Por Aderbal Nogueira
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sábado, 3 de fevereiro de 2024
80 ANOS ANGICO
CEMITÉRIO DA SERRA VERMELHA, ONDE FOI SEPULTADO O MAIOR INIMIGO DE LAMPIÃO.
Por Professor Marcus
A TRÁGICA VINGANÇA DE CORISCO
Por Aderbal Nogueira
PETRONILO DE ALCÂNTARA REIS, DESAFETO DO CAPITÃO LAMPIÃO POR PURA ESPERTEZA.
Por José Mendes Pereira
A literatura lampiônica diz que, segundo Guilherme Alves, o famoso ex-cangaceiro Balão, afirmou para alguns historiadores que este senhor de coronel Petronilo Reis, comprou propriedades juntamente com o capitão Lampião, e em vez de fazer escrituras nos nomes dos dois, como proprietários, usou a sua sabedoria, registrando somente no seu nome. O capitão lampião não gostou nem pouco, e prometeu matá-lo, mas a morte não aconteceu, porque o coronel deu no pé, em busca das Alagoas.
Veja o que disse o cangaceiro Balão:
" - Lampião havia comprado as terras em sociedade com um tal de Petronilo de Alcântara Reis: Tronqueira, Cachoeirinha, Formosa. Mas Petronilo as registrou apenas em seu próprio nome. Lampião zangou-se. Eu mesmo ajudei a matar muito gado a tiro, na Cachoeirinha. Petronilo fugiu para Alagoas".
Leia o que fala o escritor João de Sousa Lima sobre os dois patenteados, coronel Petronilo de Alcântara Reis (Petro), e Virgolino Ferreira da Silva (o capitão Lampião):
O ATAQUE DE LAMPIÃO AO CORONEL PETRONILO REIS.
Quando em 1928 Lampião cruzou o Rio São Francisco saindo de Pernambuco pra Bahia, um dos primeiros contatos foi com o coronel Petronilo de Alcântara Reis, "Petro". Era o chefe político de Santo Antônio da Glória, cidade hoje submersa pelas barragens do Rio São Francisco.
Vários livros contam que a amizade de Lampião com o coronel foi desfeita por que o coronel traiu Lampião, teriam os dois uma sociedade em terras e animais.
Quando houve a batalha que morreu Ezequiel, irmão mais novo de Lampião, fato acontecido na Baixa do Boi, em Paulo Afonso, Lampião encontrou em um dos bolsos de um policial morto no combate, um bilhete do coronel endereçado ao comandante da volante e o bilhete falava dos esconderijos dos cangaceiros. Lampião arquitetou sua vingança incendiando em torno de 18 fazendas do coronel. Começando de Glória, cruzando o Raso da Catarina, Lampião tocava fogo e matava os animais.
Dessas fazendas a única que permanece de pé é a fazenda Paus Pretos. Antes Paus pretos pertencia a cidade de Curaçá e hoje pertence a Chorrochó. Em Paus Pretos ainda resta os tornos de madeira com marcas escuras do fogo.
A fazenda é administrada por Paulo Reis, neto do coronel. Nas cheias forma-se um açude com sete quilômetros de extensão, no momento o açude encontra-se seco. Na casa sede da fazenda Lampião prendeu o vaqueiro Agostinho e o fez entrar dentro do curral e pegar na mão um cavalo e o vaqueiro conseguiu depois de muito trabalho.
Em 1928 quando Lampião atravessou pro estado da Bahia a região que fica dentro do Raso da Catarina foi muito explorada pelos cangaceiros. a primeira missa que os cangaceiros assistiram no estado baiano foi ministrada pelo Monsenhor Emílio de Moura Ferreira Santos. o padre era o pároco de Santo Antônio da Glória, a antiga Curral dos Bois.
