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terça-feira, 1 de setembro de 2015

FIM DO CANGAÇO: AS ENTREGAS

Autor Luiz Ruben F. de A. Bonfim

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O POTENTE CANHÃO WHITWORTH DE CALIBRE 32 CHAMADO PELOS SECRETÁRIOS DE ANTÔNIO CONSELHEIRO DE "A MATADEIRA"


O potente canhão Whitworth de calibre 32 chamado pelos secretários de Antônio Conselheiro de "A Matadeira", no seu último tiro o qual fez ruir o campanário da torre da igreja inacabada do Belo Monte, que o som do sino ao tocar no solo ainda é ouvido em certas tardes de outubro. 

Este monstro de aço, foi o grande responsável pelas maiores baixas das forças conselheiristas em Canudos. 

Dizem alguns sobreviventes do combate, que quando já na boca da noite, o fragor dos seus disparos, a princípio até trazia um pouco de alegria e esperança, um sinal de chuva em forma de relâmpago seguido deu imenso trovão que ecoava e se perdia na imensidão das longínquas caatingas dos sertões baianos.

Fonte: facebook

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UM EXCELENTE TEXTO DO RANULFO PRATA LOGO ABAIXO

Por Antonio Corrêa Sobrinho

Penso que, das investidas criminosas de Lampião e seus asseclas contra o povo sergipano, nenhuma, a meu ver, causou tanto terror, pânico e prejuízo do que a empreendida contra a população da então vila de Aquidabã, num certo dia de outubro de 1930, cujas informações primeiras a respeito só chegaram ao conhecimento do público depois de algum tempo, pelo médico e escritor Ranulfo Prata, no seu livro “LAMPIÃO”, as quais trago abaixo; vez que, até onde eu sei, os jornais sergipanos não noticiaram este trágico acontecimento.

Hoje, pela manhã, de passagem por Aquidabã, de uma parte alta da cidade, tirei esta fotografia, que revela, panoramicamente, uma de suas partes mais velhas; ao mesmo tempo que registrei presença na provável imediação aonde ocorreram as barbáries contra o fazendeiro Zé do Papel, seu irmão Antônio Custódio, o roceiro Eduardo Melo e o fronteiriço Souza de Manuel do Norte.


EIS O REFERIDO TRECHO DO LIVRO DE RANULFO PRATA:

Em outubro de 30 explode a Revolução, e o presidente do Estado, homens de instintos guerreiros à prussiana, para enfrentar as forças do capitão Juarez Távora que descem, em avalanche, do Norte, desguarneceu todo o interior.

Lampião achou, afinal, a ocasião que tanto desejava, e partiu, num galope, em demanda da fronteira, para um ajuste de contas com amigos que não lhe foram leais.

Era o voo certeiro de caracacá que desce como uma flecha sobre a presa desprevenida.

Desta feita tocou primeiramente em Aquidabã. Compunham o bando, agora: Moderno, Corisco, Azulão, Ponto-Fino, Volta Seca, Couro Seco, Beija-Flor, Cirilo, Mariano, Fortaleza, Mourão, Zé Baiano e mais cinco.

No povoado Cajueiro, cerca de três quilômetros da vila, às duas horas da manhã, bateu à porta de José Custódio de Oliveira, conhecido por José do Papel. Aberta a porta, José Baiano o agarrou e ameaçando-a de morte intima-o a dar o dinheiro que possuísse. José Custódio deu-lhe o que tinha – 850$000. Os bandidos saqueiam-lhe a casa, levando roupas, anéis e objetos de uso. Um deles ao fitar um dos filhos menores de José a dormir na rede, diz:

- Está este pestinha aqui drumindo; tava bom de suspendê na ponta do punhá.

Cangaceiro Zé Baiano

Um companheiro intercede em favor da criança. José Baiano leva José Custódio à presença de Lampião, que se achava dentro do mato, cerca de 50 metros de distância.


No saque descobrem dez balas de rifle. Lampião interroga-o a esse respeito. José custódio responde que emprestara a arma ao Dr. Juarez Figueiredo, juiz municipal da vila. Lampião murmura: - com certeza pra esperar Lampião. E indaga se o juiz está em casa, obtendo resposta negativa.

