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quinta-feira, 18 de julho de 2013

Entrega de Cangaceiros - 1940

Por: Rubens Antonio
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Salvo melhor juízo... Identificando:


À frente, à esquerda, Saracura (Benicio Alves dos Santos), tendo atrás sua companheira Flauzinha (Flauzina Alves de Lima); A menina à frente de Saracura é Maria Eunice, filha de Flauzina com o cangaceiro “Zezé”, então já falecido.

Centro esquerda Patativa (Antonio Pedro da Silva), tendo atrás Zephinha (Josepha Maria de Jesus).

No centro atrás Deus–te–guie (Domingos Gregorio dos Santos).

Na frente, no centro, Labareda (Ângelo Roque dos Santos), tendo à direita atrás, ao lado de Deus–te– guie, e sua companheira Ozana (Anna da Conceição).

À direita, Jandaia, (Manoel Raymundo da Silva) com Josepha (Josepha Maria da Conceição) atrás, na extrema direita de pé.

Acervo do professor e pesquisador: Rubens Antonio

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Semana do Cangaço - PROGRAMAÇÃO OFICIAL

 

 PROGRAMAÇÃO OFICIAL 

Dia 26 de Julho de 2013 – sexta-feira – Piranhas / Alagoas
Local : Centro Cultural Miguel Arcanjo
16:00 h – Abertura da Semana do Cangaço – Homenagem ao escritor Alcino Alves Costa
16:20 h – Palestra : Roteiros Integrados do Cangaço
Palestrante: João de Souza Lima – Pesquisador, Escritor e Biografo de Maria Bonita ligado a Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço
17:00 H – Intervalo
17:10 h – Palestra : O Amor no Cangaço
Palestrante : Juliana Ischiara – pesquisadora do Cangaço
17:40 h – Debate
18:20 h – Exibição do documentário de Aderbal Nogueira .
18:40 h – Apresentação cultural
19:20 h – Encerramento
Dia 27 de Julho de 2010 – sexta-feira
- MANHÃ LIVRE PARA VISITAS
PALESTRAS
Local : Centro Cultural Miguel Arcanjo - Piranhas / AL
15:00 h – Palestra : Caminhos do São Francisco : De Pedro II a Lampião
Palestrante: Jairo Luiz Oliveira – Pesquisador do Cangaço, idealizador da Rota do Cangaço Xingó e do Roteiro Turístico Integrado Caminhos do Imperador
15:40 h – Intervalo
15:50 h – Palestra : A Polêmica e Intrigante Genialidade de Virgulino Lampião
Palestrante :; Manoel Severo – Pesquisador e Curador do Cariri Cangaço
16:20 h – Debates
17:00 h – Exibição do filme " Gato : Um Cangaceiro de Lampião" de João de Souza Lima
17:30 h – Apresentação cultural : Peça de teatro " A invasão de Gato em Piranhas" pelo grupo Estrelas do Sertão
18:00 h – Encerramento
Dia 27 de Julho de 2010 – sábado
- MANHÃ LIVRE PARA VISITAS –
15:00 h - Colóquio fechado somente para pesquisadores
Local : Centro Cultural Miguel Arcanjo
17:00 h – Encerramento e elaboração da " Carta de Angico"
Dia 28 de Julho de 2010 – domingo
08:00 h – Saída para Angico – Missa do Cangaço
Local de embarque : Porto de Piranhas/AL
11:00 h – Apresentação da peça teatral " Lampião Moderno" com grupo Estrelas do Sertão
11:30 h –Forró pé de serra com Trio Canoa de Tolda.
13:00 h – Retorno

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O Crime da Rua da Cruz, li e recomendo!

Por: José Romero Araújo Cardoso

Livro: O crime da Rua da Cruz
Editor: Imprell Gráfica e Editora, 2013, 118p.

O Crime da Rua da Cruz? O que poderia um crime acontecido em 1883 interessa os leitores de hoje, até porque narra o julgamento de criminosa anônima na cidade de Pombal? Não me questionei, todos as obras relacionadas como o alto sertão paraibano é alvo da minha curiosidade.

