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quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

“PAJEÚ EM CHAMAS: O CANGAÇO E OS PEREIRAS”


Recebi hoje do Francisco Pereira Lima (Professor Pereira) lá da cidade de Cajazeiras no Estado da Paraíba uma excelente obra com o título "PAJEÚ EM CHAMAS O CANGAÇO E OS PEREIRAS - Conversando com o Sinhô Pereira" de autoria do escritor Helvécio Neves Feitosa. Obrigado grande professor Pereira, estarei sempre a sua disposição.


O livro de sua autoria “Pajeú em Chamas: o Cangaço e os Pereiras”. A solenidade de lançamento aconteceu no Auditório da Escola Estadual de Educação profissional Joaquim Filomeno Noronha e contou com a participação de centenas de pessoas que ao final do evento adquiriram a publicação autografada. Na mesma ocasião, também foi lançado o livro “Sertões do Nordeste I”, obra de autoria do cratense Heitor Feitosa Macêdo, que é familiar de Helvécio Neves e tem profundas raízes com a família Feitosa de Parambu.

PAJEÚ EM CHAMAS 

Com 608 páginas, o trabalho literário conta a saga da família Pereira, cita importantes episódios da história do cangaço nordestino, desde as suas origens mais remotas, desvendando a vida de um mito deste mesmo cangaço, Sinhô Pereira e faz a genealogia de sua família a partir do seu avô, Crispim Pereira de Araújo ou Ioiô Maroto, primo e amigo do temível Sinhô Pereira.

A partir de uma encrenca surgida entre os Pereiras com uma outra família, os Carvalhos, foi então que o Pajeú entrou em chamas. Gerações sucessivas das duas famílias foram crescendo e pegando em armas.

Pajeú em Chamas: O Cangaço e os Pereiras põe a roda da história social do Nordeste brasileiro em movimento sobre homens rudes e valentes em meio às asperezas da caatinga, impondo uma justiça a seus modos, nos séculos XIX e XX.

Helvécio Neves Feitosa, autor dessa grande obra, nascido nos Inhamuns no Ceará, é médico, professor universitário e Doutor em Bioética pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (Portugal), além de poeta, escritor e folclorista. É bisneto de Antônio Cassiano Pereira da Silva, prefeito de São José do Belmonte em 1893 e dono da fazenda Baixio.

Sertões do Nordeste I

É o primeiro volume de uma série que trata dos Sertões do Nordeste. Procura analisar fatos relacionados à sociedade alocada no espaço em que se desenvolveu o ciclo econômico do gado, a partir de novas fontes, na maioria, inéditas.

Não se trata da monumentalização da história de matutos e sertanejos, mas da utilização de uma ótica sustentada em elementos esclarecedores capaz de descontrair algumas das versões oficiais acerca de determinados episódios perpassados nos rincões nordestinos.
Tentando se afastar do maniqueísmo e do preconceito para com o regional, o autor inicia seus estudos a partir de dois desses sertões, os Inhmauns e os Cariris Novos, no estado do Ceará, sendo que, ao longo de nove artigos, reunidos à feição de uma miscelânea, desenvolve importantes temas, tentando esclarecer alguns pontos intrincados da história dessa gente interiorana.

É ressaltado a importância da visão do sertão pelo sertanejo, sem a superficialidade e generalidade com que esta parte do território vem sendo freqüentemente interpretada pelos olhares alheios, tanto de suas próprias capitais quanto dos grandes centros econômicos do País.

Após a apresentação das obras literárias, a palavra foi facultada aos presentes, em seguida, houve a sessão de autógrafos dos autores.

Quem interessar adquirir esta obra é só entrar em contato com o professor Pereira através deste e-mail: 
franpelima@bol.com.br
Tudo é muito rápido, e ele entregará em qualquer parte do Brasil.