Partiram para a vila. As pessoas encontradas no caminho eram detidas e incorporadas ao grupo. Perto dois bandidos subiram a um poste telegráfico e cortaram as linhas. Ao romper da manhã entraram na vila, tomando de assalto o quartel de polícia, onde não havia soldado. José Custódio ficou sob a vigilância de Lampião, Volta Seca e Moderno, espalhando-se pelas ruas as restantes, a arrombarem as casas e surrando todas as pessoas a bolo e chicote, feito de vergalho de boi. Alguns batem às portas, e, quando estas mal se abrem, irrompem, inopinadamente, pelo interior, de chicote erguido, a desferir golpes sobre golpes. Estão ferozes, animados de uma cólera louca.

Senhoras e moças fogem em trajes menores para o mato, desvairadas de pavor.

A vila desperta toda enovelada num tumulto de feira, de onde emerge um pânico que imbeciliza os moradores.

O nome de Lampião corre como um rastilho da casa mais abastada ao casebre das pontas de ruas miseráveis, pondo tremuras nos corpos, como uma sezão maligna.

Saqueiam o comércio e as casas particulares, carregando joias, roupas, objetos.

Na residência de José Xavier, o quadro é atroz. Depois de roubado metem-lhe bolos.

A mulher, animosa e valente, intercede e os chama de bandidos. Lampião ordena que a castiguem também. Os bolos estalam, brandida a palmatória pelo braço forte do negro Mariano. O marido pede. A mulher se indigna com a fraqueza do esposo e continua a xingar os miseráveis. E continua a apanhar.

Um certo Souza de Manuel do Norte, pobre maluco, tipo de rua de cidade do interior, aparece entre eles e vendo-os entregues ao arrombamento das casas, pede-lhes, com a sua falta de juízo, que não façam tal. Os cabras se exasperam e o insultam.

E porque Souza, na sua inconsciência, lhes replica que também é homem, puxando de uma faquinha de marinheiro, sem ponta, um deles o abate logo a “parabélum”, em plena praça do comércio!

E repete-se a cena bárbara passada com o cadáver do tenente Geminiano. Com enorme facão marca “Jacaré”, abrem-lhe o ventre, incisando-o largamente. Retiram punhados de tecido gorduroso e ali mesmo “azeitam” os fuzis.

É um quadro que aterroriza e faz nascer indignação inominável.

Dispersos pelas ruas, não param no saque.

O velho Aurélio, agricultor, nega-se a dar dinheiro, apesar da insistência de Moderno. Este, afinal, que se vinha mantendo calmo, embravece e grita-lhe que não “viera ali para alisar homem”, batendo-lhe a face a pano de punhal, enquanto Volta Seca, por detrás, “pepina-o” sadicamente.

Numa esquina, Volta Seca põe abaixo, sozinho, a porta de uma venda e vasculhando as gavetas e nada encontrando, derriba, numa cólera selvagem, toda uma prateleira de louça, que se esfarelou no chão com ruído formidável de desabamento.

Nada lhes resiste à fúria de possessos.

Trazem para a rua o cofre de ferro do negociante Clementino Azevedo e o abrem, a golpes de marretas, conseguidas num tenda de ferreiro próximo, dele retirando três contos, que foram mesmo ali repartidos entre eles.

Calcula-se em vinte e cinco contos o que levaram em dinheiro e joias. As moedas de níquel e prata atiravam na rua, desdenhosos.

Depredada toda a vila, arranjam, sob ameaça, animais selados.

Antes da partida, José Baiano aproxima-se de José Custódio e lhe diz:

- Vou deixá uma lembrança pra você não emprestá mais rifle pra espera Lampião. Lança-o em seguida por terra e o espanca a vergalho. Não satisfeito, propõe mata-lo. Moderno, porém, que vinha chegando, impede, levando-o para junto de Lampião.

Aí desenrola-se outra cena monstruosa. Um dos bandidos, depois de esbordoar a couce de fuzil o roceiro Eduardo Melo, cortou-lhe a facão uma das orelhas, que se despegou com metade da face, morrendo o rapaz após um mês de padecimento. No ato da mutilação, um deles grita ao companheiro cruel:

- Não corte tudo, deixe um quinhãozinho do delegado.

O mesmo bandido, com as mãos sangrentas, volta-se para José Custódio e o previne de que ia deixar-lhe outra lembrança e logo decepa lhe a orelha, atirando-a ao chão. Acode-lhe o seu irmão Antônio Custódio, rogando a Lampião que não o deixe matar. Mas um dos cabras agarra-o e dizendo: deixe vê a sua também, faz-lhe o mesmo.

