostand Medeiros, responsável pelo blog TOK DE HISTÓRIA, visitando o prédio da Rampa, em Natal.
“O general (Mark) Clark (comandante aliado na Itália) foi mandado para a Áustria como chefe de ocupação e, conhecendo os brasileiros, pensou que seria interessante tê-los”, revela o historiador, autor de Soldados da Pátria – História do Exército Brasileiro 1889-1937 (Companhia das Letras).
FEB016
Pracinhas da FEB na Itália
“Mas, sem documentos, não posso dizer por que o Brasil não entrou nisso. Não sei até que nível o governo brasileiro foi consultado.” O historiador ainda procura pelos relatórios anuais de atividades do Exército de 1945 e 1946, nos quais espera achar pistas do motivo da recusa. Os volumes são os únicos que não estavam nem na Biblioteca do Exército, nem em seu Arquivo, nem em seu comando, em Brasília. McCann conta que, no imediato pós-guerra, os americanos desmobilizaram rapidamente suas tropas na Europa. Para a ocupação, seria necessário recrutar mais gente, por meio de convocação de cidadãos dos EUA. Os militares que combateram não foram os mesmos que depois ocuparam o território europeu. Nesse panorama, o comando aliado lembrou que, dos 25 mil pracinhas enviados pelo Brasil à Itália, 10 mil, por falta de tempo para receber o treinamento, não entraram em combate – tinham passado o tempo no ciclo de instrução preparatória. No fim do confronto, foram consideradas tropas “descansadas”, logo, prontas para participar da ocupação.
Pelotão-da-FEB-(Força-Expedicionária-Brasileira)-em-Camaiore,-na-Toscana-(Itália);-cidade-foi-a-primeira-a-ser-conquistada-pelos-brasileiros-em-1944
Gruppo di soldati della BEF a Camaiore – http://codinomeinformante.blogspot.com.br/2011/04/folha-de-sao-paulo-pracinhas-foram-2.html
“Durante a guerra, uma divisão não era grande coisa, mas, como os EUA se desmobilizaram muito rapidamente, uma divisão brasileira na Europa após a guerra teria sido, sim, grande coisa, de fato”, diz ele. A Áustria teve importância central no conflito. Remanescente do Sacro Império Romano Germânico e do Império Austro-Húngaro sob a Dinastia Habsburgo, além de terra natal do ditador nazista Adolf Hitler, o país foi anexado pelos alemães em 1938, como parte da tentativa de construir a “Grande Alemanha” sob o 3.° Reich. Após a 2ª Guerra, foi dividida entre EUA, Grã-Bretanha e URSS, que permitiram que os austríacos formassem um governo provisório. Os aliados estabeleceram que o país seria separado da Alemanha e não poderia aderir a tratados militares, o que a levou à neutralidade na Guerra Fria. Em 1955, sua ocupação foi suspensa.
Tudo-Sobre-a-FEB
O general Mascarenhas de Morais recebendo frutas de uma camponesa italiana
O pesquisador relata ainda que o diplomata Vasco Leitão da Cunha ouviu, em Roma, que o general britânico Harold Alexander teria dito: “O brasileiro é um belo soldado. Lamento saber que eles querem voltar para casa e não ir para a Áustria.” Leitão da Cunha, relata, telegrafou para o Itamaraty dizendo que “o Brasil tinha de ficar”, ouvindo como resposta: “Isso é cavação deles para ganhar ouro.” O Brasil temeria pagar despesas da ocupação. McCann diz ainda que o comandante do 4º Corpo do 5º Exército dos EUA, do qual a FEB era parte, general Willis Crittenberger, consultou o então coronel Castello Branco (que, em 1964, seria o primeiro presidente do regime militar) sobre a possibilidade de o Brasil participar da ocupação da Itália, em 10 de maio de 1945 – pouco depois do Dia da Vitória, quando a Alemanha se rendeu.
brasil_febun11iforme
“Castello disse algo sobre o Brasil não participar do conselho aliado para governar a Itália, então não deveria ter tropas envolvidas”, diz. “Acho que, se o Brasil tivesse participado da ocupação, teria ganho o assento no novo Conselho de Segurança e no pós-guerra teria tido um status muito, muito maior.” ENCONTRO O I Seminário de Estudos sobre a FEB será promovido pelos Programas de Pós-Graduação em História Social das universidades federais do Rio de Janeiro e de Londrina e terá dez sessões temáticas. Além de McCann, participarão do encontro os pesquisadores Celso Castro, da Fundação Getúlio Vargas, José Murilo de Carvalho, da UFRJ, e Vagner Camilo, da Universidade Federal Fluminense, entre outros. O evento será no IFCS/UFRJ, no Largo de São Francisco, 1, no Centro do Rio.
https://tokdehistoria.com.br/2018/04/21/pais-foi-chamado-a-ocupar-a-austria/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

