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terça-feira, 26 de maio de 2015

APAGANDO AS LUZES

Por Caio César Muniz

É com uma tristeza imensa em meu peito que me despeço da Fundação Vingt-un Rosado enquanto seu funcionário. Lá se vão quatorze anos de um trabalho que se tornou mais que um emprego, tornou-se uma causa.
Saio de cabeça erguida, creio que cumpri com minhas obrigações a contento. Vivi dias de muito saber ao lado de Vingt-un. Fui contratado para digitar um livro, apenas um e nunca mais parei, tornei-me seu auxiliar naturalmente, seu "ouvido esquerdo", como diriam alguns. Na sua partida em dezembro de 2005, eu jurava por Deus que teríamos condições de ir muito mais além, e fomos.

Hoje, quase dez anos após a sua partida, vejo a Fundação "suspender" suas atividades por tempo indeterminado. Uma forma respeitosa da diretoria para não fechar de vez as portas da entidade. Conseguimos viver dez anos sem Vingt-un. É muita coisa para nós, que somos tão pequenos diante dele.
  
Dr. Jerônimo Vingt-un Rosado Maia - Obrigado Caio César Muniz, pelo bom trabalho que você fez em prol da minha fundação. Se eu ainda estivesse aí, estas luzes não se apagariam.

Vingt-un foi uma espécie de faculdade para mim. Aprendi mais com ele sobre a história do Rio Grande do Norte do que com qualquer outra universidade do mundo. Sou muito grato por isto. Ganhei muito em conhecê-lo. Sou um privilegiado.

Neste tempo, consegui aprovar e executar alguns trabalhos dos quais me orgulho: quatro etapas do Rota Batida junto à Lei Câmara Cascudo e o Acervo Virtual Oswaldo Lamartine em três etapas junto ao Banco do Nordeste do Brasil (BNB). O acervo, infelizmente, devido às dificuldades dos últimos três anos, foi desativado.

Não abandonei o barco. A minha dispensa é de comum acordo, para o bem da Fundação neste momento de tanta insensibilidade para com as coisas da cultura. Estive (e sempre estarei) pronto para ajudar. Fui ontem, sou hoje e sempre serei um soldado de Vingt-un. Muito obrigado a ele, que neste momento, tenho certeza, também sente muito em ver seu legado definhando a cada dia. Que saiam todos, eu apago as luzes.

Fonte: facebook

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TRIO MOSSORÓ MERECE RESPEITO

Por Aderaldo Luciano*
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Uma certa vergonha, romanceada com pitadas fartas de decepção, perpassa todos nós que lidamos com cultura, no Nordeste, quando vem chegando o tempo do São João. Agora mesmo me veio essa lamentável página envolvendo a secretaria responsável pelas festas na valente cidade de Mossoró, terra dos meus ancestrais.

A revelação do colunista César Santos, do Jornal De Fato, é perturbadora em todos os sentidos: cultural, ético, histórico, sociológico e educacional, sem falar no político. Quem não conhece o Trio Mossoró, quem ignora a história por trás de João Mossoró, Carlos André, Hermelinda, considere-se um ignorante completo em termos de história da música no Nordeste.

Trio Mossoró - João Batista Lopes (João Mossoró), Hermelinda e Oséas Lopes (Carlos André).

A reunião desses três irmãos, os Batista, originou, por volta de 1950, o trio, cuja cidade de origem, batizou-o. Depois, já no Rio de Janeiro, Carlos André consegue juntar todos novamente e o trio se reorganiza e se consolida como um dos grupos de maior apelo regional, regando nossas raízes musicais. Até 1972, quando o trio sofreu um racha, lançou pelo menos 10 discos, na época “long play”, com músicas de nossa cepa mais profunda.

Mas o motivo desse meu post atrevido é comentar, da maneira mais veemente possível, a falta de conhecimento que habita as secretarias de cultura e de turismo de nossas prefeituras, vivendo tão somente dos compadrios políticos e dos apadrinhamentos. Pois bem, o Trio Mossoró, patrimônio material e imaterial mossoroense, aquele que levou o nome da cidade a todos os recantos do país, em 40 anos de existência, foi convidado a tocar na Cidade Junina, a praça da grande festa de São João, quando seria homenageado e lhe foi oferecido o “significante cachê” de 400 reais.