Depois de mutilado José Custódio, sangrando, a inspirar dó, Lampião o chama e diz que vai lhe dar um remédio, obrigando-o a beber um litro de cachaça. O homem cai sem sentidos.

O delegado de polícia, que se achava preso, e para o qual estavam reservadas as mesmas crueldades, fugiu, num momento de descuido, o que enfureceu Lampião, repreendendo os asseclas:

- Voceis não faz nunca as coisa bem feita!”

Ranulfo Prata

Fonte: facebook
Página: Antônio Corrêa Sobrinho

“O FIM DE VIRGULINO LAMPIÃO” O que disseram os JORNAIS SERGIPANOS

O livro “O FIM DE VIRGULINO LAMPIÃO” O que disseram os JORNAIS SERGIPANOS custa:

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DERNA DE 1912!

Por Kydelmir Dantas (*)


É LUA, é sol, é sertão,
É caatinga, fauna e flora.
É a maior expressão
Do Nordeste, mundo afora.

É sanfona, triângulo e zabumba,
É luz para os que aí estão.
Vaquejada, Cantoria e Boi-Bumba,
 XAXADO, Xote e BAIÃO.

É a MISSA DO VAQUEIRO,
As festas de São João.
ASSUM PRETO, BOIADEIRO,
É ave de arribação.

É a saudade presente;
No SANGUE DE NORDESTINO.
É ASA BRANCA, no céu,
Que cumpriu o seu destino.

É recordação que vive,
Em todos trabalhos seus.
Que inspira teus seguidores,
SANFONEIRO DO POVO DE DEUS!


Kydelmir Dantas é poeta, escritor, pesquisador do cangaço e Gonzaguiano. Natural de Nova Floresta (PB), mas radicado em Mossoró.

http://lentescangaceiras.blogspot.com.br/2008/12/derna-de-1912.html

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PARABÉNS PELOS SEUS 70 ANOS MEU PAI, BENEDITO VASCONCELOS MENDES

Milton Mendes e Benedito Vasconcelos Mendes

Parabéns pelos seus 70 anos meu pai, Benedito Vasconcelos Mendes, que Deus lhe conceda mais muitos anos de vida e o mesmo vigor e disposição para que possa continuar esta bonita caminhada que tem trilhado, sempre com muito caráter, honestidade e respeito ao próximo!



Seu exemplo nos inspira a procurar sempre dar o melhor de nós em tudo que nos propomos a fazer, pois não há melhor ensinamento para um filho do que o exemplo de seu pai...

Milton Mendes

Benedito Vasconcelos Mendes é professor universitário e presidente da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço. Foi diretor da Escola Superior de Agricultura de Mossoró, hoje, UFERSA.

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ZÉ LEOBINHO

Clique na FOTO e amplie para uma melhor leitura.

UM PERSONAGEM HISTÓRICO...!...VAQUEIRO ZÉ LEOBINO E SUAS HISTÓRIAS...

Seu sogro foi coiteiro de Lampião... Confira na entrevista.


Fonte: facebook

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RELAÇÃO DE LIVROS À VENDA (PROFESSOR PEREIRA - CAJAZEIRAS/PB).


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O CONTRASTE DO CANGAÇO NO CAMINHO DO SERTÃO

Por Regina Santana (nhyna19@gmail.com) e Victória Damasceno (damascenovictoria@gmail.com)

O clima frio da capital paulista nos afasta da quente e seca realidade dos sertões nordestinos. Pensar em sertão traz à mente o cenário mostrado por Graciliano Ramos em “Vidas Secas”, cujas duras condições levam à animalização do homem. Se a arte imita a vida, esta certamente ilustrou bem o Nordeste de outros tempos – nem tão longínquos assim – em que a fome e a seca assolavam a população e, no chão rachado da Caatinga, justiça era feita à ferro, fogo e sangue. É nesse contexto que se viu surgir, da canga presa ao pescoço dos bois que transportavam seus pertences e armas, os cangaceiros correndo às matas em suas vestes de couro. São a prova viva da resistência, da representação da cultura sertaneja, e que ao mesmo tempo foram figuras ambíguas, ora heróis, ora vilões.
“Hoje em dia até que tá melhor, mas na minha época [a vida no sertão] era muito difícil. A gente trabalhou de meeiro, sabe? Plantar na terra do outro pra ter o que comer não é bom, não”. Assim conta, de forma simples, Francisco de Assis Santana, de 56 anos, cuja vida poderia estar descrita nas páginas de Graciliano, nas obras de Guimarães Rosa ou nas canções de Luiz Gonzaga.

