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quinta-feira, 12 de junho de 2014

DA HISTÓRIA AO MITO: 82 ANOS DE RESISTÊNCIA DE MOSSORÓ AO BANDO DE LAMPIÃO


Michaell Magnos Chaves de Oliveira. Graduado em Ciências Sociais e em Direito. Servidor UERN. E-mail: michaellmagnos@bol.com.br.

Resumo

A Resistência de Mossoró ao grupo do cangaceiro Lampião completou 82 anos neste dia 13 de junho. O cangaço foi um movimento predominantemente nordestino e sertanejo do final do século XIX e início do XX. Em parte, condicionado pelo meio social de miséria e opressão e, também, pelo banditismo e violência gratuitos, os cangaceiros foram homens que contrariaram a ordem vigente. Vivendo em uma sociedade paupérrima, caracterizada por um modelo agrícola produtivo baseado na concentração e no latifúndio, na qual os poderosos tinham um grande poder de retaliação, o banditismo era uma estratégia de sobrevivência. Este trabalho objetiva entender o fenômeno do cangaço e as causas do insucesso na invasão da cidade de Mossoró – RN que, na época, já despontava como um centro comercial promissor. Foi realizado um levantamento bibliográfico (CHIAVENATO 1990, FERNANDES 1985, NASCIMENTO 2002.) e documental acerca do tema. Procedemos com o levantamento histórico das informações, utilizamos uma análise de discurso. Os resultados obtidos revelam que a resistência ao grupo de Lampião à investida contra a cidade de Mossoró foi, sem dúvida, um marco para o estudo do fenômeno-cangaço e para a história do município. Essa resistência foi sobretudo o resultado da união de forças da municipalidade com os setores abastados do município. Como critério inovador, tratamos da defesa, enquanto fenômeno espacial, circunscrito ao centro da cidade, onde concentrava-se as casas comerciais e demais instituições de poder. A revisão da História “oficializada”, a desconstrução de mitos é fundamental para o estabelecimento da pesquisa histórica, podendo contribuir de forma significativa para as concepções adotadas para o ensino da História.

Palavras Chave: Lampião; Mossoró; Resistência.

Introdução

A Resistência de Mossoró ao bando do cangaceiro Lampião completa neste dia 13 de junho, oitenta anos, este fato tão marcante na memória dos mossoroenses constitui-se num elemento de investigação neste texto.

Objetiva-se entender o fenômeno do cangaço, e as causas do insucesso na invasão da cidade, que na época já despontava como um centro comercial promissor, que soube organizar-se e defender o seu patrimônio.

Este movimento de defesa concentrou-se no centro da cidade, onde a riqueza do município era concentrada e resultou de um esforço incansável do prefeito Rodolfo Fernandes e de sua população.
Mossoró da Época

Há exatos oitenta anos, a cidade de Mossoró travava uma luta armada em defesa de seu território, de seu povo. Uma luta de resistência à invasão do bando do destemido cangaceiro Lampião à cidade.

Nos anos vinte do século passado, a cidade de Mossoró vivia um período de desenvolvimento econômico invejável, mesmo estando situada no semi-árido nordestino, o comércio e a indústria viviam um expansionismo singular. Segundo Geraldo Maia do Nascimento, a cidade:

Possuía o maior parque salineiro do país, três firmas comprando, descaroçando e prensando algodão, casas compradoras de peles e cera de carnaúba, contando com um porto por onde exportava seus produtos e sendo, por assim dizer, um verdadeiro empório comercial, que atendia não só a região oeste do Estado, como também algumas cidades da Paraíba e até mesmo do Ceará. (NASCIMENTO, 2002, p.57).

As informações de Raul Fernandes (1985) e de Geraldo Maia do Nascimento (2002) indicam que a população do município de Mossoró girava em torno 20.300 pessoas, para se ter uma idéia, a capital do Rio Grande do Norte, Natal, na época contava com uma população de aproximadamente 30.600 habitantes, isso tudo alimentava ainda mais a rivalidade entre os dois municípios, já que no início do século XX, do ponto de vista econômico, a cidade de Mossoró desfrutava de maior destaque do que Natal.

Havia na cidade repartições públicas federais e estaduais, uma agência do Banco do Brasil. Contava ainda com estradas de rodagem, energia elétrica, uma estrada de ferro, que se estendia do povoado de São Sebastião, atual município de Governador Dix-Sept Rosado, até o litoral.
Três jornais circulavam na cidade: “O Correio do Povo”, “O Nordeste” e “O Mossoroense”, considerado o mais antigo, pois fora fundado em 1872, e funcionavam quatro estabelecimentos de ensino: a Escola Normal, a Escola do Comércio, o Colégio Diocesano Santa Luzia e o Colégio Sagrado Coração de Maria.

Por tudo isso, Mossoró despertava a cobiça de grupos de bandidos armados que aterrorizavam os rincões dos sertões nordestinos, os temidos grupos de cangaceiros.

Os Cangaceiros

Na busca de uma definição do que viria a ser cangaceiro, vale-mo-nos de uma conceituação de Júlio José Chiavenato.

O cangaceiro lutava pela mera sobrevivência. Era perigoso não só para suas vítimas como para a estrutura falida do Nordeste. Seus atos degeneravam em simples banditismo. Precisava usar de toda a astúcia para sobreviver, porque era caçado como elemento desestabilizador da ordem. (CHIAVENATO, 1990, p.17).