Foto
Jerdivan Nóbrega

Ledo engano, senhores leitores! A obra chama para uma reflexão e uma constatação. Esta é ver como é rica a nossa história paraibana. Aquela nos faz meditar o quão é daninho a hipocrisia cristã que dominava a nossa sociedade. Uma mulher iria trai o seu "amado" com iria se casar e para não perdê-lo e nem ficar mercê das chacotas da sociedade, resolve matar o filho que acabara de nascer!

Que forças tão poderosas moveu esta mulher a cometer um infanticídio com o seu próprio filho? Mas vou ficando por aqui, intimando os interessados a entrar em contato com o autor Jerdivan Nóbrega pelo Facebook, o preço é franciscano apenas 10 reais.

FONTE:
http://oultimodosmoicanos-claudiomar.blogspot.com.br/2013/07/o-crime-da-rua-da-cruz-li-e-recomendo.html

Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço: 
José Romero Araújo

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E em 2013, Hagahus Araújo no Cariri Cangaço...A saga de Luiz Padre


Com 25 anos de idade, no então sertão de Goiás, Hagahús Araújo funda aquela que foi - e continua sendo - uma das melhores obras sociais do país, o Instituto de Menores, em Dianópolis, terra natal da sua mãe, Amélia Póvoa.

Era o ano de 1953. A pobreza e a miséria do antigo nordeste goiano tocaram na alma do jovem que já se via em condições de ajudar aquela região a melhorar quadro tão desolador, através da educação. Nascido em Patos de Minas (MG) em 31 de agosto de 1928, Hagahús já havia se destacado no trabalho junto a menores. Apenas com formação ginasial no Colégio/Internato dos Padres Sacramentinos de Nossa Senhora, em Patos, tornara-se um autodidata e leitor voraz e compulsivo, dono de vastos conhecimentos para sua pouca idade. Discutia qualquer assunto com bons argumentos, serenidade e confiança, conquistando o interlocutor e a comunidade em que vivia com a solidariedade e humildade na assistência aos necessitados, e com  fidalguia, destemor e o dom da liderança que já moldavam a sua personalidade, características que lhe foram sempre marcantes.

 
Sinhô Pereira, sentado; de pé: Luiz Padre

Ou uma forte herança genética: o seu bisavô paterno, Andrelino Pereira da Silva, o barão do Pajeú, de Vila Bela (PE), hoje Serra Talhada- de família portuguesa e feito nobre por ato de Dom Pedro II -foi “um dos mais influentes e poderosos  políticos pernambucanos do início do século” (jornal O Globo, 2/9/1971, em reportagem de Maura Eustáquia de Oliveira). O velho Aristocrata acolhia todos – políticos, sertanejos e músicos – nos salões de sua residência que contavam com cômodas gigantes “onde eram conservadas, permanentemente limpas, 300 redes de dormir, 300 cordas de couro para armá-las, 300 travesseiros e 300 lençóis recendendo a capim cheiroso.” na descrição do escritor Nertan Macedo. 

Hagahús é filho de Luiz Pereira da Silva, o “Luiz Padre”, o  neto do barão. Este, com apenas 16 anos e filho único, foi instado pela mãe a vingar a morte do pai, o coronel Manoel Pereira da Silva Jacobina, o “Padre” Pereira, um ex-seminarista (daí o apelido) filho do barão do Pajeú e morto em emboscada pelo clã adversário. Para atender à determinação materna, Luiz se uniu ao seu  primo Sebastião Pereira, o legendário “Sinhô Pereira”, ainda mais moço, e a outros familiares. Sinhô Pereira também era primo de Agamenon Magalhães, depois governador de Pernambuco. Suas avós eram irmãs.

 
Barão do Pajeú

Padre Pereira, avô de Hagahús, era um homem pacífico e caridoso que havia assumido a liderança da família na região, após a morte do pai barão. Vivia para fazer o bem no sertão do Pajeú, principalmente entre os  mais humildes, que o tinham como padrinho de pelo menos um dos seus filhos. Esta era uma forma de demonstrar gratidão a quem se dedicava, diuturnamente, a servir ao próximo e a todos que o procuravam. A exemplo do pai, tinha a casa sempre cheia de amigos e gente do povo, e com comida farta. Foi o escolhido para morrer justamente por sua bondade, por sua liderança e por não ter adversários, o que provocaria a ira da sua poderosa família, como frisam os historiadores.

