Antônio
Ferreira Lima casou com Maria Francisca Chaga. Dessa união nasceram cinco
filhos, três homens e duas mulheres. O nome dos descendentes, do sexo
masculino, eram, do mais velho para o mais novo, João Ferreira Sobrinho, o
primogênito de apelido ‘João Rola’, José Ferreira, futuro pai de “Vassoura”,
“Ponto Fino” E “Lampião”, e Venâncio Ferreira.
Dando um
‘salto’ fora de casa, Antônio Ferreira Lima, pai do pai de Virgolino, apaixona-se
pela jovem Matilde, e desse namoro nasce Antônio José Ferreira, que na saga
cangaceira ficou conhecido como “Antônio Matilde” ou “Antônio de Matilde’.
Mesmo sendo filho bastardo é tio dos filhos de José Ferreira, inclusive de
Virgolino. Só excluindo-se Antônio Ferreira, pois, segundo algumas literaturas
o mesmo não era irmão legítimo dos demais filhos de Zé Ferreira. Mas, isso é
outra ‘gleba’ da história que contaremos mais tarde.
Devido à
intriga de sangue entre os componentes das famílias Monte e Feitosa, vindas das
terras de Iracema, da qual, o avô de Virgolino, Antônio Ferreira Lima, tinha
modificado esse nome. Usou outros, além do mostrado, como Antônio Ferreira de
Barros, Antônio Ferreira da Silva e Antônio Ferreira de Magalhães, quando se
sabe que seu nome verdadeiro era Antônio Alves Feitosa.
Antônio José
Ferreira foi, como tantos, forjado no duro semiárido sertanejo onde, para
sobreviver, já significava uma enorme vitória, devido, principalmente, a falta
de assistência dos governantes, e as grandes estiagens que assolam aquele chão.
Desde cedo
aprende o manejar das armas. Quando de sua adolescência para adulto, já fazia
parte do grupo de cangaceiros do chefe cangaceiro Cassimiro Honório, que atuava
nas ribeiras do Navio e Moxotó pernambucano, tendo como companheiros os
cangaceiros “Marcolino do Juá, o Marcula; Ângelo Carquejo, o Anjo Novo; José e
João Davi, os Rajados; João Branco; Vicente Moreira; Cirilo Antão; Joaquim
Cariri, (genro do chefe); Pedro Fernandes; Elpídio Freire; Clementino Cordeiro de
Morais e Antônio Pereira dos Santos”.
Antonio Rosa
Quando da
emboscada armada contra os ‘Ferreira’, por Zé Saturnino e seus ‘cabras’,
Antônio Ferreira é baleado na altura do quadril e quem cuida desse ferimento é,
justamente, Antônio Matilde, que na época tinha ‘experiência’ em tratamento de
ferimentos à bala. Antônio Ferreira fica de ’molho’ mais ou menos uns vinte
dias na sede da fazenda de Antônio Matilde.
Sabedor de que
Antônio Matilde tinha cuidado do ferimento de Antônio Ferreira, Zé Saturnino
denuncia o mesmo às autoridades de Vila Bela. As autoridades designam alguns
soldados que acompanham Zé Saturnino e seus homens na busca para prenderem o
tio de Virgolino.
Lampião aos vinte anos de idade
A equipe
formada por ‘cabras’ de Saturnino, o próprio e os soldados vão dá com Antônio
Matilde na sede da sua fazenda Matuta. Lá chegando prendem o dono daquelas
terras. Zé Saturnino, insatisfeito ainda desce a ‘lenha’ em Antônio, monta em
suas costas e o faz de montaria, usando as esporas. Após ser levado para Vila
Bela, dentro da cadeia Antônio passa a levar uma surra por dia, durante uma
semana. No final da semana de suplícios ele é ‘liberado’ e profere a frase
famosa:
“-Adeus Vila
Bela! Até a hora do juízo final!”
Mesmo que os
ferimentos na carne tivessem sarado, os internos, a honra e as humilhações, jamais
saram, e Antônio Matilde se refugia nas terras da fazenda Cobra, nas Alagoas,
sob a proteção do coronel Ulisses Luna.
Primeiro
bando comandado por lampião em 1922. esse bando foi 'herdado' do Sinhô Pereira. — com severino
barros barros.
Sem terem
sarados as chagas ‘íntimas’, estavam sempre ‘vivas’ e sanguinolentas, Antônio
Matilde sempre remoía no juízo uma forma de vingar-se das humilhações que Zé
Saturnino o fizera passar. Mesmo se não o matasse, causaria grandes prejuízos
ao fazendeiro. Na segunda metade de 1919, Antônio Matilde chama os sobrinhos
Higino, Antônio, Livino e Virgolino, isso já quando os Ferreira estavam
tentando morar em terras alagoanas, e vão falar com o chefe cangaceiro Sinhô
Pereira, pedindo-lhe ajuda para a desforra. Sinhô Pereira lhes ‘empresta’ seis
cabras comandados pelo valente cangaceiro Baliza, que era José de Dedé.
José Dedé o cangaceiro Baliza
Esse grupo
causa grandes arruaças na região de Vila Bela. Escolhem um setor para fazerem
seu ponto de apoio e atacam por diversas vezes e maneira, mesmo diariamente, as
fazendas Pedreira e Serra Vermelha. Devido a esses ataques é que Zé Saturnino
recorre ao tio, o famoso chefe cangaceiro Cassimiro Honório.
Sebastião
Pereira e Silva (ou da Silva) - o chefe cangaceiro 'Sinhô Pereira"
Recebendo
ordens de Antônio Matilde, os homens iam esperar que as reses aparecessem para
beber e as abatiam. Em certa ocasião, Cassimiro ouvindo os disparos, já sabe do
que se trata e arma uma emboscada para os cabras que estão a abater o gado.
Dessa vez eram dois, Higino e José Benedito, que quando aparecem à bala come
solta. Higino tomba morto e Benedito é salvo pela posição que levava sua arma,
pois a coronha do rifle ficou despedaçada pelos tiros que vinham em direção ao
seu corpo, com isso, ele salva-se da armadilha.
Os
emboscadores, sabedores de que os tiros foram escutados pelos outros cabras e
mesmo pelas notícias dada pelo ‘fugitivo’ que escapou, se amoitam novamente,
levam uma bala na agulha da arma e esperam...
Zé Saturnino
Virgolino
tendo escutado o som dos disparos, sabe que alguma coisa está acontecendo de
errado. Resolve ir investigar. Na nova emboscada, um cabra de Zé Saturnino,
Tibúrcio, que era negro, pede ao patrão para atirar antes dos demais, no que é
permitido por ele ter uma mira afamada. Tibúrcio atira de ponto em Virgolino,
não a referência do porque que o pistoleiro erra o tiro. Durante esse dia foram
vários os combates ocorridos. Terminando pelo agressor, Antônio Matilde, ser
ferido.
Alguns homens do bando de Matilde, depois dele estar baleado, vão alojarem-se
na Vila de São Francisco. Virgolino, Baliza e outros seguem para as Alagoas, e
o tio Antônio para fazenda Carnaúba, cuidar dos ferimentos. Após a recuperação,
também retorna para terras alagoanas... Outras e outras façanhas e brigadas
Antônio Matilde realizou em sua vida conturbada de fora-da-lei.
Fonte
“De Virgolino a Lampião” (Vera Ferreira e Antônio Amaury)
“Lampião – Entre a Espada e a Lei” (DANTAS, Sérgio A. de Souza.)
“Lampião – a Raposa das Caatingas” ( José Bezerra Lima
Irmão)
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