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segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

"O SERTÃO ANÁRQUICO DE LAMPIÃO"

(Foto tirada de celular por Helder Pinheiro).

Com alegria e gratidão, recebo nesta data, o livro "O Sertão Anárquico de Lampião - Cangaço, canudos, padre Cícero, Coluna Prestes, coronelismo e Estado Novo - O Nordeste no início do século XX" do estimado escritor Luiz Serra. A obra é bem construída, repleta de informações, fotografias e registros da época. Um resgate histórico! 

Parabéns! Sucessos merecidos! 

Adquira-o através deste e-mail:

franpelima@bol.com.br

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ECOS DE COMBATES... DA "FAZENDA MARANDUBA"


Por Rubens Antonio

Um dos combates referenciais do Cangaço foi o Fogo da Maranduba. Os militares e jagunços aliados foram duramente fustigados. Aqui, a demanda de um dos soldados sobreviventes, de vinculação dos seus ferimentos àquele combate, em um documento que repousa, atualmente, no Arquivo Público da Bahia.




Transcrição:

TESOURO DO ESTADO DA BAHIA
P.M.E.B

Quartel em Paripiranga, 8 de Março de 1940.
Do soldado 2898 ANTONIO TEODORO CHAVES

Ao sr. Cel. Comandante da PM

ASSUNTO: – requer I.S.O.

Tendo sido baleado no combate contra o grupo de “Lampeão”, no dia 9 de Janeiro de 1932, quando fazia parte da “Col.Ten. Liberato” comandada pelo Sr. Cap. do E.N. Liberato de Carvalho, na fazenda “Maranduba”, Municipio de Poço Redondo, Estado de Sergipe, venho de solicitar–vos um Inquerito Sanitario de Origem, a bem dos meus direitos. Nestes têrmos, pede deferimento.
Sargento Antonio Teodoro Chaves
(Foto inédita na literatura. Cortesia de sua bisneta Gabriella Costa, para o Acervo Lampião Aceso)
 É permitida a reprodução desde que cite-nos como referência primária.


Da "Fazenda Cajazeira"

Pouco conhecido e comentado, em termos de estudos do Cangaço, foi o Fogo da Fazenda Cajazeira, no Município de Cipó, BA. Aqui, a demanda de um dos soldados sobreviventes, de vinculação dos seus ferimentos àquele combate, em um documento que repousa, atualmente, no Arquivo Público da Bahia.



Transcrição:

TESOURO DO ESTADO DA BAHIA
P.M.E.B

Quartel em Paripiranga, 11 de Março de 1940.
Do soldado ANTONIO TEIXEIRA DA SILVA

Ao sr. Cel. Comandante da PM

ASSUNTO: – requer I.S.O.

ANTONIO TEIXEIRA DA SILVA, soldado do 4º B.C., adido ao D–NE., tendo sido acidentado no combate contra o grupo de “Lampeão”, havido na Fazenda Cajazeira, Município de Cipó, Estado da Bahia, no dia 11 de Agosto de 1932, quando fazia parte da “Coluna Tenente Ladislau”, que operava no Nordéste do Estado, vem, mui respeitosamente, a bem dos seus interesses, solicitar–vos um Inquerito Sanitario de Origem.
Termos em que espera e PEDE DEFERIMENTO.

Pescado na fartura do Sítio do Cumpadi Rubens

PRÊMIO CHICO ALBUQUERQUE, DO CEARÁ PARA O BRASIL E O MUNDO


Aconteceu na noite do último dia 17 de dezembro no Centro Cultural Dragão do Mar, em Fortaleza a festa de entrega do Prêmio Chico Albuquerque de Fotografia 2019; uma promoção da Secretaria da Cultura do Ceará. O Prêmio Chico Albuquerque; repaginado, com novas categorias, novo valor e agora com abrangência nacional; contou com mais de 170 propostas inscritas e a participação de 20 estados, o prêmio contemplou cinco projetos nas categorias: Narrativas Brasileiras, Categoria Descobertas e Outras Visões. Cada autor participou com apenas uma proposta de trabalho autoral em uma das três categorias de premiação. 