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LAMPIÃO E A ESTRELA CADENTE EM MACEIÓ

Clerisvaldo B. Chagas, 18 de dezembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.232

        Na noite do último sábado (14) houve um grande apagão em Maceió. Mas foi visto um imenso clarão no céu e “alguns estouros nos postes de alguns bairros”. Depois de algumas horas a energia retornou e, os boatos se espalharam com rapidez. Coisa de Internet você sabe como é. Um meteorito havia provocado o apagão e estourado tudo por aí. Meteorito também é chamado de meteoro, aerólito, bólide, zelação, corisco e muito mais. Meteoritos são rochas e fragmentos que vagueiam no Universo. Quando esses fragmentos penetram na atmosfera terrestre, provocam clarões em vista do atrito provocado. Coisas sem muita importância. Geralmente os namorados chamam o fenômeno de Estrela Cadente e na hora costumam fazer três pedidos, crentes que serão atendidos.

CHUVA DE METEOROS. (IMAGEM/WIKIPÉDIA).
Entretanto, nem o romantismo dos namorados, nem o medo terrível de quem estava perto do clarão. A mentira do meteorito que correu mundo era baseada num fenômeno acontecido há muitos e muitos anos no Recife. Na verdade o que houve foram problemas causados dentro das próprias subestações, uma no Bairro Cruz das Almas e outra no Bairro Tabuleiro dos Martins em conexão com a cidade de Marechal Deodoro, esclarece os responsáveis pelo fornecimento. Todavia ainda tem muita gente que não viu o desmentido geográfico e continua entre dois mundos.
Isso nos faz lembrar a última noite de Lampião, Maria Bonita e seus nove sequazes na Grota dos Angicos. No desembarque para Sergipe, muitos sinais negativos surgiram na Natureza, entre uivos de cães e zelação, no rio São Francisco. No cerco da madrugada, pelas volantes, o foco de uma lanterna teria sido confundido com pirilampos ou com uma zelação.
Assim, o fenômeno causado pelo meteorito, zelação ou estrela cadente, sempre foi registrado no mundo em diversas épocas e ocasiões.
Em Maceió, o namoro com a zelação não foi bonito, “cabra véi”.
Ainda quer fazer os três pedidos?
Ufa! Danou-se.


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A CASA E A SAUDADE

*Rangel Alves da Costa

Dagomélia enlouqueceu depois que com eu melancia e tomou um copo de leite morno. Ao menos assim é que dizem. Depois disso passou a dizer coisa com coisa, a assuntar coisas inexistentes, numa insanidade que causa entristecimento. Quando não está variando, como costumam dizer, gosta de ficar nua debaixo da cama. E quando é encontrada assim sempre está sorrindo, com ares da maior felicidade do mundo.
Torquato não dá um bom dia nem boa tarde a ninguém. Caminha pela rua mais parecendo um inimigo do povo, sempre de cabeça baixa, fugindo de encontrar quem lhe enderece qualquer palavra. Faz suas obrigações e retorna como chegou, sem dar um pé de proseado com ninguém. Mas diferente, muito diferente é o homem quando está no seu terreno, perto de seu curral, de seu pasto de pouca vegetação e de seu rebanho miúdo. Os olhos parecem brilhando, chegando a conversar com as pedras e bichos, parecendo que vai cantar a qualquer instante. E canta mesmo. E sempre uma cantiga antiga de felicidade.
Florismundo era mais conhecido como o poeta choroso. E assim porque seus versos pareciam lacrimejar de tanto amor sofrido derramado e tanto desvão soluçante. Ele mesmo parecia um desvalido da sorte, do amor, das belezas da vida. Sempre de roupa escura com flor na lapela, lançava seu olhar lânguido e choroso aos jardins, janelas de moças bonitas e rabos de saia. Sempre rejeitado, acabou se dizendo amante das palavras poéticas, dos versos, das rimas e estrofes. Distante dos braços de uma bela morena, então deitava aos beijos e abraços com a última poesia escrita. E cheio de amor, de felicidade e contentamento.


