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sábado, 8 de julho de 2017

QUANDO O ASSUNTO É LAMPIÃO E O CANGAÇO EM SERGIPE O MESTRE ARCHIMEDES MARQUES PEDE PASSAGEM.

Por Geraldo Júnior pesquisador 
https://www.youtube.com/watch?v=-dXb2-enccA

E em primeira-mão adianto que está sendo finalizado pelo Dr. Archimedes Marques um trabalho magnífico sobre o cangaço em terras sergipanas. Vamos aguardar.

No vídeo acima que foi produzido pelo mago das lentes cangaceiras, Aderbal Nogueira (Laser Vídeos - Fortaleza/CE), o veterano Archimedes Marques nos dá uma "palha" sobre o cangaço lampiônico e fala sobre a atuação da polícia no combate ao cangaço, fala sobre os Nazarenos que foram uma das maiores Forças Policiais Volantes a dar combate a Lampião e seu bando. Fala ainda sobre a violência praticada pelas Forças Volantes contra civis e bandidos.

Resumindo uma verdadeira aula realizada por uma das maiores autoridades do assunto.

Assistam porque vale a pena. Puro conhecimento.
Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)

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MAÇOM LUIZ GONZAGA DO NASCIMENTO

Por Guilherme Machado

Ilustre Maçom do século Luiz Gonzaga do Nascimento. Matrícula de 1477 registro da loja "Paranapuan" Ilha do Governador Estado do Rio de Janeiro, data do registro em 03 de abril de 1971.

Abaixo, raras fotografias do rei do baião com seu traje de gala da maçonaria. Se vê também! Seu Luiz em um desfile na cidade de Picos PI, sobre ordem da Maçonaria do Brasil...!!!





Fonte: facebook
Página: Guilherme Machado Museu do Gonzagão

https://www.facebook.com/

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JUAZEIRO 1949 (LUIZ GONZAGA - HUMBERTO TEIXEIRA).

Por José Romero de Araújo Cardoso

Hino oficial das vossorocas da Espadilha (Antiga Pedreira de Gesso), localizadas no município de Governador Dix-sept Rosado/RN, relicário sagrado onde havia um sonho de comunidade familiar que agregava magistralmente a cultura e a geografia humana dos Estados da Paraíba e Rio Grande do Norte. 

Severino Cruz Cardoso (Biró de Onofre) – (*Pombal/Paraíba – 15 de novembro de 1926 – + Pombal/Paraíba – 02 de agosto de 1976) – 40 anos sem a presença física dele (1976/2016). - http://www.caldeiraodochico.com.br/severino-cruz-cardoso-biro-de-onofre-pombalparaiba-15-de-novembro-de-1926-pombalparaiba-02-de-agosto-de-1976/

Severino Cruz Cardoso (Biró de Onofre), contou-me que foi muito, mas muito feliz, na antiga Pedreira de Gesso, durante o período que por lá passou, exercendo, principalmente, o trabalho como tratorista, de forma exemplar, para satisfação de todos, incluindo Dix-sept Rosado, primo e amigo a quem dedicava respeito, estima e consideração. 

Dix-sept Rosado

Dix-sept Rosado confiava a poucos o manejo dos seus valiosos e caríssimos tratores.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero Araújo Cardoso

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GENTES DAS RUAS DE POMBAL: DÉCADA DE 1970. "MEU CESAR"

Por Jerdivan Nóbrega de Araújo

Carlos Cesar: o maior Jogador de Futebol de Pombal. O Craque pombalense que não foi jogar no Benfica de Portugal por morrer de medo de viajar de avião.

Meu Cesar:

Até os dias de hoje, é o destaque maior do futebol Pombalense. Das “peladas" de pés descalços no campinho da antiga Rua de Baixo, por trás do velho Posto de Puericultura, logo passou a integrar times mais competitivos, formados par estudantes da extinta Ginásio Diocesano de Pombal. Depois, sempre revelando grande habilidade domínio da bola, técnica refinada, bom prepara físico e envolvente como os demais companheiros de equipe, é elevado, ainda vem, a admiração maior da principal time da cidade de Pombal, o São Cristóvão E.C.

Em 1967 o futebolístico, Bernardino de Castro Bandeira, leva-o para o Estudante F. C. da cidade de Cajazeiras, acontecendo ali o seu primeiro contrato profissional, passando a ser um dos grandes destaques do futebol da terra do Padre Rolim, Rivalizava a qualificação de melhor jogador da época com Perpétua, a grande craque Cajazeirense. Tempos depois, jogou na Nacional de Patos, Calores do Ar de Fortaleza, Campinense e Treze de Campina Grande, Náutico do Recife, ande era cobrador oficial de pênaltis. Jogou ainda no Santos F.C. de João Pessoa e concluiu seus últimas dias como jogador profissional de futebol no América da cidade de Esperanças-PB, onde jogou, trabalhou, constituiu família e atualmente reside.

Carlos César

Carlos César é formado em Administração de Empresas, filho do casal, de saudosa memória, Severino Pedro e Maria Cesarina de Sousa.

