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segunda-feira, 10 de junho de 2019

UM DOS PRIMEIROS PARCEIROS DE LAMPIÃO

A efêmera vida de Meia-noite

Por Joel Reis


Antônio Augusto (Feitosa ou Correia)[1], conhecido como Bagaço, natural de Olho d’Água, município de Piranhas – AL (atual Olho d’Água do Casado – AL)[2], era filho de Zé Bagaço, no qual herdou o apelido.

Quando tinha de 11 para 12 anos de idade, sua mãe, já viúva, pediu-lhe que fosse buscar legumes na roça. No caminho de volta, um rapaz o perguntou:

- Donde tu vem fedelho?

O menino se zangou com tratamento e respondeu:

- O qui você qué sabê? É da sua conta?

O rapaz também se irritou e lhe deu umas tapas. Antônio Bagaço jurou vingança:

- Isso num vai ficá assim, você vai me pagá.

Ao chegar em casa se armou com uma espingarda lazarina e disse:

- Mãe, vô ali.

Saiu a procura do Rapaz, mas só o achou por volta das 19h em uma fazenda. Estava chovendo muito, aproximou-se sorrateiramente e atirou no rapaz. Certo que o tinha matado, fugiu e foi dormir em uma casa de farinha na Fazenda Olho d’Água, do coronel Zé Rodrigues. Pela manhã um vaqueiro o encontra deitado e todo molhado, o acorda e faz diversas perguntas, o menino acaba falando do ocorrido. O vaqueiro o leva até o Coronel e conta a história.

- Menino, vou te dar uma pisa.

Aperreado, o menino revidou:

- Coroné, pelo leite que o sinhô mamou, não dê n’eu. É mió me matá qui estou satisfeito.

Então, o coronel para saber se de fato ele tinha coragem, mandou o vaqueiro pegar uma enxada e uma pá, entregou os instrumentos para o menino:

- Toma, cave sua cova.

Quando o menino já havia cavado uns seis palmos de fundura:

- Está bom, agora se prepare prá morrer.
- Tô pronto prá morrê, coroné! Agora peço que diga a minha mãe que morri como um homi e não como covarde!
- Olha que infeliz, não vou te matar, não. Mas na próxima te mato.

Ao chegar em casa, avisou à sua mãe que ia embora para não ser preso. Sem demora, saiu pelo mundo... acabou chegando em Espírito Santo – PE (atual Inajá – PE)[3], onde foi acolhido pelo velho Terto Cordeiro (Tertulino Cordeiro - da família Marcos)[4]. Por volta de 1921, surgiram questões de intriga entre os Marcos e os Quirinos. Em vista disso, já com dezoito para dezenove anos de idade, os filhos de Antônio Quirino tentaram espancá-lo, na luta saiu ferido na cabeça. Depois disso, chegou em casa, disse ao velho Terto:


- Tio! (Não era, mas assim o chamava), vô m’imbora procurar os cangaceiros.


 Antônio Augusto vulgo 'Meia-Noite'

A princípio, Bagaço entrou no grupo de Antônio Porcino. Logo, conquistou notoriedade. Posteriormente, integrou-se ao grupo de Lampião, no qual foi denominado de Meia-Noite por ser de cor parda. O chefe cangaceiro nutria verdadeira admiração, em virtude que, Meia-Noite possuía extrema coragem, tendo triunfado ao seu lado em diversas ações[5].

Em agosto de 1924, Meia-Noite discutiu de maneira severa com os irmãos de Lampião; Vassoura (Livino) e Esperança (Antônio). Foram acusados de terem roubado seus Rs. 9:000$000 (9 contos de réis = 9.000 mil-réis)[6]. Lampião interveio na discussão, indenizando o valor que ele alegava ter sido subtraído por seus irmãos quando estava dormindo. Questão resolvida, o chefe cangaceiro o expulsa do bando e exige a entrega do armamento. Sem demora, Meia-Noite responde:

- Si no meio desta cabroêra tem homi, venha tomá.