O autor nos dá uma definição de cangaceiro como vítima da ordem social da época, o cangaço sob essa ótica, aparece como uma forma de revolta espontânea ao controle social dos coronéis. Vivendo em uma sociedade paupérrima, na qual os poderosos tinham um grande poder de retaliação, o banditismo era uma estratégia de sobrevivência.

Dessa forma, não podemos conceber o cangaço sem levar em conta que esses homens, sertanejos, foram vítimas do desajustamento da sociedade da época, eram explorados de várias formas e sob vários aspectos pelo Estado, pelo mandonismo dos coronéis, enfim, por um modelo agrícola produtivo baseado na concentração e no grande latifúndio de terra.

Então, o cangaço originou-se a partir dessa desumana estrutura vigente, da época. A era do boi, do grande país do couro e do mundo do fanático, do jagunço e do cangaceiro, tudo e todos controlados pela soberania do coronel. Muitos sertanejos entraram para os bandos de cangaceiros por não mais se acharem capazes de trabalhar sob a grande submissão nas fazendas. Outros fatores foram relevantes como: o desemprego, a fome – em virtude das secas – e sem dúvida nenhuma, o ódio intenso às volantes que perseguiam, além dos cangaceiros, o pobre caatingueiro que, às vezes, dava abrigo aos bandos. (ADELINO, 2003, p.11).

Não queremos descartar aqui as atrocidades cometidas pelos cangaceiros, e não condicioná-los apenas como fruto de um meio social degradante, vários foram os fatores que originaram este movimento e também vários foram os motivos que levaram os sertanejos a pegarem as armas e abraçarem esta vida errante.

Elucidante é a classificação dada por Kydelmir Dantas, dos tipos de cangaceiros:

1 – Injustiçado – Entrou no cangaço para fazer justiça com as próprias mãos, à procura de vingança.(...)

2 – Aventureiro – Devido o fascínio que o cangaço exercia. Aqueles homens e meninos, acostumados com a seca, a força, a vingança e a ouvir os 'causos' e coisas daqueles bandoleiros errantes, que enchiam-lhes a imaginação, tornando-os com heróis.(...)

3 – Facínora – Entrou, em qualquer grupo apenas para se proteger da perseguição policial; era assassino ou ladrão, que continuou a cometer as suas tropelias, amparado pelos companheiros, mas, geralmente, não tinha a confiança de todos. (OLIVEIRA, 1997, p.15).

Por esta classificação e pelas notícias de atrocidades cometidas pelos cangaceiros, temos que ter em mente a banalização da violência, o espírito sanguinário e vingativo, a crueldade e a total insensibilidade à honra e a dignidade da vida humana, em muitas das ações cometidas por esses grupos.

Destacamos o massacre de três rapazes, ocorrido nas imediações da cidade de Martins, pelo bando de Lampião, quando dirigiam-se a Mossoró, narrado por Raul Fernandes.

Os bandidos liquidaram os feridos com selvageria, despojando-os de tudo. 'Capuxu' vendo Bartolomeu Dias da Costa, baleado, prostrado por terra, mandou o refém Manoel Barreto segurá-lo. Em seguida, apunhalou-o várias vezes. Barreto ficou apavorado.

Ao entardecer, os martinenses vêem entrar na cidade, as redes com os corpos dos inditosos rapazes. Assistem compungidos à triste cena. O laudo cadavérico revelou o modo cruel como foram assassinados. Bartolomeu teve os olhos arrancados, ventre dilacerado e várias mutilações. Sebastião Trajano e Francisco Camelo, além dos ferimentos à bala, foram esfaqueados. (FERNANDES, 1985, p. 106 e 107).

Sobre Lampião

Antes de liderar um dos maiores bandos de cangaceiros do Nordeste, Lampião atuou em três diferentes grupos. O primeiro foi no bando dos irmãos Porcino, mas não ficou por muito tempo. Por volta de 1920, Lampião perdeu os pais em virtude das constantes brigas com os 'cabras' de Nazaré, especialmente, Zé Saturnino e daí, passou a atuar em outro grupo, o de Antônio Matilde. É ainda neste mesmo período, que os irmãos mais velhos da família Ferreira, de fato, ingressam no cangaço. É no bando de Sebastião Pereira (Nhô Pereira) que Virgulino, Antonio e Livino são bem aceitos. (ADELINO, 2003, p.14).

Lampião passa a liderar o bando de Nhô Pereira por volta do ano de 1922, quando este deixa o cangaço. Virgulino observava de modo severo o cumprimento das regras por todos os componentes do bando. Suas ações ousadas e destemidas ganharam a admiração, o respeito, o temor e a fama nos sertões nordestinos. Estendendo os limites da fama além Nordeste, pois até hoje em dia, Lampião é o expoente do cangaço mais lembrado em todo o Brasil. “Havia vários anos lampião corria os sertões do Nordeste levando o medo à sua frente e deixando em seu rastro uma legenda de vinditas que crescia ininterrupta pelos pequenos povoados, vilas ou cidades”. (PEDROSA, 1997, p. 47).

As Primeiras Ações do Grupo de Lampião no Rio Grande do Norte

Nos primeiros meses de 1927, o Rio Grande do Norte é atacado pelo bando de Lampião.