PARABÉNS AO PREFEITO E A SANTANA

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de abril de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.887

       Publicamente agradeço ao convite do Prefeito Isnaldo Bulhões e sua vice Christiane, em relação ao evento no Hotel Privillege. Tratava-se da apresentação oficial de projetos estruturantes para o município de Santana do Ipanema: Barragem João Gomes, Santuário Turístico Senhora Sant’Ana e pavimentações.
Ravina no riacho João Gomes. Foto: (B. Chagas, extraída do livro inédito "Repensando a Geografia de Alagoas").
Cabe aos escritores o uso dos seus escritos para lutar por todas as melhorias do torrão natal. Exaltar, orientar, criticar, são verbos que se não usados pela causa da terra, desmerecem o escritor, levando-o à mediocridade.
Por motivos alheios ao meu desejo, perdi o evento e a oportunidade em primeira mão, de ficar bem informado sobre o projeto estruturante, não podendo falar muito sem conhecimento seguro.
Sobre a barragem no riacho João Gomes, para quem não sabe, é um afluente do rio Ipanema. Diz o nosso livro ainda inédito: “Repensando a Geografia de Alagoas” que o riacho João Gomes nasce no sítio Tingui, rodeia a cidade com distância aproximada da sede, em 3 km e vai despejar no rio Ipanema no sítio também João Gomes, percorrendo ao todo cerca de 10 km. O comentário que ouvi é que a barragem será a maior do município. Como perdi o evento, fiquei desinformado em que sítio será essa barragem. Desde já antevejo sua serventia para o homem rural e desejo estar presente na inauguração.
Sobre o banho de asfalto que vem aí para a nossa cidade, é sair do passado e entrar no presente, pois quem não sabe dos inúmeros benefícios do asfalto e a mudança geral da paisagem? A própria sinalização já insinua a cidade como pequena capital. A valorização é um atrativo para empreendimentos oficiais e particulares jamais imaginados que surgirão.
Quanto ao santuário da serra Aguda, fará desenvolver mais ainda o Bairro Floresta onde estão o Hospital e a UFAL. Meu sonho era construir a imagem no serrote do Cruzeiro com 35 metros de altura, baseado na torre da igreja Matriz. Mas (ainda por comentário) se a imagem de Santa Ana vai ficar com sessenta metros de altura, será a maior estátua sacra do mundo.
Outros comentários não cabem numa crônica. Mais uma vez, vênia pela minha ausência no “Hotel Privillege” (outro arrojado empreendimento particular). E, coerentemente, parabéns ao prefeito Isnaldo Bulhões e sua vice Christiane. Três magníficas obras para Santana do Ipanema.


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

A TRISTE HISTÓRIA DE DONA FEIA

*Rangel Alves da Costa

Dona Feia se enclausurou no seu mundo de modo tão resoluto que quase ninguém sabia mais de sua existência. Talvez por não saber onde estava a mulher, se ainda viva ou se já descambada dessa vida, todos que passavam diante da janela olhavam naquela direção. O desejo maior era ver algum sinal de Dona Feia, ainda que pelas brechas da madeira.
Acaso se aproximasse mais e olhasse atentamente em direção às frestas, certamente encontraria sombras do olhar de Dona Feia se esgueirando do outro lado, vigiando o mundo, a rua e os seus caminhantes pelas juntas corroídas da madeira. Mas não avistaria a feição entristecida, o olhar carregado de dor, a solidão em pessoa.
Coitada de Dona Feia. Vivendo enclausurada, na solidão da vida, distante de tudo, sem nunca mais ter colocado os pés além da portada, simplesmente porque se imaginava a mulher mais feia do mundo. E não adiantava qualquer conhecido querer demovê-la desse pensamento, eis que se achava com razões sentimentais suficientes para se achar assim.
Ao menos o espelho dela não falava, como ocorre com o de muita gente, pois emudecera de vez pela velhice do tempo. Mas toda vez que ela chegava chorosa, quase não encontrando coragem para se olhar, ele tinha vontade de dizer que não suportava mais vê-la assim tão entristecida por uma situação que não existia. Ora, mas você não feia! Diria.
Mas a sua mudez impedia de dizer qualquer coisa e ter de suportar calado aquele injusto, profundo e doloroso sofrimento. Mas culpa dela, sabia. Culpa da própria Dona Feia. Quando jovem não saía diante do espelho, toda alegre e sorridente, cheia de festeiro no espírito e na alma, alardeando a própria beleza sem igual. E bonita mesmo a danada.
E se penteava de minuto a minuto, cantava, recitava versos, se enchia de ruge e batom, colocava um brinco e no outro instante já vinha com outro, se achando uma verdadeira princesa. Lavandas, loções, uma verdadeira primavera respingada pelo corpo inteiro. Somente o espelho sabia dos motivos daquela festa toda, daquele enfeitamento todo. Estava apaixonada. E estava mesmo.