Os cangaceiros presentes preferiram não tentar. Sem demora, Meia-Noite foi andando para trás com os olhos fixos nos velhos companheiros, em pouco tempo desaparece na caatinga.

No dia 18 de agosto de 1924[7], poucos dias do ocorrido, Meia-Noite foi visto atravessando o sítio Bandeira em direção ao sítio Tataíra[8], na companhia apenas de uma mulher[9]. Um olheiro avisou o coronel Zé Pereira (José Pereira Lima) que o famanaz cangaceiro se encontrava no sítio Tataíra. Com o comunicado, tratou imediatamente de organizar uma diligência, a fim de apanhar o bandoleiro.

Por volta das 21 horas, foi formado um grupo em Princesa – PB (atual Princesa Isabel – PB)[10], composto de quatro soldados da Força Pública e oito civis, marcharam 4 horas até o sítio Tataíra. Já era madrugada quando o cerco começa em duas casas, mas não o encontraram, batem na porta da terceira casa[11] (o bandoleiro estava em plena lua de mel):

- Quem é?
- É os meninos do coroné...
- Ah!... Eu não abro a minha porta prá descunhecidos... Zulmira não qué qui eu abra a porta. Ela tem medo...
- Venha dar um bocado d’água a gente...
- Num tem água, não.
- Que diabo de véia da fala fina...

Proferidas essas palavras, atento a conversa e com intuito de ganhar tempo para se equipar, o sicário enfurecido vocifera:

- Qui desaforo de seu Zé Pereira, mandá incomodá os homi essa hora, apôis vocês tão pegado cum Meia-Noite, nêgo nascido em meio de desgraça.

Sem demora, inicia o fogo contra a tropa... após uma hora de tiroteio e ofensas de ambas as partes, o cangaceiro brada:

- Canaias, o qui vocês quére, chega já. Cabra de barro num aguenta tempo.
- Vem aqui fóra, nêgo ladrão!
- Ladrão, é vocês, qui quére robá a roupa de minha muié, magote de peste!

Depois de algum tempo, o cangaceiro pede para o grupo cessar-fogo e que permitisse a saída de Zulmira, sua mulher, mas o pedido foi ignorado e o tiroteio se intensificou até amanhecer, apesar disso, o bandido volta a zombar:

- Rapaziada, vocês são de barro? Esse mangote de peste tá cum fome... Entre, venha tomá um cafezinho cum queijo de mantêga...
- O café qui nós qué é ti passá nas corda.

Em seguida, ouve-se uma voz cantada de dentro da casa sitiada:
"Si quizé sabê meu nome
Faça favô preguntá
Eu me chamo é Meia-Noite
Canário de bom lugá
Eu sou um carnêro fino
Do colo de minha Iaiá!
É Lampe, é Lampe, é Lampe
O Virgolino é Lampeão
É o dedo amolegando
Embolano pelo chão!”

No alvorecer, próximo ao local do tiroteio, as Forças comandadas pelo Tenente Manoel Benício, Tenente Francisco de Oliveira e o Sargento Clementino Furtado (Quelé) foram alertadas. Logo, reuniram o efetivo de 84 homens e rumaram para o campo de luta. Ao ouvir o clangor da corneta, berra furioso:

- Sustenta a ispingarda, canaias pôde, qui nêgo vai simbora.

Debaixo de uma saraivada de balas feriu alguns homens e também foi ferido[12], ainda assim, conseguiu escapar. A Força seguiu o rastro de sangue, porém o perdeu de vista.

Passaram-se seis dias, o Comissário de Polícia de Patos, Manoel Lopes Diniz e quatro companheiros encontraram Meia-Noite gravemente ferido. Mesmo assim, resistiu à prisão, disparando dois tiros de parabellum contra o grupo que, rapidamente revidou, e acabou matando o temido bandoleiro no auge dos seus 22 anos.