Depois que enviuvou, Sinhá Pureza resolveu se vestir somente de luto fechado. E luto dos pés à cabeça, com meiões negros e véu de negrume retinto. Aonde fosse, e lá ia Sinhá Pureza com sua melancolia na face, seu luto por todo lugar e, ainda por cima, com um retrato do falecido sempre à mão. Assim saía pela porta da frente e para todo lugar aonde fosse. Contudo, segundo dizem, a que saía pela porta dos fundos, sempre às escondidas, era uma viúva completamente diferente. Toda pintada, de roupa florida, perfumada de corpo inteiro e numa sibiteza de espantar. Não perdia um forró. Mas sempre levava um véu florido para não ser descoberta. E assim, na duplicidade da vida, de um lado a fingimento da dor, e do outro a felicidade, vivia a viúva alegre.
Pelouquinho, o menino ainda sem nome escolhido, não dá trela pra brinquedo nem para acarinhamento exagerado. Também não gosta de dengo nem de beicinho para que se sinta feliz e alegra. Contudo, de vez em quando se dana a sorrir, a querer pular de contentamento, perante aquilo que somente ele vê, sente e entende. É uma felicidade infantil difícil de explicar, mas que ele a encontra perante o seu mundo e os seus inexplicáveis encontros.
Já eu, eu tenho o meio jeito próprio de contentamento e de felicidade. Não sorrio com piadas nem me alegro perante as alegrias vãs. Procuro sempre a felicidade interior, aquela que conforta e satisfaz sem precisar ser exposta. Não adianta o sorriso forçado ou o fingimento da alegria, se por dentro a tristeza possui moradia. Mas fico feliz com a felicidade do próximo, fico feliz quando encontro sorrisos e ares de contentamento. Não sei se são verdadeiros, mas sei que merecem estar onde estão. E assim vou comedindo meus prazeres, minhas esperanças e meus anseios, em busca de instantes bons e dias melhores. E ser feliz do meu jeito mesmo.
Diferente era a felicidade de Capim santo, um pé de balcão e tomador de cachaça. Seu contentamento era o copo cheio e sua felicidade era a chegada de quem lhe pagasse outro copo cheio. Mas depois se danava a chorar, aflitivo e apaixonado. Quando perguntado por que chorava, sempre respondia: “De felicidade. Depois que Mariazinha me deixou, então eu posso beber sem ninguém reclamar!”.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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PROGRAMAÇÃO OFICIAL DA 61ª MISSA DO VAQUEIRO DE FLORESTA



É com muita alegria que divulgamos a programação oficial da 61ª Missa do Vaqueiro de Floresta, que será realizada no próximo dia 29 de dezembro, com shows a partir das 15h, no Parque de Exposição Deputado Audomar Ferraz.

Serão 5 atrações! Teremos forró de vaquejada, forró estilizado, forró das antigas e a "pisadinha".

Temos a certeza que será mais uma festa linda e inesquecível. Chame sua turma! Você não pode ficar de fora!.

Estaremos recepcionando os vaqueiros a partir das 7h com um café da manhã servido ao som de aboios e toadas; às 8h será realizada a Missa Campal com a presença de Cicero Mendes e Chico Justino, logo após, o desfile dos vaqueiros pelas ruas da nossa cidade será conduzido pelo mini trio, com o cantor Tallys Carvalho.

Após o desfile, teremos o almoço e sorteio de brindes para os vaqueiros encourados.

Realização:
COMISSÃO ORGANIZADORA DA 61ª MISSA DO VAQUEIRO E COMISSÃO DA FESTA DO PADROEIRO BOM JESUS DOS AFLITOS.

Apoio:
Governo do Estado, Prefeitura Municipal de Floresta, FUNDARPE, Deputados Fabrízio Ferraz e Sebastião Oliveira.


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CONFLITOS ENTRE TEÓRICOS NO MUNDO DO CANGAÇO.


Por Verluce Ferraz

À primeira vista, a principal posição teórica adotada por alguns autores dos estudos sobre o evento cangaceirismo é notada pela dificuldade que apresentam em definir a origem da palavra ‘cangaço’. Alguns sustentam que vem de ‘canga, instrumento que era utilizado nos pescoços de bois; outros, que tem origem em restos mortos de animais que eram encontrados dentro da caatinga, nos caminhos e até nos quintais de casas. Fica indefinida a origem dentro dessa variedade de suposições. Então vão se utilizando o termo que vai se misturando às variedades de reflexões. 


