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quarta-feira, 18 de setembro de 2019

LIVROS SOBRE CANGAÇO É COM O PROFESSOR PEREIRA


Se você está interessado a algum livro sobre cangaço é só entrar em contato com o professor Pereira, através deste e-mail: 

franpelima@bol.com.br

A compra é feita na cidade de Cajazeiras, no Estado da Paraíba. Será entregue em sua casa o mais rápido possível.

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CINQUENTENÁRIO DA MORTE DE ZÉ RUFINO O LENDÁRIO BELMONTENSE QUE MATOU O CANGACEIRO CORISCO

Por Valdir José Nogueira

Zé Rufino nascido José Osório de Farias em São José do Belmonte, Pernambuco, a 20 de fevereiro de 1906, ganhou esse apelido por ser filho de Maria Rufina da Conceição. 

Em 1936 foi promovido a aspirante pelo alto comando da polícia militar da Bahia, em solenidade realizada no Quartel dos Aflitos, na Mouraria, em Salvador. 

Em Pernambuco, antes de ser militar, ganhava vida como sanfoneiro, principal motivo de ter sido convidado por Lampião para fazer parte do seu bando, contudo nunca aceitou tal convite. 

Integrado nas forças baianas sediadas em Jeremoabo e com pouco tempo galgou o cargo de comandante de uma volante destacada para Serra Negra. Matador de diversos cangaceiros, entre os quais, como ele contou, Corisco. 

Todavia, isso é outra história. Fato curioso é que seu falecimento, por infarto do miocárdio, se deu no dia 20 de fevereiro de 1969, seu aniversário, quando completava 63 anos de idade.

Adendo - http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Muito interessante e sem graça! 

Afirmam alguns autores de livros sobre cangaço que o túmulo do Zé Rufino ninguém sabe o local no cemitério que foi enterrado. Um descuido da família, penso eu.


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LITERATURA E POESIA CEARENSE EM ÉVORA !

 Ingrid Rebouças, Manoel Severo e Renato Pessoa

Aconteceu neste último domingo, dia 15 de setembro, na Casa de Juvenal Galeno, a feijoada beneficente entre amigos, para levar o talento do grande poeta cearense, Renato Pessoa ao 1º Encontro Internacional de Estudos Literários - Novos Olhares entre o Ceará e o Alentejo ; na Universidade de Évora, em Portugal neste próximo mês de outubro.

Leonardo Nóbrega, Manoel Severo e Silas Falcão
Organizadores da festa literária

O evento organizado pelos amigos; principalmente da ACE - Associação Cearense de Escritores, tendo  a frente; Silas Falcão, Leonardo Nóbrega, Antônio Miranda, Rosa Morena, Zélia Sales, dentre outros, reuniu em dia de festa e gratidão, escritores, poetas, cordelistas e admiradores não só do trabalho do poeta Renato Pessoa, mas da literatura cearense. O encontro teve além de apresentações artísticas, sorteio de livros e coletâneas de escritores cearenses , com um final inusitado: O "Leilão do Cavanhaque do Poeta"... 

 Renato Pessoa e Manoel Severo: O leilão do cavanhaque do Poeta...

"Renato Pessoa é conhecido e tem como marca registrada seu famoso cavanhaque e por iniciativa dos amigos Silas e Leonardo, nada mais justo que neste dia de festa fazermos o leilão beneficente de seu cavanhaque, bem, eu arrematei o danado,mas diante do choro e ranger de dentes, resolvi mante-lo intacto, Renato e todos nós,merecemos" Confessa o curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo Barbosa.

Manoel Severo e Patrícia Cacau
Nice Arruda, Eudismar Mendes e Rosa Morena
Elton da Nana e Manoel Severo

Dentre os muitos convidados e participantes, o presidente da ACE, Silas Falcão, o curador do Cariri Cangaço Manoel Severo e Ingrid Rebouças; os escritores, Renato Nóbrega, Elton da Nana,poeta LucaRocas, Stélio Torquato, Chico Neto Vaqueiro, Cival Einstein e as presenças feminina da literatura cearense com Rosa Morena, Zélia Sales, Nice Arruda, Patricia Cacau, Inacia Nepomuceno, Lucirene Façanha, Luzia Sousa, dentre muitos outros. 