O povoado São José, em Chorrochó foi uma das localidades que os cangaceiros também assistiram missa. Mais a primeira que foi celebrada pelo Monsenhor Emílio aconteceu entre a fazenda Paus Pretos, que pertencia ao coronel Petro e a roça Baixa do Boi. A missa foi na casa Júlia de 'Subaco', na fazenda poço Comprido.
http://lampiaoaceso.blogspot.com/2013/05/joao-na-pisada-do-cangaco.html
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LAMPIÃO E CORISCO: UMA DURA PERSEGUIÇÃO À FAMÍLIA JUREMEIRA NO OLHO D’ÁGUA DOS COELHOS. “SANTO ANTONIO DA GLÓRIA DO CURRAL DOS BOIS NO TEMPO DO CANGAÇO”.
Por João de Sousa Lima
Curral dos Bois foi uma das primeiras povoações a acolher Lampião depois que ele atravessou de Pernambuco pra Bahia.
O Chefe Político de Glória, o coronel Petronilo de Alcântara Reis, acabou tendo seu nome ligado com o cangaço e Lampião em várias histórias, foi coiteiro famoso e também inimigo depois que traiu Lampião, traição que Lampião pagou incendiando várias fazendas do coronel dentro do Raso da Catarina.
Uma das mais importantes famílias de Glória, família de sobrenome Juremeira, que vivia no povoado Olho D’água dos Coelhos, sofreu grande perseguição de Lampião e Corisco.
Para entender um pouco da história dessa família e a ligação com o cangaço devemos tomar conhecimento que Pedro Juremeira foi delegado na fazenda Caibos (Caibros) e por isso ficou marcado pelo cangaço. Era também quem fazia a segurança do coronel Petro e era proprietário de um barco que fazia a travessia do Rio São Francisco entre Bahia e Pernambuco, entre Rodelas e Petrolândia. A fazenda Caibos hoje esta inundada e as pessoas estão residindo nas agrovilas II e III.
Lampião mandou um recado para Pedro para que em um dia marcado ele fizesse a travessia dos cangaceiros do lado pernambucano para o lado baiano e Pedro não atendendo a solicitação, convocou alguns policiais e quando da aproximação dos cangaceiros acabaram trocando tiros com o grupo de Lampião, começando ai uma grande “Rixa” entre os dois.
Em uma das perseguições dos cangaceiros a Pedro Juremeira, Corisco, a mando de Lampião, pegou um primo de Pedro, chamado Leonídio (Lió), no povoado Olho D’água dos Coelhos, pra ele informar onde poderia encontrar Manuel Juremeira, pois não conseguiam encontrar Pedro e quem iria pagar a vingança dos cangaceiros era Mané Juremeira. Lió levou os cangaceiros até a roça “Pé da Serra” e chegando lá prenderam Manuel na roça e o trouxeram para sua residência, onde estava a esposa Hermenegilda “Miné” com os quatro filhos: Otacílio, Ananias, Lídia e Joana.
Na casa de Leonídio ficaram três cangaceiros vasculhando baús e armários em busca de jóias e dinheiro enquanto Corisco seguia com mais dois cangaceiros e o refém para a roça.
Chegando próximo de Mané Juremeira Corisco sentenciou o aflito rapaz de morte dizendo:
- Sabe com quem tá falando?
- Não!
- Corisco! Você vai morrer no lugar de seu irmão!
- Eu sou contra meu irmão! Morrerei inocente e sem culpa, mais maior que Deus, ninguém!
- Nada de Deus! Deus hoje aqui é a gente!
Os cangaceiros manobraram os fuzis e apontaram para os peitos e costelas de Manuel. Nesse momento dona Miné saiu de dentro da casa e correu e se abraçou com o marido:
- Aqui você não mata não! Meu marido é inocente!
- Saia da frente que vim matar foi homem e não mulher!
Nesse momento foi chegando Filigeno Furtuoso, amigo de Manuel que era tropeiro e residia na Tapera da Boa Esperança, em Penedo, Alagoas. O amigo sempre que passava na região dormia na casa de Manuel pra no outro dia viajar até Jeremoabo, onde comprava uma carga de fumo para sair revendendo, em sua junta de cinco burros.
Diante dos olhares dos cangaceiros e da situação em que encontrou o amigo Manuel, o tropeiro falou:
- Taí esses cinco burros arreados e eu lhe dou em troca da vida desse homem!
