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sexta-feira, 15 de abril de 2011

O cangaço e as “calças culotes”.

Por: Ivanildo Alves da Silveira
            Modificamos o título original escrito pelo Reverendo Ivanildo na comunidade do Orkut Lampião, Grande Rei do Cangaço que seria "Lampião, Corisco e as calças culotes" após ter notado e acrescentado ao texto outras imagens em que membros e oficiais das força volantes posam com a aludida peça de roupa.
 Lampião
              Hoje, está em maior evidência, o estudo da Estética do cangaço. O famoso escritor Frederico Pernambucano, lançou recentemente, o livro “Estrelas de couro” acerca do assunto, trazendo muitas informações sobre o tema, em análise. Excelente obra.
http://www.alepe.pe.gov.br/sistemas/perfil/links/fotos/FredericoPernambucano.jpg
Frederico Pernambucano de Melo
 
          Observando as fotos, percebe-se que, já na fase final do cangaço, as vestimentas dos cangaceiros, já eram bastante estilizadas.
          As calças destes grandes chefes além de outros cabras e alguns membros das Volantes, eram do modelo "Culote”, se apresentavam, bem folgadas, na parte de cima, (o que facilitava os movimentos), e, ajustadas, na parte das pernas. O grande chefe cangaceiro, para seu agasalho, usava duas blusas, uma por cima da outra. Ambas de manda longa, visando a proteção contra as intempéries; galhos de árvore e picada de animais peçonhentos.
  
             Cangaceiro “Corisco” Observa-se, ainda, como forma de proteção, que o diabo loiro usava, também uma " MEIA "; que lhe protegia as pernas.
            Os calçados usados eram do tipo “ALPERCATAS FERRADAS”. Feitas de sola de couro de boi, e que tinham grande resistência para longas caminhadas.
          Com a entrada da “Cangaceira Dadá”, as vestimentas dos cangaceiros sofreram grandes transformações, pois ela introduziu os enfeites nos chapéus, bornais, calças e vestidos das mulheres. Ela foi considerada pelos estudiosos, como a estilista do cangaço.

Vejamos outras imagens em que a calça culote compõe o traje da Volante QUEM A INCORPOROU PRIMEIRO?.
Tenente João Gomes de Lira 
 da força "Nazarena".

 
 Tenente Nelson Leobaldo de Morais. 
Ex-comandante do 3º Batalhão sediado no
município de Floresta/PE.

 
 Ten. João Bezerra.


Um abraço a todos
IVANILDO ALVES SILVEIRA
Colecionador do cangaço
Membro da SBEC
Natal /RN
Este texto foi transcrito do blog:
Lampião Aceso, do amigo Kiko Monteiro

UMA HISTÓRIA DE AUTA DE SOUZA, CONTADA POR PALMYRA WANDERLEY

By Rostand Medeiros
Photo

            Sempre ouvir muito falar no mítico jasmineiro plantado no horto da casa da poetisa potiguar Auta de Souza, na bela cidade de Macaíba, mas pouco sabia de sua história.

Auta de Souza

            Até que um dia, pesquisando nas velhas páginas de “A Republica”, encontrei na edição do dia 3 de julho de 1930, um interessante artigo da igualmente consagrada poetisa potiguar Palmyra Wanderley, sobre esta famosa planta da família das Oleáceas.

Parte final do verso "Flor do Campo",
publicado em 1899, inicialmente em jornais no ano de 1899

            Nascida em 12 de setembro 1876, na cidade de Macaíba, Auta Henriqueta de Souza foi uma mulher extremamente marcada pela morte. Perdeu a mãe quando tinha três anos e o pai pouco tempo depois. Apesar de viver em uma cidade próspera e progressista, um dos principais centros de decisões políticas no Rio Grande do Norte daquela época, ela e seus irmãos, Henrique Castriciano, Eloy de Souza e Irineu Leão, vão para o Recife, onde ficam sob a guarda da avó materna, Silvina Maria da Conceição de Paula Rodrigues, conhecida como Dindinha.
Eloy de Souza

            Na capital pernambucana Auta foi primeiramente alfabetizada por professores particulares, depois foi matriculada no Colégio São Vicente de Paula, no bairro da Estância.
            Mas o calvário de Auta de Souza continuou. Aos doze anos vivencia a morte de Irineu, carbonizado pelas chamas de uma lamparina que foi derrubada por acidente. Dois anos depois a tuberculose, causa da morte de seus pais, é diagnosticada em seu corpo e ela teve que interromper seus estudos.
            Retorna ao Rio Grande do Norte e, em busca de cura, realiza uma longa viagem pelo interior do estado.
           Segundo seus biógrafos, tempos depois Auta se enamorou pelo jovem Promotor Público de Macaíba, João Leopoldo da Silva Loureiro, onde manteve uma casta relação que durou mais de um ano. Estava decidida a unir-se a este rapaz, mas a doença seguia adiante. Seus irmãos lhe convenceram a renunciar e a separação foi cruel para a já sofrida jovem. O Promotor logo foi transferido da região e em seguida faleceu da maldita tuberculose.
            Em meio às doses de sofrimento, Auta produzia seus versos, que foram publicados em jornais e revistas do Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e de Natal.