Tiago Santana apresenta o Prêmio Chico Albuquerque

Antes mesmo de continuarmos com a festa da noite de premiação, é importante dizer quem foi Chico Albuquerque, para isso nos valeremos da apresentação de seu Chico feito pelo IMS-Instituto Moreira Sales: "Pioneiro da publicidade brasileira na década de 1940, Chico Albuquerque foi exímio retratista de personalidades, chefe da equipe que montou o departamento de fotografia da Editora Abril na virada dos anos 1960-1970 e ensaísta apaixonado pelos temas típicos de sua terra natal, o Ceará. Todas essas vertentes de seu trabalho resultaram num acervo de cerca de 70 mil imagens que está preservado no Instituto Moreira Salles por meio de convênio com o Museu da Imagem e do Som de São Paulo".

Chico Albuquerque

E continua o IMS:"Nascido numa família de fotógrafos, o jovem Francisco começou sua carreira no cinema, aos 15 anos, como auxiliar do pai, Adhemar Albuquerque, também cinegrafista amador. Foi produzindo retratos no estúdio fundado por este em Fortaleza, o Aba Film, que se iniciou profissionalmente na fotografia. Aos 25 anos, participou, como fotógrafo de cena, das lendárias filmagens em locações cearenses de It’s All True, o documentário inacabado de Orson Welles, que havia se instalado momentaneamente em Fortaleza. Com Welles, Albuquerque afirmou ter compreendido a necessidade de desenvolver uma noção estética para se fotografar corretamente. O documentário foi rodado na praia do Mucuripe, na capital do Ceará, o mesmo cenário de seu primeiro grande ensaio do fotógrafo, realizado dez anos mais tarde.A rigorosa composição dos quadros, que Albuquerque considerava uma lição do cineasta americano, o acompanharia por toda a carreira, traduzindo-se em sua busca de controle total da imagem, sobretudo em estúdio, mas também sob luz natural – característica que fazia dele, segundo o amigo e colega Thomas Farkas, um profissional “muito perfeccionista”. Para encontrar seu caminho, o jovem Albuquerque organizou o próprio portfólio e viajou para o Rio de Janeiro em duas ocasiões, entre 1934 e 1946. Queria aprofundar os conhecimentos e melhorar a técnica."

Fabiano Piúba ao lado dos ganhadores do Prêmio Chico Albuquerque

“Avaliamos o prêmio e tomamos um caminho de que ele pudesse ganhar uma abrangência nacional. A própria figura do Chico Albuquerque é uma referência nacional, merece esse destaque. Além disso, o Ceará já tem uma vocação e um percurso reconhecido na fotografia. De como a fotografia cearense dialoga com a fotografia nacional para que possamos ter aí um movimento de dentro para fora, de fora para dentro, de chamar atenção do país para o Ceará e vice-versa”, afirma Fabiano Piúba, secretário da Cultura do Ceará.

Vamos às premiações da noite. Na Categoria Narrativas Brasileiras, foram analisadas 29 propostas, desse total, foram finalistas cinco propostas, sendo vencedor o fotografo Luiz Otávio Salameh Braga. Na Categoria Descobertas, foram analisadas 79 propostas sendo vencedores André de Sampaio Penteado e Mauricio Soares Gomes de Oliveira e por fim nCategoria Outras Visões, depois de analisadas 44 propostas foram vencedoras, Claudia Barbosa Vieira Tavares e Letícia Lampert.

Luiz Braga e Ingrid Rebouças

Luiz Braga é formado pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Pará (UFPA). Realizou mais de 70 exposições entre individuais e coletivas no Brasil e no exterior, e suas fotografias compõem coleções importantes como a do Museu de Arte de São Paulo, do Centro Português de Fotografia, do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, entre outras.

O Prêmio é uma homenagem ao fotógrafo brasileiro Chico Albuquerque (1917-2000) que nasceu no Ceará e tornou-se pioneiro na fotografia publicitária no País e um dos artistas mais inovadores de sua geração. Ao longo de uma trajetória de 68 anos dedicados à fotografia, consagrou-se como retratista de personalidades que marcaram a história brasileira. Dentre seus principais trabalhos, destaca-se o ensaio “Mucuripe” (1952) que retrata o cotidiano de jangadeiros do litoral cearense, revelando a profunda relação desses homens com o mar.
"Paralelamente, construiu uma sólida reputação de retratista, fotografando em poses rigorosamente dirigidas – quase sempre em estúdio e sem nenhum adereço de cena – membros da alta sociedade paulistana, artistas e celebridades. Diante de sua lente, passaram personalidades tão díspares quanto Victor Brecheret, Juscelino, Ronald Golias,Luiz Gonzaga, Jânio Quadros e Hilda Hilst. Paralelamente à atividade comercial, participou ativamente de debates teóricos do Fotoclubismo, que acontecia principalmente em torno do Foto Cine Clube Bandeirante."