Leonardo Nóbrega, Manoel Severo e Silas Falcão
Inácia Nepomuceno e Stelio Torquato

"Quero deixar minha gratidão e meu afeto para todos esses amigos que, de forma tão amorosa, organizaram esse evento em prol da literatura e da cultura. A literatura tem me dado uma grande família, de grandes seres humanos, talentosos e éticos, fica aqui o abraço mais terno do meu coração. Obrigado, amigos e vamos à luta por um social mais justo e humano. Viva a arte,  viva a literatura cearense." Fala um emocionado Renato Pessoa.

 Zélia Sales e Cival Einstein
Lucarocas Poeta e Stélio Torquato

O encontro é uma iniciativa do Departamento de Linguística e Literaturas da Universidade de Évora e o Laboratório OTIUM, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e acontece dias 09 e 10 de Outubro de 2019 no Anfiteatro 01 do Colégio do Espírito Santo - Universidade de Évora, em Portugal.


Além do poeta Renato Pessoa, de Fortaleza, estarão participando do evento os poetas e escritores cearenses, Bruno Paulino de Quixeramobim e Dércio Braúna, de Jaguaruana, dentre outros.


Conhecendo a Universidade de Évora...


A Universidade de Évora foi a segunda universidade a ser fundada em Portugal. Após a fundação da Universidade de Coimbra, em 1537, fez-se sentir a necessidade de uma outra universidade que servisse o sul do país.

"Évora, metrópole eclesiástica e residência temporária da Corte, surgiu desde logo como a cidade mais indicada. Ainda que a ideia original de criação da segunda universidade do Reino, tenha pertencido a D. João III, coube ao Cardeal D. Henrique a sua concretização. Interessado nas questões de ensino, começou por fundar o Colégio do Espírito Santo, confiando-o à então recentemente fundada Companhia de Jesus. Ainda as obras do edifício decorriam e já o Cardeal solicitava de Roma a transformação do Colégio em Universidade plena. Com a anuência do Papa Paulo IV, expressa na bula Cum a nobis de Abril de 1559, foi criada a nova Universidade, com direito a leccionar todas as matérias, excepto a Medicina, o Direito Civil e a parte contenciosa do Direito Canónico.

A inauguração solene decorreu no dia 1 de Novembro desse mesmo ano. Ainda hoje, neste dia se comemora o aniversário da Universidade, com a cerimónia da abertura solene do ano académico. As principais matérias ensinadas eram Filosofia, Moral, Escritura, Teologia Especulativa, Retórica, Gramática e Humanidades, o que insere plenamente esta Universidade no quadro tradicional contra-reformista das instituições católicas europeias do ensino superior, grande parte das quais, aliás, controladas pelos jesuítas. No reinado de D. Pedro II, viria a ser introduzido o ensino das Matemáticas, abrangendo matérias tão variadas, como a Geografia, a Física, ou a Arquitectura Militar.

O prestígio da Universidade de Évora durante os dois séculos da sua primeira fase de existência confundiu-se com o prestígio e o valor científico dos seus docentes. A ela estiveram ligados nomes relevantes da cultura portuguesa e espanhola, dos quais importa ressaltar, em primeira linha, Luis de Molina, Teólogo e moralista de criatividade e renome europeu. Em Évora, foi doutorado um outro luminar da cultura ibérica desse tempo, o jesuíta Francisco Suárez, depois professor na Universidade de Coimbra. Aqui ensinou durante algum tempo Pedro da Fonseca, considerado o mais importante filósofo português quinhentista, célebre pelo esforço de renovação neo-escolástica do pensamento aristotélico.

Apesar das tentativas de modernização e abertura ao novo espírito científico, que caracterizam a Universidade setecentista, há que reconhecer, contudo, que, a exemplo da sua irmã mais velha de Coimbra, o seu esforço não se traduziu numa efectiva abertura dos espíritos às necessidades dos tempos novos. Não obstante o alto valor individual de numerosos docentes, o sistema de ensino como um todo, revelou-se desajustado e antiquado. Évora participou, assim, na tendência global de virar costas à Europa transpirenaica, que caracterizou a generalidade das elites e instituições culturais ibéricas do Antigo Regime.