- Negativo! O senhor tem dinheiro?
- Não tenho! O que eu tinha era 800 contos de réis mais os outros cangaceiros que estão na casa de Leonídio já pegaram.
- E daqui a 30 dias?
Nesse momento o próprio Manuel respondeu:
- Ai eu tenho!
- Então vou liberar você e se não pagar eu volto e mato todo mundo.
Manuel escapou nessa hora.
O sargento Zé Isídio ficou sabendo do acontecido e intimou Manuel a ir a delegacia. Quando Manuel chegou o sargento o acusou:
- É você que é Mané Juremeira protetor de bandido?
- Sou Mané Juremeira, mais protetor de bandido não! Eu prometi pagar uma quantia para não morrer!
- Então agora você vai ter que vir morar em Glória!
Manuel foi obrigado a vir residir em Glória e nunca pagou a quantia estipulada por Corisco. Tempos depois os cangaceiros acabaram encontrando o tão procurado Pedro Juremeira em uma fazenda chamada Papagaio, em Pernambuco. Pedro estava dentro de uma casa e os cangaceiros o cercaram, prenderam o rapaz, amarraram em um mourão, perfuraram o corpo do rapaz todo com pontas de punhais e foram almoçar na residência. Depois do almoço os cangaceiros retornaram onde estava o corpo e descarregaram as pistolas na cabeça do já falecido jovem.
Depois de três dias da morte de Pedro, o pai do rapaz, Teodório Juremeira, mandou um recado para uns amigos descerem o corpo de Pedro em uma canoa até Santo Antônio da Glória, onde foi enterrado. Quando a família encontrou o corpo já estava apodrecido e tiveram que derramar uma lata de creolina.
Trinta dias depois do sepultamento os cangaceiros mandaram o portador Martim Gabriel, primo de Manuel Juremeira, que residia nas Caraíbas, Brejo do Burgo, com uma carta, cobrando o dinheiro que Manuel prometeu.
- Diga a eles que não mando não! Eu já moro na cidade e se eles quiserem vim aqui incendiar minha casa pode vir!
Depois de três anos o governo armou toda a população de Santo Antônio da Glória. Mané. Otacílio e Ananias pegaram em armas para fazer essa defesa do local.
Quando mataram Lampião a família Juremeira retornou para suas roças no Olho D’água dos Coelhos, porém, na época de Lampião e Corisco, quando eles eram os senhores das caatingas do Raso da Catarina, “Os Juremeiras” sofreram perseguições e mortes.
Paulo Afonso, 16 de outubro de 2017.
João de Sousa Lima
Historiador e Escritor
Membro e Vice-Presidente da Academia de Letras de Paulo Afonso.
Membro da SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço.
Material enviado por e-mail pelo autor para o nosso blog em 16/10/2017. Estou apenas repostando para aqueles que não tiveram a oportunidade de lê-lo.
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ETERNO ZÉ DE JULIÃO.
Por Rangel Alves da Costa
Ontem
(quarta-feira), andejando pelos sertões de Poço Redondo e mais uma vez
visitando as Pedras da Bastiana, local onde foi encontrado o corpo sem vida do
político, ex-cangaceiro Cajazeira, e cidadão poço-redondense José Francisco do
Nascimento, O ETERNO ZÉ DE JULIÃO.
FREI DAMIÃO, O OUTRO SANTO DO SERTÃO.
Por Rangel Alves da Costa
A fita de Juazeiro é milagrosa, a rapadura de Juazeiro é
abençoada, um retrato ao pé da estátua é motivo de orgulho e devoção. Por que
assim acontece? Ora, o povo sertanejo cria os seus próprios santos. Não
adianta, por exemplo, alguém negar a santidade e o poder milagreiro do Padim
Pade Ciço. É o santo do sertanejo, do nordestino, do beato e da rezadeira. O
Vaticano sequer precisa oficializar sua santidade. Santo já é. O mesmo vem
ocorrendo com Frei Damião, o missionário capuchinho que hoje tem pedestal
garantido nos casebres e casinholas, nas casas de fazenda, nos oratórios e nos
corações sertanejos. E tanto Padim Ciço como Frei Damião operando milagres,
pois até mesmo o milagre é mais fruto da crença e da devoção do que da ação
prática transformadora de uma situação.