Ontologicamente teríamos vários sentidos para tal definição Cangaço: por movimento armado, composto por bandos de pessoas nômades nordestinos que teve seu auge entre o final do Século XIX e início do Século XX. Aliás, é muito difícil se afirmar que a mencionada palavra surgiu originalmente de uma peça de madeira utilizada nos animais para transportar utensílios. Também conta a História que a origem veio da associação da vida errante do cangaceiro Lampião.


Há muitos que usam o método de identificação do termo adaptando-a para dar vida e status a um dos mais misteriosos cangaceiros, o Lampião, que ganhou visibilidade pelo estilo exótico de vestir-se; algo que só veio realmente a ser conhecido depois da película de Benjamim Abrahão Boto, que conseguiu conquistar a simpatia do cangaceiro por oferecer aquilo que mais o fortalecia o ego do Virgulino, que era o Narcisismo. E Abrahão, depois de adquirir a façanha de permanecer por dois meses dentro da caatinga, com maestria transforma o grupo cangaceiro em verdadeiros personagens teatrais para edição de uma película cinematográfica. Sabendo-se que, a vida real nada condizia com a vida dura e sacrificada dos bandidos do cangaço. Mas, com tal intento, o de se promover e ganhar dinheiro, que o Benjamim acaba por conseguir sua filmagem. 


Depois de pronta a película, vai apresentar seu trabalho; o Estado apreendeu o material e proibido, por décadas, a exibição do filme. Fica evidenciado que tal fita era composta por cenas de violência, depois que o sírio libanês ao apresentar a um pequeno público de autoridades, pouco tempo depois, foi morto; queima de arquivo. Tal resistência do governo da época tornaria obstáculo às a divulgação e consequentemente impediram que pesquisas fossem a frente. A fita manteve-se em sigilo, esquecida num porão entre material descartado e impróprio ao uso. Era proibido sua utilização e exibição em qualquer parte do país por ser considerado uma afronta as Leis do Estado. 

Talvez, se houvessem permitido que analistas dos fatos houvessem tido acesso ao material, surgissem os primeiros resultados de se constatar os problemas subjacentes de uma histeria no cangaceiro Lampião. Por tal falta de acesso ao citado material, hoje, ainda muitos tentam publicar livros quase ficcionais e poucas teses a respeito dos comportamentos cangaceiros. Quase pouco se aceitam fatores das influências de uma neurose e de deslocamentos de traumas infantis em Virgulino para ampliar os horizontes que advinham das pulsões fisiológicas do organismo – na gênese dos aumentos de excitação que exige descarga da dita pulsão sexual, (e consequentemente uma neurose). Daí, uma compulsão o levava a repetição de atos, explicitamente conjuntos de sua história de criminoso.

Referências bibliográficas:
Sigmund Freud. Estudos sobre Histeria. Vol. II Ed. Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud.(!893/1895).


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BENITO DI PAULA E O REI LUIZ GONZAGA


Benito di Paula teve inúmeros sucessos ao longo de sua carreira como "Retalhos de Cetim", "Charlie Brown", "Vai Ficar Na Saudade", "Se Não For Amor", "Amigo do Sol, Amigo da Lua", "Mulher Brasileira" e "Ah! Como Eu Amei". 

Benito era um amigo de Luiz Gonzaga desde que se encontraram pela primeira vez no banheiro em uma Caravana de artistas em Brasília planejada por Silvio Santos, chegaram a trocar músicas sobre cada, Benito com sua canção "Sanfona Branca" do disco "Benito di Paula" 1975 e Luiz Gonzaga com "Chapéu de Couro e Gratidão" do seu disco "Chá Cutuba". 


Luiz Gonzaga até o chamava de "meu filho postiço"[5]. É o quarto maior vendedor de discos da história do Brasil com cerca de 60 milhões de cópias vendidas, somente ficando atrás de Roberto CarlosNelson Gonçalves e Teixeirinha. Chegou nos anos 70 a disputar a venda de LPs juntamente com Roberto Carlos, tendo composto muitas músicas para este.[3][4]..