Quando a conjuntura política e cultural de meados do século XVIII se começou a revelar hostil aos jesuítas, não admira que a Universidade de Évora se tenha facilmente transformado um alvo da política reformadora e centralista de Pombal. Em 8 de Fevereiro de 1759 - duzentos anos após a fundação - a Universidade foi cercada por tropas de cavalaria, em consequência do decreto de expulsão e banimento dos jesuítas. Após largo tempo de reclusão debaixo de armas, os mestres acabaram por ser levados para Lisboa, onde muitos foram encarcerados no tristemente célebre Forte da Junqueira. Outros foram sumariamente deportados para os Estados Pontifícios.

A partir da Segunda metade do século XIX, instalou-se no nobre edifício henriquino o Liceu de Évora, ao qual a rainha Dona Maria II concedeu a prerrogativa do uso de "capa e batina", em atenção à tradição universitária da cidade e do edifício.Em 1973, por decreto do então ministro da Educação, José Veiga Simão, foi criado o Instituto Universitário de Évora que viria a ser extinto em 1979, para dar lugar à nova Universidade de Évora".

Feijoada Beneficente
Casa Juvenal Galeno, Fortaleza CE
15 de Setembro de 2019


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OS EFEITOS DA LEI DO DIABO

Do acervo do José João Souza


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TEN. POMPEU FALA DA MORTE DE VIRGÍNIO, CUNHADO DE LAMPIÃO

Por Aderbal Nogueira
https://www.youtube.com/watch?v=eAICazTQI88&feature=youtu.be&fbclid=IwAR3tpHejhTCZQOJkAw3TrdsP3HiNH2W2BTWifSjPd12Q6py95_6fEZQDCMs

30,4 mil subscritores

Tenente Pompeu narra como foi a morte de Virgínio, cunhado de Lampião.
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ROTEIRO DO CANGAÇO


5,61 mil subscritores

VISITA DO ESCRITOR E HISTORIADOR JOÃO DE SOUSA LIMA NO MUNICÍPIO DE PARICONHA A HERMÍNIA MARIA DA SILVA IRMÃ DO CANGACEIRO CORISCO
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AUGUSTO SEVERO, O PIONEIRO ESQUECIDO

Gilberto Freyre (1900-1987) sociólogo, historiador e ensaísta brasileiro, autor do livro Casa Grande & Senzala.
Em 1942 o Pernambucano Gilberto Freyre Recordou Augusto Severo, Trazendo Interessantes Aspectos Sobre Essa Importante Figura da História Potiguar.
Fonte – Diário de Pernambuco, 30 de junho de 1942.
Esteve um desses dias comigo um parente que só conhecia de nome; o Sr. Sérgio Severo de Albuquerque Maranhão. Reside em Natal — de onde raramente sai — mais é filho de um grande nômade Augusto Severo. Um grande nômade que sempre se deliciou em voltar ao seu nativo Rio Grande do Norte, os olhos cheios de saudade da terra querida, as malas cheias de brinquedos para os filhos e de presentes para a mulher e os amigos


Augusto Severo – Fonte – MUSÉE DE L’AIR ET DE L’ESPAC
Durante longo tempo conversamos sobre aquela figura romântica do mil e novecentos brasileiro, meio esquecida pela gente de hoje; mesmo pela mais sensíveis aos encantos esportivos e os vantagens militares e econômicas da aviação. Quando a verdade é que Augusto Severo deveria estar hoje recolhendo homenagens tão entusiásticas como as que se dirigem a Santos Dumont


Pois o grande romântico não era nenhum lunático de quem a mania de voar tivesse se apoderado de repente; nem um ricaço para quem o balão fosse apenas um esporte caro e snob. Era um nortista pobre, mas equilibrado e de boa saúde — um fidalgo do Norte pobre como tantos outros do seu tempo e até dos nossos dias — a quem o problema do dirigível sempre interessou: desde seus dias de adolescente. Já então, andando muito com meu tio e seu primo José Antônio Gonçalves de Mello, ele costumava dizer ao seu camarada, apontando para os urubus a voarem sobre os coqueiros pernambucanos, “seu Juca, precisamos achar um jeito de fazer o mesmo”. Parecia-lhe uma vergonha que, neste particular, o homem continuasse inferior ao urubu.


O Pax, dirigível de Augusto Severo, antes do seu acidente mortal em Paris, França.

