Por Geraldo Maia do Nascimento
Era a
residência do Cel. Antônio Soares do Couto, industrial, sócio da empresa local
M.F. do Monte & Cia., ex-Presidente da Intendência com cargo executivo em
1908, que ali residiu até sua morte na década de 20. O nome da mansão foi em homenagem a sua esposa, Justa Nogueira do Couto, que teve uma existência mais longa, falecendo nos idos de 1950. Foi construída em 1915, em terra virgem, dentro do mato, numa área onde existiam apenas frondosas árvores seculares. O acesso era feito através de uma vereda no matagal que se iniciava na linha de ferro.
A obra foi iniciada em 1915 e teve como chefe de construção o italiano Campitelli, arquiteto trazido para o Brasil como um dos maiores artistas do gênero que havia pisado em nossa capital. Foi ele o responsável pela introdução do “radier”, o que era novidade no sistema de amarração de prédios. A “Vila Justa” foi inaugurada solenemente a 15 de março de 1917, com a presença de autoridades, convidados especiais e familiares. Ali estiveram os Dres. Almeida Castro, Soares Júnior e Enéas Couto, os dois últimos sobrinhos do anfitrião, Manuel Benício de Melo, Cunha da Mota, Presidente da Intendência, Miguel Faustino do Monte, José Pedro do Monte, Antônio Florêncio de Almeida, jornalista Martins de Vasconcelos e outros. Houve missa e bênção do edifício, oficiados pelo Padre Manuel Barreto, vigário da paróquia e diretor do Colégio Santa Luzia, além da cerimônia de batismo de duas crianças, sobrinhas do Cel. Totô. O padre Barreto proferiu eloquentes palavras congratulatórias ao evento e ao proprietário. A festa culminou com um lauto jantar oferecido aos presentes em regozijo pela inauguração da “Vila Justa”. Uma história interessante envolvendo a mansão é que quando surgiu à ideia da aquisição de um imóvel, por parte da Diocese de Mossoró, para sede episcopal, chegou-se a conclusão que o prédio ideal seria a “Vila Justa”, que era considerado um solar de boas virtudes. E coube ao Padre Mota a responsabilidade da conversa inicial com os herdeiros da família. Acontece que o Padre Mota tinha tido um desentendimento com a proprietária, por tê-la reprimido durante uma missa, quando a mesma tentou furar a fila de comunhão. E o padre procurou explicar ao Bispo a situação, que estavam de relações cortadas com a viúva que nem mais o cumprimentava e que certamente não ia querer negociar com ele. Mas dada persistência do Sr. Bispo, padre Mota arriscou intermediar os entendimentos. E prometeu ao mesmo que falaria com a viúva quando houvesse oportunidade. E esta se ofereceu na própria Catedral, momento em que Justa, ajoelhada, contrita, fazia suas preces, rezava suas orações. Aproximando-se, cumprimentou-a. A mesma respondeu ao cumprimento com satisfação, demonstrando que não havia mais ressentimento pelo ocorrido. E começaram a partir daquele momento as negociações para aquisição da “Vila Justa” e todo o seu vasto terreno, para a instalação do Palácio Episcopal. O referido prédio está localizado na Praça Padre Mota, popularmente conhecida como Praça das Caixas d’Água. O prédio permanece com suas fachadas inalteradas, e já abrigou seis Bispos de nossa Diocese: Dom Jaime de Barros Câmara, Dom João Batista Portocarrero Costa, Dom Eliseu Simões, Dom Gentil Diniz Barreto, Dom José Freire de Oliveira Neto e Dom Mariano Manzana.
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Autor:
Jornalista
Geraldo Maia do Nascimento
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