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QUEM PERAMBULA POR ONDE A HISTÓRIA DEIXOU RASTROS TEM QUE REPOR AS ENERGIAS.


Por Sálvio Siqueira
Ecos Parque - restaurante ao ar livre na margem direita do Velho Chico. Poço Redondo - SE.

Minha esposa, meu primogênito, sua esposa e sua filha, uma de minhas netinhas estamos no Restaurante do Ecos Parque, na margem direita do rio São Francisco, depois de fazermos a visita ao monumento natural Grota do Angico em 2014.

Ecos Parque - restaurante ao ar livre na margem direita do Velho Chico. Poço Redondo - SE.

Essa, foi uma das visitas que fiz à Grota do Riacho na Fazenda Forquilha, município de Poço Redondo, SE, local aonde a força alagoana comandada pelo tenente João Bezerra abateu o chefe cangaceiro Lampião e mais dez cangaceiros.


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AMIGOS PARA SEMPRE!


Por Kydelmir Dantas

"Amigos a gente encontra
O mundo não é só aqui
Repare naquela estrada
Que distância nos levará... 
Quem Me Levará Sou Eu 
(Dominguinhos)...

Uma amizade sincera que tem mais de meio século... Nestas fotos há uma distância de 20 anos (1997 - 2017), a mesma pose, na mesma rua em Nova Floresta-PB, e continuamos os mesmos amigos e companheiros de sempre... José Demá (PRETO de dona Alaíde de seu Nozim) - Kydelmir de dona Angelita de seu Né - Audivam Azevedo​ (VANVAN de Auta de João Neco)... Que 2020 nos traga saúde, paz, trabalho e amores, solidificando esta amizade igual ou maior do que a dos 3 Mosqueteiros do Alexandre Dumas.


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TENENTE LADISLAU RÉIS DE SOUZA O FAMOSO TENENTE SANTINHO


Foto "A noite Ilustrada", Revista, edição de 30 de Novembro de 1932.

"O comandante era mais perverso do que Lampião e Corisco, juntos. Gato, Zé Baiano e Sabino foram ‘fichinhas’ diante da ‘dureza’ do tenente."

TALVEZ TENHA SIDO NESSA ÉPOCA QUE COMEÇOU A SER USADO Á EXPRESSÃO O CANÇÃO VAI PIÁ!

O SUPLÍCIO DO CANGACEIRO BALIZA

Em dias quentes, quando o ‘Astro Rei’, sem dó nem piedade, calcina as terras sertanejas, os animais e aves da caatinga procuram refugiarem-se do abrasador calor, popularmente conhecido como ‘maiá’, nos mais diversos lugares possíveis.

O cangaceiro conhecido pela alcunha de “Baliza”, que na verdade tratava-se de Venceslau Xavier, junto com sua companheira Antônia Maria, em princípios de 1933, estão a aninharem-se na beira de um barreiro, mais ou menos ao meio dia, do dia 19 de março do ano que corria. Ali, juntinhos e abraçados estão, no silêncio da mata, pois tudo que tem vida, respeita a força do poder do clima no Sertão.

A ‘coisa’ estava pegando fogo igual ao calor do sol do meio dia, tão boa e gostosa que, mesmo naquele total silêncio, não notaram a aproximação da volante que os cercavam.

Tratava-se da volante comandada pelo cabo Justiniano. Os soldados volantes os cercam e dão ordem de prisão. Após serem amarrados, o casal de cangaceiros é levado para um povoado próximo.

Ficando preso naquela localidade, servindo de atração para aqueles de maior curiosidade em conhecer um cangaceiro de perto, como que fossem ‘coisa de outro mundo’. Esquecia que eram gente igual a todos, menos seus atos, isso, os fazia diferentes.

Depois de vários dias detidos naquele pequeno povoado, vem a ordem para que o cabo escolte o prisioneiro para a cidade de Santo Antônio da Glória. O cabo manda que entre em forma seu pequeno contingente e seguem, em cortejo, com o prisioneiro entre duas fileiras humanas, rumo à localidade designada.