MEU CESAR

Maciel Gonzaga de Luna

Nenhum outro esporte conseguiu influenciar tanto a cultura do povo brasileiro quanto o futebol. Alguém já disse com muita propriedade que o futebol está presente na linguagem do cinema, da música, do teatro, da dança, do rádio, da televisão, da literatura clássica, da prosa é tudo mais. É a paixão nacional.

Na década de 50 e início da década de 60, a nossa Pombal viveu um apogeu em termos de futebol, com o São Cristóvão Futebol Clube, sob o comando de Eurico Donato (Mixuruca) e "Cabina" do Bar. Tivemos memoráveis partidas contra equipes de Caicó, Currais Novos, Parelhas, Souza, Itaporanga, Piancó, entre outros municípios do Alto Sertão da Paraíba. A nossa hegemonia era clara e evidente.

Não perdíamos para ninguém jogando em casa, graças à força de atletas como Nêgo Adelson (goleiro), Agnelo, Zaqueu, Perequeté, Chico Sales, João Rapadura, Tuzin, Lacon, Bosco, Carrinho de Dr. Lourival e o maior de todos eles, Carlos César, entre outros. Mais adiante falarei um pouco sobre esta última personalidade.

Antes, porém, não faz mal relembrar um pouco da minha infância em Pombal, quando acompanhei de perto essa época de ouro. Ainda criança, muitas vezes entrei no campo do São Cristóvão pelos buracos abertos por nós na cerca de aveloz. Já dentro do campo, era t colocado para fora por "Cabina", que era o homem que cuidava da parte financeira do time. Também, muitas vezes, ainda pequeno, não tinha autorização de meus pais para ir sozinho para o estádio e Mané. Preto, um funcionário do DNER, que portava um enorme rádio de pilha, talvez o primeiro que chegou à cidade, fazia às vezes de meu tutor. Presenciei muitas vezes o embate Mané Preto x Mané Maluco, sobre quem seria o melhor jogador do mundo. Mané Maluco, que era um Santista doente, dizia que inegavelmente o "rei" era Pelé.

A contestação de Mané Preto era de que o "rei" seria Servilio, do Palmeiras. Como logo cedo me apaixonei pelo Corinthians de São Paulo, paixão esta que continua até hoje, apesar dos pesares, assim, acreditava em Mané Preto 'e não levava em consideração a sabedoria de Mané Maluco. Pelé, para mim não era o maior do mundo. Penitencio-me, estava redondamente enganado.

Já mais crescido, para entrar no campo gratuitamente, utilizei uma estratégia que deu certo. Dirigia-me até o Grupo Escolar, onde os jogadores do São Cristóvão trocavam de roupa antes da partida, e lá me candidatava a cuidar da roupa e pertences de qualquer u deles. Com o tempo, me aproximei de Zaqueu, que tinha uma pequena tenda de consertar sapatos ao lado do Mercado, ganhei a s confiança e passei, em todo jogo, a ser o seu roupeiro particular assim, entrava com ele no estádio sem pagar nada.

Mas, eu tinha uma obrigação a cumprir: quando ele (que era zagueiro) fizesse uma jogada, teria de gritar: "Valeu, Zaqueu!".

- Gritava tanto que ficava rouco.

E o nosso futebol Tinha grandes estrelas: a maior delas, como já disse anteriormente, foi Carlos César, um verdadeiro camisa 10, o que aliás, está faltando hoje no futebol brasileiro. Ainda menino já dava sinais de que seria um grande jogador por ter intimidade com a bola e saber fazer gols. No São Cristóvão, ganhou o apelido dado por Eurico Donato, de "Meu César". Por que? Simplesmente porque quando ele fazia uma de suas jogadas geniais e complementava-a com o gol, o seu velho pai Severino Pedro, que tinha uma mercearia na Rua do Comércio, comemorava abraçando-se a torcedores e amigos aos gritos:

- Foi meu César... Foi meu César.. Foi Meu César".

O nome pegou e me parece, Carlos Cesar não gostava muito.

Na segunda metade da década de 60, foi embora para jogar no Estudante de Cajazeiras, que disputava o Campeonato Paraibano. Jogou somente uma temporada e no ano seguinte, já estava no Campinense Clube, que à época, era a maior força do futebol do Estado.

No final dos anos 60, fui morar em Campina Grande e por força do destino, no bairro de São José - o bairro onde fica o campo do Treze F. Clube. Novato na cidade grande, sem conhecer praticamente nada na terra da Borborema, ouço um carro de som anunciar a realização de um jogo amistoso entre Treze x Campinense no Estádio Presidente Vargas. Não perdi tempo, lá estava. Queria rever "Meu César".

Quando a Raposa entrou em campo, fiquei no alambrado gritando: "Meu César ... Meu César...". Ele notou que seria alguém de Pombal, olhou e me viu. Veio até o local, me cumprimentou e perguntou o que eu estava fazendo ali. Respondi que agora morava em Campina, onde tinha vindo estudar. Segurando a minha mão, disse: "Tudo bem, qualquer coisa pode me procurar". Aquelas palavras me marcaram muito e a partir daquele momento, tomei logo uma decisão: seria um "raposeiro" (como é conhecido o torcedor do Campinense).