 Tiago Santana
 Tiago Santana e Ingrid Rebouças
Manoel Severo e Alênio Carlos


"Em 1952, Albuquerque voltou a Fortaleza para realizar um de seus ensaios mais célebres, Mucuripe, fotografando, num preto e branco de forte inclinação épica, a paisagem e a vida dos jangadeiros. Tema semelhante seria abordado por ele mais de 30 anos depois, agora em cores, no ensaio Jericoacoara. Também coloridas são as fotografias da série Frutas, de 1978, verdadeiras naturezas-mortas em sua ambição pictórica, que o artista plástico Aldemir Martins considerava “as melhores fotografias de frutas brasileiras que existem”. Albuquerque voltou a viver em Fortaleza em 1975. Em 1981, foi convidado a assumir, como consultor, a coordenação de um grupo de 12 repórteres fotográficos de O Povo. Ele começou reformulando o laboratório, espaço fundamental para o desenvolvimento profissional dos novos fotógrafos. O grupo se transformaria na primeira equipe de trabalho do jornal."
Manoel Severo e Silas de Paula
Beto Skef e Ingrid Rebouças
Paula Georgia e Ingrid Rebouças

"Quando Chico Albuquerque se transfere para São Paulo, em 1945, o mercado fotográfico é restrito e ainda voltado, sobretudo, para reportagens de família. Atuando a princípio como retratista, destaca-se ao fotografar personalidades como Juscelino Kubitschek (1902 - 1976), Victor Brecheret (1894 - 1955) e Burle Marx (1909 - 1994), entre outros. Por meio de enquadramentos fechados e pela ênfase na expressão dos olhares, os retratos sugerem o estado psicológico dos modelos ou mostram flagrantes de emoções. O aspecto teatral dos registros é realçado pelo tipo de iluminação, geralmente lateral, com sombras marcadas e contraluzes." Portal Itau Cultural.

Silas de Paula e Ingrid Rebouças
Beto Skef, Igor Cavalcante e Ingrid Rebouças

Família Albuquerque e o Cangaço... 


Aqui rendemos nossa homenagem ao querido e inesquecível Ricardo Albuquerque, filho de seu Chico Albuquerque e à sua obra: Iconografia do Cangaço, livro e DVD. A obra reúne mais de 150 fotografias, do acervo da Aba Film;  revelando detalhes das vestimentas, do cotidiano, dos costumes e hábitos dos cangaceiros , com o livro, um DVD "Lampião, o rei do cangaço", com as únicas imagens em movimento dos cangaceiros, produzidas por Benjamin Abrahão incluindo 4 minutos inéditos, recuperados, em 2002, pela Cinemateca Brasileira. Ricardo era filho de seu Chico Albuquerque e neto de seu Ademar Albuquerque, fundador da Aba Film e grande responsável pela empreitada do libanês em fotografar e filmar Lampião.
Entrega do Prêmio Chico Albuquerque, SECULT - Dragão do Mar-Fortaleza,                         
 Ceara 17 de dezembro de 2019.


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O CORPO DE EVITA PERON, SEM ENCONTRAR UM LOCAL PARA DECOMPOR-SE, FICOU A VAGAR POR VÁRIOS ANOS

Por EDUARDO SKLARZ 
O bizarro cadáver de Evita - Getty Images

Evita se despediu do mundo em 1952, para seu corpo, a história só começava. Por 24 anos, o cadáver vagou por pelo menos oito lugares, usado até em rituais de bruxaria

Evita pesava pouco mais de 30 quilos quando parou de respirar. A mulher mais poderosa da Argentina foi vencida por um câncer aos 33 anos, após suplicar ao povo que não a esquecesse. Naquele 26 de julho de 1952, as rádios transmitiram a mensagem oficial: "Às 20h25, entrou na eternidade a senhora Eva Perón, líder espiritual da nação". Não eram meras palavras: o presidente Juan Domingo Perón (1895-1974) decidiu embalsamar o cadáver da esposa. Entregou-o ao anatomista espanhol Pedro Ara.

Na manhã seguinte, o doutor Ara declarou que o corpo estava incorruptível. Assistentes de Evita pentearam seu cabelo, pintaram as unhas e envolveram as mãos com o rosário que ganhara do papa Pio XII (1876-1958).