Mas é Sérgio Severo quem agora me dá traços mais característicos da personalidade do inventor do balão Pax, ao mesmo tempo que me enriquece o material fotográfico sobre o mil e novecentos brasileiro destinado ao ensaio Ordem e Progresso, com uma serie interessantíssima de retratos de Augusto. Em todos eles, o inventor sobressai pela estatura de fidalgo eugênico pelo porte quase de oficial de exército europeu pelos olhos romanticamente negros, pelo bigode farto e magnífico de príncipe de ciganos que se tivesse desprendido dos adornos de ouro para passear pelas ruas de Paris, do Rio de Janeiro e do Recife, vestido sobriamente à moda ocidental.


No dia 12 de maio de 1952 foi lembrado o quinquagésimo ano da morte de Augusto Severo de Albuquerque Maranhão no Centro Norte-rio-grandense, no Rio de Janeiro. A solenidade foi comandada por Café Filho, então Presidente da República e contou com a presença de várias autoridades potiguares. O Centro Norte-rio-grandense ficava localizado no 8º andar do Edifício Rio Branco, na avenida homônima, número 257, no Centro do Rio de Janeiro.
Essa figura esplendida de aristocrata do Norte que nos surge de um passado ainda recente todo vermelho do próprio o sangue e não do sangue dos outros, está as merecer a atenção de um Gondim da Fonseca ou de um Francisco de Assis Barbosa — escritores a cujo talento, sensibilidade e coragem de pesquisa devemos páginas tão atraentes e lúcidas sobre Santos Dumont. Que aproveitem eles a memória ainda viva, as recordações ainda frescas, as fotografias ainda nítidas, os papeis ainda intactos, as relíquias preciosas, guardadas pelo próprio filho de Augusto Severo na sua casa provinciana da Rua Dr. Barata, em Natal. As recordações também de Gonçalves de Melo, figura ilustre de “bispo do Tesouro”, ultimamente aposentado e que foi tão camarada do primo inventor nos dias de sua mocidade


Confesso que me deliciei o ouvindo uma tarde inteira Sérgio Severo de Albuquerque Maranhão referir, em conversa despretensiosa, mas cheia de pitoresco humedecido pela melhor das ternuras filiais, traços do quase esquecido pioneiro sul-americano da aviação. Traços que nos revelam não só a profundidade, a densidade e a autenticidade de “brasileiro velho” de Augusto como a sua meticulosidade quase medieval de artesão, sua paciência de artista, a habilidade das suas mãos de quase gigante, para realizar as tarefas mais difíceis e mais finas. Ou simplesmente as mais domésticas


Fonte – https://manoelmauriciofreire.blogspot.com/2009/01/biografia-de-augusto-severo.htm

Era homem de descer a cozinha e ele próprio preparar um molho para o peixe do almoço ou um doce tradicional para a sobremesa do jantar: de pegar de um bordado da mulher e continuá-lo ou concluí-lo com e igual esmero. Essa aptidão para trabalhos delicados de agulha e de doçaria, para artes que, em geral, são de moças caseiras ou de velhas aias pachorrentas, juntava-se nele a uma sólida e aventurosa masculinidade de nortista bem nascido. Nortista de família célebre pelos seus homens agigantados e alourados que os arianistas menos ortodoxos não hesitariam em proclamar nórdicos desgarrados no Brasil tropical, fechando os olhos a mancha magnólia que nos Albuquerque Maranhão menos louros deve recordar o sangue remoto de avôs indígenas.
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DEBATE SOBRE "OLHARES SOBRE ANTÔNIO CONSELHEIRO - NOVAS ESCRITAS DE R(E)EXISTÊNCIA"


Mais uma vez o livro "Olhares sobre Antônio Conselheiro -  Novas escritas de r(e)existência", obra com prefácio de Grecianny Cordeiro e apresentação de Ricardo Machado, organizado por Bruno Paulino, Pedro Igor e Manoel Severo Barbosa; uma produção do Cariri Cangaço e da AquiLetras, participa de uma roda de conversa para aprofundar seus significados e também discutir as experiências de seus jovens autores; todos, alunos e alunas da cidade de Quixeramobim, berço de Antônio Conselheiro.

Organizadores Bruno Paulino e Pedro Igor junto aos alunos da escola José Alves, 
em Quixeramobim

O encontro foi realizado na manhã desta terça-feira, dia 17 de setembro na Escola Profissionalizante Dr José Alves da Silveira, no centro de Quixeramobim e contou a participação e mediação dos Organizadores da Obra; poeta e escritor Bruno Paulino e o produtor cultural, Pedro Igor.  A escola esteve representada no livro através das alunas; Vitória Salido e Gabrielly Pereira; que na oportunidade compartilharam suas experiências como autoras, para seus colegas de sala, assim como também sua visão das lutas de Canudos e Conselheiro que reverberam nos dias atuais.