Estava apaixonada, mas não correspondida. Também o rapazinho sequer imaginava do amor nutrido por aquela mocinha. Olhava-a de um jeito diferente, pois imaginava também ser olhado de forma diferente, com um brilho de primeiro sol naquela feição tão doce e angelical. Mas nunca se aproximou por medo de ser ignorado por ela. Não sabia, contudo, que o seu distanciamento se tornaria num verdadeiro martírio para a vida da mocinha. E foi por isso que começou a surgir a feiura na moça bonita. E também o nome Dona Feia.
Sentindo-se rejeitada, recusada pelo rapaz, começou a colocar a culpa em si mesma. Daí em diante já não procurava tanto o espelho e as vezes que dele se aproximava era com feição entristecida, chorosa, sentindo-se a mulher mais desprezível e inexpressiva do mundo. E assim porque colocou na cabeça que a recusa era motivada pela sua falta de beleza, pela sua feiura. Então se olhava como feia, se via como feia, passou a se sentir a pessoa mais feia do mundo.
E uma pessoa tão feia não pode sair por aí servindo de zombaria para os outros, logo imaginou antes de tomar a decisão que mudaria para sempre o seu destino. Eis que decidiu abdicar do mundo exterior, resolveu não mais sair pelas ruas e se fechar de vez nas quatro paredes de sua casa, principalmente na solidão sombria de seu quarto. Resoluta, passou a fazer de seu quarto todo o universo que dispunha. Poucas vezes andava pelos outros aposentos da casa, mas jamais abrir a porta e sair para abraçar o sol. Talvez o sol também não brilhasse diante de sua feiura, pensava.
Olhava a vida por trás da janela, escondida, apenas lançando o olhar para o mundo lá fora. Via pessoas passando e olhando naquela direção. Via quando seu moço bonito passava e depois disso chorava o resto do dia, transbordando na noite. Já não se olhava no espelho, já não se penteava, praticamente havia rejeitado viver. Um dia ouviu alguém batendo à janela. As batidas se repetiram diversas vezes. Mas não abriu no momento.
No instante seguinte, caminhou devagarzinho e foi até a fresta. Avistou alguém caminhando, já indo embora. Era ele. Não tinha dúvidas. Ao olhar mais abaixo, rente ao umbral, percebeu uma flor. Mas tarde demais para pensar em poesia, em amor, na vida. A morte lhe cairia como uma beleza infinita. E Dona Feia partiu com sua beleza e sua dor.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

103 ANOS DO ANIVERSÁRIO DE NASCIMENTO DA CANGACEIRA DADÁ.


Os livros mais vendidos no mundo atualmente são os livros de auto ajuda, as livrarias estão cheias deles. Dadá é o melhor livro de auto ajuda que eu conheço. Ela vivenciou cada segundo de sua existência com bravura, coragem e determinação ímpar. Teria se assim quisesse motivos para viver recolhida e afastada, se lamentando por tudo que a vida lhe ofereceu. 


Mas, ela resolve, ainda criança ser líder da sua própria história. E TODAS as coisas que para muitas mulheres seriam impossíveis, para Dadá o impossível não existia. Sua condição de mulher, nascida no sertão nordestino, em uma família pobre não foram motivos para diminuir a sua vontade que tinha de viver. 

E assim foi durante sua passagem pelo Cangaço como companheira de Corisco, e mesmo depois, com o fim do Cangaço, sua luta continuou, agora não com armas, mas com muita Coragem e Bravura que lhe foram constantes durante toda sua existência. Dadá, uma mulher que venceu!

Fonte: facebook

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

AS TRÊS PERGUNTAS DO REI (Uma história de Trancoso)

Por José Gonçalves do Nascimento

A inveja, caro leitor,
é amiga da ambição,
favorece o mau instinto,
e empobrece o coração,
roubando a dignidade,
levando à corrupção.