Após 13 dias de velório, Ara retomou seus trabalhos num laboratório secreto montado no 2º andar da Confederação Geral do Trabalho (CGT), em Buenos Aires. Submergiu o corpo em acetato, injetou glicerina nas artérias e parafina líquida no globo ocular. Evita ficou mais jovem que nunca.

Durante o velório em 1952, na Argentina / Crédito: Getty Images

O artista levou três anos retocando sua obra. A defunta continuaria na CGT até que se construísse um mausoléu mais alto que a Estátua da Liberdade, de acordo com a vontade da mãe dos descamisados. O projeto não se realizou. Com a queda de Perón, em 1955, o corpo de Evita embarcou numa odisseia macabra que só terminaria em 1976.

Obsessão

Na noite de 23 de novembro de 1955, um comando militar invadiu a sede da CGT. O então coronel Carlos Koenig, chefe do Serviço de Inteligência do Exército (SIE), olhou com desprezo para a múmia ao lado do doutor Ara e a levou para um caminhão. Cientistas extraíram um pedaço da orelha esquerda, cortaram a falange de um dedo, fizeram radiografias e decretaram: era mesmo o cadáver de Evita.

Em outubro de 1950, na sacada do Palácio do Governo, em Buenos Aires / Crédito: Getty Images

Essa confirmação levou pânico ao general Pedro Aramburu. Se os peronistas roubassem o corpo, poderiam usá-lo como uma bandeira da resistência. Evita morta era mais perigosa que viva! Alguns oficiais sugeriram cremá-la. Outros, jogá-la no rio La Plata. Já a Marinha queria desintegrá-la com ácido. Católico fervoroso, Aramburu decidiu dar ao corpo uma sepultura cristã. Por isso, ordenou a Koenig enterrá-lo num local seguro.

Mas a missão degringolou. O desprezo do coronel por Evita virou uma obsessão. Koenig já não podia viver sem ela. Precisava escondê-la para desfrutar sua presença, e por isso rodou com a defunta pela cidade. De acordo com algumas versões, tentou deixá-la com a Marinha. Ante a recusa, ocultou-a atrás da tela do cinema Rialto. Em seguida, escondeu-a no sótão da casa do major Arandia, um velho amigo. Uma noite, Arandia ouviu ruídos e disparou a pistola, achando que os peronistas haviam invadido a casa. Acabou matando sua mulher, que estava grávida.

Koenig então levou a múmia ao seu escritório no SIE. Convidava pessoas até lá e lhes mostrava o corpo. Quando Aramburu soube disso, os militares já comentavam que Koenig masturbava-se na frente do corpo, urinava em cima... e vai saber o que mais. Tanto fez que foi confinado num regimento da Patagônia.

Operação Traslado

No lugar de Koenig, assumiu o coronel Héctor Cabanillas. "Foi uma emoção bastante violenta ver que o féretro de Eva Perón estava intacto ao lado de minha sala", disse Cabanillas (morto em 1998) num documentário da TV Plus, na Espanha. "Parecia uma boneca que não era de cera, e sim de carne e osso."

Cabanillas via flores perto do SIE, sinal de que mais gente sabia que o corpo estava lá. "Suspeitávamos que havia comandos peronistas preparados para roubar o cadáver", afirmou. "Diante de tantas pressões, veio a necessidade de tirá-lo do país."

A ideia partiu do padre Francisco Rotger, capelão das Forças Armadas da Argentina. Rotger logo mexeu os pauzinhos na Companhia de São Paulo, com sede na Itália. E convenceu seu superior, o padre Giovanni Penco, a enterrar o cadáver em Milão. Os detalhes eram tão secretos que nem o presidente tomou conhecimento. Apenas deu o sinal verde. Começava a Operação Traslado.

O corpo sairia do porto de Buenos Aires com o nome falso de María Maggi de Magistris, uma italiana morta em 1951. O coronel Hamilton Díaz, do SIE, fingiria ser o viúvo, e o suboficial Manuel Sorolla usaria sua identidade real. Chegando a Gênova, o corpo seria recebido por uma monja paulina, Giuseppina Airoldi, que não imaginava que a morta era Evita.

Para despistar, Cabanillas deixou vazar a versão de que o cadáver tinha sido destruído. Há quem diga que ele também forjou outros dois caixões: um foi enterrado em Buenos Aires e o outro, levado para a Alemanha.