José Tavares de Araújo Neto e o espetacular ex-jogador Carlos César

E fui sim, um raposeiro apaixonado durante todo o tempo em que morei na Rainha da Borborema, até mesmo sem nenhuma vergonha de dizer que só comecei a torcer pelo Campinense por causa de Ias César. Trabalhando no rádio e em jornais, no setor esportivo, sempre abri espaço para Carlos César. Éramos amigos! Quando nos encontrávamos, a conversa era sempre sobre as coisas de Pombal, a querida terra. "Meu César" era um jogador fenomenal, elegante com a bola no pé. Um verdadeiro maestro, que comandava o seu time dentro de campo. Contava-me um amigo de nome "Joca Pincel", que morava no bairro de José Pinheiro, onde fica o Estádio Plínio Lemos "antiga casa do Campinense" que após os treinamentos diários, o técnico Joaquim Felizardo (já falecido) colocava uma garrafa em cima do travessão (que era de madeira e ainda quadrado) para os jogadores tentarem acertar com a bola. O nosso pombalense acertava mais da metade das tentativas e com isso aprendeu a cobrar faltas com maestria e assim, fez muitos gols e deu muitas alegrias à torcida raposeira.

Nos anos 70, Carlos César foi vendido pelo Campinense Clube ao Náutico de Recife. Lá, também se destacou. Como havia se casado com uma jovem da cidade de Esperança, distante 20 KM de Campina, já em fim de carreira foi jogar no time local que disputava o Campeonato Estadual. Era a sensação! Ouvi muitas vezes o comentarista esportivo Humberto de Campos (meu amigo particular), que já não está mais- entre nós, dizer: "Carlos César, sozinho, joga mais do que todo o time adversário". Podia ser treze, Campinense ou qualquer outra equipe.

A última vez que o vi, já não jogava mais futebol e trabalhava em uma Loja de Eletrodomésticos na cidade de Esperança que pertencia ao Presidente do América F.C.

Não sei - e aqui peço desculpas - se Pombal gerou outro jogador de futebol melhor do que Carlos César. Acho que não, pois com a bola nos pés, ele não deixava nada a dever a craques como Roberto Revelino, Paulo César Cajú e outros da sua época. P mim, o filho de Severino Pedro foi um dos melhores jogadores futebol que vi jogar. Meu querido Carlos César, onde você estiver receba os meus cumprimentos e a minha admiração que será se eterna.

(Fonte: Datas, Fatos e Fotos do Futebol pombalense (1920 a 1990, Verneck Abrantes, 2010).

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero Araújo Cardoso

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PORNÔ

*Rangel Alves da Costa

Pornô. Um sexo qualquer ou um sexo diferente? Por que é geralmente visto como pecaminoso, escandaloso, impróprio, se tão normal nas intimidades humanas?
Pornô. Por que proibido para menores de dezoito anos se atualmente o sexo já aflora desavergonhadamente bem antes disso e que já não há inocência alguma depois dos quinze anos de idade?
Pornô. Em cada filme, em cada cena, um Kama Sutra de páginas abertas ou um manual libidinoso para pessoas reconhecerem suas próprias possibilidades sexuais? Ou apenas um livro já escrito na mente e somente visível através dos outros?
Pornô. Por que tanto mistério, tanta curiosidade, tanta proibição, se a grande maioria das pessoas se sente prazerosamente bem em assistir? Por que essa grande parte que assiduamente assiste é a mesma que sempre nega sua existência?
Pornô. Livros, revistas, filmes, tudo como um remédio de tarja preta, nunca acessível a todos. Livros com capas camufladas, revistas encobrindo cenas picantes, filmes com cartazes escondidos. Assim antigamente.
Pornô. Por que nomear revistas com temas sexuais ou cenas de sexo de revistas masculinas, femininas ou para púbicos exclusivos, segundo suas orientações sexuais? Por que proibir o que todo mundo lê, assiste, pratica?
Pornô. Não mais como antigamente, mas ainda existem cinemas dedicados exclusivamente a exibição de filmes pornográficos. Os cartazes já não escondem nada e nem as pessoas precisam entrar e sair como que camufladas dos cinemas.
Pornô. Ainda hoje, nos locais onde os cinemas exibem cartazes de filmes de sexo explícito, muitas pessoas se sentem verdadeiramente aviltadas com tamanha falta de vergonha, num verdadeiro atentado ao pudor. E até evitam passar pelas ruas dos cinemas.
Pornô. Os filmes pornográficos ou de sexo explícito continuam sendo, em muitos casos, verdadeiros fetiches para muitos. Não raro que prefiram assistir cenas de sexo a praticar o próprio sexo. Seus prazeres somente afloram com as cenas pornográficas.
Pornô. O termo pornô é tão apelativo que mesmo o que não é pornográfico assim se intitula para atrair pessoas. Exemplo disso são as pornochanchadas ou filmes eróticos. Na pornochanchada apenas insinuações, enquanto no erotismo apenas a conotação sexual.
Pornô. Há de se indagar qual o sentido sexual dos atores de sexo explícito. Enquanto personagens, apenas atuando para dar verossimilhança às cenas. Mas o sexo praticado pode ser sempre fingido ou os prazeres da carne também afloram entre uma cena e outra?
Pornô. Ora, nada do que é mostrado em filmes de sexo explícito diferencia-se da realidade entre casais. Muitos destes até se orientam pelas cenas nas suas relações amorosas. Então, por que se distinguirem duas realidades diferentes no mesmo sexo?
Pornô. Comumente se diz que ator e atriz pornô não sente prazer, apenas finge aquela emanação sexual toda. Também comumente se diz que até o mais breve gemido é ensaiado para que assim aconteça. Mas que máquinas de mero fingimento são tais personagens?
Pornô. Necessário observar que atores e atrizes de filmes pornográficos não deixam de serem homens e mulheres quando contracenam. Como um ator, por exemplo, se mantém em estado de ereção se apenas finge o sexo? Como uma atriz se entrega de tal forma sendo apenas máquina?
Pornô. Necessário ainda observar outro fator. A pornografia geralmente vem da prostituição. Esta geralmente vem da oferta de prazer em troca de dinheiro. Mas por que a prostituta pode aflorar seu desejo sexual e a atriz pornô não, como se aquela se transformasse em outra através de filme?
Pornô. Por que o denominado pornô de arte não é o mesmo pornô explícito? Quem assistiu O Império dos Sentidos conhece essa dimensão. Muitas vezes, a insinuação é mais apelativa que a mera demonstração carnal. Assim também com A Dama do Lotação e tantos outros filmes.
Pornô. Não se pode negar que muitos desejam fazer de cada relação sexual um filme pornô. Mas o que impede? O moralismo, o conservadorismo, o outro? Mas tudo é sexo. E só é explícito quando feito para os outros e não para dois.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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O TERRÍVEL CANGACEIRO LABAREDA VIRA CRIANÇA OUTA VEZ!!!