NOTAS:

[1] Nomes - Antônio Augusto Feitosa (ALMEIDA, 1926); Antônio Augusto Correia (MELLO, 2013); José Tiago (LIRA, 1990).
[2] Olho d’Água - povoado, subordinado ao município de Piranhas, posteriormente Distrito de Olho d’Água do Casado, pela Lei Estadual nº 1473, de 17 de setembro de 1949.
[3] Espírito Santo - atual Inajá – PE.
[4] Terto Cordeiro - Tertulino Cordeiro era da família Marcos.
[5] Diversas ações - As mais importantes foram: O assalto a residência de Joana Vieira de Siqueira Torres, a Baronesa de Água Branca (26.06.1922) e  o ataque à cidade de Sousa - PB (27.07.1924).
[6] Rs 9:000$000 (9 contos de réis ou 9.000 mil-réis) = 9.000.000 (9 milhões de réis) - Conversão para Real = R$ 250.000 (Duzentos e cinquenta mil reais).
[7] Érico Almeida (1926), afirma que foi no final do mês de setembro de 1924.
[8] Sítio Tataíra - nos limites do município de Princesa – PB com o de Triunfo – PE. (ALMEIDA, 1926).
[9] Mulher -  Alexandrina Vieira (Zumira). (DANTAS, 2018).
[10] Princesa – PB - atual Princesa Isabel - PB.
[11] Casa - Alguns autores/pesquisadores afirmam que era uma casa de farinha, outros que era uma casa velha.
[12] Ferido - em uma das pernas.

FONTES:

ALMEIDA, Érico de. Lampião: sua história. João Pessoa: Editora Universitária, 1996. [Fac-similar à edição de1926].

DANTAS, Sérgio Augusto de Souza. Lampião na Paraíba: notas para a história. Natal – RN: Polyprint, 2018.

LIRA, João Gomes de. Lampião: memórias de um soldado de volante. Recife: FUNDARPE, 1990.

MACIEL, Frederico Bezerra. Lampião, seu tempo e seu reinado: II. A guerra de gerrilhas (fase de vinditas). Petrópolis - RJ: Vozes, 1985.

MELLO, Frederico Pernambucano de. Guerreiros do Sol: violência e banditismo no nordeste do Brasil. 5. ed. São Paulo: A Girafa. 2011. 


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JORNAL A TARDE, EDIÇÃO DE 5 DE SETEMBRO DE 1980

Cantando aboios morre em Serra Talhada omaior inimigo de Lampião

Por: Juarez Conrado
 José Saturnino Alves de Barros
Acervo Lampião Aceso


Impressionante o fato de um simples furto de bodes, tão comum nos longínquos anos de 1910 a 1920, haver se constituído no ponto de partida para uma das mais emocionantes histórias do banditismo em toda América Latina, fazendo com que um dos seus personagens, um tímido e bem comportado garoto, do interior de Pernambuco, se transformasse numa figura legendária, da qual ainda hoje se ocupam jornalistas, pesquisadores e, principalmente, sociólogos, todos eles interessados em conhecer de perto detalhes da vida desse homem que marcou época nos sertões brasileiros.

Lampião, já o sabemos, morreu há 42 anos, na Grota do Angico, no município, sergipano de Poço Redondo. Mas, quem era, e o que para ele significava José Alves de Barros, o José Saturnino, falecido a semana passada, aos 86 anos, em Serra Talhada?

Uma pergunta cuja resposta não poderá ser encontrada senão com o retorno ao ano de 1916, quando ambos, de bons e pacíficos vizinhos, acabaram por se transformar em ferozes e irreconciliáveis inimigos, que faziam do ódio suas vidas marcadas por tiroteios e emboscadas, tingindo de sangue a pequena região onde conviviam.