Exemplar da 2ª ed. de "O Horto",
que pertenceu ao meu tio-avô Antônio Isidoro de Medeiros

            Logo grande parte de seu trabalho seria reunido em um manuscrito, que primeiramente se intitulou “Dhálias”. Seus irmãos Henrique e Eloy, políticos e escritores no estado, levam o manuscrito para a Capital Federal, no Rio de janeiro, para que o amigo e poeta Olavo Bilac lesse o material. Bilac, o mais importante poeta brasileiro da época, se encanta com os escritos de Auta e prefacia os originais. A obra é então criada com seu nome definitivo; “O Horto”.
            O livro foi publicado pela primeira vez em 20 de junho de 1900. Continha 114 poemas, colocados em 232 páginas e se tornou um enorme sucesso.

Informativo sobre a venda do Livro "O Horto"
             Em pouco tempo os jornais paraibanos “O Commercio” e “A União”, publicam no mesmo dia, 8 de julho de 1900 (um domingo), vastas e positivas matérias sobre o livro. Logo outros periódicos, de outras localidades, vão fazer o mesmo e em pouco tempo a primeira edição se esgota. No futuro outras edições de “O Horto” serão publicadas.
             Mas Auta de Souza pouco aproveitaria deste momento. A doença avançou e ela faleceu aos 24 anos, no dia 7 de fevereiro de 1901. A capital do Rio Grande do Norte enterrou a jovem revelação das letras no Cemitério do Alecrim, em meio a uma forte comoção.

Palmyra Wanderley,
uma grande admiradora de Auta de Souza

           Na narrativa de 1930, a poetisa Palmyra Wanderley conta que estava na sua casa, quando foi mexer em velhas cartas amareladas que ficavam uma caixa de madeira, com um determinado símbolo marcado a fogo na tampa.
           Esta ilustre dama das letras potiguares, então com 36 anos, acreditava que lendo velhas missivas, renovaria a sua alma. Mas estranhamente o que lhe chamou atenção não foi alguma carta, mas uma foto. Uma foto que a poetisa considerava preciosa.
            Segundo sua narrativa, a imagem congelada no tempo mostrava um jasmineiro laranja, com muitas folhas e que projetava a sua sombra na areia.
           Na base da simples fotografia estava escrito em uma “letra máscula”, segundo sua definição, a seguinte mensagem; “- O jasmineiro de Auta, plantado pela poetisa no pomar de sua residencia em Macahyba”.
Segundo Palmyra, o autor da mensagem não era outro senão Henrique Castriciano, irmão da brilhante Auta de Souza.

Henrique Castriciano

               Henrique, considerado pelo paraibano Rodrigues de Carvalho (autor do livro Cancioneiro do Norte) como “um gênio”, havia doado a Palmyra aquele instantâneo numa clara manhã de abril. Quando contou a história do jasmineiro e o que ele significava, seus olhos ficaram marejados de saudade.
              Ao longo do texto, a definição que Palmyra faz de Auta de Souza era de uma “poetisa santa”, que havia utilizado suas mãos de doente resignada, para plantar no quintal de sua casa aquele jasmineiro frondoso.
             Para Palmyra, que tinha apenas sete anos quando Auta de Souza faleceu, a poetisa de Macaíba era certamente uma espécie de heroína diante de toda sua sofrida história, se não uma de suas maiores influências.
             Ela informa que em certa época havia chegado aos ouvidos de Henrique Castriciano que jovens delinquentes haviam tentado destruir esta preciosa Oleácea. Indignado, o irmão da falecida Auta de Souza partiu para saber o que ocorria. Mas voltou de Macaíba com a alma e o espirito renovados, pois a população local protegia o jasmineiro. Sobre sua sombra casais de pássaros “se casam” e as crianças de Macaíba brincavam e cantavam os versos de Auta. Noivas seguiam ao local, fazendo votos para uma boa união. O texto deixa no leitor a ideia que o local seria uma espécie de “santuário”, preservado pelo povo de Macaíba em memória de sua amada e sofrida autora.

“A Republica”, 3 de julho de 1930

              Palmyra finaliza o texto apontando Auta de Souza como “-A maior poetisa mística de todos os tempos. E a mais magoada de todas as aves humanas que cantaram, em lágrimas, as melodias do coração”.
             O jasmineiro original já não existe. Mas outra planta, segundo dizem descendente direta da original, está plantada no mesmo local, atualmente fazendo parte da Escola Estadual Auta de Souza.

Este texto eu o adquiri no blog do próprio autor: "TOK DE HISTÓRIA" Rostand Medeiros




Depoimento de Chiquinho Rodrigues e João Saturnino.

Aderbal Nogueira
Mais uma prévia de um dos próximos documentários da Laser Vídeo com direção de Aderbal Nogueira.
 O primeiro: Continuação da narrativa do Sr Chiquinho Rodrigues sobre o ataque do cangaceiro Gato à Piranhas,AL para libertar sua amada Inacinha.