Agricultor cercando cabras e casa com cisterna no sertão, cena comum na região. (Foto: Palê Zuppani/FotoNatural)

Nascido e criado em São Miguel, no interior do Rio Grande do Norte, Francisco só conheceu São Paulo aos 18 anos, quando saiu com os irmãos da cidade onde morava em busca de melhores condições de vida. Sua infância não foi muito diferente da de milhões de nordestinos, que, desde muito cedo, já conheciam as dificuldades da vida sertaneja. Quando perguntado a respeito dos estudos, Francisco, muito sério, responde: “Não tive muito não. Até a quarta ou quinta série, eu acho. Ou a gente trabalhava ou estudava.”

Ele lembra de sua infância na Caatinga com certo amargor. Não eram apenas as dívidas com os donos de terra que incomodavam. Alimentação, moradia, vestimenta, tudo era conseguido por intermédio de coronéis, que possuíam grande parte do comércio da região. Francisco há muito não trabalha no campo, mas sabe que por lá, onde nasceu, esse estilo de vida era exatamente como no tempo de seu pai e avô. “Quem manda não somos nós”, ele diz, o que prevalece é “a lei do mais rico”.

As condições precárias de vida, o duro trabalho no campo e a incerteza do futuro não marcaram apenas a vida de Francisco, mas de gerações inteiras. A forte presença do coronelismo na República Velha (1889-1930) modificou as relações de trabalho e as estruturas sociais brasileiras, que se estenderam por muitos anos até a chegada da indústria no País. Enquanto nas grandes metrópoles a vida política e econômica crescia a todo vapor, nas áreas rurais parecia engessada no modelo semifeudal de vínculo com a terra, propiciando, assim como nas cidades, a exploração das classes mais pobres. No interior do Nordeste, onde o analfabetismo era muito presente, essa condição de exploração se tornava ainda mais evidente.

Perguntado se se lembra de alguma figura marcante na cultura nordestina que tenha lutado por mudanças sociais que quebrassem essa lógica de exploração, Francisco diz: “Assim, desse jeito, não lembro. Mas tinha o Lampião, que a gente ouvia os antigos falarem muito. Ele não era ‘ do bem’ mas ajudava a diminuir um pouco a injustiça”.

Mesmo 77 anos após sua morte, o famoso cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, ainda é figura recorrente no imaginário social no que tange ao Cangaço. Foi o grande líder do bando fora-da-lei, que impunha medo aos inimigos e respeito por parte da população.

Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião, em Juazeiro do Norte (CE), em 1926. (Foto: Lauro Cabral de Oliveira)

Oriundos do descaso dos governantes e do monopólio dos coronéis locais, os primeiros cangaceiros eram vaqueiros, lavradores e sertanejos que buscavam ascensão social e, principalmente, vingança. Equipados com cangas de madeira e utensílios de aço corriam as matas cortantes da Caatinga, pilhando comércios e trens, invadindo grandes fazendas e, quase sempre, confrontando seus inimigos. O que hoje é considerado um movimento social, na época, era um modo de vida alternativo para aqueles que não mais aceitavam se subordinar à hierarquia do sertão nordestino. Para o professor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Carlos Tadeu Melo Botelho, “O cangaceiro era uma espécie de herói ambíguo. Eles não lutavam contra o governo em geral, lutavam contra autoridades locais, contra a perseguição direita às famílias deles, mas não tinham um projeto de modificação social”, afirma.

Entrar para o cangaço era uma forma de sobreviver à perseguição dos mais poderosos. Fazer parte do movimento significava a mudança da identidade social, a ponto de não mais poder voltar a ser um pacato fazendeiro. Nas palavras de Tadeu: “eles eram cangaceiros até a morte”. Não podiam existir em outro lugar que não ali, pois faziam parte daquela sociedade e dela eram fruto.