Carlos André confessou sua indignação e a notícia veio cair em nós que praticamos a luta cultural. É um acinte, uma lacuna no bom senso, uma confissão de alta ignorância, da imensa falta de todos os atributos. Mossoró, terra de bravos, de resistentes, de formadores de opinião, berço de tantos nomes construtores de nossa brasilidade, não pode estar vivendo tão desabonador momento. Mas o pior veio depois: ciente do passo em falso, a secretária Isolda “corrigiu” o cachê para 10 mil. Caso no qual a emenda leva o soneto mal-ajambrado todo a ser condenado. Dinheiro não absolve o erro, a violência, a agressão moral contra o Trio e contra todos que militam na música. O Trio Mossoró recusou. VIVA O TRIO MOSSORÓ.

*Aderaldo Luciano é doutor e mestre em Ciência da Literatura, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, professor, poeta, escritor e músico.

Enviado por Higino Canuto Neto

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MORRIA HÁ 55 ANOS O FAMOSO CANGACEIRO ALAGOANO, CRISTINO GOMES DA SILVA CLETO, VULGO “CORISCO”,

Material do acervo do pesquisador Antônio Corrêa Sobrinho‎

E ASSIM NOTICIOU AO MUNDO O JORNAL “O GLOBO”, NA EDIÇÃO DO DIA 27/05/1940.

MORTO O SUCESSOR DE “LAMPIÃO” A MULHER DE “CORISCO” ESTARIA GRAVEMENTE FERIDA. JACOBINA, 26 (Especial para O GLOBO) – Notícias chegadas de Barra dos Mendes, dizem que “Corisco”, o sucessor de “Lampião”, num combate com as forças volantes do tenente José Rufino, foi morto.

A cangaceira Dadá ferida junto a Zé Rufino – Fonte – Coleção do autor - tokdehistoria.com.br

A mulher de Corisco, que chefiava o grupo, foi gravemente ferida. O corpo de “Corisco”, segundo a notícia referida foi removido para Djalma Dutra.

Conforme O GLOBO há dias noticiou, o “Demônio louro” não se havia entregue ainda, porque a mulher não permitia. Chegou mesmo a ameaçá-lo de morte.

Imagem atribuída pelo Jornal como de Corisco

ADENDO: http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O cangaceiro Velocidade

O cangaceiro Velocidade chegou a afirmar o seguinte: "Corisco não se entrega porque a mulher não deixa". 

Mas venha cá e fique aí mesmo. Infelizmente, Corisco não tinha mais condições de reagir qualquer ataque feito por policiais ou mesmo por outros que não faziam parte do cangaço, devido os balaços que sofrera em seus braços despejados por João Torquato.

João Torquato - Fonte da imagem http://lampiaoaceso.blogspot.com

Corisco estava totalmente manobrado pela mulher, já que ele não tinha força para escolher o que seria melhor para ele, e tinha uma certa razão, nas condições que se encontrava, era necessário acatar as ordens da sua mulher, já que para tudo dependia dela. Mesmo que ele fugir-se da sua companhia, qual seria a mulher que queria um homem nas condições que ele se encontrava? Fora valente, mas não era mais. Acatar as ordens da Dadá seria o mais importante para ele. 

A cangaceira Dadá esposa do cangaceiro Corisco

Somente Dadá confiava que aos poucos iriam sair da mira das armas dos seus perseguidores, e não queria que ele se entregasse às autoridades, e infelizmente deu tudo errado. 

Fonte: facebook

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NOSSA HOMENAGEM AO ‘DIABO LOURO’ “QUANDO O CORISCO CAIU...”

Por Sálvio Siqueira

No dia 25 de maio de 1940, por volta das 17:30 horas, na localidade Brotas de Macaúbas, no Estado baiano, caia por terra o cangaceiro Corisco.

Tendo como nome verdadeiro Christino Gomes da Silva Cleto, o temível cangaceiro Corisco, na data acima citada, deixava, para sempre, as veredas das quebradas do Sertão nordestino.

Natural de Matinha de Água Branca, localizada nas Alagoas, nasceu aos 10 dias de agosto de 1907. Tendo como pais o Sr. “Manuel Anacleto e Dona Firmina Maria” - Segundo comprovação no atestado de óbito pescada no acervo do pesquisador Ivanildo Alves da Silveira. Ou Sr. “Manuel Gomes da Silva e Dona Firmina Cleto” - Segundo a pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco Semira Adler Vainsencher, ‘pescado’ no site do citado órgão.

Em 1926, torna-se cangaceiro e passa a fazer parte do grupo do cangaceiro Lampião, Virgolino Ferreira da Silva.