O assassinato do Padre Pereira - de maneira covarde e brutal- gerou uma das mais cantadas, sangrentas e históricas lutas de família nos sertões nordestinos do início do Século XX, Pereira X Carvalho. Nesses combates, que duraram mais de uma década, Luiz Padre e Sinhô Pereira tiveram Lampião sob os seus comandos, antes deste se tornar o temível cangaceiro e reinar absoluto pelos sertões, após 1923.

Preocupado com os rumos que essas lutas de família tomavam, o Padre Cícero Romão, do Ceará, aconselhou Luiz Padre a abandonar o Nordeste. Em 1920, Luiz Padre – já com o nome de José Andrelino ou Zeca Piauí – chega ao sertão de Goiás, mais precisamente em São José do Duro, (hoje Dianópolis), onde se casa com Amélia Póvoa, esta com 13 anos de idade. O primo de Zeca, Sinhô Pereira (os pais eram irmãos), teve de retornar a Pernambuco. Só mais tarde, eles voltam a se encontrar em São José do Duro, região também conturbada por lutas locais. Com eles vieram remanescentes do grupo e o major José Inácio, líder político da cidade do Barro (CE). O assassinato do major, de forma vil, gerou cruento conflito com  a facção do líder político da região, o ex-deputado Abílio Wolney .

 
Dona Chiquinha e "padre" Pereira

Mais uma vez, os dois filhos ilustres do sertão do Pajeú decidem recomeçar uma nova vida em outras terras, em Patos de Minas, sob as graças do coronel Farnesi Dias Maciel, irmão do presidente Estadual, Olegário Maciel, de quem se tornam amigos. Zeca (Luiz Padre) e Chico (Sinhô Pereira) passaram a adotar os nomes de José Araújo e Silva e Francisco Araújo e Silva. Jamais se deixaram fotografar com armas. Vestiam-se de maneira sóbria, não bebiam, não fumavam, não tinham vícios, e o passado de lutas era um tabu na família que vivia apenas para o trabalho, no interior de Minas. Os próprios filhos só tiveram conhecimento dos antecedentes de luta dos seus genitores quando rapazes.

Em 1950/1951, Zeca  e Chico   declinaram do convite do governador de Pernambuco, Agamenon Magalhães, para retornarem  à terra natal. A família, de alguma forma, voltava ao Poder, com a eleição do ilustre parente para o governo do Estado.Despido do sentimento do medo, até por herança genética, Hagahús enfrentou lutas diferentes dos seus ancestrais. E movido apenas pelo idealismo.

 
Agamenon Magalhães

Os interessados em mais informações  ou em aprofundar questões aqui tratadas poderão procurar os livros do respeitado pesquisador e escritor tocantinense, Osvaldo Póvoa; de Nertan Macedo, Sinhô Pereira, o Comandante de Lampião; o livro O Tronco,  de Bernardo Élis; o  diário e relatos de Abílio Wolney condensados  por seus netos Abílio  e Voltaire; as detalhadas anotações da história política de Dianópolis feitas por Noélia Costa Araújo e a rica biblioteca e arquivos da Câmara dos Deputados.

Esta é apenas uma contribuição ao resgate da memória do nosso jovem estado, com vistas a fomentar e incentivar o surgimento de novas personalidades que haverão de contribuir para a consolidação do progresso e do desenvolvimento de um Tocantins mais justo e fraterno.

FONTE: www.dno.com.br

NOTA CARIRI CANGAÇO: Hagahús Araujo, filho de Luiz Padre é mais uma espetacular confirmação no Cariri Cangaço 2013. Por ocasião da homenagem que será prestada à sua avó, pelo Cariri Cangaço e o município de Barro do confrade Sousa Neto à Dona Chiquinha, matriarca da família e mãe de Luiz Padre é esperar para ver...Cariri Cangaço 2013 com Hagahús Araujo.

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Uma missão... Uma sepultura vazia.

Por: Rubens Antônio

Os vaqueiros da história que estiverem pretendendo vir a Salvador visitarem os túmulos dos cangaceiros no cemitério Quinta dos Lázaros terão uma surpresa.

Na tarde de hoje, 17 de julho de 2013, cumprindo parte de uma missão expressa dos capitães Kiko, Ivanildo e Sérgio, os cabras Geziel Moura e Rubens Antonio emitem a seguinte comunicação:

Sepulturas "dos quatro", nomeadamente Zabelê, Maria, Canjica e Azulão, na mais perfeita ordem:

  
Geziel Moura, um coronel paraense, registra o ultimo e definitivo coito de quatro cabras de Lampião.