Para a Professora Orientadora, Virgínia Domingos, também da escola Dr. José Alves: "Participar do livro "Olhares sobre Antônio Conselheiro" como professora orientadora foi uma experiência enriquecedora e gratificante. Estimular nossos estudantes para a escrita é sempre desafiador, porém se torna surpreendente a forma como muitos abraçam a oportunidade de expressar o que pensam por meio da palavra. Ao compartilhar a ideia de produzir os artigos para o concurso literário tive a certeza de que deveria incentivá-los a deixarem fluir suas habilidades de escrita; no entanto, mais do que isso, sabia que precisava instigá-los a buscarem mais sobre o tema, sem dar-lhes respostas ou conceitos prontos"

Os autores; alunos e alunas da rede pública e privada de Quixeramobim são; Yarley de Sousa Leitão,  Vitória Barros, Jayane Carneiro Andrade,  Ana Luiza Almeida Sampaio, Lucas Medeiros , Gabrielly Pereira , Vitória de Sousa Silva, Vitória Holanda de Andrade , Johelen Amâncio , Andressa de Sousa Nogueira, Dávila Roberta, Damares Alves, Melissa Belisário, Flávio Pereira da Silva, Mel Anny Paiva, Maria Emanoeli , Hillary Barbosa e Kalyne Ribeiro. A Capa é de autoria de Matheus Rayner, Debora e Victor, alunos da Escola Humberto Bezerra.

Bate Papo sobre "Olhares sobre Antônio Conselheiro -  Novas escritas de r(e)existência"
Escola Dr Jose Alves da Silveira, Quixeramobim
17 de Setembro de 2019


O DESCONHECIDO CANGACEIRO ANTONIO BRAZ

Por Rostand Medeiros

O Terror do Seridó

No Rio Grande do Norte, quando o assunto é cangaço, a primeira noção que a maioria das pessoas possuem remete ao ataque de Lampião a Mossoró, a resistência do povo mossoroense ao 13 de junho de 1927, o assassinato de Jararaca e a sua metamorfose em santo popular. Na sequência, de forma esporádica, alguns recordam as andanças de Antônio Silvino no inicio do século XX, a ideia que este cangaceiro era um homem de honra e a famosa história que o mesmo mandou um dos seus “cabras” comer um litro de sal, após este ter reclamado da comida que uma mulher preparou para o grupo e esqueceu de pôr este condimento.

Por fim vem à figura do único grande chefe de um bando de cangaceiros potiguar, Jesuíno Brilhante, homem injustiçado em meio a dilacerantes lutas políticas, enviesadas de épicas lutas com acentuados e tradicionais códigos de honra. ( 1 )

De forma geral, os pesquisadores do tema no Rio Grande do Norte produziram bons trabalhos, que muito ajudaram a esclarecer os aspectos que envolvem os mistérios deste gênero de banditismo social. Contudo a história é mais ampla, diversificada e pautada de fatos desconhecidos.

As testemunhas destes episódios a muito descansam no solo sertanejo, restando a tradicional tarefa de buscar a história em carcomidas e amareladas páginas de antigos jornais, em documentos oficiais esquecidos em bolorentos e desaparelhados arquivos e na tradição contada de pai para filhos nos alpendres das antigas fazendas do sertão. A busca é difícil, mas a colheita é normalmente compensadora.

Debruçado sobre a coleção do jornal republicano “O Povo”, editado, encontramos uma série de reportagens que apontam a existência do desconhecido cangaceiro Antônio Braz e do seu diminuto bando, que além de uma extrema valentia, é apontado como sanguinário, arrogante e desaforado com as autoridades.