Material do pesquisador do cangaço Guilherme Machado

Cristina Mata Machado escreveu um livro a respeito do cangaço e, para provar que não mentia, trouxe do Nordeste cangaceiros, seus filhos e netos.

Aos 27 anos, Cristina Mata Machado não pode ver sangue. Em criança, morria de medo quando lhe contavam histórias de cangaço. No entanto, ela acaba de escrever um livro chamado As Táticas de Guerra dos Cangaceiros e, para lançá-lo, reuniu nove remanescentes do bando de Lampião e descendentes de seu chefe. Labareda, o velhinho sorridente de 71 anos, é um desses homens que vivia pela caatinga, lutando, fugindo ou perseguindo inimigos. Entre seus pertences, há o antigo bacamarte que data do tempo de Lampião. Hoje, ele é vigia e porteiro em Salvador. Sua aparência serena e seus hábitos tranquilos vêm em apoio à tese de Cristina: "O cangaceiro não é bom nem mau. Ele era apenas um sertanejo injustiçado, que entrava na ilegalidade por falta de qualquer outro caminho."

Foto fonte revista manchete São Paulo 1973.

Informação: Este material é antigo, e a postagem é somente para arquivo do leitor. 

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1231882450249011&set=gm.1628209537192158&type=3&theater

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AÇUDE DA COMUNIDADE SACO DA SERRA. DIVISA DE CANINDÉ COM MADALENA/CE.

Por José Romero Araújo Cardoso

Açude da comunidade Saco da Serra. Divisa de Canindé com Madalena/CE. 

Açude da comunidade Saco da Serra. Divisa de Canindé com Madalena/CE.

Essa belíssima paisagem da terra de Iracema faz parte do território inconteste do grande poeta popular Arievaldo Viana, constituindo as bases de seu espaço vivido, do seu magnífico relicário sagrado.

Arievaldo Viana


Arielvaldo Viana

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero Araújo Cardoso

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CONCLUSÃO DO CORDEL 200 ANOS DA REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA (COMPOSTO POR 96 ESTROFES)

Por Medeiros Braga

Viu de perto o *Monsenhor
A Revolução Francesa,
A Tomada da Bastilha,
Da Guilhotina, a rudeza,
Conheceu com otimismo
A rede do iluminismo
Com a sua luz acesa.
*Arruda Câmara

Conclusão do CORDEL
200 ANOS DA REVOLUÇÃO
PERNAMBUCANA 
(Composto por 96 estrofes)


 “Pernambuco era a mais rica
De todas capitanias
Dois tipos de “ouro branco”
Tinha, de grandes valias:
O açúcar e o algodão
E em menor proporção
Mais outras mercadorias.

Com cem engenhos de cana
Era um grande produtor;
Muitos tropeiros traziam 
 Algodão do interior. 
 Pelo porto do Recife 
Conseguia-se, com cacife, 
 Divisas do exterior.

Já estava no Brasil
Toda família real,
Escapando à invasão
Ocorrida em Portugal
Quando abriu Napoleão
Seus mares, sem reação,
Com sua esquadra naval.

Vieram, mas, não deixaram
Para lá sua mordomia,
Seus luxos continuaram
Esnobando a cada dia.
Eram milhares de nobres
Indiferentes aos pobres
Que no Brasil já havia.