Em certa data, rapta uma menina/moça com 13 anos de idade, Sérgia Ribeiro da Silva, que, segundo historiadores, descende dos índios Pankarerés. Ela, sem saber ler nem escrever, ‘Ele’ a ensina, além de deixá-la apta no manejo das armas. Mais tarde, ela torna-se a cangaceira Dadá, única dentre todas as cangaceiras dos sub grupos que formavam o “bando de Lampião”, a combater com armas de fogo, as forças volantes, no semi-árido bioma da caatinga. Apesar de ter sido arrancada do lar paterno, Dadá passa a amar Corisco. Corisco ‘caiu de quatro’ por ela e, tomando-a por sua eterna companheira, permanecem um ao lado do outro até sua morte.


O tenente Zé Rufino( Zé de Rufina, creio, pois sua mãe chamava-se Rufina), maior matador de cangaceiros, saiu no ‘faro’ do casal de cangaceiros, Corisco e Dadá, depois de ter sido informado pelo Sr. José Antônio Pacheco, alguns relatam que essa informação Pacheco ‘passou inocentemente’, filho do dono da fazenda em que estavam ‘arranchados’.

José Antonio Pacheco filho do Sr. José de Sousa Pacheco

Corisco não tinha condições de se defender, pois perdera o movimento, ou parte dele, dos braços, após um combate com o soldado volante Torquato no início do mesmo ano, 1940, o qual com um único tiro, consegue a façanha de ferir seus membros superiores.

Há uma grande incógnita, para mim particularmente, quando ler-se que o tenente Zé de Rufina, ordena Corisco a depor as armas e se entregar... Como deporia as armas, se não havia como colocá-las em posição de combate?

Fotos portaldocangaco.blogspot.com
Grupo de estudos 'Lampião, cangaço e Nordeste'
Grupo de estudos ' O Cangaço'

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JÁ SAIU A 2ª EDIÇÃO DO LIVRO "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS"Capa do Livro de Lampião (1)

Por José Mendes Pereira

O livro "Lampião a Raposa das Caatingas" do escritor José Bezerra Lima Irmão já está na 2ª. edição, e veja que a 1ª. edição foi impressa uma enorme quantidade de livros. 

Quem adquiriu este livro fala o quanto ele é importante para todos que gostam de estudar "Cangaço". As pesquisas que o autor fez duraram 11 anos, provam que foi feito um trabalho de alto nível e com muita responsabilidade. 

Adquira este livro para você ser uma autoridade sobre "cangaço", quando o assunto for ele em rodas de amigos. 

Algumas pessoas conversam sobre este tema, mas não têm segurança no que diz, porque apenas ouviram falar, e não leram nada sobre o assunto. Eu já fui uma dessas pessoas que não lia nada sobre "cangaço", apenas eu ouvia e me envolvia na conversa, sem saber o que estava dizendo.

A 2ª edição continua sendo vendida através dos endereços abaixo:
josebezerra@terra.com.br
(71)9240-6736 - 9938-7760 - 8603-6799 
Pedidos via internet:
Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:
Tel.:  (79)9878-5445 - (79)8814-8345
E-mail:   lampiaoaraposadascaatingas@gmail.com 

Clique no link abaixo para você acompanhar tantas outras informações sobre o livro.

http://araposadascaatingas.blogspot.com.br 

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ANGICOS 1938 - PARTE II


A volante do João Bezerra fazia parte, em 1938, do Segundo Batalhão de Polícia Alagoano, com sede em Santana do Ipanema, sob o comando do famoso tenente-coronel José Lucena de Albuquerque Maranhão, o antigo alferes responsável pela morte do velho José Ferreira, nas proximidades de Mata Grande. 

O método preferido do tenente, para conhecer os movimentos do bando, era a pressão sobre os coiteiros, entre os quais contava diversos informantes. De uma feita, Bezerra tentou atrair Virgolino, através de um amigo comum, um guarda-fios dos Correios, com a promessa de perdão assinado pelo próprio presidente da República. 

Lampião recusou. Não acreditava em Getúlio Vargas.

"Em toda a parte querem me desistir", respondeu, deixando vazia a arapuca do tenente.

Há vinte anos que a polícia de Lucena corria de um lado para o outro, perseguindo cangaceiros. Vangloriava-se Lampião, por seu turno, de jamais ter dado tempo a macaco alagoano que lhe pisava no rastro de comer sequer uma banana ou uma rapadura...