Uma situação que iria se transformar com o furto praticado por um dos empregados de José Saturnino, logo descoberto por um inspetor de quarteirão violento e autoritário, compadre e amigo do velho José Ferreira, que não hesitou em prender o ladrão, impondo-lhe uma série de impiedosos castigos. Era o começo de tudo.

Represálias

Saturnino irritado, iniciou uma série de represália contra os Ferreira, mutilando, quando não matando, suas criações, criando uma situação tão tensa entre eles que exigia a medição de autoridades locais, como o juiz de direito, Adolfo Cardoso, e o coronel e chefe político Cornélio Soares, ambos prevendo acontecimentos de extrema gravidade, a persistirem os desentendimentos. Os fatos que se sucederam são do conhecimento geral e deles muitos já se ocuparam, narrando-os, nem sempre, com muita fidelidade. José Saturnino não aceitava as acusações que lhe eram feitas como responsável pela transformação de Virgulino no cangaceiro que todos nós conhecemos.

Marilourdes Ferraz

Tanto não aceitava que, pouco antes de sua morte, em carta dirigida à jornalista pernambucana Marilourdes Ferraz, dizia que, na “realidade dos fatos, os sertanejos viviam em época de grande atraso...Quando a minha pessoa, fui criado pelos meus pais na Fazenda Pedreira e baixa de São Domingos, e que me ensinaram a respeitar os direitos alheios, o que posso provar com os meus vizinhos, especialmente, alguns que ainda restam com suas idades avançadas. Os Ferreira, certos ou errados, queriam superar aos demais; quando não gostavam de uma pessoas, tratavam de hostilizar, assim aconteceu com a minha pessoa.

Retiraram-se para um distrito de Floresta: dentro de dois anos, saíram por motivo de questões com os filhos da terra e a polícia do destacamento. Venderam o que tinham e foram para Matinha de Água Branca, Alagoas, onde, muito cedo, desinquetaram os irmãos Porcino Cavalcanti Lacerda... em consequência da vida turbulenta dos Ferreira, vieram a perder a mãe, D. Maria Ferreira Lopes, que faleceu traumatizada pelos vexames que passara vendo seus filhos perseguidos pela polícia alagoana, e depois, o próprio pai... motivo da conduta dos seus filhos”.

Retrato falado dos pais de Virgulino José Ferreira e Maria Sulena
segundo o padre Frederico Bezerra Maciel.


A revolta de Saturnino, ente tantas acusações, estendia-se aos seus filhos Aureliano e João Alves Barros, que, na mesma oportunidade, há cerca de um mês, escreveram o seguinte comentário, publicado pela imprensa pernambucana:

“Se algum cangaceiro destrata meu pai, está certo, está no papel dele. Agora, o que nos revolta, como sempre revoltou meu pai, é o fato de homens que tiveram a oportunidade de maiores estudos viverem perseguindo meu pai com acusações injustas, só para dar uma explicação para vida de cangaceiro de Virgulino Ferreira”.
 João Alves de Barros em foto de 2013.
Créditos Kiko Monteiro



E ressaltou João:

“Meu pai sempre viveu nesta região (Serra Vermelha); trabalhou no campo toda a vida; a vida dele como militar foi uma fase. Só entrou nas Forças Volantes depois que Lampião veio de Alagoas, diversas vezes queimar nossas propriedades e roubar o nosso gado. Nunca meu pai matou ninguém, nem dos Ferreira. Lampião, ao contrário, matou muitos dos nossos parentes, inclusive José Nogueira, com frieza, à traição, roubando-lhe até as alpargatas dos pés, tendo Antonio Ferreira calçado e saído com elas.