Pra bancar a confraria 
Pelo Rio de Janeiro
Elevava-se o imposto
Coletando mais dinheiro;
Reduzia-se o fomento
Aumentando o sofrimento
No mundo canavieiro.

Quanto à questão política 
 Passara por insurreições, 
O Quilombo dos Palmares 
 Que deixou boas lições,
Teve mais alguns embates 
 Como a Guerra dos Mascates 
 Entre dois grupos mandões.

E assim sempre passando 
 Por tanta contenda ainda 
 Foram os povos ganhando 
 Uma experiência infinda. 
 Chegaram até a pensar 
 No fato de proclamar 
 A Independência de Olinda.

Mas, ainda não havia 
 Bom nível de consciência, 
 Era embate de chefões 
 Com a sua prepotência, 
 Só mais tarde, mais notários, 
 Que chegaram uns ideários 
 Falando de independência.

Dentre as causas principais 
Destacam-se a influência 
Das ideias iluministas, 
Seu humanismo e decência, 
Também, a gastança tal
Pela Família Real 
Como uma consequência.

Para reforçar as causas
Por uma revolução
A seca de dezesseis
Apressou sua eclosão.
E a rica capitania
Em desgraça, então, caía
Com seu povo já sem pão.

Isso foi o que se deu 
Em solos pernambucanos, 
Políticos, religiosos, 
Repletos de desenganos 
Arrebataram as massas 
E discutiram nas praças, 
Em concordância, seus planos.

Outras castas diferentes 
A elas se incorporavam, 
Camponeses explorados 
Que nos feudos trabalhavam, 
Também índios e escravos 
Que lutando como bravos 
As razões assimilavam.

A revolução pra Páscoa
Estava sendo prevista,
Tudo foi bem planejado
Pra todo país, em vista,
Do extremo Sul ao Norte
Estava lançada a sorte
Ante a sonhada conquista.

Porém, houve um incidente
De imensidão notória,
O brigadeiro Manuel
Joaquim, com a sua vanglória,
Quis prender o capitão
José de Barros, então,
E atingiu a história.

Este com tremenda fúria
Desembainhou a espada
Esgrimiu ao brigadeiro 
Matando-o na desfechada,
Sabendo-se da reação
Do poder, a revolução
Veio a ser antecipada.

Em Recife, aquele ataque
Não encontrou resistência,
Pelo Rio Dom João VI
Não tomou logo ciência,
Mas, Estados programados
Não estavam preparados
Com tamanha eficiência.

Mas, ali onde eclodiu
Sem tal perca triunfou,
Os líderes logo chegaram,
Um governo se instalou,
Escrevendo a nova história, 
Uma junta provisória
O processo iniciou. 

 São 96 estrofes que formam o cordel. Vem destaque dos líderes, heróis e mártires: Peregrino de Carvalho, Amaro Coutinho, Padre João Ribeiro, Leão Coroado, Padre Roma, Frei Caneca, Bárbara de Alencar e tantos outros.

“Era o VIGÁRIO TENÓRIO 
 Da Ilha Itamaracá,
No governo foi um membro 
 Do conselho popular, 
Com oratória eloquente 
Conseguiu muito aderente 
Que passava a lhe apoiar.

Ele foi um timoneiro 
Em um mar de tempestade, 
Pagou caro suas ideias 
E sonhos de liberdade, 
Teve suas mãos cortadas, 
Suas costas arrastadas 
Pelas ruas da cidade. “

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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ASPECTOS HISTÓRICOS E LITERÁRIOS DO CANGAÇO

Por Leandro Cardoso Fernandes

A palavra Cangaço – à parte de também nomear o bagaço das vinícolas – vem representar a vida nômade dos bandoleiros nordestinos, que, por alusão à canga do boi, carregavam em torno de si os apetrechos necessários à sua sobrevivência. Ao observador incauto, parece designar apenas salteadores sanguinários, criminosos que não mereceriam mais que a inclusão no rol de bandidos comuns. Mas, ao melhorarmos o foco, percebemos que a análise correta deste fenômeno ultrapassa o simples confronto entre mocinhos e bandidos.

O Cangaço começou a aparecer nos documentos oficiais em meados do século XIX, a partir de registros sobre o célebre José Gomes, o Cabeleira, que vivera no século anterior. Mas não começou aí. Seus rastros vêm da aurora da nossa colonização, e para segui-los é preciso evitar os vieses frequentes dos nossos registros históricos, quase sempre favoráveis ao colonizador em detrimento de quem resistisse ao afã dominador. Daí a profusão de qualificações depreciativas para os insurretos, geralmente descritos como bandidos, facínoras e revoltosos, na clara intenção de criminalizá-los. Um sofisma largamente difundido é a colocação do Cangaço como “revolta” pontual de limites definidos no interior nordestino. No entanto, devemos levar em conta aspectos peculiares de cada região, com seus catalisadores históricos, que apontam para uma escala cromática de cangaços, Brasil afora.

Precisamos recontar nossa História e ouvir aqueles que sucumbiram no violento choque da nossa formação. São os esquecidos da História. Deixemos, então, que eles no apontem onde está a forja do cangaceiro.