As notícias sobre a atuação de Antônio Braz estão contidas em várias edições deste jornal, entre os dias 23 de novembro de 1889 a 11 de agosto de 1891. ( 2 )

Tudo indica que Antonio Braz era da Paraíba, onde lhe eram creditados oito mortes em sua vida de tropelias, tendo sido condenado a uma pena de 48 anos de detenção, que cumpria na cadeia pública de Pombal. Entre os anos de 1894 e 1895, este cangaceiro fugiu desta detenção, estando há quase cinco anos vagando pelos sertões da região fronteiriça da Paraíba e Rio Grande do Norte, mais precisamente na área ao longo da bacia do Rio Piranhas. ( 3 ) 

Amedrontava os fazendeiros de Pombal, Catolé do Rocha e Brejo do Cruz, na Paraíba e no Rio Grande do Norte, Serra Negra do Norte e Caicó, mais especificamente a então vila de Jardim de Piranhas, eram seus pontos de atuação. Antônio Braz era um cangaceiro que as informações da época o classificam como “temível”, pois seu bando fora protagonista de inúmeros assassinatos, roubos, espancamentos e estupros. Andava este bando sempre com um pequeno número de membros, com no máximo quatro a cinco integrantes, entre eles o seu irmão Francisco.
Catolé do Rocha, em foto do escritor Mário de Andrade, em janeiro de 1929
Fonte Rostand Medeiros Tok de História

Até mesmo a sua perseguição gerava a velha ação de abuso de poder por parte da polícia. Em 29 de junho de 1889, as páginas de “O Povo”, divulgaram que um grupo de policiais paraibanos vindos de Catolé do Rocha, invadiu por duas ocasiões o território potiguar em caça de Antonio Braz e seu grupo. Na primeira ocasião os policiais haviam praticado uma série de violências, arbitrariedades e até roubos. Na segunda ocasião, na pequena área urbana de Jardim de Piranhas, que nesta época abrigava uma população de 200 almas, ouve um cerrado tiroteio entre os policiais do estado vizinho e os cangaceiros, sendo os policiais obrigados a recuar devido à reação do bando.

Não há maiores detalhes sobre este tiroteio, mas por este período, os aparatos policiais da Paraíba e do Rio Grande do Norte eram formados por pequenos contingentes de homens mal armados, violentos, corruptos e extremamente despreparados, que pouco diferiam dos cangaceiros e bandidos que deviam perseguir. (4) 

Tudo indica que Braz encontrou na pessoa do coronel Florêncio da Fonseca Cavalcante, chefe da vila de Jardim de Piranhas, o apoio e proteção que necessitava para suas ações na região. O coronel Florêncio exercia nesta época o cargo de primeiro suplente de juiz municipal de Caicó. Esta ligação entre homens de poder e cangaceiros sempre resultava em sangue e em jardim de Piranhas não foi diferente. Ainda no ano de 1889, Antônio Braz matou na comunidade de Timbaubinha, três quilômetros ao norte da vila, o agricultor Manoel de Souza Franco, que mantinha com o coronel Florêncio, uma questão de posse de terras.

O caso se deu da seguinte forma; o pai de Manoel, Roberto Franco, morrera em 1878 e deixara como herança um pequeno sítio na Timbaubinha. Haviam dívidas contraídas pelo falecido, que foram cobradas pelos credores, entre estes estava o coronel Florêncio, que mesmo sendo suplente de juiz, recorreu a “força d’armas”, utilizando Antônio Braz e seu grupo para resolver a questão.

Pouco tempo depois do tiroteio com a polícia da Paraíba, Braz tentou aniquilar Manoel cercando sua casa e ateando fogo à mesma. Houve reação do agricultor que, ajudado por outros parentes, afugentou os cangaceiros. Como Manuel morava em sua propriedade cercado de familiares, sentia certa segurança, mesmo assim passou a ter muito cuidado em suas saídas. Já Braz e seu grupo, sempre espreitavam perto da propriedade, buscando uma ocasião para desfechar a ação fatal.

No dia 13 de novembro, quando Manoel Franco voltava do roçado, em pleno meio-dia, entrando pela parte traseira da sua casa, foi alvejado com dois tiros e morreu sem reagir. Não satisfeito Braz ainda lhe fez quatro perfurações de punhal. Aparentemente o cangaceiro aproveitou um momento de descuido do agricultor e de sua família para fazer o “serviço”. Após matar Manoel, o assassino ordenou a todos que o corpo deveria ficar estendido no pátio defronte a casa, sem ser enterrado, para “dar o exemplo”.

Os jornais comentavam que a questão entre o coronel e Manoel Franco chegara ao fim e que agora “ninguém se oporá mais ao coronel”, apontando como o mentor do crime. Diante da repercussão do caso, Antônio Braz e seu grupo seguiram para a região de Catolé do Rocha, onde de passagem pelo lugar “Barra”, deram uma formidável surra em uma mulher.

