Por José Mendes Pereira
- Um inferno surgiu em minha cabana assim que o meu filho “Piatã” engrossou a voz, o pescoço e braços! - Dizia o velho “Kauê”.
- Sim senhora, estou!
Por José Mendes Pereira
Clerisvaldo B. Chagas, 3/4/5 de agosto de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.956
Piranha
remonta ao século XVII quando o lugar era chamado “Tapera”, naturalmente pela
existência de um rancho pobre na beira do rio. Conta a tradição que um caboclo
pescou uma piranha grande num riacho, próximo, mas chegando em casa havia
esquecido o cutelo. Mandou buscar o cutelo no riacho da Piranha e assim a
denominação ganhou corpo com o tempo. Houve muitas marchas e contramarchas, mas
o nome Piranhas firmou-se definitivamente na cidade e novo município. Piranhas
cresceu e se emancipou de Pão de Açúcar. Possui uma população de mais de 25.000
habitantes chamados piranhenses. A padroeira da cidade é Nossa senhora da Saúde
comemorada em 2 de fevereiro. Piranhas, situada à margem esquerda do Rio São
Francisco está a 88 metros de altitude e a 269 quilômetros de Maceió.
A cidade tem
relevo ladeiroso em afastamento do rio, casas coloridas e distribuição como um
presépio. Essa expressão cidade-presépio foi dita por mim, na penúltima vez que
ali estive e nunca tinha ouvido essa expressão antes. Piranhas vive do comércio,
da agropecuária, da pesca e, atualmente, do turismo paisagístico e do turismo
do cangaço, pela proximidade do lugar sergipano onde morreu
Lampião. Vale salientar que a hidrelétrica de Xingó, representa
também um atrativo turístico durante o ano todo. Ali, o saudoso cantor Altemar
Dutra, sempre estava a visitar e cantar pelas noites românticas e enluaradas da
cidade-presépio. Uma visita, vinda de Maceió, mesmo que seja de apenas um dia,
vale à pena e fica sempre com o gosto de “quero mais”.
A cidade já possuiu estrada-de-ferro com a linha Piranhas Jatobá-PE e que também foi utilizada por forças volantes de combate ao cangaço. Pode-se alugar canoa e guia para uma viagem até a Grota dos Angicos, Sergipe, onde foi assassinado o cangaceiro maior. Modestas pousadas, banho no rio, mirantes espetaculares, visita a hidrelétrica de Xingó, passeio nos cânions e culinária do São Francisco podem lhe deixar apaixonado. Depois da primeira novela da Globo, no lugar, Piranhas passou a ser conhecida e cobiçada no Brasil inteiro. Se eu fosse você, reuniria à família e mandava ver pneu na estrada.
Por José Mendes Pereira
Em meados de
outubro de 1930 quando o bando de Lampião entrou na cidade de Aquidabã, em
Sergipe, o ínfimo contingente policial fugiu às pressas deixando as pessoas
totalmente desprotegidas e nas garras dos cangaceiros. Aquele era o retrato da
força policial sergipana do governador Eronildes de Carvalho, filho de Antônio
Caixeiro, sem dúvidas, dos maiores coiteiros que o famigerado Lampião teve na
sua vida bandida por cerca de 20 anos no nordeste brasileiro.
Jose Custódio de Oliveira, o Zé do Papel, em virtude de ser uma pessoa aparentemente de classe privilegiada, de classe média para rica, um pecuarista e proprietário da Fazenda Pai Joaquim, fora abordado por Lampião e dentro da sua residência na cidade de Aquidabã, além de certa quantidade de dinheiro, fora encontrado dez balas de fuzil em uma cômoda, sendo daí interpelado para contar onde estava a arma, pois pela lógica, havendo munição haveria a consequente arma, oportunidade em que o trêmulo cidadão afirmou ter emprestado o mosquetão para o juiz de direito daquela comarca, Dr. Juarez Figueiredo.