Em 10 de maio de 1927, um grupo liderado por Massilon, vulgo Benevides, saqueia a cidade do Apodi, eles entram pelo Ceará e depois de ameaçarem, surrupiarem e depredarem prédios na pequena cidade oestana, na manhã do dia seguinte, roubam o vilarejo de Gavião, atual cidade de Umarizal. O Bando chefiado por Massilon passou ainda pelo vilarejo de Itaú e depois retornaram ao Ceará para o encontro marcado com Lampião.

No dia 10 de Junho, a marcha penetra no município potiguar de Luís Gomes, tendo sua primeira investida contra a Fazenda Nova, localizada no sopé da Serra de Luís Gomes. Adentram o município de Pau dos Ferros, próximo à vila de Vitória (atual Marcelino Vieira). No dia 11 de junho penetram no município de Martins, em Boa Esperança (atual cidade de Antonio Martins).

No dia 12 de junho, adentram o município de Umarizal, na época Gavião, depois a cavalgada far-se-ia na Chapada do Apodi. Folgam na Fazenda Santana.

A cidade de Mossoró, através do Prefeito e da classe abastada, começou a ficar inquieta, com insegurança perante as notícias vindas da Chapada do Apodi. O Intendente Cel. Rodolfo Fernandes, de imediato, reuniu essa classe em seu seu palacete, mediante preocupação com o número de contingentes que resguardava a cidade. O 'desassossego' foi geral, pois muitos tinham certeza do ataque do bando a essa cidade, especialmente, o prefeito. (ADELINO, 2003, p.33).

A Organização da Defesa

Após a reunião, o prefeito Rodolfo Fernandes e os demais comerciantes da cidade apuraram uma quantia de aproximadamente vinte e três contos de réis, com os quais, comprariam o armamento para defesa, segundo Raul Fernandes (1985), o cunhado do prefeito, o Sr. Alfredo Fernandes ficou encarregado pela compra.

A resistência se daria principalmente no centro da cidade, onde predominava as casas comerciais, industriais, os estabelecimentos de ensino, as igrejas, as repartições públicas, o Banco do Brasil e as casas dos senhores abastados da cidade.

A defensiva foi uma tarefa árdua, pois desde os primeiros rumores o prefeito não recebeu tantas adesões à organização das forças. A população na sua grande parte zombava da possibilidade de a cidade ser atacada pelo grupo de Lampião, em virtude de fatores como a localização geográfica e o porte da mesma. (PAIVA NETO, 2001, p. 161).

As Trincheiras

Construídas para garantir a defesa dos pontos estratégicos da cidade, as trincheiras espalharam-se pela cidade.

Nessa altura dos acontecimentos, os mossoroenses já convencidos do intento dos cangaceiros, tratavam de preparar a defesa da cidade. O tenente Laurentino era encarregado dos preparativos. E como tal, distribuía os voluntários pelos pontos estratégicos da cidade. Haviam homens instalados nas torres das igrejas matriz, Coração de Jesus e São Vicente, no mercado, nos correios e telégrafos, Companhia de Luz, Grande Hotel, estação ferroviária, ginásio Diocesano, na casa do Prefeito e demais pontos. (SCHULTZ, 2004, p.72).

Observamos a organização da classe mais privilegiada da população, que se organizou na defesa de seus negócios, seus bens, sua terra, recrutando seus empregados, serviçais e populares que ficariam nas trincheiras aguardando o comando de defesa.

As informações davam conta de que o bando se aproximava da cidade, no dia 12 de junho, o bando seqüestra o Coronel Antonio Gurgel do Amaral, o qual é quem escreve uma carta ao prefeito de Mossoró, informando da exigência de 400 contos de réis para a não invasão do bando à cidade.

O prefeito responde ao bilhete informando que a cidade não dispõe da quantia exigida e que encontra-se preparada para receber o bando.

No mesmo dia, o bando de Lampião chega durante à noite ao povoado de São Sebastião (atual Governador Dix-Sept Rosado) realizando verdadeiro estardalhaço no pequeno lugarejo, o jovem Aristides de Freitas Costa, que se encontrava na estação ferroviária liga para a cidade de Mossoró avisando que o bando já chegara a São Sebastião. 

Eram onze horas da noite.

O Alarme

O prefeito de Mossoró ordena que o alarme seja tocado.

Súbito, às onze da noite, os sinos de bronze da matriz, em carrilhonar contínuo, ressoaram em ritmo lento e grave, enquanto os das igrejas menores de São Vicente de Paulo e Coração de Jesus repicavam aceleradamente. O badalar, desordenado e macabro, despertou a população da letárgica descrença. Ninguém conciliou mais o sono, face à terrível certeza da tragédia, prestes a se desenrolar. Ao angustiante aviso, somavam-se os apitos das caldeiras a vapor da Usina Força e Luz e de outras empresas, retidos, a cada instante. (FERNANDES, 1985, p. 121).

A cena que se repetiu, segundo vários autores consultados foi de verdadeiro caos, a população inicia-se a deslocar-se pelas ruas na incerteza de conseguir transporte, desalinhados, deslocavam-se em disparada, em direção à costa, vagavam em busca de parentes e amigos. A ordem era de que quem estivesse desarmado, saísse da cidade.