De fato, isso acontecia, Porque ele não apenas conhecia a fundo a caatinga selvagem, como se divertia bastante na prática dos seus golpes e malabarismos de surpresa, encadeando a vista da soldadesca, esta quase sempre à mercê dos rastejadores e escopeteiros contratados, dos guias mercenários. 

De uma feita, numa fazenda alagoana, arredores de Inhapi, um tenente de polícia, José Joaquim, então comandante do destacamento de Mata Grande, encontrou o Capitão Virgolino descansando das suas jornadas. A volante se aproximou da casa da fazenda, rastejando por detrás das cercas, a fim de alcançar os oitões. Havia um urubu pousado tranquilamente num mourão do curral. Com a aproximação da tropa, o bicho espantou-se e bateu as asas. Lampião conhecia urubu de longa data. Quando viu a ave agitar-se sobre o mourão, saltou no terreiro da casa e gritou para os seus homens: 

"Fogo na macacada!

E escapuliu, incólume, desse ataque.

Nos seus longos trajetos, pisando em cobras, pedras e espinhos, ouvindo o uivar dos bichos pelos tabuleiros, por onde passava, arrebanhava criações. Matava, preparava e comia um bode com ligeireza notável. A polícia sabia do seu rastro, mais tarde, pelos couros frescos e sangrentos que ele mandava enterrar ou dependurar o cipoal enroscado. Ou, então, pelas cinzas do fogo que o bando acendera para assar a carne.

As mulheres dos vaqueiros, quando iam às vilas, informavam-se dos movimentos das volantes. Depois, narravam aos maridos. Estes iam contar a Lampião. Era assim a contra-espionagem do Capitão Virgolino, que não se entregava de mãos e pés atados aos próprios coiteiros.

E como fizeram no Raso da Catarina, os seus homens iam bebendo a água do sereno, recolhida dos imbuzeiros e gravatazeiros, nas suas viagens mais ásperas e intermináveis. 

O tenente João Bezerra estava em Vila da Pedra, colhendo informes com os seus espiãs, quando o chefe do cangaço acampou nos Angicos, grotão empedrado de uma fazenda sergipana, na margem do São Francisco.

Da figura de Lampião, o comandante da volante apenas sabia por ouvir dizer, pois, também ele, nunca o vira pessoalmente.

Aristéia, mulher do bandido Catingueira, que em tempos idos conhecera a vida do cangaço no grupo de Virgolino, dava do Capitão uma imagem sinistra àquelas populações ribeirinhas: era cego, coxo e corcunda.

Cinco dias depois de ter chegado à Vila de Pedra, Bezerra recebeu um telegrama do sargento Aniceto Rodrigues dos Santos, seu comandado, nestes termos: "No parto venha urgente".

A pé,o tenente abandonou Pedra, enquanto que o sargento vinha ao seu encontro, de Piranhas, viajando num caminhão. Acompanhava Bezerra o aspirante Ferreira de Melo. Encontraram-se no mato e ali mesmo acertaram uma operação contra Virgolino.

Um coiteiro deu algumas informações ao tenente, durante o trajeto de Pedra a Piranhas, rumando o oficial a essa última cidade, de caminhão, após a conversa que teve com o sargento Aniceto.

Foi em Piranhas que Bezerra deu ordem a Aniceto para requisitar uma canoa, a maior que houvesse naquele trecho do São Francisco. Um vaqueiro, de nome Domingos, não se sabe ao certo até hoje, foi preso pelo tenente na feira de Piranhas, quando comprava sacos de mantimentos. A quantidade de gêneros fez o oficial desconfiar e botar o homem debaixo de confissão.

Enquanto isso ocorria, o sargento Aniceto conseguia três canoas abauladas no rio. Ao vê-las, Bezerra mandou que fossem amarradas por cordas, umas às outras, embarcando com a sua tropa, para descer o rio.

CONTINUA...

Fonte: Capitão Virgulino Ferreira: Lampião
Autor: Nertan Macêdo
Edições O Cruzeiro Rio de Janeiro
Ano: 1970

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RODOLFO FERNANDES - 24 DE MAIO DE 2015

Por Geraldo Maia do Nascimento

Em 24 de maio de 1872 nascia em Portalegre/RN, cidade situada no Alto Oeste potiguar, na chamada Tromba do Elefante, Rodolfo Fernandes de Oliveira Martins. Era ainda adolescente quando começou a trabalhar no comércio, na cidade de Pau dos Ferros/RN. Posteriormente tomou um vapor e seguiu para o Amazonas, durante o período do primeiro ciclo da borracha, seguindo o caminho traçado por muitos outros nordestinos em busca de vida melhor. A viagem, por si, para uma região ainda selvagem, já demonstrava a bravura daquele jovem. Por sua inteligência e sagacidade, tornou-se chefe de grupos de seringueiros. 