Tal fato, provavelmente incutiu na mente de Lampião que a arma fora passada ao juiz, justamente para que ele se defendesse do seu bando, daí, enraivecido com o fato, o chefe do cangaço, irracional e impiedosamente arrastou Zé do Papel ruas acima e em frente a um armazém próximo da praça principal da cidade decepou à golpe de faca a sua orelha, depois do bando ter praticado saques no comércio local e tantos outros crimes de torturas contra pessoas amedrontadas, dentre os quais o assassinato de um débil mental de nome Souza de Manoel do Norte, mais conhecido por Abestalhado, que se fez de corajoso na sua insanidade sacando um pequeno canivete com o qual cortava fumo de corda para fazer seu cigarro de palha e com tal arma teria desafiado os cangaceiros. Diante do fato, o sanguinário Zé Baiano partiu em verdadeira fúria contra o pobre do doido ceifando a sua vida a golpes do seu longo e afilhadismo punhal de 70 centímetros, em luta totalmente desigual de um ínfimo canivete em mãos de um doente mental contra um longo punhal em mãos de um feroz e impiedoso cangaceiro. Não satisfeito com o bárbaro assassinato, Zé Baiano abriu a barriga da pobre vítima para retirar gordura e untar as suas armas de fogo. Tal pratica era useira e vezeira quando os cangaceiros eliminavam as suas vítimas e queriam impressionar a população para serem mais respeitados ainda do que já eram.
Consta que Zé
do Papel na agonia de sentir o sangue escorrendo pescoço abaixo ainda foi
obrigado a beber um litro de cachaça que ao mesmo tempo era usada para estancar
o seu ferimento e aliviar a sua dor. Em meio a esse místico de humilhação,
crueldade, sangue e cachaça o endiabrado cangaceiro Zé Baiano pegou o roceiro
Eduardo Melo e após espancá-lo com o coice do seu fuzil, também cortou a sua
orelha seguindo o exemplo do seu chefe. Zé do Papel ainda viveu por muito tempo
e viu o cangaço se acabar e seu carrasco morrer, entretanto, o Eduardo Melo não
teve a mesma sorte e faleceu cerca de um mês depois da perversidade sofrida.
Assim,
Aquidabã viveu o maior dia de terror da sua história. Assim Aquidabã fora
vítima das atrocidades dos cangaceiros e para sempre pelos seus sucessores
moradores aquele dia será lembrado. Assim, Aquidabã fora vítima também do
próprio Estado que deveria ser o protetor do povo, mas que estava ausente.
Ausente pela covardia dos seus policiais que fugiram mato adentro sem esboçarem
reação alguma. Ausente pela pouca ou nenhuma vontade política de
verdadeiramente se combater o cangaço nas nossas terras.
De tudo isso,
por incrível que pareça, a Justiça de Aquidabã, sequer abriu Processo Criminal
contra Lampião e seu bando. Teria o juiz Juarez Figueiredo, o mesmo que estava
com o fuzil emprestado de Zé do Papel, responsável indireto pelo decepamento da
sua orelha se acovardado para não providenciar qualquer procedimento judicial contra
Lampião?...
Por outro lado, em igual modo de impunidade falando, dizem "e a história de certo modo comprova" que a polícia de Sergipe era uma polícia de "faz de conta": Fazia de conta que caçava Lampião, e, Lampião por sua vez, fazia de conta que era caçado.