A praça da Estação de ferro lotava, era o ponto de embarque para o comboio em direção á Areia Branca durante toda a noite e pela manhã do dia 13 de junho.

Nas ruas, o povo tentava deixar a cidade de qualquer maneira. Mulheres chorando, carregando crianças de colo ou puxadas pelos braços, levando trouxas de roupas, comidas e água para a viagem, vagando na multidão sem rumo. Era uma massa humana surpreendente que se deslocava pelas ruas da cidade na busca de transporte, qualquer que fosse o meio, para fugir antes da investida dos cangaceiros. (NASCIMENTO, 2002, p. 62).

O Confronto

O bando de Lampião deixa o vilarejo de São Sebastião por volta das cinco horas e trinta minutos da manhã do dia 13 de junho, chegando à comunidade chamada de “Saco”, situada a 2 quilômetros de Mossoró, apearam-se e trataram dos últimos ajustes para a invasão.

O bando atravessa a estrada de Ferro e penetra no Alto da Conceição pela Avenida Alberto Maranhão.

Somente à tarde ouviram-se os primeiros tiros. Dezenas de homens correndo em zigue-zague, atirando para o interior das casas de um lado e outro da rua, atravessaram o subúrbio do Alto da Conceição, aos gritos de 'Eita Mossorózinho de açúcar' e rumaram diretamente para a praça principal. (PEDROSA, 1997, p. 48)

Sabino liderava o bando na entrada da cidade, logo dirigiu-se ao patamar da Igreja São Vicente, vestido de militar, para confundir os homens das trincheiras, no entanto, minutos depois veio a ordem para atirar, a partir desse momento, ocorre a troca de tiros entre os cangaceiros e os defensores da cidade. “Tiros partiam de trincheiras localizadas em vários pontos do centro da cidade, o cerco estava fechando-se, o cangaceiro Colchete é alvejado e sucumbe pelas mãos do comerciante Manuel Duarte.” (ADELINO, 2003, p. 38).

O cangaceiro Jararaca tentando auxiliar Colchete, foi alvejado no tórax pelos resistentes da torre da igreja de São Vicente. Recebendo outro tiro na perna fica privado de correr e no dia seguinte é preso, ficando aquartelado na Cadeia Pública, sendo morto no dia 18 de junho do mesmo ano.

Sabino, atirando para o alto, convoca os integrantes para a retirada.

E com estas duas baixas
O bando foi recuando
E, aos poucos, da cidade
Estavam se retirando,
Sem daqui nada levar
Como estavam planejando.
Para o chefe dos bandidos,
Foi grande o prejuízo,
saiu daqui derrotado
Por não crer em nosso aviso
além de sair correndo
ainda saiu mais liso.
(HONORATO, 1977, p.17)

O combate durou cerca de uma hora e meia, por volta das cinco e meia da tarde, Lampião já havia fugido, deixando dois cangaceiros importantes para o bando. Estava consolidada a defesa da cidade empreendida pelo prefeito Rodolfo Fernandes e pelo povo de Mossoró.
Considerações Finais

O cangaço foi um movimento predominantemente nordestino e sertanejo que consistiu numa ação de resposta ao mandonismo dos coronéis e à concentração fundiária presentes no final do século XIX e início do XX.

Em parte, condicionado pelo meio social de miséria e opressão e também pelo banditismo e violência gratuitos, os cangaceiros foram homens que contrariaram a ordem vigente e impuseram medo e terror aos sertões.

A resistência ao bando de Lampião à investida contra a cidade de Mossoró foi sem dúvida um marco para o estudo do fenômeno-cangaço e para a história do município, essa resistência foi um resultado da união de forças da municipalidade, através do prefeito Rodolfo Fernandes com os setores abastados do município, como comerciantes e industriais, destacando-se também a participação de populares que estiveram na linha de frente, posicionando-se nas trincheiras espalhadas pelo centro da cidade.

O estudo e o conhecimento sobre o tema do cangaço e suas singularidades nunca esgota-se, é passível de revisões e de contribuições, com isso reforçamos o nosso intento nestas páginas. A revisão da História “oficializada”, a desconstrução de mitos é fundamental para o estabelecimento da pesquisa histórica, podendo contribuir de forma significativa para as concepções adotadas para o ensino da História.

Referências Bibliográficas:

ADELINO, Lucimeire Almeida. Lampião e a Resistência de Mossoró. 2003. 43 f. Monografia (Especialização em História do Brasil República) – Campus Avançado Prefeito Walter de Sá Leitão, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Assu.
CHIAVENATO, Júlio J.. Cangaço: a força do coronel. São Paulo: Brasiliense, 1990.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio Século XXI Escolar: o minidicionário da língua portuguesa. 4. ed. Rev. Ampliada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
FERNANDES, Raul. A marcha de Lampião: assalto a Mossoró. 3ª ed. Natal: Ed. Universitária da UFRN, 1985.
GASTÃO, Paulo de Medeiros. Quem é quem no cangaço: dicionário dos escritores da cangaço. [S.l.:s.n.], 2002. Volume XXX. (Coleção Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço – SBSC).
HONORATO, Aldivan. 13 de junho: 1927-1977. [S.l.:s.n.], 1977. (Coleção Mossoroense. Série B – Folhetos, nº 264).
NASCIMENTO, Geraldo Maia. Fatos e Vultos de Mossoró: acontecimentos e personalidades – coletânea de artigos. Mossoró: Coleção Mossoroense – Série C. Número 1310, 2002
OLIVEIRA, Antonio Kydelmir Dantas de. Síntese Cronológica do cangaço. In.: ______, Mossoró e o Cangaço: coletânea de artigos. Mossoró: Fundação Vingt-Un Rosado – Coleção Mossoroense, Série C – Vol. 950, 1997. p. 14-18. (Coleção Sociedade Brasileira do Cangaço – volume V).
PAIVA NETO, Francisco Fagundes. Liturgias Políticas do “País de Mossoró”. In.: ROSADO & MAIA, Carlos Alberto de Souza & Isaura Amélia de Souza Rosado (Organizadores). Seminário Dix-sept Rosado: 5 meses de Governo 50 anos de História. Natal: Normalize: SerGraf, 2001 ( v. 2: il, Coleção Mossoroense, Série “C”, v. 1230). Conteúdo: v.2. - Os Rosado em tese.
PEDROSA, Milton. A invasão de Mossoró. In.: OLIVEIRA, Antonio Kydelmir Dantas de. Mossoró e o Cangaço: coletânea de artigos. Mossoró: Fundação Vingt-Un Rosado – Coleção Mossoroense, Série C – Vol. 950, 1997. p. 47-50. (Coleção Sociedade Brasileira do Cangaço – volume V).
SANTOS, Antonio Raimundo dos. Metodologia Científica: a construção do conhecimento. 6ª ed. Revisada. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.
SCHULTZ, Rinaldo Difforene. O Tiro de Guerra de Mossoró: uma história de civismo. [S.l.:s.n.], 2004 (Projeto Rota Batida II).

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SECA VERDE AMEAÇA O SERTÃO

Por Clerisvaldo B. Chagas, 12 de junho de 2014 - Crônica Nº 1208

As chuvas voltaram ao sertão velho de guerra, após uma prolongada estiagem considerada como uma das maiores do Nordeste. Entretanto, a água que veio do céu chegou um pouco mais cedo em relação ao outono/inverno da tradição regional. Tão cedo que o sertanejo ficou sem entender se eram as trovoadas que antecedem o período chuvoso ou se já era inverno mesmo, como se chama por aqui.

Foto - Clerisvaldo

O sertão está muito bonito e ornamentado com o verde e seus matizes, canto de pássaros, zumbidos de abelhas e paisagens exuberantes das planuras às serranias.

O ponto de tristeza, entretanto, para o homem do campo, é que até agora os reservatórios d’água continuam praticamente vazios. Não houve chuvas o suficiente para fazer crescer a lavoura e nem armazenar água em barreiros e açudes. Em muitos lugares a lavoura se encontra sem forças para o desenvolvimento.

Quem passa pelas estradas e rodovias do sertão alagoano sente o agradável cheiro do mato e se encanta com o verde que descansa a vista de qualquer viajante.

Por enquanto, contudo, estamos dentro da famigerada seca verde que engana por fora e maltrata por dentro. Não afirmamos que essa situação possa continuar assim. Dependendo do Criador, as chuvas podem retornar com maior intensidade, uma vez que os meses mais chuvosos sempre foram junho, julho e parte de agosto. De qualquer maneira, o agropecuarista está mais desconfiado do que burro da pestana branca. Chuva demais e frio intenso também podem prejudicar a lavoura do feijão e milho, produtos básicos da sobrevivência.

Seca verde não representa a dor insana de uma estiagem de dois anos, mas aperta também o agricultor imprensando-o contra a parede rodeada de mandacarus. Como ainda vamos navegando na metade de junho, dá tempo fazer elevar as preces a


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SÍMBOLOS SERTANEJOS

Por Rangel Alves da Costa*

Simbolicamente, o sertão é representado de diversas formas. Assim, a realidade sertaneja, com seus aspectos geográficos, humanos e históricos, recebe representações visuais que sintetizam sua existência concreta. Surgiram, assim, verdadeiros pictogramas cujos traços pretendem uma imediata identificação do contexto retratado.  Desse modo, a noção ou a ideia de sertão pode ser expressa por meio outros que não palavras ou fotografias.

Ao se referir ao sertão, os escritos se voltam para a descrição de uma terra árida, com grandes períodos de estiagens, com uma população na sua maioria empobrecida, onde os proveitos do progresso e do desenvolvimento sempre tardam a chegar. Ou nunca chegam. As fotografias costumam mostrar o criatório magro vagando entristecido pelas pastagens esturricadas, o chão rachado pela falta de chuvas, o sol inclemente avançando por suas vertentes. E o homem com sua feição carcomida pelo abandono.

A terra sertaneja, no seu contexto regional nordestino, é também comumente relacionada a feitos históricos, culturais e religiosos. Neste sentido, o Padre Cícero Romão como representante maior da religiosidade do povo; Luiz Gonzaga como símbolo maior do cancioneiro autenticamente nordestino, através de sua sanfona e de seu baião; e Virgulino Lampião como ícone da luta sertaneja contra as injustiças e a opressão que assolaram as terras agrestinas desde séculos passados. O mesmo se diga de Antônio Conselheiro, na sua caminhada mítica atraindo fanáticos para a fundação de uma comunidade igualitária e justa.