Sepultura de Corisco...
 
Ontem...                           e hoje?

Evadida... Sem ossos... Campa perdida... Em resumo, meteu-se na caatinga... Talvez ou... provavelmente... pra sempre. Câmbio.

O Geziel Moura e eu, in situ, lamentamos muito a retirada dos restos de Corisco... Os funcionários praticamente todos que conversamos no cemitério sabiam da localização dos restos de Corisco e apontavam a sepultura para os interessados...

Perdem todos com isso.

Depois não sabemos de onde vem algo como... Quando o Geziel e eu perguntamos a uma outra funcionária em um outro cemitério por Dadá... ela não sabia quem era...

E a memória vai ralo abaixo.

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CONHECENDO O MUSEU DO HOMEM DO CURIMATAÚ, EM CUITÉ-PB

Publicado em 17/07/2013 por Rostand Medeiros

E UMA PEQUENA HISTÓRIA ENVOLVENDO O CANGAÇO

Entrada do Museu do Homem do Curimataú
Entrada do Museu do Homem do Curimataú

Recentemente tive a oportunidade de seguir viagem através da Microrregião do Curimataú Ocidental, no Estado da Paraíba, onde passei pelo município de Cuité. Com uma população que atualmente supera os 26.000 habitantes Cuité tem muita história, tendo sido fundado a 245 anos, onde sempre possuiu uma ligação muito forte e intensa com o Seridó Potiguar.

Não tinha intenção de parar, mas, ao tomar o caminho que segue para a cidade de Campina Grande, me deparei com uma interessante edificação pintada de verde, que me lembrou a fachada de um cinema antigo. No alto do frontão da entrada estava escrito na vertical “Cuité Clube”, em um padrão de letras típicos da década de 1930. Ao lado da porta principal vi uma placa igual as existentes em obras inauguradas por políticos, onde estava escrito “Museu do Homem do Curimataú”.  Aquilo me chamou atenção e, como estava com o dia livre, decidi conhecer o local.

Salão principal
 Salão principal

Fui muito bem recepcionado por José André Santos, que além de trabalhar no local se dedica a poesia. Ele me contou que o Museu foi inaugurado em 11 de março de 2010 e ali funcionou um clube social que marcou época na cidade. Infelizmente este se encontrava abandonado, depois que os sócios fundadores faleceram e os seus herdeiros não continuaram com o clube. Foi então que a Universidade Federal de Campina Grande-UFCG decidiu recuperar o imóvel. Depois da recuperação foi feita a pesquisa e busca de objetos para a sua composição. Consta que o Museu do Homem do Curimataú é um órgão ligado ao Centro de Educação e Saúde da UFCG e é fruto de um projeto aprovado pelo IPHAN, disponibilizando um acervo material que retrata e preserva a memória da região.

Material do Boi de Reis de Manoel Birico. Hoje esta manifestação folclórica não é mais executada em Cuitá, mas vale pela preservação dos materiais utilizados 
Material do Boi de Reis de Manoel Birico. Hoje esta manifestação folclórica não é mais executada em Cuitá, mas vale pela preservação dos materiais utilizados

O acervo ocupa grande parte do salão principal do antigo Cuité Clube, com biombos dividindo as peças apresentadas através de áreas temáticas distintas. André me comentou que o Museu é focado principalmente na preservação da memória dos hábitos e fazeres do povo de Cuité. Ali os estudantes realizam muitas aulas de campo voltadas ao resgate das origens com uma verdadeira volta ao passado e uma reflexão da atualidade. Para André o Museu se tornou um ponto de cultura, com apresentação de palestras, cantorias de violas, apresentações de outros ritmos musicais.

Um "chincho", ou engenho, de fazer queijos
Um “chincho”, ou engenho, de fazer queijos

Em meio ao deleite de conhecer peças que eram utilizadas nas antigas fazendas da região, perguntei a André sobre o ocorrência de fatos ligados ao fenômeno do cangaço em Cuité. Ele me respondeu que neste aspecto, para sorte dos antigos moradores da cidade, o cangaço não foi muito ativo em sua região. Informou que na década de 1940 o ex-cangaceiro Antônio Silvino passou pela cidade e se encontrou com o poeta popular Zé de Luzia, este ainda vivo e lúcido, que poderia narrar detalhes deste encontro. Entretanto André me comentou que sabia da história de um parente que se tornou cangaceiro.