Capitania de São José do Piauí, sertão de dentro, por volta do ano 1700. O colonizador europeu avança palmo a palmo no território antes ocupado pelos nativos, enxotando-os para o norte e para o Maranhão. A cada légua avançada, ficam atrás novos currais e arremedos de vilarejos.

Francisco Dias D’Ávila e seus agregados põe abaixo a aldeia dos índios Aranis, próximo à freguesia de São Antônio do Surubim, onde hoje está a cidade de Campo Maior, Piauí. Deste cruel massacre, escapam dois curumins: uma menina de 13 anos e seu irmão de 12 anos, a quem foi dado o nome cristão de Manuel, e o apelido de Mandu. O menino foi enviado a um aldeamento jesuíta, o Boqueirão dos Cariris, situado a 60 léguas do Recife. Alguns anos depois, o índio Mandu, retorna ao Piauí, na tentativa de reencontrar sua irmã. Ao sabê-la morta pelas mãos do português, decide pegar nas armas e formar um bando com remanescentes de várias tribos, algumas inclusive inimigas entre si. Passa a ser chamado de Mandu Ladino, graças à eficiência em ludibriar os portugueses e índios “preados” postos no seu encalço. Contra Mandu e seus índios “corsários”, como eram conhecidos, vieram de São Luiz, forças volantes de El-Rei, que terminam por matar o chefe índio depois de quase 10 anos de guerrilhas. 

Nesta síntese biográfica de Mandu Ladino, um dos esquecidos da nossa História, está a infância do cangaceiro. O clavinote genocida do colonizador e o peso de suas botas a esmagar qualquer resistência à expansão de seus domínios. Além do índio, vergaram sob a dominação o negro, o sertanejo, todos eles empurrados para a sombra do vulcão adormecido da revolta e do inconformismo latente, que o Prof. Frederico Pernambucano de Mello brilhantemente chamou de “irredentismo”. Muitas das manifestações de violência popular, ao longo da História trazem na verdade esse eco antigo dos nossos índios sublevados, nossos negros e caboclos sem cabresto. De quando em vez, esse vulcão dos rancores explodia em revoltas como a de Mandu Ladino; como o Quilombo dos Palmares; as lutas pela Independência do Brasil; a mal-contada Balaidada, e, finalmente, o cangaço, com as suas variadas nuances.

O cangaceiro, portanto, é produto dessa sociedade arcaica, onde mais sobressaía quem se impusesse pelas armas e pela valentia. Segundo a análise de Frederico Pernambucano de Mello, na sua obra Guerreiros do Sol, estas condições eram “fundamentais para se dobrar as resistências do índio e do animal bravio como condição para o assentamento das fazendas de criar”. Ou seja, durante quatro séculos, fomentou-se a cultura da violência, onde o indivíduo é senhor do seu destino e deveria traçá-lo a talhos de facão. O Código Penal sempre foi surra, bala e punhal. Era muito mais fácil, para o sertanejo, a justiça direta guiada pelo revide e pela autodefesa. A outra, a dos tribunais das capitais, não era uma alternativa. Muitos foram empurrados para a garganta do Cangaço por terem reagido violentamente, de modo moralmente aceitável em sua aldeia, mas reprovável aos olhos da civilização litorânea. Houve ainda aqueles que abraçaram a espingarda por não ter outra opção de subsistência. Gustavo Barroso recolheu uma quadrinha, que traduz muito bem o modus vivendi no sertão de outrora, e que diz o seguinte:

“Meu pai fez diversas mortes/porém não era bandido/matava em defesa própria/quando se via agredido/pois nunca guardou desfeita/e morreu por atrevido”.

No sertão, o Cangaço encontrou não só o ambiente social para prosperar, mas também o ambiente físico. Como disse Euclides da Cunha: “a Geografia prefigura a História”; e a caatinga foi o mais forte aliado do cangaceiro contra a repressão, pela quase intransponibilidade de seus espinheiros e arbustos, o que minava o vigor dos perseguidores. E Lampião soube tirar proveito disso. De 1928 para trás, na primeira metade da sua vida de guerreiro, vivia nas caatingas brabas do Pajeú pernambucano e da Floresta do Navio, que lhe serviam de refúgio. Mas, quando necessitava de refrigério, corria à fronteira com o Ceará, e regalava-se na paradisíaca Chapada do Araripe, no verdejante Vale do Cariri Cearense. Já na fase pós 1928, na Bahia, vivia circundando o Raso da Catarina, a maior extensão de caatinga do Brasil, dela usufruindo quando precisava impor as agruras do terreno às Forças Volantes. Mas quando necessitava de refrigério, recorria à beleza do Vale do Rio São Francisco, onde a região limítrofe entre Bahia-Sergipe-Alagoas, com seus potentados e coiteiros, lhe fornecia ampla e organizada rede de apoio. 

Lampião, por mérito particular, aperfeiçoou e modernizou o cangaço! Ao contrário do que muita gente pensa, era um sujeito calmo, circunspecto, educado, avesso a farras, profícuo em fazer amizades, inclusive com autoridades. Fazia-se, às vezes de coronel itinerante, manifestando explicitamente o gosto por sofisticações, como fotografias, whisky, filmes, ao tempo em que, paradoxalmente, repudiava, por instinto de sobrevivência, o progresso das rodagens e dos trilhos que começavam furar os carrascais.