Ainda sob diversos outros aspectos a ideia de sertão foi sendo difundida. Festanças, folguedos e outras manifestações artísticas dão a dimensão da riqueza cultural nordestina e situam as pessoas perante os seus quadrantes. Ora, danças como xaxado e forró logo fazem lembrar o sertão; do mesmo as quadrilhas juninas, os arraiás, os sanfoneiros, violeiros e repentistas. O mesmo se diga com relação às comidas típicas. Buchada parece ter cheiro e sabor de sertão. E também os artesanatos em rendas, de couro ou de barro. As bordadeiras e rendeiras, aquelas mãos rudes que trabalham os bilros com maestria, ainda estão pelas calçadas e sombras tamarineiras de toda a região. Não se deve esquecer o barro moldado pelo Mestre Vitalino nem os livretos de cordel pendurados nos barbantes pelas feiras interioranas.


Mas é outra a simbologia sertaneja aqui abordada, com características apenas gráficas ou visuais, mas que resume em desenhos ou traços toda a noção que se tem de sertão e logo remete o observador àquelas distâncias matutas. E não é difícil imaginar quais os símbolos geralmente utilizados quando se deseja expressar graficamente o contexto sertanejo. Então surge o chapéu de couro cangaceiro, o sol vivo e escaldante, o mandacaru de braços abertos. Vez por outra o cacto tendo acima o sol estilizado ou ainda o sol com chapéu cangaceiro. Ou tudo junto, sol, chapéu e mandacaru.

Utiliza-se ainda, mas raramente, o desenho da cabeça-de-frade ou da ossada da cabeça de vaca fincada em estaca e sempre mantendo as pontas. Jamais é utilizada uma árvore símbolo do sertão como a catingueira, ou mesmo animal antigamente muito encontrado nas terras, como o nambu ou o preá, mas apenas aqueles outros que os desenhistas veem como simbologia que abarca todo o conhecimento que se tem de sertão e de Nordeste. E realmente surte o efeito desejado, pois não há cartaz de evento que não traga estampado algum desses símbolos.

Mas alguém poderia dizer que diante de tanta riqueza histórica, humana e geográfica, simbolizar toda uma região apenas com um sol acima de um mandacaru é desvalorizar toda a pujança que há. Ou ainda afirmar que a simbologia escolhida somente confirma a tendência de se imaginar o sertão pelos seus aspectos mais rudes e negativos. E assim porque para muitos o chapéu cangaceiro retrata uma terra sangrenta, o sol significa apenas desvalia e desolação, enquanto o mandacaru a única força que resta. Noutros casos, uma terra apenas de sol, de violência e sofrimento. Não se atêm, contudo, ao que verdadeiramente pretendem representar tais símbolos.

A intencionalidade gráfica é exatamente para suscitar um reconhecimento imediato acerca do sertão, para dizer que ali está representado algum aspecto da chamada nordestinidade. Em tais casos,  o símbolo pode surgir com mais força que qualquer retrato, filme ou mesmo presença. Simbolizar a terra sertaneja, o seu povo, a sua história e a sua geografia através do sol, do chapéu ou do cacto significa fazer a síntese entre o pensamento e a realidade, ainda que a região possua infinitamente mais para ser simbolizado.

Ademais, os símbolos sertanejos são tão verdadeiros e expressivos quanto as realidades ali encontradas. O sol acostumou o povo a lidar com sua voracidade, o cacto expressa toda a persistência do homem, e o chapéu de couro ou com motivos cangaceiros não só a representação do autêntico sertanejo como a importância que se dá às lutas que foram travadas nas suas caatingas. Por consequência, a seca, a simplicidade e a sua história.

Poeta e cronista
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COMO PEGARIA LAMPIÃO, O SR. CHEVALIER


A matéria que trago abaixo suscita algo que pergunto aos amigos:

Existe, pelo menos em tese, a possibilidade de Lampião ter sido traído, delatado, não por coiteiro, mas por algum dos seus cangaceiros, ou seja, teria a notícia da sua presença na Fazenda Angicos, ter chegado ao conhecimento das tropas alagoanas, primeiramente pelo conduto de um dos seus cangaceiros?

“A tribuna”, de 22/12/1931

Como pegaria Lampião, o sr. Chevalier

RIO, 21 – O capitão Carlos Chevalier em entrevista no “Diário da Noite” expôs o plano que executaria se tivesse aceitado o comando da perseguição a Lampião. Disse o referido oficial:

“O que se está fazendo, neste momento, no nordeste da Bahia é a execução, apenas, de uma parcela da segunda parte do meu plano, isto é, atacá-lo quando for encontrado sem convergência de esforços”.

Acha que o telégrafo sem fio resolveria o problema da dispersão de forças.

Declarou que, por intermédio de alguns fazendeiros do Nordeste, fizera entrar no grupo de Lampião dois cabras, reconhecidamente malfeitores, encarregados de revelar o paradeiro do bandido.


Continua o capitão Chevalier:

“Após ter recebido notícia de que os cabras haviam conseguido incluir-se nas hostes do bandido, procurei o titular da Justiça e disse que estava em condições de apanhar Lampião, sem nada ter dito sobre os planos. A esse tempo, já os espiões de ligação e os fazendeiros mandavam todos os informes, inclusive mapas e bilhetes enviados para o Rio.