II
Um príncipe muito rico,
mostrando coração nobre,
com toda boa vontade,
chamou um fidalgo pobre,
e a título de comenda,
deu fazenda, ouro e cobre.

III
O novo proprietário,
cheio de generosidade,
dividiu em cinco partes
aquela propriedade,
reservando duas partes
para sua necessidade.

IV
As três partes restantes,
reservou o comendador
para o bem do povo pobre,
do doente e sofredor,
demonstrando em tudo isso
ser um homem de valor.

V
Não se via mais miséria
na inteira freguesia,
o povo estava contente,
na mais plena harmonia,
e o novo proprietário
de tudo se comprazia.

VI
Mas ali havia um homem
Que vivia a reclamar
do bem que se fazia
aos pobres do lugar,
querendo de toda forma
de tudo isso desfrutar.

VII
Tomado pela inveja 
procurou o comendador,
e sem qualquer cerimônia,
foi dizendo: “meu senhor,
por que gasta sua fortuna
com esses cães sem valor”?

VIII
“Por que em vez de manter
essa corja de bandido,
não dá o dinheiro a mim,
que tanto tenho servido”?
Ao que o comendador
se recusou decidido.

IX
Com isso o invejoso
partiu pra casa do Rei,
e chegando lá falou: 
“quero contar o que sei,
o que faz Dom o Simão,
de certo não é de lei”.

X
“O comendador Simão
não está girando bem,
desperdiça sua fortuna
ainda o tempo que tem,
alimentando seus cães,
que aliás são mais de cem”.

XI
O Rei então deduziu:
“deve ser um caçador,
gastando tanto dinheiro
com coisa desse teor!”
E partiu sem demora,
pra ver o comendador.

XII
O comendador ficou
tomado de emoção,
quis beijar a mão do Rei,
mas o Rei negou a mão,
chateado que estava 
com toda situação.

XIII
Disse o Rei caro amigo: 
“erro não me satisfaz,
vim aqui para puni-lo
do mal que tanto faz,
se responder três perguntas,
contudo, terá a paz”.

XIV
“Eis a primeira pergunta,
que eu faço sem rodeio,
e espero que responda
sem vacilo, nem bloqueio,
me diga caro Simão:
onde do mundo é o meio”.

XV
“Eis a segunda pergunta,
que faço sem escarcéu,
e se souber responder,
vou até tirar o chapéu:
me diga qual a distância 
entre a terra e o céu”.

XVI
“Eis a terceira pergunta,
que faço sem confusão,
e espero que responda
com a maior precisão,
me diga o que agora
pensou o meu coração”.

XVII
Falou o Rei decidido:
“terá tempo pra pensar,
pensa bem no que dizer,
pois não poderá errar,
quando tiver as respostas
por favor me procurar”.

XVIII
O comendador Simão
ficou muito preocupado,
se não respondesse ao Rei,
Iria ser penalizado,
deixando todo seu povo
por demais prejudicado.

XIX
A fim de esfriar a mente,
saiu ele a passear,
e para a sua alegria,
viu alguém a trabalhar:
era o homem que cuidava
da limpeza do pomar.

XX
Esse dito lavrador
era muito parecido
com o bom comendador,
podendo ser confundido,
mesmo que o parentesco
nunca tivesse existido.

XXI
Percebendo o lavrador
quão grande era a tristeza
do comendador Simão,
implorou por gentileza,
que contasse a sua mágoa,
que ele ouvia com presteza.

XXII
Vendo o comendador
tamanha afabilidade.
resolveu abrir o jogo
e contar toda a verdade,
revelando ao amigo
toda sua infelicidade.

XXIII
Então disse o lavrador:
“tudo se remediará
se nós dois nos parecemos,
isso só nos bastará,
a partir desse momento,
em minha pele atuará”.

XXIV
“Tome aqui as minhas roupas,
dê-me as suas por favor,
doravante será eu,
e eu serei o senhor,
e no lugar um do outro,
cada um será ator”.

XXV
Partiu então Dom Simão,
com roupa de lavrador,
foi fazer o seu trabalho,
junto aos pobres do setor,
enquanto falava o outro
com o Rei perguntador.

XXVI
Ao se aproximar do Rei,
disse o falso Dom Simão:
“pronto estou pra responder,
e não pularei questão,
começarei do começo,
com a sua permissão”.