O espectro dos membros era muito variado, o que não garantia uma unidade de comportamento e propiciava divergência de interesses.  Em comum, tinham a legitimidade da cultura – as vestes típicas, a linguagem e os mitos –  e seus códigos de honra, que definiam a organização interna. Tadeu conta que, por serem frutos daquela sociedade, seus comportamentos e costumes também pertenciam àquele meio. “A conduta moral, o comportamento sexual, a religiosidade, tudo isso aparece representado de uma forma muito próxima ao povo deles. O cangaceiro não cai de paraquedas ali, ele não chega no sertão como muita gente chega na favela. Ali é o lugar dele. ”

Ilustração que retrata o cangaceiro Antônio Silvino, a primeira grande liderança do cangaço, que chegou a receber a alcunha de “governador do sertão”. (Fonte: onordeste.com/Reprodução)


Existe uma dualidade no imaginário popular quando o assunto é o cangaço: ora são subversores da ordem social, ora são heroificados. Muitas vezes, o paralelo com o herói que tirava dos ricos para dar aos pobres, Robin Hood, emerge nesta história. Mas nisso Lampião fica para trás. Quem se sobressai neste quesito é aquele que o antecedeu na liderança do cangaço, o bandoleiro Antônio Silvino, conhecido também como governador do sertão. Tadeu recorda-se do estudo sobre o bandoleiro de autoria da professora Linda Lewin, da Universidade da Califórnia, no qual afirma que os atos de Silvino eram muito mais robinhoodianos. “Estudando o cangaço, ela chegou à conclusão de que a semelhança com Robin Hood não era de Lampião, mas de Antônio Silvino. Ele usou a prática redistributiva: grilava trens e dividia o que tinha dentro com a população, como uma forma de agradar, esperando que assim o aceitassem.”

Lampião também dividia sua grilagem com a população local, mas sua prática era mais visceral. Tadeu afirma que o bando de Lampião era marcado pelo conflito e pela crueldade. “Não eram progressistas. Eles destruíam tudo aquilo que pudesse ser fator de perseguição.” Assim, enquanto apresentava uma face solidária, não deixava de expor seu lado sanguinário. “Sua imagem é ambígua. Lampião era o bem e o mal. Num ato de justiça estava embutida a injustiça. Ele é uma prova de que o bem e o mal não existem em estado puro. As coisas que ele fazia eram completamente ambíguas”, completa. Entretanto, o professor ressalta que não se pode ver o Cangaço como uma luta de classes. Ainda que trouxessem benefícios para as comunidades locais, suas ações não tinham qualquer intenção de revolucionar as estruturas socais de poder ou tornar o Nordeste uma região mais justa.

Com Lampião a realidade do cangaço também mudou em sua estética. Além das marcas características, foram incluídos adereços e indumentárias em suas roupas, reforçando ainda mais a hierarquia entre eles. “Quanto mais enfeitado, mais poderoso era o cangaceiro”, afirma Tadeu. Essa mudança na imagem não veio à toa, mas com a inserção das mulheres no bando. “Isso ocorreu na época de Lampião, pois de 1870 até 1928, ou seja, 80% do tempo de cangaço, não haviam esses enfeites. Mas com a entrada das mulheres em 1928, Dadá, Maria Bonita, os cangaceiros passam a se enfeitar e isso passa a ser um reflexo da hierarquia”.

Embora sua presença tenha alterado a imagem representativa dos cangaceiros, as mulheres eram inferiorizadas nas relações de poderes. Com exceção de Dadá e Maria Bonita – esposas de grandes líderes – que chegaram a atuar diretamente como cangaceiras, boa parte das mulheres do bando foram raptadas de suas famílias unicamente para servir aos interesses do grupo.  “O machismo dominava a cultura. Houve alguns assassinatos de mulheres dentro do cangaço, dois muito conhecidos por adultério. E apesar de terem sido violentos, as mulheres que assistiram as outras serem assassinadas concordaram.”

Corisco, o primeiro à esquerda, tendo ao seu lado a companheira Dadá e integrantes do seu grupo, em 1936. (Foto: Benjamin Abrahão/Acervo Abafilm)

No meio do bando, entre enfeites, mulheres e liderança, Lampião pensava muito bem em como desenvolveria a organização do grupo para que alcançasse todos os seus objetivos. Para o professor Tadeu, de todas as características de Lampião, a principal era ser um grande estrategista. Os documentos históricos provam sua valentia ao ir de encontro à polícia e travar  batalhas sempre com muita precisão na condução da artilharia.