O segundo: Depoimento de João Saturnino filho do célebre Zé Saturnino primeiro inimigo de Virgulino. Participação do escritor José Alves Sobrinho, filho de seu Luiz Cazuza.



JURITI - O pássaro humano

Por José Mendes Pereira

            Esse cangaceiro foi um dos que pagou caro pelas perversidades que praticou contra seres humanos. É claro que não devemos elogiar pessoas que vivem das maldades. Mas também não podemos aceitar que esses cruéis assassinos sejam maltratados de forma desumana. É o caso do Juriti, um assecla cheio de delinquências. Ninguém sabe o porquê de seu pensamento adverso em fazer somente o mal, coisa que só o pai celestial é quem sabe explicar.

          O perverso não veio ao mundo marginal. Dedicou-se à marginalidade por falta de opção: escolas musicais, escolas de teatro, atletismo, cursos profissionalizantes, incentivo à leitura etc. Se isso um dia tiver franco, o jovem que não tem o que fazer, irá procurar participar da sociedade, juntando-se aos demais que pretendem ser alguém na vida.

 
Alcindo Alves da Costa

          O escritor Alcindo Alves afirma em seu livro: "Lampião Além da Versão - Mentiras e Mistérios de Angicos", que o primeiro cangaceiro conhecido por Juriti, foi o João Soares, um assecla do bando dos marinheiro, agregado mais ou menos na década de vinte. Mas posteriormente, através de fazendeiro amigo, Lapião incoporou em seu respeitado bando o Manoel Pereira de Azevedo, cujo apelido ganhara "Juriti".   

          Na madrugada do dia 28 de julho de 1938, no momento da chacina lá na Grota de  Angicos, no Estado de  Sergipe, Juriti e a sua companheira Maria, tiveram a sorte de se livrarem dos estilhaços de balas, e conseguiram ludibriar o cerco.


Maria de Juriti e o escritor João de Sousa Lima

            E sem condições de reagirem contra os policiais, embrenharam-se às matas, para ver se conseguiam uma distância e não serem pegos pelas volantes. Onze cangaceiros foram abatidos, inclusive o rei Lampião e a sua rainha Maria Bonita.
Veja  Lampião e Maria Bonita


            Após três meses do combate de Angicos, o cangaço quase todo fora enterrado juntamente com o rei Lampião. Ficando apenas o bando de:  
 Corisco

e de Moreno

           E cada um tomou o seu destino, e a maioria foi para Jeremoabo, na Bahia, para se entregar às autoridades.         
 
          O capitão Aníbal Vicente Ferreira, comandante geral das forças de combate ao banditismo, resolveu o problema dos remanescentes de Lampião com o coração, enterrando a razão juntamente com uma parte do  cangaço.

           Ofereceu uma nova vida aos cangaceiros, assinou todos os documentos necessários à soltura, dando-lhes garantia de liberdade, encaminhando-os para se incorporarem novamente à sociedade.

           Juriti foi um deles, que juntamente com Maria e o cangaceiro Borboleta (este sendo irmão do assecla Sabonete), entregaram-se as autoridades, sendo liberado. Mas o Juriti não sabia que alguém o procurava.

 
À direita, o primeiro
é Sabonete, irmão de Borboleta
 
           Na década de quarenta, por má sorte de Juriti, o delegado de Canindé era o Amâncio Ferreira da Silva, um militar mais famoso daquela região, o sargento Deluz. Mesmo ele sabendo que o movimento social de cangaceiros havia se acabado, procurava com prazer os remanescentes de Lampião, só para exterminá-los.
 
          Em 1941, Deluz era proprietário de uma fazenda denominada Araticum. E nessa madrugada, Juriti estava em Pedra Dágua de rede armada e cachimbo aceso, na casa de um amigo, o Rosalbo Marinho. Assim que tomou conhecimento da presença de Juriti em Pedra Dágua, Deluz resolveu ir aprisionar o pássaro humano.

            Juriti lhe disse que era um homem já liberado pela justiça, e não podia ser preso, uma vez que o capitão Aníbal havia lhe dado documento de soltura. Mas o delegado Deluz não quis saber disso. Prendeu-o e juntamente com os seus capangas, levaram o assecla com destino a Canindé, nas terras do Estado de Sergipe, arrastando o pássaro humano que logo iria morrer.
 
          Juriti sabia que não havia milagre, e não se cansava de chamá-lo de:  “Covardee!... Covarde!... Covard...! Cov...!” 
 
           Ao chegarem a uma fazenda denominada Cuiabá, Deluz deixou a estrada e entrou na caatinga. Em uma capoeira, chamada Roça da Velhinha, fizeram uma fogueira.
 
           Fogo pronto, os perversos jogaram o ex-bandido dentro do língua de fogo. As chamas famintas principiaram pelas vestes. Juriti sentindo as labaredas assando o seu corpo gritava de dor e ódio:
 
           “Covardee!... Covarde!... Covard...! Cov...!” A sua voz foi sumindo como um eco bem distante, e em pouco tempo, o fogo assou o Juriti humano consumindo as suas carnes vivas.           

 Fonte de pesquisas: Lampião além da Versão – Mentiras e Mistérios de Angicos
-Alcindo Alves da Costa.