Como Evita pesava pouco, os militares puseram pedras junto com o corpo. Mas exageraram. Os fiscais do porto desconfiaram do enorme peso e quiseram abrir o caixão. O padre Rotger entrou em cena. "Era uma mulher muito gorda", justificou. Deu certo, e a transferência foi autorizada. Na Itália, o falso viúvo colocou Evita num furgão rumo ao Cemitério Central de Milão. Na folha 4609 do registro, um empregado anotou: "María Maggi de Magistris. Data de falecimento: 23-02- 1951. Fossa 41. Data de enterro: 13-05-1957."

Nos anos 60, o cadáver intrigava os argentinos. Havia sido destruído? Jogado no rio? Enquanto Giuseppina levava flores à tumba em Milão, cresciam em Buenos Aires os rumores de que os paulinos tinham ligação com o sumiço do corpo. A tensão chegou ao máximo em 1970, quando o presidente Aramburu foi sequestrado pelos montoneros, jovens peronistas de esquerda. Como não lhes disse onde estava Evita, eles o mataram.

Em 1971, o coronel Alejandro Lanusse chegou à Presidência admitindo negociar com Perón. Como gesto de boa vontade, decidiu entregar o corpo ao marido, que vivia exilado em Madri. Lanusse chamou o amigo Rotger para dizer que era hora da Operação Devolução... 14 anos depois. Desta vez, Sorolla fingiu ser irmão de María.

Bruxaria

Após dois dias de viagem de carro, o corpo chegou a Madri em 3 de setembro de 1971. Perón recebeu-o em sua residência no bairro de Puerta de Hierro, junto à terceira mulher, Isabel Martínez, e seu assistente José López Rega - conhecido como o bruxo.

E haja bruxaria: López Rega passou a usar a falecida em rituais ocultistas. "Ele fazia Isabel se deitar sobre o cadáver e pronunciava orações. O objetivo: fazer a alma de Evita passar ao corpo de Isabel", afirma o jornalista Sergio Rubín. Com o retorno da democracia, em 1973, Perón regressou ao país e venceu as eleições para presidente, com Isabel de vice. Mas os montoneros não o perdoaram por deixar Evita na Espanha. Sequestraram o corpo de Aramburu e anunciaram que só devolveriam se a Madre Mía retornasse também.

O processo de restauração do cadáver / Crédito: Divulgação

Em 1974, Perón morreu e Isabel se tornou presidenta. Ela contratou o restaurador Domingo Tellechea para reparar o cadáver. Anos depois, ele revelou que o corpo apresentava uma profunda incisão no pescoço, o nariz destroçado e um dedo do pé a menos. "Esses danos não se produziram pelo movimento do corpo, e sim por uma grande força exercida contra ele", disse. Fica a suspeita de que os militares atacaram a múmia antes de devolvê-la.   

Em setembro, Evita finalmente foi levada de volta à Argentina, num voo charter, e colocada na residência presidencial de Olivos, junto ao corpo do marido. Em março de 1976, um novo golpe levou a Argentina à sua ditadura mais cruel. Os militares entregaram o corpo de Evita a suas irmãs, que o depositaram no Cemitério da Recoleta. É lá que ele hoje descansa, a 6 metros de profundidade.

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MONUMENTO À COLUNA PRESTES EM FLORESTA ? POR DENIS CARVALHO

Por Denis Carvalho
Túmulo de João Lopes Diniz

Tenho acompanhado durante toda a semana as discussões a respeito da alocação de um monumento dedicado a passagem da Coluna Prestes no município de Floresta – PE. Fica então a pergunta: qual o sentido dessa homenagem? Para quem não conhece, a Coluna Prestes foi um “movimento político-militar” liderado pelo comunista Luis Carlos Prestes, tendo percorrido mais de 20.000 km pelo interior do país. 

O mais estranho desse movimento é que, apesar de seus ideais serem indiscutivelmente louváveis, como a exigência do voto popular secreto e melhorias no ensino publico, jamais conseguiram o apoio popular, tendo concluído sua marcha sem ter conseguido cumprir nenhum de seus objetivos.Ora, se até mesmo o temido cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva (Lampião) conseguiu conquistar o respeito e a admiração de alguns sertanejos, por que não ouvimos nenhum dos que tiveram contato com a Coluna narrar algo de positivo ou admirável? 

O repúdio popular, na época, explica-se em decorrência do modus operandi com que os “revoltosos” utilizavam para fazer aderir os populares à causa. O uso da violência era constante: invadiam fazendas e casas, torturavam seus moradores, roubavam provisões e animais de carga; tudo isso em nome da “causa”. Qualquer sertanejo era taxado de “jagunço” e não havia o mínimo respeito com os habitantes dos locais por onde passavam.