Artigos de caça. A arma de fogo de percurção é a famosa Lazarina, o arco é um Bodoque. Já a pele na extrema esquerda da foto é de um gato maracajá e a longa pele estirada na parede, com 2,73 metros, é de uma jiboia morta no Sítio Alegre, zona rural de Cuité, na década de 1940.
Artigos de caça. A arma de fogo de percussão é a famosa Lazarina, o arco é um Bodoque. Já a pele na extrema esquerda da foto é de um gato maracajá e a longa pele estirada na parede, com 2,73 metros, é de uma jiboia morta no Sítio Alegre, zona rural de Cuité, na década de 1940.

André, que também é trombonista e vocalista de uma orquestra criada no Museu, é sobrinho neto de Joaquim Taveira, que era natural da cidade paraibana de Araruna, tendo nascido em terras pertencentes a José Gomes Maranhão e Maria Júlia Maranhão, que depois passaram a serem administradas pelo filho Benjamim Gomes Maranhão, mais conhecido como ”Beja Maranhão”. Este último é o pai de José Maranhão, ex-governador da Paraíba.

O primeiro rádio da cidade de Cuité. André me comentou que a chegada deste aparelho movimentou de tal maneira a cidade, que pessoas pagavam para escutar o serviço em português da rádio BBC de Londres
O primeiro rádio da cidade de Cuité. André me comentou que a chegada deste aparelho movimentou de tal maneira a região, que pessoas pagavam para escutar o serviço em português da rádio BBC de Londres

Dando uma passada rápida em antigos documentos da região de Araruna, consta que em 1920 José Gomes Maranhão era proprietário  do Sítio Baixio, ou Baixios, mas não tivemos como comprovar se Joaquim Taveira nasceu neste local.

Mas voltando ao relato de André, ele comentou que a memória de sua família aponta que Taveira entrou no cangaço apenas pelo desejo de se aventurar, de sair pelo mundo vestido e armado como um cangaceiro. Infelizmente sua família perdeu todo o contato com Joaquim Taveira durante este tempo e nada soube de suas aventuras e desventuras no cangaço, nem onde esteve, nem com quem andou ou combateu e ninguém sabia o seu destino.

Mas na década de 1950, uma irmã de Joaquim, avó de André, chamada Veneranda Taveira, mais conhecida como Neranda, casualmente se encontrou com o desaparecido irmão em uma feira. Sobre a cidade onde ficava localizada esta feira, Neranda fez questão de se calar para preservar o irmão. Em meio a alegria do reencontro, Joaquim informou que no cangaço era conhecido pelo apelido de “Jurubeba” e que esteve principalmente nos sertões da Bahia, onde afirmou que fez parte do bando de Ângelo Roque.

Ângelo Roque na década de 1970. Homem livre e exemplar funcionário público em Salvador
Ângelo Roque na década de 1970. Homem livre e exemplar funcionário público em Salvador

Este era Ângelo Roque da Costa, conhecido como Anjo Roque, ou Labareda. Nasceu em 1910 no lugar Jatobá, depois pertencente ao município de Tacaratu, em Pernambuco. Consta que entrou para o cangaço após matar um soldado de polícia que se meteu a conquistador com uma irmã sua. Entrou para o cangaço em 1928, quando ocorreu seu primeiro encontro com Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Tinha bando próprio, mas frequentemente reunia seu grupo ao do grande chefe cangaceiro, era considerado valente e foi figura importante dentro da história do cangaceirismo. Se entregou a polícia quase dois anos após a morte de Lampião e passou algum tempo na cadeia em Salvador. Ao sair passou a trabalhar como um pacato funcionário público do Conselho Penitenciário, graças ao apoio do advogado, escritor e pesquisador Estácio Lima.