As informações chegavam-me às mãos completíssimas e deixavam em qualquer espírito, por mais pessimista que fosse, a certeza da vitória.

Caso encontre em meu arquivo alguns, enviá-los-ei para a devida publicação. Tudo parecia ter solução favorável, quando pude notar que as altas autoridades preferiam entregar o comando a um filho do norte.

Daí, o meu afastamento radical, para não ser taxado de intrometido.

Esclareço que, indo ao Nordeste, teria indicações certas a respeito do bando. As notícias facilitavam 80% dos esforços e ia em tão bem andamento o processo empregado que um dos fazendeiros interessados, vendo que lá eu não chegava, abalou-se a vir ao Rio, com a intenção de pedir ao ministro da Justiça minha ida imediata.

Havendo dito ao fazendeiro que não seguia por não dispor o governo de recursos monetários necessários e não desejar passar calote ao paupérrimo povo do Nordeste, prontificou-se a entrar com a quantia de 100:000$000 isolados, que nada adiantaria.

Quanto ao pretendido encontro com o Ministro, impediram-me, alegando os grandes afazeres do titular, em torno das interventorias nos Estados.

Concluiu o capitão Chevalier com estas palavras:
(...)”



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Ezequiel Fernandes de Souza perdeu a esposa quando Lampião atacou Mossoró

Por José Mendes Pereira

Ezequiel Fernandes de Souza era natural de Pau dos Ferros, no Rio Grande do Norte, e nasceu em 09 de Abril de 1892. Era filho de Hipólito Cassiano de Souza e Francisca Fernandes de Souza. Realizou seus estudos na sua cidade natal, e começou a trabalhar ainda muito cedo. No ano de 1913, matrimoniou-se com sua prima Ester Fernandes Ribeiro, com quem teve três filhos Laerte, Aldo e  Luiz Fernandes. 

O cangaceiro Massilon Leite

Ezequiel Fernandes era um dos sócios da Empresa Algodoeira "Alfredo Fernandes Cia.", a firma que o cangaceiro Massilon Leite transportava algodão para ela. 

Grupo de cangaceiros de Lampião em Limoeiro

Em 1927, um grupo de bandidos chefiado pelo afamado cangaceiro Lampião, tentou invadir a cidade de Mossoró, mas foi barrado por uma força de resistentes da cidade, organizada pelo então prefeito de Mossoró Rodolfo Fernandes.

Prefeito Rodolfo Fernandes de Oliveira

Após a fugida dos cangaceiros rumo ao Ceará, foi constatado que nem a cidade e nem ninguém saíra com prejuízo, exceto o cangaceiro Colchete que ficara morto no meio da avenida, e o terrível Jararaca que fora preso no dia seguinte.

 O cangaceiro jararaca ao centro

Mas o empresário Ezequiel Fernandes de Souza perdeu a sua prima e esposa  Ester Fernandes Ribeiro, que estava de resguardo, adoeceu de febre puerperal, e não resistindo faleceu. 

Em 1928, Ezequiel Fernandes de Souza casou pela segunda vez, e desta vez, matrimoniou-se com Guiomar Fernandes de Oliveira.

O empresário Ezequiel Fernandes de Souza faleceu no dia 25 de Janeiro de 1966. 

RODOLFO FERNANDES

Fonte do material abaixo:
http://oestenewsblog.blogspot.com.br/2009/04/rodolfo-fernandes.html

Rodolfo Fernandes O herói da resistência

Há pessoas que nascem em Mossoró mas não são mossoroenses; há pessoas que embora vindas de outros lugares, adotam Mossoró como sua terra e tratam de engrandecê-la, de torná-la cada vez melhor, e com ela crescem, prosperam e, por direito, tornam-se mossoroenses. Para aqueles, Mossoró foi a terra em que nasceram; para esses, Mossoró foi a terra que escolheram para morar. Rodolfo Fernandes pertence a última categoria. Nascido em Portalegre/RN a 24 de maio de 1872, começou sua vida de trabalho muito cedo, sendo ainda adolescente quando se iniciou no comércio na cidade de Pau dos Ferros/RN, emigrando depois para a Amazônia durante o primeiro ciclo da borracha, como tantos outros nordestinos. Regressou ao Rio Grande do Norte dois anos depois, indo morar na cidade de Macau, trabalhando na indústria salineira para a Companhia comércio, onde construiu salinas e implantou diversas modernidades. Atraído pelo desenvolvimento de Mossoró, veio aqui se estabelecer, casando-se em 1900 com Isaura Fernandes Pessoa, com quem teve quatro filhos: José, Julieta, Paulo e Raul. Já em Mossoró, trabalhou para a grande firma Tertuliano Fernandes & Cia., também construindo salinas e substituindo o tradicional cata-vento para puxar água por um motor a óleo, o que permitia maior aproveitamento das marés. Em 1918 estabeleceu-se por conta própria na indústria salineira.Elegeu-se prefeito de Mossoró em 1926. Teve sua memória perpetuada no coração dos mossoroenses por sua atitude decisiva em defesa de Mossoró. De todos os seus feitos, talvez o que tenha lhe dado maior projeção tenha sido a maneira como o mesmo enfrentou a horda de cangaceiros chefiados por Lampião, que na tarde de 13 de junho de 1927 invadiram Mossoró. Pretendiam, os facínoras, extorquir uma vultosa quantia para não atacar a cidade. O Cel. Rodolfo Fernandes reagiu negativamente e comandou a defesa da cidade como um grande general, mandando, inclusive, que qualquer pessoa que não fosse participar ativamente da defesa saísse da cidade como medida de precaução. Essa medida, certamente, evitou muitas mortes desnecessárias.Era homem de arrojadas iniciativas de caráter urbanístico. Em sua administração iniciou o calçamento de algumas ruas e da praça 6 de Janeiro, que posteriormente recebeu o seu nome. Construiu também o primeiro jardim público de Mossoró. Um fato curioso é que quando foi iniciado o calçamento em Mossoró, muitos habitantes ficaram insatisfeitos, achando que com o chão coberto de pedras, a temperatura da cidade, que já era em alguns momentos quase que insuportável, iria aumentar. Foi mais uma luta do prefeito para mudar a opinião dessas pessoas, na luta pelo progresso da cidade. O Cel. Rodolfo Fernandes de Oliveira Martins foi um lutador. Um sertanejo simples, mas de visão voltada para o futuro. Soube como poucos amar Mossoró. “Conseguiu realizar uma obra verdadeiramente notável, dentro dos estreitos limites das finanças do município”, como depõe Vingt-un em seu Mossoró. Mas não chegou a terminar o seu mandato. A 16 de setembro de 1927, com a sua saúde abalada, requer licença para tratamento médico no Rio de Janeiro, onde faleceu a 11 de outubro do mesmo ano. E Mossoró chora a sua morte. Várias homenagens foram prestadas em sua memória, tendo sido inclusive criado, em 1963, o município de Rodolfo Fernandes, desmembrado do de Portalegre. De Rodolfo Fernandes ficou o exemplo de homem de visão, pioneiro e libertador, digno das mais altas homenagens do povo mossoroense. E por sua bravura no episódio da defesa da cidade contra os cangaceiros de Lampião, ficou conhecido como “O herói da resistência”. ração".