Lá permaneceu por dois anos. Voltou para o Rio Grande do Norte e foi trabalhar em Macau, que naquela época começava a despontar como grande produtora de sal marinho. Permaneceu por dois anos na Companhia Comércio, construindo salinas. Mudou-se para Mossoró aonde veio a consorciar-se em 1900 com Isaura Fernandes Pessoa, com quem teve quatro filhos: José, Julieta, Paulo e Raul, sendo, esse último, escritor, historiador e cientista de renome nacional. Trabalhou ainda na firma Tertuliano Fernandes&Cia, na construção de salinas, sendo o responsável pela implantação de motores a óleo, em substituição dos velhos e antiquados cata-ventos de puxar água, o que permitia melhor aproveitamento das marés. Em 1918 estabeleceu-se por conta própria na indústria salineira. Era a recompensa pela sua dedicação ao trabalho.
               
Numa cidade como Mossoró daquela época, um jovem empreendedor como Rodolfo Fernandes não podia ficar fora da política. Saiu candidato e se elege Prefeito de Mossoró para o período administrativo de 1926 a 1928. E como Prefeito implantou um ritmo novo na administração municipal: calçou ruas, cuidou das praças, providenciou a planta topográfica da cidade, fincou marcos na área urbana, delimitando as avenidas e as ruas, planejou e aumentou a cidadela de Souza Machado, como escreveu um dia o historiador Vingt-un Rosado. Foi um grande administrador para Mossoró.
               
Naquela época a região Nordeste vivia momentos de intranquilidades com a presença de grupos de cangaceiros roubando, matando e causando pânico por onde passavam. As cidades viviam a mercê dos bandoleiros, já que a presença de força pública era insignificante. Em 1927, no segundo ano do seu mandato, Rodolfo tomou conhecimento de que um grande grupo de cangaceiros estava planejando invadir Mossoró. À frente dos cangaceiros estava o famigerado Lampião, terror dos sertões. Era mister tomar providências rápidas. Um boato dessa monta não podia ser desprezado. Buscou, então, ajuda do Governo Estadual, pedindo reforço de tropa e armas. A resposta foi negativa. O Estado não podia ajudar. Restava, portanto, convocar o povo para uma guerra santa. Guerra civil, com a participação mínima de militares. Mossoró tinha muito a perder, se o ataque acontecesse. A cidade era rica, com uma agencia do Banco do Brasil, fábricas de óleo e de beneficiamento de algodão, um comércio que tinha influência não só no Oeste potiguar, como também em parte dos Estados do Ceará e da Paraíba. Tinham que resistir. Com paciência e humildade ganhou a confiança dos mossoroenses e tornou-se comandante das tropas de defesa.
               
Em 13 de junho de 1927 aconteceu o que já era esperado: Os cangaceiros atacaram a cidade. Foram rechaçados; viva a Mossoró! Viva ao Prefeito Rodolfo Fernandes.
               
Mas Rodolfo, tão forte e tão bravo na defesa de sua cidadela, era um homem doente. E o esforço com a batalha foi muito grande para ele. Morreu no dia 11 de outubro de 1927, na capital da República, para onde tinha sido levado logo que seu estado clínico agravou. Partiu sem terminar o seu mandato de Prefeito. Deixou como legado um exemplo a ser seguido pelas gerações futuras.
               
A cidade reconheceu o seu valor e demonstrou o amor que tinha pelo seu Prefeito, denominando de Rodolfo Fernandes a antiga Praça 6 de Janeiro, localizada no coração de Mossoró. Outra homenagem prestada ao grande homem foi a do povoado de São José dos Gatos que pela Lei Estadual nº 2763 emancipou-se, desligando-se do município de Portalegre, com o nome de Rodolfo Fernandes. 

Geraldo Maia do Nascimento

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Fonte:
http://www.blogdogemaia.com

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UMA FOTOGRAFIA INÉDITA...