Denis Carvalho, Leo Gominho, Marcos de Carmelita, João de Sousa Lima, 
Cristiano Ferraz e Manoel Severo

Lutar por uma causa justa com o uso de meios imorais e ilegais, a meu ver, não faz de ninguém um herói. Sei que muitos vão dizer que “os tempos eram outros”, mas nada justifica o uso de uma força com dezenas de homens contra simples sertanejos, que em nada deram causa à sua luta, muito menos poderiam esboçar qualquer forma de reação. Não vejo nenhuma necessidade de um monumento relacionado à Coluna Prestes em Floresta, afinal, esse monumento já existe...

Eis na imagem o túmulo de João Lopes Diniz, morto em 1926 na fazenda Campo Alegre durante a passagem do movimento. Seu corpo ficou exposto no terreiro de sua casa, tombado no local de seu assassinato, enquanto sua esposa e filhas choravam implorando que deixassem enterrá-lo. As respostas eram apenas ironias, seguidas de gargalhadas.

Hoje vemos nossos opressores virarem heróis, ao passo que nossos mortos são esquecidos. Enquanto seu túmulo jaz abandonado, engolido pela caatinga; seus algozes receberão uma homenagem em um dos lugares mais pomposos da cidade que sua família ajudou a construir.

Muitos outros marcos foram deixados por onde passaram, como cercas incendiadas, marcas de projéteis de bala e pessoas traumatizadas.

A construção dessa obra é, então, uma total falta de respeito e uma grande demonstração de que a história do município está sendo irresponsavelmente ignorada por seus dirigentes. E isso em nada me admira, afinal, vivemos em um país em que o crime compensa e que, em vez de penas, rendem-se homenagens aos criminosos.

Denis Carvalho
Pesquisador e colecionador, Floresta PE

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CLEMENTINO QUELÉ, O HOMEM QUE NINGUÉM DESARMOU!



Para quem já conhece a história de Clementino Quelé, é porque já leu muito sobre ele.

Clementino Quelé, o homem que brigou mais de vinte vezes com Lampião, ex cangaceiro do bando de Lampião, Sargento da volante Paraibana, e Delegado na cidade de Prata PB.

Um fato interessante ocorreu quando Quelé já estava aposentado. Então veio para ser o delegado na pequena localidade um sargento jovem e cheio de disposição. Este vendo Clementino Quelé andar ostensivamente armado, começou a comentar entre as pessoas que;

“-Aquele sargento véio não é mais da Força. Vou desarmar ele”.

Quando Quelé soube não fez nada. Apenas disse;

“-Tô esperando”.

Aparentemente o novo sargento foi mais bem informado quem era o idoso e já um tanto gordo ex-policial. Foi aconselhado que o melhor que tinha a fazer era deixar aquele homem em paz. Quelé nunca foi desarmado por ninguém.


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UM POUCO DE NOSSA HISTORIA - ZÉ PINHEIRO O DEMÔNIO EM FORMA DE GENTE EM CARIRIAÇU





Em conversa com o amigo Médico bem conceituado e leitor assíduo das histórias nordestinas Doutor João Elder, que essa semana indagou-me sobre uma história ocorrida em Caririaçu, de um cangaceiro chamado Zé Pinheiro e por coincidência o primo e também leitor Ed O Lindo Borges falamos sobre o mesmo assunto, promoti aos mesmos que iria escrever alguma coisa a respeito e aqui estamos nós. Eu já tinha conhecimento de tal fato e prometi de escrever sobre essa “fera em forma de gente” e o acontecido em nossa Cidade. Para bem entender essa história tem-se que remota a outro fato histórico por mim já escrito nessa página que se refere à sedição de Juazeiro do Norte em 1914.

Então para que a leitura não fique muito extensa e muito cansativa vou dividí-la e narrado outros fatos até chegar ao objetivo que é o ocorrido aqui.