XXVII
“Quanto à primeira pergunta,
é fácil de respostar,
pois sendo o mundo redondo,
o meio é qualquer lugar”.
Diante dessa assertiva
teve o Rei de concordar.

XXVIII
“Quanto à segunda pergunta,
é fácil de responder,
a distância para o céu
é quanto o olho pode ver”.
Diante de tal verdade 
teve o Rei de aquiescer.

XXIX
“Quanto à terceira pergunta,
falo com convicção,
perguntou a Vossa Alteza
que pensa seu coração,
é evidente que ele pensa
que fala com Dom Simão”.

XXX
“A verdade, todavia, 
é de outra natureza,
Dom Simão agora está
percorrendo a redondeza,
visitando a sua gente,
e socorrendo a pobreza”.

XXXI
Naquele momento o Rei,
caiu na realidade:
descobriu que os tais cães
não eram cães de verdade,
eram os pobres que Simão
socorria de boa vontade.

XXXII
O Rei de tudo aquilo,
admirado ficou,
e chamando os dois amigos,
sem demora premiou,
enquanto que o invejoso,
para o xilindró mandou.


José Gonçalves do Nascimento
jotagoncalves_66@yahoo.com.br

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

LIVROS


Clássicos da Literatura Nordestina. Viagens ao Nordeste do Brasil, de Henry Koster, o Inglês que no início do século XIX fez uma viagem pelo interior do Nordeste. A 1ª edição é de 1816, Londres e em 1898 saiu a primeira edição Brasileira. Já na 12ª edição, 2003. Obra indispensável aos estudiosos da História Nordestina. 

Dois volumes, 611 páginas. Preço R$ 100,00 com frete incluso. franpelima@bol.com.br e WhatsApp 83 9 9911 8286.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

PEDRO MOTTA POPOFF TOMARÁ RUMO À FORTALEZA-CE


Bom dia, amanhã sigo para Fortaleza, só estou triste porque esqueci minha perneira em Bauru..., mas de resto estou muito feliz.


Adendo:
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Se o Pedro Motta Popoff vai à Fortaleza, com certeza, Marcelo Popott e Carla Motta irão também.

 Feliz viagem, pais e filho!

https://www.facebook.com/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

LAMPIÃO E CORISCO: UMA DURA PERSEGUIÇÃO À FAMÍLIA JUREMEIRA NO OLHO D’ÁGUA DOS COELHOS.

Por João de Sousa Lima
Escritor João de Sousa Lima e José Juremeira Filho

“SANTO ANTONIO DA GLÓRIA DO CURRAL DOS BOIS NO TEMPO DO CANGAÇO”.

Curral dos Bois foi uma das primeiras povoações a acolher Lampião depois que ele atravessou de Pernambuco pra Bahia.

O Chefe Político de Glória, o coronel Petronilio de Alcântara Reis, acabou tendo seu nome ligado com o cangaço e Lampião em várias histórias, foi coiteiro famoso e também inimigo depois que traiu Lampião, traição que Lampião pagou incendiando várias fazendas do coronel dentro do Raso da Catarina.


Uma das mais importantes famílias de Glória, família de sobrenome Juremeira, que vivia no povoado Olho D’água dos Coelhos, sofreu grande perseguição de Lampião e Corisco.

Para entender um pouco da história dessa família e a ligação com o cangaço devemos tomar conhecimento que Pedro Juremeira foi delegado na fazenda Caibos (Caibros) e por isso ficou marcado pelo cangaço. Era também quem fazia a segurança do coronel Petro e era proprietário de um barco que fazia a travessia do Rio São Francisco entre Bahia e Pernambuco, entre Rodelas e Petrolândia. A fazenda Caibos hoje está inundada e as pessoas estão residindo nas agrovilas II e III.

Lampião mandou um recado para Pedro para que em um dia marcado ele fizesse a travessia dos cangaceiros do lado pernambucano para o lado baiano, e Pedro não atendendo a solicitação, convocou alguns policiais, e quando da aproximação dos cangaceiros acabaram trocando tiros com o grupo de Lampião, começando aí uma grande “Rixa” entre os dois.

Manuel Juremeira e Hemernegilda de araújo

Em uma das perseguições dos cangaceiros a Pedro Juremeira, Corisco, a mando de Lampião, pegou um primo de Pedro, chamado Leonídio (Lió), no povoado Olho D’água dos Coelhos, pra ele informar onde poderia encontrar Manuel Juremeira, pois não conseguiam encontrar Pedro e quem iria pagar a vingança dos cangaceiros era Mané Juremeira. Lió levou os cangaceiros até a roça “Pé da Serra”, e chegando lá, prenderam Manuel na roça e o trouxeram para sua residência, onde estava a esposa Hermenegilda “Miné” com os quatro filhos: Otacílio, Ananias, Lídia e Joana.