Passou a existir na região um clima de medo muito forte, onde o jornal denunciava a inércia das autoridades, com uma forte critica para o número pequeno de policiais na região. A repercussão do assassinato de Manoel Franco e o medo do povo, fizeram com que as autoridades intensificassem as buscas ao bando. O então comandante da polícia, o capitão Olegário Gonçalves de Medeiros Valle, ordena mais empenho dos seus comandados.

Não demorou muito e os policiais tiveram um encontro com o cangaceiro; ao passarem próximos de uma casa as margens do Rio Piranhas, tiveram a surpresa de estar diante de Antônio Braz. Este se encontrava equipado com suas armas, já montado em seu cavalo, não se intimidou com a tropa e fez fogo contra o grupo, recebendo uma chuva de balas em resposta. O cangaceiro fez o segundo disparo e fugiu a galope.

Na fuga, Braz encontrou um homem na estrada e lhe ordenou que fosse com o cavalo para Jardim de Piranhas, então o cangaceiro desapareceu na caatinga. Sem maiores opções e temendo o pior, este homem fez o que fora ordenado, nisto a força policial seguia no encalço do bandido, quando viram o homem montado em um cavalo idêntico ao de Braz e fizeram fogo. Para a sorte deste cavaleiro, os policiais atiravam muito mal.

Sentindo o cerco apertar, Antônio Braz e seu grupo buscam abandonar a área do Rio Piranhas, sendo noticiada uma incursão a Paraíba, na região de Piancó, onde se informa, sem maiores detalhes, ter o bando assassinado um homem. O grupo será visto novamente no Rio Grande do Norte, em 11 de fevereiro de 1890, no lugar “Riacho Fundo”, onde uma tropa policial se depara com o coito do grupo no meio da mata. Ocorre rápida escaramuça, sem vitimas, tendo o bando fugido do local nos seus cavalos sem as selas, roupas e outros utensílios. A polícia persegue os bandidos por quase seis léguas, o que seria uma média de trinta quilômetros, abandonando a perseguição por ter chegado à noite.

O bando passa a agir principalmente na Paraíba, mas a ação policial neste estado se torna mais forte. Em junho de 1890, Braz e seus homens travam um forte tiroteio contra uma patrulha da polícia paraibana, da cidade de Pombal, tendo o grupo perdido alguns animais de montaria.

Rumam então para a fronteira do Rio grande do Norte, na região da cidade de Serra Negra do Norte. Esta cidade potiguar possuía na época um diminuto destacamento de três praças e estes não proporcionariam alguma resistência ao grupo. Na fazenda Jerusalém, do coronel Antônio Pereira Monteiro, tomaram através de ameaças os cavalos deste proprietário, tendo a malta de celerados seguido novamente em direção a Paraíba. A fazenda Jerusalém está atualmente localizada no município de São João do Sabugi.

Mas as tropelias de Antonio Braz e seu bando não param, em 4 de agosto de 1890, na então vila paraibana de Paulista, pertencente a Pombal, este cangaceiro cria uma situação de escárnio para as autoridades, que chega a ser inusitada. Neste dia, neste lugarejo onde habitavam umas 50 almas, Braz conduz preso o bandido que respondia pela estranha alcunha de “Francisco Veado”. Na vila ele obriga dois paisanos a levarem o prisioneiro para o delegado de Pombal, com uma carta para a autoridade, onde dizia que “não estava disposta a deixar livres tantos cangaceiros, que por ora remetia aquele, e que mais tarde... ele próprio iria”. (5)

Parece uma tanto fantasiosa esta última afirmação do jornal, mas a partir desta data, cessam toda e qualquer nota sobre o cangaceiro Antônio Braz e suas atividades.

Esta última notícia data de agosto de 1890, coincidindo com o retorno de chuvas depois de um período de fortes secas entre os anos de 1888 e 1889. É fácil supor que devido ao risco e periculosidades inerentes a atividade de cangaceiro, esta já não fosse tão interessante e a terra molhada vai dispersando o grupo em busca de outras formas de sobrevivência (6).

Infelizmente, não sei como terminou este episódio, ou mesmo a vida de peripécias deste inusitado cangaceiro e seu bando. Não consegui mais nenhuma informação nos jornais da época e nos arquivos existentes em Natal e Caicó.