Havia naquela região um comandante de volante, Ladislau Reis, que tinha sua fama propagada por toda ribeira. As atrocidades comandadas pelo tenente foram tantas que, mesmo diante de tão horrendas histórias, o sertanejo, sem nunca perder a inspiração, dão-lhe o apelido de “Tenente Santinho”. Quando algum lavrador escutava que o ‘tenente Santinho’ estava pela redondeza, seu coração disparava, seu corpo, involuntariamente, reagia como que o repugnando, e seus pelos, todos, arrepiavam-se, descendo uma corrente elétrica do ‘talo’ do pescoço ao osso do ‘mucumbu’.

O dito comandante era mais perverso do que Lampião e Corisco, juntos. Gato, Zé Baiano e Sabino foram ‘fichinhas’ diante da ‘dureza’ do tenente.

Seguindo pelas estradas tortuosas do longo caminho, o cabo, seus homens e o prisioneiro, a certa altura, encontra-se com uma volante que estava de passagem por aquela várzea... E era, justamente, a volante comandada pelo “Tenente Santinho”.

Tendo a patente superior a do cabo, o tenente ordena que seja lhe entregue a guarda do prisioneiro. O cabo, tremendo mais que vara verde, apressadamente entrega o prisioneiro ao superior. Ladislau diz que levará o mesmo para a cidade designada pela ordem escrita e que o cabo poderia retornar para sua cidade com seus comandados.

Depois de assumir a custódia do prisioneiro, o tenente Santinho imediatamente ‘ordena’ a seus homens que comessem a dar um ‘trato’ no cabra Baliza.

A seção de tortura inicia-se ali mesmo. O ‘cacete come solto’ de tal forma, que em pouco tempo, em vez de ver-se um rosto, via-se um acúmulo de sangue e edemas os quais desfiguraram totalmente a cara do prisioneiro.

Por horas, os soldados da volante aplicam inimagináveis atos torturantes naquele corpo, que mais parecia uma peneira de tantas perfurações de pontas de punhais e facas peixeiras. E segue aquela sessão horrível aplicada ao corpo de Venceslau Xavier.

Em determinado momento, os soldados do tenente Santinho, acatando suas ordens, o amarram em uma árvore. O laço da corda de fibras de agave, sisal, e colocado na altura dos tornozelos do cangaceiro. 

Arrastam-no como se arrasta um tronco de madeira e amarram-no de cabeça para baixo num galho de uma árvore próxima.

Após está dependurado, é colocado pedaços de madeira bem perto da sua cabeça. Uma fogueira estava arrumada, a qual, logo, logo, estaria acesa, pelo próprio tenente Santinho.

O prisioneiro debate-se, gira para um lado, depois para o outro... Contorcendo-se feito uma cobra na areia quente, na tentativa vã de esquivar-se das chamas que consumiam seu corpo, Venceslau Xavier, tenta amenizar as dores causadas pelo calor das labaredas que assam, no sentido próprio da palavra, seu corpo.

No princípio, ouvem-se gritos horripilantes saídos das cordas vocais do cangaceiro Baliza, acompanhado do odor de cabelos chamuscados, para em seguida, a fumaça levar um cheiro de carne assada pelos campos sertanejos. Por fim, o suplício tem seu término, Baliza está morto.

Santinho não deixa nem o fogo apagar-se totalmente, puxa da bainha seu facão e corta o pescoço daquele corpo, chamuscado, queimado, assado...

Deixando o corpo naquela posição, o tenente Ladislau leva seu troféu macabro para Santo Antônio da Glória, e lá o mostra a população, exibindo, com orgulho e satisfação, o ‘produto’ de seu ato de selvageria.

Fonte “Corisco - A Sombra de Lampião”- DANTAS, Sérgio Augusto de Souza. Página 145. 1ª edição, editora Polyprint Ltda, Natal-RN, 2015.
Transcrição: Sálvio Siqueira (São José do Egito/PE)


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