Notícia do jornal carioca "A Noite", reproduzida na imprensa potiguar, apontando a detenção de Ângelo Roque e seus bando, em abril de 1940
Notícia do jornal carioca A Noite, reproduzida na imprensa potiguar, apontando a detenção de Ângelo Roque e seus bando, em abril de 1940

Se realmente Joaquim Taveira fez parte do bando de Ângelo Roque, certamente deixou a vida de cangaceiro antes de abril de 1940, pois não estava entre os cangaceiros que se entregaram as autoridades policiais baianas. Além do chefe Ângelo Roque  foram detidas quatro mulheres que estavam no grupo, bem como Benício Alves dos Santos, o cangaceiro Saracura, Manoel Raimundo da Silva, o Jandaia, Antônio Pedro da Silva, Patativa e o cangaceiro conhecido pela alcunha de Deus Te Guie, cujo nome verdadeiro era Domingos Gregório.

André e a moeda que teria estado presa ao chapéu de couro do cangaceiro "Jurubeba"
André e a moeda que teria estado presa ao chapéu de couro do cangaceiro “Jurubeba”

Em relação ao encontro de Joaquim Taveira e a sua irmã Neranda, este não quis entrar em detalhes de sua vida. Mas lhe entregou três objetos desta época; uma pequena arma branca, um breviário de Santo Antônio de Lisboa, presente do próprio Ângelo Roque e uma moeda vazada, que o pretenso cangaceiro “Jurubeba” utilizava no seu chapéu. Estes objetos foram doados pelo próprio André e se encontram em exposição no Museu do Homem do Curimataú.

André comentou que a narrativa sobre a história deste cangaceiro é parte da tradição oral de seus familiares. Que durante muitos anos eles tinham vergonha e medo de narrar esta situação. Para André, mesmo que não existam meios de confirmação da informações aqui narradas, agora os tempos são outros e ele narra esta tradição oral com desenvoltura e tranquilidade. Não tenho certeza, mas talvez isso ocorra devido a existência deste museu.

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Saí do Museu do Homem do Curimataú com a convicção que a existência de outros museus em cidades nordestinas é algo extremamente importante para que as novas gerações conheçam mais sobre o seu passado e com isso elevem a auto estima de serem naturais de seus locais. Entretanto estes possíveis museus não podem ser apenas um local de guarda de objetos antigos, de “coisas velhas”. Eles devem existir com a perspectiva de se tornarem locais de desenvolvimento e manutenção da cultura local e de troca de informações históricas.

Seguindo pelas estradas
Seguindo pelas estradas

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Extraído do blog: Tok de História do historiógrafo Rostand Medeiros

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TV BRASIL REALIZA PROGRAMA EM PAULO AFONSO

Por: João de Sousa Lima

A cidade de Paulo Afonso foi uma das cidades nordestinas escolhidas pela TV BRASIL para fazer parte de um documentário sobre o turismo. Os roteiros Integrados com outras cidades circunvizinhas foram bem explorados.

O programa “CAMINHOS DA REPORTAGEM" irá ao ar dia 29 de agosto de 2013, ás 22,00 hrs.
    
A equipe passou três dias baseada em Paulo Afonso. A jornalista Carina Dourado, o cinegrafista Osvaldo e o técnico Alexandre ficaram encantados com nossa cidade e ficaram de retornar com uma  pauta exclusiva sobre a cidade de Paulo Afonso.

Carina entrevistando o historiador João de Sousa Lima

TV Brasil: programa caminhos da reportagem




Enviado pelo escritor e pesquisador do cangaço:
João de Sousa Lima

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CANTIGA DE CATINGUEIRA (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa(*)
Rangel Alves da Costa

CANTIGA DE CATINGUEIRA

No meio do sertão, a árvore que é o seu coração, simbolizando a devoção do homem pela paisagem, do sertanejo e seu rincão. Tão seca numa estação, numa magrez de então, para florar adiante, e que bela floração.

Por isso canto a catingueira fincada no meu coração, pois também nasci na terra onde ela mostra a feição, cabocla por natureza, reinando na região, vencendo seca e estiagem, firme no seu torrão.

Arbusto preferido por Lampião, que no seu tronco dobrado traçava plano de ação, cochilava sem dormir e fazia sua oração. E junto com seu bando saía entrecortando o sertão, na curva da catingueira, na folha miúda de tanto desvão.

Certa feita o Capitão, cansado da imensidão, encontrou a catingueira e lhe fez a confissão. Disse que era tronco se curvando sem perdão, depois de tanto florar chegava à última estação, e não ia muito tempo se findaria no chão.