Nas “Volantes”

Em um dos muitos livros publicados sobre a vida de “Lampião”, e de autoria de pesquisadora Aglae, José Saturnino fala das lutas, das emboscadas, dos “homens machos” que lutavam ao seu lado, como Zé Caboclo, Zé Batoque, Paisinho, Cassimiro e Nego Tibúrcio. Refeiru-se aos insultos que trocavam quando se encontrava com os membros da família Ferreira, da troca de tiros com Virgulino, Antonio, Livino, Antonio Matilde e Luiz da Gameleira. Do cavalo que vendeu a Zé Ciprino, de Nazaré, da emboscada que lhe foi preparada por Virgulino, quando, no dia da feira, foi receber o dinheiro correspondente à transação com o animal.

Uma narrativa simples e que vale a pena ser descrita para mostrar o clima que reinava entre eles:

- Pru vorta das treis hora da tarde arrecebi o dinheiro du cavalo. Cem mil réis. Selei meu burro. Quando andei meia légua, fui envolvido numa emboscada. Eu e João Fuló brigamo cinco hora. Quando cheguei in casa era 9 da noite. Naquele tempo a puliça era pouca e quando a gente quebrava as acomodação do Juiz e do Coroné tinha tiroteio de novo. Eu e os vizinho sabia aqui os Ferreira irá cercar minha casa antes do dia quilariá. E viero. Brigamo desde 1 da manhã às 6. Eu tinha 23 homes. João Flor, Zé Caboclo, Zé Batoque, Cassimiro e Tibúrcio era cabra muito home, muito macho. A munição dos Ferreira se acabou-se. Se arretiraro chamando nomes feio”.

José Saturnino foi integrante das forças Volantes durante alguns anos e conviveu com cangaceiros famosos como: Cassimiro Honório e Antonio Matilde. Foi fazendeiro e sobretudo, vaqueiro. Lutou contra secas, inclementes e amou sua terra tanto quanto amou sua família.

Na noite em que morreu, José Saturnino cantou aboios como nunca o fizera em sua acidentada vida no campo, tangendo as reses.


Diz a crença popular que as pessoas antes de morrerem, revivem o passado. Se assim é, certamente naquela noite, o velho Saturnino deve se ter sentido, novamente de mosquetão, em punho.

Ao lado dos velhos e corajosos companheiros, fugindo das emboscadas armadas pelos Ferreira, com eles lutando com aquela coragem que guardou até os últimos momentos da vida.


Deveria ter-se visto vestido de gibão, chapéu e alpargatas de couro cru cavalgando por toda aquela região onde, quando não estava lutando, aboiava como um autêntico vaqueiro que era. Saturnino, afinal, está descansando.

Está sepultado, há cerca de 15 dias, na terra pela qual sempre viveu e lutou, porque a amava como a sua própria família. E com sua morte, com poucos registros na imprensa, desaparece uma figura da maior importância na história do cangaço brasileiro.

Apagava-se a figura de um homem que, durante toda a sua existência, dedicou-se a combater bandidos e bandoleiros, expondo-se à balas dos inimigos, num verdadeiro desafio à morte.

A morte que afinal, o levou de vencido em Serra Talhada, fazendo desaparecer um dos últimos remanescentes, e certamente de todos... da era de “Lampião”.

Adendo Lampião Aceso:

José Saturnino Alves de Barros, faleceu em sua fazenda, Maniçoba da Pedreira em 5 de Agosto de 1980, com a idade de 86 anos e já sem lucidez. A matéria foi ilustrada por nós.


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CONVITE

Por Manoel Severo


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SANTOS JUNINOS


Por Francisco de Paula Melo Aguiar

Ah! Santo Antônio e São João,
São Pedro e São Paulo, o esquecido
Da fogueira e arrasta-pé do povão
Do foguetório, milho assado e cozido.

Uma coisa é certa, eles dão proteção
Contra as ciladas ardis do demônio
Da fogueira vem a cinza da unção
Sega olho da inveja e salva o patrimônio.

Ao arrasta-pé, gênero musical junino
Fogueira feita de palha, pau ou graveto
No sitio ou na cidade, o povo faz hino
Vai ao delírio e balança o esqueleto.