Durante os anos em que existiu, a vida cangaceira foi marcada pelo uso da violência e dos atos ilícitos, bem como pelo constante confronto com as autoridades. A pesquisa histórica revela um cenário repleto de ações criminosas e atrozes, incompreensíveis à primeira vista. Quando olhadas de fora, trazem o julgamento a priori dos cangaceiros como bandidos iguais a todos os outros. É preciso, no entanto, o olhar atento: o banditismo faz parte de uma relação bilateral entre indivíduo e sociedade e aparece como efeito colateral a uma série de desajustes. O cangaço está enraizado no cultura nordestina – seja como movimento social ou como parte do imaginário – e também cumpre a função de construir a identidade daquele povo e, de certa forma, dar unidade à sua história. Daí a ligação intrínseca entre a memória constituída por esses relatos e a atribuição de valores heroicos.

Para Tadeu Botelho, “Lampião era herói ou bandido?” é uma pergunta meio falsa. “Como dizia Guimarães Rosa: não existem heróis de se pegar. O herói é uma criação do imaginário popular”, completa. Ainda que sua imagem esteja atrelada à violência, a memória do cangaceiro também compõe um quadro muito mais amplo, que diz respeito à afirmação identitária e representatividade. O nordestino não necessariamente apoia a violência quando se identifica com o cangaceiro; ele vê não apenas a história de Lampião retratada nas obras, mas a sua própria herança cultural.

Maria Bonita, Lampião e seu bando em 1936. (Foto: Benjamin Abrahão)

A imagem do cangaceiro mais famoso das terras sertanejas carrega em si o paradoxo que o permite ser quem ele é. Enquanto ajudava sua gente, estava igualmente disposto a fertilizar a terra seca com o sangue de seus inimigos. Se herói ou vilão, não importa. A personagem viva no imaginário popular floresce o sentimento de medo e gratidão, que permite não somente a ele, mas aos reis do cangaço, a imortalidade na cultura popular nordestina.

ANTÔNIO SILVINO•BANDIDO•CANGACEIRO•CANGAÇO•ESPECIAL•ESPECIAL NORDESTE•GRACILIANO RAMOS•GUIMARÃES ROSA•HERÓI•LAMPIÃO•LUIZ GONZAGA•MARIA BONITA•NORDESTE•VIRGULINO FERREIRA DA SILVA

http://jpress.jornalismojunior.com.br/2015/08/contraste-cangaco-caminho-sertao/

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JOÃO MOSSORÓ NO CADEG.


JOÃO MOSSORÓ NO CADEG.

Mais uma oportunidade para você curtir o verdadeiro forró e a música portuguesa no Cantinho das Concertinas no próximo sábado, dia 5 de setembro. Aproveite para almoçar com sua família um dos pratos da culinária portuguesa. Sem cobrança de couvert artístico.

A tarde Mossoró acompanha o radialista Pedro Augusto no show em Manguinhos.

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Fonte: facebook
Página: Luiz Dutra Dutra

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LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS


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MARIA BONITA E ZÉ DE NENÉM


A primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros. Assim foi Maria Gomes de Oliveira, conhecida como Maria Bonita. Nascida em 8 de março de 1911 (não por acaso o Dia Internacional da Mulher!!) numa pequena fazenda em Santa Brígida, Bahia e filha de pais humildes Maria Joaquina Conceição Oliveira e José Gomes de Oliveira, Maria Bonita casou-se muito jovem, aos 15 anos. 


Seu casamento desde o início foi muito conturbado. José Miguel da Silva, sapateiro e conhecido como Zé Neném vivia às turras com Maria. O casal não teve filhos. Zé era estéril.

A cada briga do casal, Maria Bonita refugiava-se na casa dos pais. E foi, justamente, numa dessas “fugas domésticas” que ela reencontrou Virgulino, o Lampião, em 1929. Ele e seu grupo estavam passando pela fazenda da família. Virgulino era antigo conhecido da família Oliveira. Esse trajeto era feito com frequência por ele. Era uma espécie de parada obrigatória do cangaceiro.


Os pais de Maria Bonita gostavam muito do “Rei do Cangaço”. Ele era visto com respeito e admiração pelos fazendeiros, incluindo Maria. Sem querer a mãe da moça serviu de cupido entre ela e Lampião. Como? Contando ao rapaz a admiração da filha por ele. Dias depois, Lampião estava passando pela fazenda e viu Maria. Foi amor à primeira vista. Com um tipo físico bem brasileiro: baixinha, rechonchuda, olhos e cabelos castanhos Maria Bonita era considerada uma mulher interessante. A atração foi recíproca. A partir daí, começou uma grande história de companheirismo e (por que não!) Amor.

Fonte: facebook

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