Canto a catingueira, arvoredo de mataria e ribeira, testemunha daquela vida bandoleira, leito bom de dormideira, amiga da umburana e também da aroeira. Esguia, mas altaneira, de galhagem fina e tão brejeira.

Catingueira de entardecer sertanejo, um véu causando lampejo, nos olhos um imenso desejo de repetir o versejo, uma cantiga de realejo na saudade que marejo. A vida com seu traquejo, debaixo da catingueira a felicidade que almejo.

Catingueira testemunhando o vaqueiro galopando, a bicharada berrando, a vida vaqueira passando, a poeira esvoaçando. Canto de aboio aboiando, a poesia se declarando, vaqueiro e boiada se enlaçando na curva que vai poeirando.

Testemunho vivo de uma história passada, de caminho e jornada, de uma vida ao redor, de gente na empreitada. Rodeando a catingueira, seguindo pela estrada, levando no ombro a foice, enxadeco e enxada, um viver de tanta luta, uma esperança avençada.

Catingueira que tem ninho, ninhada de passarinho, bicho que chega sozinho pra ficar um bocadinho e vai construindo a casa. E num canto escondidinho, aos poucos e devagarzinho coloca pena e graveto, um pouco e um tantinho, do conforto o caminho, o ninho do passarinho.
Catingueira que chorou quando o sertão esturricou, todo passarinho voou, o bicho desfigurou numa tristeza que só, com a seca que chegou e logo se alastrou. Perdeu galhagem e folha, o corpo todo secou, tanta agonia e tanto dor com a notícia que chegou. Com a seca duradoura perdeu tudo quem plantou, quem ainda tinha água de repente enlameou.

Catingueira sentiu, catingueira chorou, e tanto lacrimejar sua seiva derramou, ficou ossuda e doente, por pouco não se curvou. Quase vem a morte certa, como muitos derrubou, num sofrimento terrível, num grito que ecoou implorando chuvarada, dizendo aqui estou pronta para morrer, pois o sertão também sou.

No seu tronco viu amarrado bicho valente e gente, num mundaréu descontente, de luta a mais temente, mas também de covardia, injustiça tão inclemente. Sentiu escorrer sangue ardente, cena tão deprimente que sentiu aquela dor sentida e que não se sente. Não podia fazer nada, pois violência de gente por cima de inocente.

Mais dia e menos dia, quando o sol mais que ardia, o viajante em correria chegava em agonia. Deitava no sombreado, no descanso que queria, contava folha por folha e logo adormecia. Sonhava um sonho bom, diferente do que vivia, e despertava num susto e logo adiante seguia.


Catingueira tão amiga da vida de Lampião, ouvindo segredo do bando e de todo o sertão, conhecendo o passo e o destino do Capitão. Um povo apressado, não ficava muito não, qualquer barulho ao redor e a arma já na mão, em tudo a desconfiança, em tudo a afobação. Vamo embora, vamo embora, e sumia pelo mundão.

Catingueira que um dia sentiu a maior alegria ao conhecer o amor, coisa que nem sabia. Um rapazote chegou e viu que ele escrevia com canivete no tronco o nome de uma Maria. Dentro de um coração a palavra tão poesia, o nome de seu amor, aquela que mais queria. Ainda hoje no tronco está o amor que existia.

Catingueira envelhecida, muita estrada percorrida. Sabe que morre um dia, que vai dar adeus à vida, mas não quer morrer matada por uma arma enxerida, uma serra ou um facão, nada que lhe abra ferida, bastando ser pela idade, pela velhice sentida.

Depois de um entardecer, deitará o tronco na sua terra querida. Silêncio da catingueira, sem adeus nem despedida.

(*) Meu nome é Rangel Alves da Costa, nascido no sertão sergipano do São Francisco, no município de Poço Redondo. Sou formado em Direito pela UFS e advogado inscrito na OAB/SE, da qual fui membro da Comissão de Direitos Humanos. Estudei também História na UFS e Jornalismo pela UNIT, cursos que não cheguei a concluir. Sou autor dos seguintes livros: romances em "Ilha das Flores" e "Evangelho Segundo a Solidão"; crônicas em "Crônicas Sertanejas" e "O Livro das Palavras Tristes"; contos em "Três Contos de Avoar" e "A Solidão e a Árvore e outros contos"; poesias em "Todo Inverso", "Poesia Artesã" e "Já Outono"; e ainda de "Estudos Para Cordel - prosa rimada sobre a vida do cordel", "Da Arte da Sobrevivência no Sertão - Palavras do Velho" e "Poço Redondo - Relatos Sobre o Refúgio do Sol". Outros livros já estão prontos para publicação. Escritório do autor: Av. Carlos Burlamaqui, nº 328, Centro, CEP 49010-660, Aracaju/SE.