À parte do cuidado com a segurança individual e coletiva, os cangaceiros preocupavam-se em larga medida com o apuro da indumentária, usando-a inteligentemente a seu favor. O traje não tinha por objetivo a camuflagem na caatinga. Bem longe disso: passava pela imposição da personagem perante os interlocutores. O fardamento exuberante era motivo de orgulho para o portador, que além das cores vibrantes das jabiracas e bornais, exagerava em perfumes sobre o corpo suado.

Contrastando com esse apuro estético, estava sua atuação sempre pelo recuo, pela imposição do terror, em guerrilha onipresente pela divisão do grupo em subgrupos. As Forças Volantes, até pela gravitação em torno dos cangaceiros, e necessidade de adaptação, foram progressivamente trocando o uniforme cáqui da Força Pública pelos chapéus de meia-lua, enfeites e longos punhais. Exerciam seu poderio militar às custas da arbitrariedade e da imposição do medo, de maneira semelhante à atuação dos cangaceiros. Muitas vezes, a única coisa que os diferenciava era o lado que ocupavam na contenda.

O Cangaço latu sensu, deixou representantes em diversas regiões fora daquela associada a atuação de Lampião, como no caso de Lucas da Feira (Feira de Santana, Bahia), o Raimundo “Cara Preta” (na lutas da Balaiada, Piauí e Maranhão), Silvino Jaques (interior do Mato Grosso), Antonio Dó (sertão de Minas Gerais), dentre outros.Aliás, falando em Antonio Dó...Aqui abro espaço para os jagunços tão magnificamente perfilados por Guimarães Rosa, na obra “Grande Sertão: Veredas”, como Medeiro Vaz, Hermógenes, Zé Bebélo, Joca Ramiro. Todos eles legítimos capitães de cangaço. O termo jagunço lhes foi emprestado por que assim eram eles conhecidos nos vastos campos gerais. Mas, indiscutivelmente, eram capitães de cangaço. Jagunço por conceito é aquele que vive exclusivamente pelas armas, mas a serviço de um potentado, ou seja: sem bando independente, tendo como única ocupação o conflito armado. O cangaceiro manso é aquele que se aparta de suas obrigações de vaqueiro ou de lavrador para resolver uma contenda, retornando, posteriormente, às suas atividades pacíficas. Já o cangaceiro volante é o tipo imortalizado por Antônio Silvino, que, nômade, troca de nome e passa a viver debaixo do cangaço. Lampião foi cangaceiro manso até os acontecimentos que culminaram com a morte de seus pais; a partir daí, cangaceiro volante, e – diga-se de passagem – o mais bem sucedido. A ele se aplica um verso do poeta condoreiro do Cariri cearense, Barbosa de Freitas: “as águias nascem pequenas/mas quando lhes crescem as penas/sabem bem alto voar”. E Lampião voou alto. Com ele, o Cangaço alcançou seu apogeu, nos anos 20, mas também recebeu seu tiro de misericórdia, na madrugada de 28 de julho de 1938, em Angico, Sergipe. Mas não morreu aí. Estrebuchou até maio de 1940, com a morte de Corisco, o Diabo Loiro. 

Um dos responsáveis pelo mitificação de Lampião foi a Literatura de Cordel, herança da Península Ibérica. De Portugal, as “Folhas Soltas”; da Espanha, “Los Pliegos Sueltos”; e da França a “Literature de Colportage”, cuja influência foi espalhada aqui pelos colonizadores. Os versos, feitos preferencialmente em sextilhas, septilhas e décimas, eram muito agradáveis de ler, ouvir e cantar. As estrofes caíam celeremente no gosto e na memória do povo, tornando-se uma espécie de noticiário da oralidade do meio em que viviam. O jornal, que em Portugal ocupou completamente o espaço do Folheto, aqui no Brasil não logrou tal êxito, por ser quase inacessível ao sertanejo, fato que ainda hoje se observa. Geralmente, o jornal retratava um cangaceiro criminalizado e um sertão com o rótulo do atraso. Já o cordel exibia um cangaceiro heroico, guerreiro, astuto e superpoderoso, cujo escudo ético servia aos sertanejos de maneira geral. 

É da época dos primeiros folhetos impressos, ou seja, meados de 1870, que os romances da literatura dita culta recebem as cores do sertão. Cito aqui duas obras da vanguarda desse período. O primeiro, publicado em 1876, do cearense Franklin Távora é “O Cabeleira”, romance histórico com sugestões regionalistas, mas não dissociado do melodrama de folhetim. É o marco literário inicial do Cangaço, sendo Távora um grande entusiasta das tradições e tipos legendários do Nordeste. 