Sobre o aspecto de atuação territorial, o cangaço de Antônio Braz ocorreu praticamente na mesma área que notabilizou o único potiguar que chefiou um bando de cangaceiros, Jesuíno Brilhante. Já em relação à sua prática como cangaceiro, Antônio Braz era tido como “terrível”, já Jesuíno, segundo os relatos históricos de Henrique Castriciano e Câmara Cascudo (7), era o “gentil homem”, um “homem de valores”, que estava na vida do cangaço pelas injustiças do seu tempo.

Notas

(1) Os livros que melhor tratam sobre o ataque de Lampião a Mossoró são “Lampião em Mossoró”, de Raimundo Nonato, “A Marcha de Lampião”, de Raul Fernandes, “Lampião no RN-A história da grande jornada”, de Sergio Augusto de Souza Dantas. Sobre Antônio Silvino no Rio Grande do Norte, temos “Antônio Silvino no RN” de Raul Fernandes, “Antônio Silvino-O homem, o mito e o cangaceiro”, de Sergio Augusto de Souza Dantas. Já Jesuíno Brilhante serviu de tema para o livro “Jesuíno Brilhante-o cangaceiro romântico”, de Raimundo Nonato. Já Câmara Cascudo, em seu livro “Flor de romances trágicos”, aponta vários aspectos das atuações dos cangaceiros Jesuíno Brilhante, Antônio Silvino, Lampião, Jararaca e outros.

(2) Existe uma coleção microfilmada deste jornal no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro. 

(3) Esta não seria a primeira notícia sobre fuga de presos da Cadeia Pública de Pombal. Em 18 de fevereiro de 1874, 25 anos antes da fuga de Antônio Braz, Jesuíno Brilhante e seu bando atacaram a guarnição desta cadeia, libertando quarenta e três detidos, entre eles membros do seu bando.

(4) Para se ter uma ideia da situação numérica do efetivo policial, no jornal “A Republica” de 9 de janeiro de 1890, era publicada a “Ordem do dia nº 6”, emitida em 4 de janeiro do mesmo ano, onde o então governador do Rio Grande do Norte, Adolfo Afonso da Silva Gordo, organizava o Corpo de Polícia com 1 capitão comandante, 2 tenentes, 4 alferes, 2 primeiros sargentos, 4 segundo sargentos, 1 sargento ajudante, 2 furriéis, 10 cabos, 120 soldados e 4 corneteiros. Eram apenas 150 policiais para todo o estado. 

(5) A adoção grifada da palavra “cangaceiro”, pela edição deste jornal, chama a atenção, pois neste período os jornais normalmente utilizavam termos como “banditismo”, para designar a ação, “celerados” e “salteadores” para definir os protagonistas, dificilmente nesta época encontramos nos textos jornalísticos, o termo que designariam estes bandidos e assim seriam mitificados. Entretanto, vale ressaltar que o jornal “O Povo” era editado em uma cidade sertaneja, onde os bandidos errantes que carregava suas armas e utensílios, preferencialmente nos ombros, a partir da metade do século XIX, passam ser conhecidos como “aqueles que estão debaixo da canga” “aqueles que estão no cangaço” e daí a “cangaceiro”, não sendo difícil de supor que, por este jornal está inserido no sertão, esta tenha sido a primeira vez na imprensa potiguar que o termo “cangaceiro” tenha sido utilizado. 

(6) Sobre a seca de 1888 e 1889 e outros assuntos a respeito deste fenômeno climatério, ver o pronunciamento do então Senador pelo Rio Grande do Norte, Eloy de Souza, intitulado “Um problema nacional (Projecto e justificação)”, pronunciada na seção de 30 de agosto de 1911 e editado em formato de brochura pela Tipografia do Jornal do Comercio, em 1911. Sobre a teoria do crescimento das ações de grupos cangaceiros nos períodos de estiagem, ver “Guerreiros do sol”, de Frederico Pernambucano de Mello. 

(7) Com relação aos escritos de Henrique Castriciano sobre Jesuíno Brilhante, temos no jornal "A Republica", edição de 25 de julho de 1908, uma interessante crônica deste poeta potiguar sobre este cangaceiro.

*Rostand Medeiros é Pesquisador de Natal, RN


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