Otacílio Juremeira

Na casa de Leonídio ficaram três cangaceiros vasculhando baús e armários em busca de jóias e dinheiro, enquanto Corisco seguia com mais dois cangaceiros e o refém para a roça.

Chegando próximo de Mané Juremeira Corisco sentenciou o aflito rapaz de morte dizendo:

- Sabe com quem ta falando?

- Não!

- Corisco! Você vai morrer no lugar de seu irmão!

- Eu sou contra meu irmão! Morrerei inocente e sem culpa, mais maior que Deus, ninguém!

- Nada de Deus! Deus hoje aqui é a gente!

Os cangaceiros manobraram os fuzis e apontaram para os peitos e costelas de Manuel. Nesse momento dona Miné saiu de dentro da casa  e correu e se abraçou com o marido:

- Aqui você não mata não! Meu marido é inocente!

- Saia da frente que vim matar foi homem e não mulher!

Nesse momento foi chegando Filigeno Furtuoso, amigo de Manuel que era tropeiro e residia na Tapera da Boa Esperança, em Penedo, Alagoas. O amigo sempre que passava na região dormia na casa de Manuel pra no outro dia viajar até Jeremoabo, onde comprava uma carga de fumo para sair revendendo, em sua junta de cinco burros.

Diante dos olhares dos cangaceiros e da situação em que encontrou o amigo Manuel, o tropeiro falou:

- Taí esses cinco burros arreados e eu lhe dou em troca da vida desse homem!

- Negativo! O senhor tem dinheiro?

- Não tenho! O que eu tinha era 800 contos de réis, mais os outros cangaceiros que estão na casa de Leonídio já pegaram.

- E daqui a 30 dias?

Nesse momento o próprio Manuel respondeu:

- Aí eu tenho!

- Então vou liberar você e se não pagar eu volto e mato todo mundo.

Manuel escapou nessa hora.

O sargento Zé Izídio ficou sabendo do acontecido e intimou Manuel a ir a delegacia. Quando Manuel chegou o sargento o acusou:

- É você que é Mané Juremeira protetor de bandido?

- Sou Mané Juremeira, mais protetor de bandido, não! Eu prometi pagar uma quantia para não morrer!

- Então agora você vai ter que vir morar em Glória!

Manuel foi obrigado a vir residir em Glória e nunca pagou a quantia estipulada por Corisco. Tempos depois os cangaceiros acabaram encontrando o tão procurado Pedro Juremeira em uma fazenda chamada Papagaio, em Pernambuco. Pedro estava dentro de uma casa e os cangaceiros o cercaram, prenderam o rapaz, amarraram em um mourão, perfuraram o corpo do rapaz todo com pontas de punhais e foram almoçar na residência. Depois do almoço os cangaceiros retornaram onde estava o corpo e descarregaram as pistolas na cabeça do já falecido jovem.

Depois de três dias da morte de Pedro, o pai do rapaz, Teodório Juremeira, mandou um recado para uns amigos descerem o corpo de Pedro em uma canoa até Santo Antônio da Glória onde foi enterrado. Quando a família encontrou o corpo já estava apodrecido e tiveram que derramar uma lata de creolina.

Trinta dias depois do sepultamento os cangaceiros mandaram o portador Martim Gabriel, primo de Manuel Juremeira, que residia nas Caraíbas, Brejo do Burgo, com uma carta, cobrando o dinheiro que Manuel prometeu.

- Diga a eles que não mando não! Eu já moro na cidade e se eles quiserem vim aqui incendiar minha casa pode vir!

Depois de três anos o governo armou toda a população de Santo Antônio da Glória. Mané Otacílio e Ananias pegaram em armas para fazer essa defesa do local.

Quando mataram Lampião a família Juremeira retornou para suas roças no Olho D’água dos Coelhos, porém, na época de Lampião e Corisco, quando eles eram os senhores das caatingas do Raso da Catarina, “Os Juremeiras” sofreram perseguições e mortes.

Paulo Afonso, 16 de outubro de 2017.
João de Sousa Lima
Historiador e Escritor
Membro e Vice-Presidente da Academia de Letras de Paulo Afonso.
Membro da SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço.

Enviado pelo escritor e pesquisador do cangaço João de Sousa Lima


http://blogdomendesmendes.blogspot.com