Archimedes
Marques, pesquisador e escritor
Presidente da
Academia Brasileira de Letras e Artes do Cangaço
Conselheiro
Cariri Cangaço, Aracaju-SE
Fonte:http://www.cangacoemfoco.jex.com.br
http://cariricangaco.blogspot.com/2020/01/ze-do-papel-e-lampiao-porarchimedes.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Por:José Tavares de Araújo Neto
Por José Francisco
*HOJE TIVE A
GRANDE SATISFAÇÃO DE TER O MEU TEXTO QUE CONTA A HISTÓRIA DO CAPITÃO ARLINDO
ROCHA, QUE FOI INSERIDO NO LIVRO (CANGAÇO EM PERSPECTIVA-O SERTÃO EM LUTAS, DE
ORGANIZAÇÃO DE ADRIANO DE CARVALHO), BOBRE A ÓTICA DO MESTRE *DR. LEANDRO
CARDOSO* MUITO OBRIGADO MEU AMIGO. Veja o que ele escreveu no texto abaixo
"Li
também o trabalho do amigo José Francisco sobre o Capitão Arlindo Rocha. Na
periferia da trajetória do perfilado, o amigo Zé Francisco nos presenteia com
referências a personagens esquecidas na crônica do Cangaço: cito aqui os cangaceiros
Antônio Padre e Gavião. Valentes como João Lica e Raimundo Rocha merecem a
lembrança e que suas memórias mereçam o devido destaque por terem colocado sua
saúde e suas vidas contra o banditismo. O relato da morte de Gavião é
impressionante; me lembrou a morte de Azulão."
Parabéns ao
amigo Zé Francisco pelo resgate.
https://www.facebook.com/photo/?fbid=835516864862841&set=gm.2269200066622258&idorvanity=179428208932798
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Por José Mendes Pereira
O rei do baião Luiz Gonzaga do Nascimento era um homem positivo e gostava de fazer alguma coisa por aqueles que necessitavam de ajuda financeira, e segundo Roberto Amaral, um dos que gostava de contar histórias sobre ele. Vamos apreciar a sua história sobre seu Luiz Gonzaga.
CIRCO DO INTERIOR
Por Roberto Amaral
certa vez, quando retornava de um show em uma cidade do interior da Paraíba, lá do carro, seu Luiz Gonzaga avistou um circo bastante humilde, isto é, pano rodado, sem cobertura. E após observar a casa de sorrisos, enquanto o carro corria, ele pediu para que o motorista se aproximasse mais um pouco para analisá-lo bem de perto. E por um tempinho, ficou lá de olhos arregalados calculando a sua pobreza, a vida daquelas pessoas humildes, que por intermédio do circo, faziam as outras sorrirem, tentando adquirir a sobrevivência.
Sem muita demora, um senhor do circo o viu, veio até o carro e disse:
- O senhor é o rei do baião Luiz Gonzaga?
E ele disse:
- Sim, sou eu mesmo!.
- E o que faz por aqui, seu Luiz? Perguntou o dono do circo espantado!
Seu Luiz Gonzaga falou:
- Vim pedir pra você anunciar que, hoje à noite, Luiz Gonzaga, vai tocar neste circo!.
O homem, meio que sem jeito, disse:
- Seu Luiz Gonzaga, a gente não tem condições de pagar um artista do seu nível!
E Luiz Gonzaga o respondeu:
- Anuncie assim mesmo, homi, que Luiz Gonzaga vai tocar aqui esta noite! E mandou que o motorista tocasse o carro pra pista...
E assim fez o dono do circo anunciando pelas ruas da cidade a presença de seu Luiz Gonzaga em seu humilde circo.
À noite, mesmo desestruturado o circo que nem cobertura tinha, estava lotado, só com a notícia de que Luiz Gonzaga iria ali se apresentar.
Ele procedeu como combinado, e na hora acertada, apareceu, tocou e cantor por quase 1 hora!
No final da sua apresentação, o dono do circo chegou para Luiz e falou, com toda honestidade de um sertanejo simples:
- Seu Luiz Gonzaga, divida o apurado como o Senhor achar justo!
Seu Luiz olhou para o bolão de dinheiro que ele segurava e lhe disse:
- Este dinheiro é teu, home! Agora, cria vergonha e compra uma lona nova para o circo! Se eu passar por aqui de novo, não vou querer cantar ao relento! Esse dinheiro é pra você melhorar seu circo e também a tua vida!
Apertou a mão do novo amigo e partiu!
Esse era o velho Lua!
Fonte de
pesquisa: http://www.luizluagonzaga.mus.br
Roberto Amaral
http://www.luizluagonzaga.mus.br
http://blogdomendesemendes.blogspot.com