É Antonio, o santo casamenteiro
João, o santo do batismo e da fartura
E Pedro, o santo do céu é o chaveiro
Comidas típicas, café pisado e rapadura.
  
E Paulo, é o sempre esquecido
Por falta da lembrança popular
É defensor da fé e não pervertido
Quando Nero mandou o decapitar.

Dentre todos, Antonio é o mais exigido
Ah! Ouve todas as pretensões...
Dos ou das que querem casar, pedido
Procura sempre acertar e dar soluções.

Nem todo o pedido é atendido...
Apesar das piedosas juras nas petições
E por isso Santo Antônio é ofendido
É a síntese do acórdão das más decisões.

SÓ PARA VOCÊ TOMAR CONHECIMENTO DO ASSASSINATO DO ATOR DA NOVELA CHIQUITITAS - AOS 22 ANOS ATOR DE CHIQUITITAS, RAFAEL MIGUEL É MORTO A TIROS; SOGRO É APONTADO COMO AUTOR...

Por Luiza Leão
Rafael Miguel com a namorada, Isabela Tibcherani; segundo a polícia, sogro matou o ator e os pais dele.

Clique no link para você saber tudo sobre a morte do ator e dos seus pais.


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OS AMANTES DA VIÚVA

*Rangel Alves da Costa

Outro dia, o jornalista e escritor Marcos Cardoso escreveu um artigo esclarecedor acerca da situação financeira de muitas prefeituras, suas receitas e seus poderes de sobrevivência para, em síntese, dizer que verdadeiramente não há motivo pra tanto chororô. Segundo o articulista, os recursos repassados logo afastam a situação de penúria e de calamidade. Na verdade, segundo diz, prefeitos existem que choram de barriga cheia. E com plena razão de análise. É bem assim mesmo.
Já escrevi sobre tal dramaticidade espertalhona. Igualmente escrevi sobre a conta da eleição em comparação ao salário na junção dos quatro anos de mandato. O que se tem é a clara intenção de alardeamento da penúria municipal para encobrir muitas coisas, dentre as quais a gestão ineficiente, a falta de obras que atendam às demandas da população, o depauperamento da municipalidade, mas, principalmente, o enriquecimento do gestor e de seus escolhidos. Ora, como é que um município tão empobrecido tem o poder de enriquecer alguns, e em pouco tempo?
O alardeamento de que o município é pobre, que os recursos são insuficientes para a realização de obras, que a situação financeira do país empobreceu os cofres municipais, e outras desculpas para o nada fazer, é tudo conversa pra boi dormir, não passa de embuste e enganação. As situações são corriqueiras e inaceitáveis. Assim que um gestor assume logo vão chorar rios perante a imprensa, sempre dizendo que os cofres foram encontrados vazios e que não sabem o que fazer daí em diante. Mas os cofres, segundo continuam dizendo, continuam sempre vazios. Por outros motivos que eles nunca dizem.
Numa analogia pitoresca, não seria errôneo dizer que administrar atualmente é quase como uma receita de bolo, só bastando não querer trocar os ingredientes, como faz a maioria. Grande parte dos recursos já chega especificado. Recursos próprios para a educação e outros setores, mas que de repente tomam outro rumo como num passe de mágica. Recursos são tirados de alguns fundos para cobrir outros, e assim em diante. Daí faltar merenda e gasolina para o transporte escolar, quando os recursos já foram repassados. Daí a não realização de obras com verbas já garantidas.