Dr. Gasparino Moreira Barreto - Foto enviada por Devanier Lopes (Feira de Santana-BA)

Doutor GASPARINO MOREIRA BARRETO, Médico responsável pelo atendimento e amputação da perna direita da cangaceira Dadá, companheira de Corisco.

A cangaceira Dadá - lampiaoaceso.blogspot.com

Dadá foi baleada na perna direita, durante a emboscada realizada pela tropa comandada pelo então Tenente Zé Rufino no ano de 1940. Corisco companheiro de Dadá, não teve a mesma sorte, foi baleado e não resistiu aos ferimentos, vindo a falecer.

O cangaceiro Corisco entre a vida e a morte

Graças ao atendimento médico realizado pelo Dr. Gasparino M. Barreto, Dadá não chegou a ter maiores complicações.

Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)

Fonte: facebook
Página: O cangaço

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OS CANGACEIROS DA MODA E OS CANGACEIROS REAIS

Por José Lins do Rego

Conta-se por toda parte a “mulher rendeira” da melodia sertaneja. A doce e triste música das caatingas chegou até aos ouvidos dos mestres cineastas de Cannes. E muito gostaram da toada maravilhosa. É que esta música envolve de poesia e que há de brutal na vida dos bandoleiros. O cangaceiro passa a ser aquilo que a imaginação do povo deseja que ele seja: uma força de rebelião, qualquer coisa de romântico como os cossacos de Don ou os terríveis mafiosos da Sicília. Entra a funcionar o poder imaginativo do homem para fundar-se uma galeria de heróis. Os poetas matutos, os cantadores anônimos descobrem no homem que não tem medo da morte, que mata sem dó nem piedade, uma força fora da natureza. Jesuíno Brilhante tinha poderes de encantar-se para fugir das tropas que o perseguiam. Contava-se que o cangaceiro cearense (o escritor equivocou-se aqui em afirmar que Jesuíno Brilhante era cearence, Jesuíno Brilhante era Potyguar) vinha por uma estrada e de repente via-se cercado pela polícia. Aí acontecia o milagre. A tropa passava por ele, que era no momento um pé de mato ou um jumento pastando. Para pegar Lampião – dizia um cantador – nem um frade de boa vida, nem uma mulher enxerida, nem as prosas dos doutores, nem vinte governadores, nem o bamba da nação; para pegar Lampião, só mesmo Nosso Senhor. A força desembestada, o ímpeto feroz para a luta absorvem as admirações ingênuas. Outro cantador chegou a dizer: “Para haver paz no sertão e as moças poder prosar e os rapazes poder casar e o povo poder se rir e os meninos se divertir, é preciso uma eleição para fazer Lampião governador do Brasil”. Dominando desta maneira pelo terror, pela arrogância contra os poderes constituídos, o cangaceiro conseguia vencer as resistências morais dos sertanejos. Já não há o governo como único senhor de tudo; há também um rei do cangaço que casa e descasa, capaz de impor-se aos agentes do fisco, aos padres, aos juízes. Então se cria o romanceiro, aparecem os ABC, espécie de cação de Rolando das Caatingas, vendidos nas feiras, a tostão. O povo dominado pelas coragens de fúria dos bandoleiros, refugia-se na arte para acreditar em alguma coisa que supere a crueldade das correrias e crimes. Todos nós, meninos nordestinos, sabíamos de cor as histórias que vinham nos folhetos de cordel. Todos tínhamos na memória a luta de Antônio Silvino com a onça, as brigas de Brilhante e Liberato. Mas o outro lado dos cangaceiros, a vida bestial de homens tremendos, é o que nos assombra. O cangaceiro não é só a legenda de lutas; é muito mais a sua vida seca como pedra, é o seu vírus de cobra pelo chão de pedra e espinhos. Neste sentido temos que toma-lo como natureza humana que excede a toda a normalidade. Para ele não há limites à resistência contra os elementos. Vence a fome e a sede como se fossem feitos de ferro. Assombra-nos como uma espécie à parte de gente. Retraem-se, encolhem-se como serpentes e quando saem de seus covis têm mais força. Dobram-se lhes os fuzis assassinos. E quando, saciados de sangue, de sexo, de tudo, param para descanso. Basta que um gemido de viola quebre o silêncio para que caiam por cima dos corações de pedra aqueles orvalhos da madrugada das cantorias. Às vezes de um rochedo brota o vermelho ou o azul de uma flor de trepadeira. De manhã, poderão sair para matar um pai honrado, ou desgraçar uma donzela.

“O Globo” – 04/09/53

Fonte: facebook

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