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RELEMBRANDO A CASA VELHA DO CURURIPE (E OUVINDO UMA IMPORTANTE LIÇÃO).
Por Rangel Alves da Costa
Eu nem
imaginava que um dia construiria a Casa de Pedra nas proximidades, e já gostava
de passear pelas terras da histórica Fazenda Cururipe, já na posse dos
herdeiros de Seu Odon. Perante os meus passos e meu olhar, tudo ali era belo,
instigante, convidativo ao conhecimento do mundo sertanejo. Ora, no passado
pertenceu a Julião do Nascimento, pai de Zé de Julião, famoso ex-cangaceiro e
político de Poço Redondo. No Cangaço, Zé de Julião foi apelidado de Cajazeira,
e sua esposa Enedina continuando com o mesmo nome. Julião do Nascimento era um
dos mais ricos de Poço Redondo, pois além do Cururipe também era dono da
Maralina e de outras grandes propriedades. Após os anos 50 do século passado, o
Cururipe passou a pertencer a diversos donos, até ser adquirida por Seu Odon,
cujos herdeiros permanecem com parte de suas terras até os dias atuais. Mas a
velha sede não existe mais. No local da velha casa apenas escombros, um monte
de restos de telhas, madeira carcomida e retorcida e punhados de barro
esfarelando. Logo abaixo dos escombros, de repente surge um velho candeeiro, um
pedaço de foice ou facão, uma desgastada tira de um chicote. Quando ainda
estava em pé, mesmo já se dobrando pelo peso dos anos, muitas vezes adentrei suas
portas (sempre acompanhado por um dos filhos) atrás de relíquias e velharias. E
muito consegui. Hoje, quem passa pela estradinha do Cururipe e avista outra
velha casa na vizinhança da outra, logo imagina ser a mesma. Mas não é. Esta
casa pertence a Zé Wilson, filho de Seu Odon, que mantém o local como relíquia
familiar e para guardar mantimentos para o cuidado do gado, pois tem um curral
bem ao lado. Esta casa também está tão velha que mais parece da mesma idade da
outra já desabada. O segredo para que ainda se mantenha de pé me foi revelado
pelo próprio Zé Wilson: “Aquela outra casa velha só foi desabando porque quase
ninguém mais entrava lá dentro. E casa velha quando se sente abandonada, é como
se fosse entristecendo, esmorecendo, e perdendo suas forças de vez, até
desabar. E o mesmo vai acontecer com essa aí. No dia que eu fechar suas portas
ou aparecer apenas de vez em quando, não demora muito e ela vai cair. Por isso
que mesmo estando assim velhinha, todo dia sua porta é aberta e vai entrando e
saindo gente. Parece que a casa sente. Parece que depende disso para continuar
em pé”. Achei interessantíssima tal explicação. E ele tem plena razão: “Parece
que a casa sente”. Sente mesmo! Na foto abaixo, eu na velha e já desabada casa
do Cururipe.
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ALCINO E RANGEL NO MARANDUBA.
Por Rangel Alves da Costa
Em anos diferentes, nas terras históricas e cangaceiras do Maranduba, em Poço Redondo, e tanto o pai como o filho testemunhando a fascinante paisagem que em 32 foi cenário e palco de um dos maiores combates da história do Cangaço: o Fogo do Maranduba. Guarnecidos por sete umbuzeiros, com os cabras divididos nos sombreados e arredores de cada um, o bando de Virgulino Lampião fez o chão tremer e fragorosamente derrotou nada menos que duas das mais afamadas volantes, a comandada pelo pernambucano Mané Neto e a liderada pelo baiano Liberato de Carvalho. “Taca fogo, taca fogo!”, gritava Lampião, enquanto a bala zunia e o sangue da soldadesca espargia.