RESUMOS

A SEDIÇÃO DE JUAZEIRO

A revolta ou a Sedição de Juazeiro foi um conflito popular ocorrido em 1914, durante a república velha (1889-1930), na cidade de Juazeiro do Norte, no sertão do cariri, Ceará. Ocupava o cargo de presidente do país o marechal Hermes da Fonseca (1855-1923), que adotou medidas de intervenção política, conhecida como “política das salvações”, a fim de combater as lideranças políticas (na época os coronéis) que dificultavam a atuação do poder. Com isso, Marcos Franco Rabelo (1851-1940), foi indicado pelo presidente como governante do Ceará (1912-1914), o que descontentou demasiado os coronéis. O coronel Marcos Franco Rabelo, interventor nomeado pelo governo nacional, passou a perseguir o padre Cícero, destituindo-o de seus cargos e ordenando sua prisão. A medida foi imediatamente reprovada por grupos oligárquicos do Ceará, que, liderados por Floro Bartolomeu, organizaram um batalhão formado por jagunços e romeiros em defesa do padre Cícero.

A expedição ordenada pelo interventor Franco Rabelo dirigiu-se para juazeiro do norte para prender o pároco, mas quando chegaram esbarraram em uma imensa muralha que cercava a cidade. Tal defesa era chamada de "círculo da mãe de deus" e foi construída em apenas sete dias. Foi o suficiente para impedir a penetração das tropas do governo, que teve de voltar para angariar mais reforços onde ate um canhão foi trazido para ver se surtia efeito, porém de nada adiantou.

Durante vários combates a vitória permaneceu com o grupo de revoltosos organizados em juazeiro do norte. Floro Bartolomeu se dirigiu então ao rio de janeiro em busca de apoio enquanto os revoltosos rumaram para fortaleza com o intuito de depor o interventor. No rio de janeiro conseguiram o apoio de pinheiro machado e em fortaleza Franco Rabelo foi realmente deposto.

ZÉ PINHEIRO

Muito pouco se tem escrito sobre esse que em vida foi um dos homens que sem exagero foi em vida um verdadeiro satanás. De uma perversidade sem limites como conta o renomado escritor Frederico Pernambucano de Mello onde evoca, a esse respeito, as violências infligidas aos representantes das autoridades pelo legendário cangaceiro Zé pinheiro, célebre por ter exterminado J. Da Penha, Capitão das forças legalistas contra as tropas de Juazeiro cometendo o facínora uma verdadeira obra macabra contra o cadáver do referido Capitão, onde ao exterminar o mesmo arranca-lhe o bigode com lábios e tudo e chegando a uma bodega manda colocar um copo de cachaça e coloca os pedaços do defunto dentro do copo e engole o liquido composto de sangue e tudo se cabano de tal feito. Esse é apenas um dos muitos ocorridos feitos do sinistro Capeta.

FATO OCORRIDO EM CARIRIAÇU

Dois grupos passaram a disputaram o poder no estado do Ceará; Um liderado por Marco Franco Rabello e o outro pelo Doutor Floro Bartolomeu, que seguia apoiando o Padre Cícero. Logo após essa luta ficam todos que foram a favor dos Rabelista nome dado aos simpatizantes e correligionários políticos da época, perseguidos sem restrições onde até mesmo a vida era posta em cheque. Em São Pedro do Cariri, hoje Caririaçu, cidade serrana situada acima de Juazeiro do Norte, era quase em sua totalidade Rabelista, cujo insucesso a condenou ao ostracismo e determinou perseguições por parte dos jagunços contratados pelo Floro Bartolomeu. Antes, porém, aconteceu um fato que alimentaria ainda mais o instinto feroz do desalmado Zé pinheiro. Essa história aconteceu no ano de 1913 e é narrada por Doutor Borges em uma de suas obras literárias.

Um dos cangaceiros, jagunço violento, era José pinheiro, mau como o diabo pode ser. Naquela ocasião (1914) ele, indo do Crato para lavras, “três léguas abaixo de Caririaçu, ribeira do riacho do rosário, no serrote, teve um desentendimento com a mulher que lhe servia de companheira e a enterrou, dizia-se, viva, quase à beira do caminho, um pouco para dentro do mato”. desapareceu. dias depois, vaqueiros ou caçadores que ali andavam, sentiram mau cheiro e, notando urubus pousados em árvores próximas, para lá se dirigiram, encontrando a sepultura meio aberta e o cadáver já em parte destruído pelos animais. as diligências e investigações levadas a efeito pela polícia conseguiram identificar sem maior tardança o criminoso.

Descoberto seu paradeiro, ele foi preso e recolhido à cadeia de são Pedro (Caririaçu) e enviado depois para a do Crato, por medida de segurança. Clemente Ferreira Borges, há esse tempo, exercia ali as funções de juiz suplente, leigo. Foi justamente nessa qualidade que se dirigiu ele à cadeia local para conhecer de perto o criminoso, tendo exprobado, na ocasião o facínora pelo seu bárbaro procedimento, matando indefesa mulher, sem motivo justo. Não seria preciso mais para que a fera em forma humana que era José Pinheiro guardasse na memória a atitude de meu pai, aguardando, qual cascavel, o momento azado para um dostorço pessoal.