A segunda é pouco conhecida do público e da crítica, mas não menos importante. É o primeiro dos nossos romances a ter a seca como palco dramático do enredo. Segundo a professora Maria Gomes Figueiredo, do Departamento de Letras da Universidade Federal do Piauí é “o primeiro romance de fundo essencialmente regionalista, que focaliza de forma realista o drama da seca no sertão do Piauí”. Trata-se de “Ataliba, O Vaqueiro” do piauiense Francisco Gil Castelo Branco, lançado em 1878 como folhetim no Diário de Notícias e posteriormente publicado pela Tipografia Cosmopolita do Rio de Janeiro, em 1880. Este livro, tal qual João Batista, que veio preparar os caminhos do Senhor, é o bom augúrio dos excelentes trabalhos que estavam por vir. “Luzia-Homem”, de Domingos Olímpio, publicado em 1903; “A Bagaceira” de José Américo de Almeida, publicado em 1928; os clássicos “O Quinze”, de Raquel de Queiroz, de 1930 e “Vidas Secas” de Graciliano Ramos, de 1938. Aliás, neste mesmo ano, Graciliano publicou um artigo no Jornal de Alagoas, onde relata uma visita que fizera a Antonio Silvino, na companhia de José Lins do Rego. Fica patente a surpresa de Graciliano ao encontrar um Silvino diferente do que sempre imaginara: era branco, olhos claros, bem apessoado, educado, inteligente... ou seja, bem distante da imagem sugerida do Capitão-de-Cangaço sanguinário, fruto da degeneração racial, lombrosiano, incapaz do convívio social normal. José Lins do Rego, por sua vez, já conhecia o ex-cangaceiro da infância no engenho do avô. Dessas memórias ele retirou os clássicos de seus clássicos: “Pedra Bonita”, “Menino de Engenho”, “Fogo Morto” e “Cangaceiros”, todos contemplando a figura do capitão-de-cangaço e as agruras do sertão. 

O tema Cangaço nunca envelheceu. Contaminou gerações de escritores, vários romancistas e poetas, alguns polivalentes, inclusive derivando seu talento para a dramaturgia, como Rachel de Queiroz, com a peça “Lampeão”, publicada em 1953 e Ariano Suassuna, com o fantástico “Auto da Compadecida”, publicada em 1955. Não poderia deixar de citar aqui um dos retratos mais realistas da violência rural na nossa Literatura de ficção, embora baseado em fatos reais, que é “O Tronco” do goiano Bernardo Élis. Obra de fôlego, que mostra em cores a convulsão instalada na pequena Vila do Duro, sufocada e impotente entre os desmandos do coronel e a arbitrariedade da Polícia Militar.

O “O Cabeleira”, citado há pouco, também foi ponto de partida para outra vertente literária, que não o da ficção regionalista. Trata-se da literatura histórica específica que nasceu do resgate da tradição oral, e adornou-se de ensaios sociológicos, antropológicos e psicológicos a cerca do tema. Cronologicamente, citaria o trabalho do cearense Gustavo Barroso, notadamente “Terra de Sol”, de 1912, e “Almas de Lama e de Aço”, de 1930; e as duas biografias publicadas em vida de Lampião, a primeira por Érico de Almeida, em 1926; e a segunda pelo médico Ranulpho Prata, em 1933, ambas com o título de “Lampeão”.

Dos trabalhos contemporâneos referenciais, citaria “Assim Morreu Lampião”, do paulista Antonio Amaury Correa de Araújo, publicado em 1971, onde o autor passou o pente fino sobre os acontecimentos do dia em que Lampião foi morto, e colocou-os em ordem cronológica, a partir de depoimentos de cangaceiros, soldados e coiteiros que participaram do epílogo de Lampião. Também da lavra de Antonio Amaury, “Lampião: As Mulheres e O Cangaço”, publicado em 1984, e que foi o primeiro trabalho dedicado ao universo feminino no Cangaço.

Mas ainda havia uma lacuna. Faltava um ensaio sobre a violência rural brasileira, que se esquivasse da visão simplista e fatalista, então vigente. A lacuna foi preenchida pelo livro “Guerreiros do Sol”, de Frederico Pernambucano de Mello, historiador social de sede matada nas fontes da escola gilbertiana. É um trabalho maduro sobre as bases sociológicas do Cangaço, e que foi complementado pelo recentemente publicado: “Estrelas de Couro: A Estética do Cangaço”, este último o mais completo trabalho de análise e documentação sobre uma personagem da nossa história, no caso o cangaceiro. 

Dito isto, termino por aqui parafraseando Guimarães Rosa: 
Cangaço está em toda parte! Também aqui na Casa de Machado de Assis, neste importante encontro. Afinal de contas, cultura e educação são nosso oxigênio.

Sem as duas, apenas vegetamos. E em tempos de poluição cultural e educação rarefeita, o brasileiro está apático, sem interesse pelos problemas do seu país. Tem se preocupado, quando muito, com os desfechos dos programas televisivos de confinamento e com o dia-a-dia das celebridades. Vale a pena, então, puxarmos as máscaras de oxigênio e fazer ver a esse povo que a cor da nossa identidade é reflexo do colorido das penas do índio Mandu Ladino e dos enfeites dos chapéus dos cangaceiros.

Muito obrigado.

Leandro Cardoso Fernandes

NOTA CARIRI CANGAÇO: É com muita satisfação que postamos a espetacular conferência do Doutor Leandro Cardoso Fernandes, por ocasião do Seminário Brasil, brasis, nos salões da ABL - Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro, no último mês de Maio.

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