Poeta e cronista
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Dadá, última musa do cangaço - em 8 de fevereiro de 1994, no “A Tarde”:

Por: Rubens Antonio

Sob muitas lágrimas das duas filhas, dos três que teve com Corisco, dezenas de netos e bisnetos, todos chorando convulsivamente, e aplausos de um bom número de admiradores, que acorreram ao Jardim da Saudade, foi sepultado ontem, às 18h10min, o corpo de 

Dadá, Corisco e Benjamin Abrahão

Sérgia Silva Chagas (Dadá), que morreu, aos 78 anos, na madrugada de ontem, no Hospital São Rafael, vitimada por um câncer generalizado, de acordo com a informação do historiador Carlos Cleber, que, em março próximo, vai relançar o livro “Dadá, a Musa do Cangaço”, da Editora Vozes.

O velório da ex-cangaceira Dadá - esposa de Corisco

O corpo de Dadá foi velado na capela do Jardim da Saudade, onde o capelão do cemitério, padre Afonso Gomes, celebrou missa de corpo presente. 


O cineasta e pesquisador do cangaço Aderbal Nogueira e Sílvio Bulhões, filho de Dadá e Corisco

O filho Sílvio Hermano, que mora em Alagoas, não chegou  a tempo de assistir ao sepultamento de sua mãe. Entre os admiradores, estiveram no cemitério o jornalista e juiz classista Oleone Coelho Fontes, autor de um livro sobre o cangaço, e a ex–vereadora Geracina Aguiar.

AOS 13 ANOS

Nascida em Belém de São Francisco, Pernambuco, em 1915, e uma das filhas do casal Vicente R. da Silva / Maria R. S. da Silva, Dadá entrou no cangaço aos 13 anos de idade. Numa entrevista que concedeu em 1977, ela contou que Lampião chegara na sua casa, “onde fez uma baderna danada”. Na época, Dadá morava na fazenda Macucuré, entre os municípios de Glória e Paulo Afonso, no interior do estado da Bahia.

De repente, disse Dadá, Lampião chamou Corisco e, em tom de brincadeira, disse para ele: “Como é? Você não quer desmamar esta menina?” Corisco deu uma gargalhada, me pegou no colo, me colocou na sela do seu cavalo e saiu a galope. Depois, lembrou, “foram 12 anos de luta, correndo ou enfrentando a Policia por toda parte”. Sérgia, que ficou conhecida pelo apelido de Dadá, tinha, apenas 13 anos.

MUITO AMOR

Apesar da violência do contato inicial, Dadá sempre falou de Corisco com muita ternura, afirmando: “Nos amamos muito”.

Dadá que teve três filhos com Corisco (Maria do Carmo, Maria Celeste e Sílvio Hermano), todos vivos, também elogiava.


Lampião, dizendo que ele era um homem bom. “Um homem de palavra, que só falava uma vez e não contava vantagens. Fico triste – confessou – quando vejo escreverem coisas que Lampião nunca fez. Os livros que têm saído sobre o cangaço só apresentam – dizia Sérgia da Silva Chagas – vantagens da Polícia e coisas terríveis que nunca aconteceram.”

OUTRO MARIDO

Dadá assistiu a morte de Corisco, em 1940, numa localidade próxima ao município de Miguel Calmon, varado de balas de metralhadora, mesmo aleijado e já tendo deixado o cangaço. Ela também foi baleada, teve uma das pernas estraçalhadas e amputada posteriormente. Casou–se com um velho pintor de paredes, já falecido, com quem não teve filhos. Criou, no entanto, muitos meninos e meninas, que considerava como seus filhos. 

Dadá assistindo a retirada dos ossos do esposo Corisco

Mesmo com uma perna só, Dadá costurava muito, chegando a aposentar–se como costureira. Com sua morte, fecha–se uma das últimas páginas do cangaço no sertão nordestino.

Enviado pelo professor e pesquisador do canga: 
Rubens Antonio

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