Com a derrota das forças legalistas nos ataques à cidade dos insurretos e a invasão em seguida do Crato e de outras cidades da região pelas hordas desenfreadas, abriram-se as portas das prisões, pondo-se consequentemente, em liberdade, todos os sentenciados que passaram, então, a engrossar as fileiras dos rebeldes. “Contava-se nesse número o famigerado José Pinheiro, a quem foi confiada à chefia de um grupo, dada a sua valentia e a energia de que era dotado para o comando dos capangas como ele afeitos à criminalidade.”

“a vila de São Pedro amanheceu num claro dia de Domingo repleta de cangaceiros sob suas ordens”. precisamente à hora da missa, momento onde todas as famílias se reunião a frequentar esse momento ecumênico do qual não seria diferente com Clemente Ferreira Borges que ao dirigiam-se para a igreja, foi chamado pelo truculento chefe que bebia cachaça com seus cabras numa bodega da esquina. Pressentindo que iria ser agredido, respondeu que poderia servir-se na mercearia com seu grupo do que quisesse que depois da missa pagaria a despesa. Não foi, porém, atendido e a sua presença foi imposta sob ameaça de morte com os rifles apontados em posição de descarga. Disposto ao sacrifício, No estabelecimento fez-se logo em torno dele um círculo de malfeitores, cada qual mais sedento de sangue e de rapina. José Pinheiro puxou do bolso um maço de bigodes e disse em rictos de fera satisfeita que aquilo era o troféu, a lembrança que trazia dos chefes Rabelistas (partidários de Franco Rabelo, correligionários da família Ferreira Borges) encontrada no caminho de fortaleza e que os bigodes Clemente Ferreira Borges iriam também para ali, dentro em pouco. Começou o martírio, humilhações, ameaças com exibição de armas, a toda sorte de angústia foi submetido o velho. A certa altura José Pinheiro sacou de um afiado e comprido punhal e ia vibra-lo certeiro não acontecendo por intervenção de terceiros. O Padre Augusto Barbosa de Menezes, vigário daquela freguesia, celebrava, no momento, a missa dominical. Toda a família, em prantos, sentindo iminente a morte do chefe da família, corria para a igreja pedindo socorro ao celebrante. Este, sem mais delonga, partiu apressadamente para o local da cena triste, arrancou meu pai das garras do criminoso e o conduziu são e salvo para sua residência, conservando-o ali sob a sua guarda até quando o perigoso bandido abandonou a vila sobressaltada.

Adversário politico de minha família, chefe local do partido marreta (designação dada a antigo partido político do Ceará), Prefeito do Município mais de uma vez, e correligionário decidido do Padre Cícero, junto ao qual gozava de absoluta confiança, o Padre Augusto, não obstante, era antes de tudo amigo de seus paroquianos, O fim do cangaceiro.


O facínora José Pinheiro pagou caro as atrocidades que praticou. teve fim trágico, horripilante. Aumentara o seu rosário de crimes matando, em Juazeiro, em pleno dia, Quintino Feitosa, cercando-lhe a casa com seu famigerado grupo de bandidos. Quintino resistiu horas ao nutrido tiroteio, mas, sem mais munição, teve a casa invadida pelo grupo. José pinheiro abateu-o a punhaladas, decepou lhe o bigode (seria mais um sinistro troféu), espremeu-o num copo de cachaça e sorveu a bebida asquerosa a longos tragos.

Alguns anos depois transferiu a residência para o estado de alagoas. Lá moravam alguns parentes de Quintino. Localizaram o criminoso, mataram-no e o esfolaram como se fosse um bode. A cena é descrita assim pelo historiador Joaryvar Macedo:

Pavorosa e horripilante a morte de Zé Pinheiro, uma das mais temíveis feras que produziram os nossos sertões. Vítimas de sua perversidade crucificaram-no numa catingueira e o esfolaram vivo, em Alagoas. (in Irineu Pinheiro – o juazeiro do padre Cícero e a revolução de 1914, pág. 145 e o império do bacamarte, mesmo autor, pág. 172).

OBSERVAÇÃO A PRIMEIRA FOTO TRATA-SE DE ZÉ PINHEIRO.



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