Alardeia-se a penúria por esperteza, apenas isso. Espalham a desgraça e a crise apenas como modo de ocultar outras realidades. Municípios pobres e prefeitos ricos, municípios caindo aos pedaços e gestores comprando fazendas em outros estados, municípios vivendo à míngua e administradores zombando da população com seus desregramentos e luxos e esbanjamentos descomunais. E será que apenas com o salário recebido – que sempre é vultoso para a realidade – daria para um gestor enriquecer tanto assim e com rapidez de raio? Alguma coisa de podre há no reino da municipalidade, disso não há como duvidar.
Até hoje ainda não apareceu nenhum enviado dos céus que se candidate a prefeito apenas por abnegação, pelo gosto ao trabalho e o amor à municipalidade. Todos que se candidatam possuem intenções maiores – e sempre misteriosas – além da simples vitória. Os objetivos são sempre outros, e obscuros, muito obscuros, Ou desavergonhamento mesmo, na mais pura expressão da palavra. É o olho na viúva que sempre move a disputa. Segundo a sabedoria popular, viúva é a denominação comumente dada às prefeituras municipais, e por motivos tão conhecidos como melindrosos.
Viúva rica, generosa e graciosa. Viúva que é sonho de todo amante, pois nela o poder, a riqueza e o fausto. Viúva de breve relacionamento – ou de mandato amoroso com tempo determinado -, mas que sempre garante sair de seus braços de anel dourado e conta polpuda. A viúva, caridosa demais que é, permite praticar nepotismo, praticar um vergonhoso joguete de empreguismo. Quem é que não quer uma viúva que de tão boa lhe entrega as chaves dos cofres? Assim acontece com a viúva da municipalidade, aquela velha senhora tão desejada e que recebe o nome de prefeitura.
Para alcançar suas chaves se faz de tudo. A mentira é sempre o maior mote. A mentira da honestidade, das boas intenções, da vontade de trabalhar, do respeito ao povo e ao município, do senso transformador, da ética e do compromisso com o trabalho. Todo candidato diz isso, mas quantos eleitos perseguem a dignidade e a decência? Ora, um candidato que para ser eleito gasta o equivalente a dez vezes mais do que vai ganhar no seu tempo de gestão, logo estará demonstrando suas reais intenções.
Prefeituras existem que são verdadeiras organizações criminosas nas mãos de gestores mestres na rapinagem. Cosa Nostra seria um termo mais apropriado. Ao invés de administrar com decência e honestidade, os gestores transformam as prefeituras em grandes máfias, onde o capo é o prefeito e alguns escolhidos servem como sottocapos, consiglieres e soldatos. Todos ladrões. Formam uma famiglia cujos sustentáculos de roubalheira estão nas licitações viciadas, no patrocínio de shows, na transformação da merenda escolar em bolacha e ki-suco, nos desvios de verbas para contas bancárias particulares, dentre outras práticas insidiosas.
Em Sergipe, estado pequeno onde o ouvi dizer chega acompanhado da confirmação visual, é muito fácil perceber a ostentação, o enriquecimento ilícito e a riqueza camuflada, repentinamente surgida nas pessoas que fazem parte das administrações municipais, incluindo familiares dos gestores. A realidade é essa, incluindo as perseguições e as ameaças a todos que ousarem dizer que o preito beltrano ou sicrano não é santo.

Escritor
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ESTADO DE SAÚDE DO CANTOR AGNALDO TIMÓTEO, NA UTI, É CRÍTICO


O artista foi transferido para o Hospital das Clínicas de São Paulo após sofrer um AVC no interior da Bahia.



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NO FLAGRANTE FOTOGRÁFICO...

Por Geraldo Antônio De Souza Júnior

... o Jornalista Melchíades da Rocha, enviado especial do Jornal carioca "A Noite", examina um pequeno frasco encontrado com Lampião, contendo um mortífero veneno, que possivelmente, seria ingerido por ele em caso de iminente derrota contra seus inimigos.

Segurando o frasco de veneno a esquerda do Jornalista vê-se o então médico do batalhão da Força Pública alagoana. Registro fotográfico realizado na cidade de Santana do Ipanema em Alagoas, ainda no calor dos acontecimentos de Angico.

Geraldo Antônio De Souza Júnior


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