(transcrito na coluna GERALDO MAIA, no jornal O MOSSOROENSE, edição do dia seis de junho de 2001-quarta feira


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Neco da Pautilha

Por Fabricio Lobel

Certo dia, Neco, como era conhecido o ex-policial Manoel Cavalcanti de Souza, saiu de sua barbearia e deu de cara com Lampião e seus homens lhe esperando. Magrelo, Neco pulou de volta para a barbearia e viu a parede do lugar ser crivada de balas de fuzil. Com medo de morrer, correu entre três cangaceiros e ganhou o mundo. 

Aquele era o sexto confronto entre ele e Lampião. Neco tinha apenas 17 anos quando se alistou na volante para perseguir Lampião. Perdeu muitos amigos no combate ao "rei do cangaço". No embate de Maranduba, em Sergipe, teve que sepultar colegas e um de seus tios sem covas abertas com paus e facão. 

Cruz dos Nazarenos, na Maranduba
Neco da Pautilha

Uma vez, na margem esquerda do rio São Francisco, em Alagoas, se abrigou em uma escola. Na parede da sala de aula, viu escritos os nomes de vários alunos. Escolheu o que achou mais bonito: Maria Ribeiro dos Anjos. Sacou então uma bala de sua cartucheira e com ela riscou seu nome acima do de Maria. Anos depois, encontrou a dona daquele nome. Os dois se apaixonaram e viveram um casamento de quase 80 anos, à revelia do sogro.

Neco passou o final da vida sentado na varanda de sua casa, em Floresta(PE), contando as histórias do cangaço, sempre enérgico e risonho. Após o cangaço, foi alfaiate, sapateiro, caixeiro-viajante e funcionário público. Não considerava Lampião um criminoso. Quando criança, até se alegrava coma chegada do cangaceiro à sua vila de Nazaré, quando todos dançavam ao som do xaxado. Morreu na quinta 29 de Maio de 2014, aos 101, tido como um dos últimos combatentes de Lampião.

Fabrício Lobel
Gentileza do envio: Benedito Vasconcelos - SBEC

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Brasil! Brasil...



O  BRASIL VEM POR AÍ!

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O arraiá do João Victor - Meu Netinho


Ontem foi o arraiá do nosso João Victor. O nosso filho, o nosso neto, o nosso sobrinho, o nosso primo, o nosso irmão..., o João Victor que todos nós vivemos em prol da sua recuperação, que venha andar como todas as outras crianças, que sonhe e seja realidade, que venha sorrir, que ame, que progrida, que fale o seu pensamento, que tome  atitude sem esperar que alguém o incentive; que tenha seus amiguinhos e passei com eles como todas as outras crianças. Aliás, João Victor, você é bem assistido por todos que lhe rodeiam. 

Parabéns João Victor, pelo seu arraiá! Nós que somos os seus familiares, enquanto estivermos aqui no meio da humanidade, e com o nosso censo perfeito, você é uma parte do nosso corpo, e nós o protegeremos de corpo e alma.

O João Victor ainda é criança e diz algumas palavras, está tentando andar,  mas entende de tudo, e já faz a 6ª série. 

Assim como João Victor existem muitos João Victor por este mundo de meu Deus, apenas esperando que Deus passe a sua santíssima mão sobre eles. 

O João Victor é meu netinho, da terra de Santa Luzia - Mossoró, no Rio Grande do Norte.

José Mendes Pereira

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