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quarta-feira, 25 de abril de 2012

Livros que mudaram o mundo


Com o surgimento dos primeiros seres humanos, seus pensamentos foram registrados em paredes, pedras, papiros e depois em livros. Muitos desses livros abalaram as leis sociais dominantes transformando o modo de pensar e agir de muitas pessoas. Atualmente é possível comprá-los e até lê-los de graça na Internet. A lista a seguir não inclui todos os livros que abalaram o mundo, mas apenas relaciona alguns dos seus títulos mais famosos.

Quer saber mais? Clique no link e fique por dentro do assunto:

Titanic pode sumir em 30 anos, diz estudo

 
Bactérias podem devorar restos do navio e reduzi-lo a nada. Pesquisadora chegou a essa conclusão após analisar amostras dos destroços do navio.
Há exatamente cem anos atrás, o Titanic cruzava os mares com o status de maior e melhor máquina já construída pelo homem. Mas o impacto com um enorme iceberg estacionado no oceano pôs fim a tudo isso. Hoje, o mais imponente navio de seu tempo não passa de um monte de ferro retorcido e enferrujado que pode sumir em menos de 30 anos.
Quem garante é a cientista Henrietta Mann, que investiga há quatro anos as bactérias que devoram o casco do transatlântico naufragado em 1912. De acordo com a pesquisadora, as primeiras bactérias provavelmente se criaram a partir de diatomáceas na "neve marinha" ou da sujeira na superfície, até formarem a estrutura atual parecida com uma "esponja".
A pesquisadora chegou à conclusão após analisar amostras dos destroços do navio recolhidas em uma expedição científica ao Titanic em 1991. Ao examiná-las com microscópio eletrônico, Mann descobriu que as estalagmites penduradas no enorme navio não eram um processo químico de oxidação como se pensava, mas sim da ação de bactérias.
Entre as dezenas de espécies que foram identificadas, ela encontrou uma jamais vista, que chamou de Halomonas titanicaem, em reverencia ao navio. "O Titanic é composto por 50 mil toneladas de aço, então há muita comida para minhas bactérias se multiplicaram em bilhões ao longo dos anos", destacou a bióloga e geóloga da Universidade de Dalhousie, em Halifax, no Canadá.
Comparando as primeiras fotos dos destroços do naufrágio com as mais recentes, Mann acredita que o navio está se deteriorando rapidamente. "É evidente que isto está ocorrendo com rapidez. Talvez em 20 ou 30 anos, os destroços do naufrágio se transformarão em um monte de óxido", afirmou.
Para a cientista, no entanto, a desintegração do Titanic não é algo negativo, já que prova que plataformas de petróleo e navios naufragados serão devorados por bactérias no fundo do mar. "A desintegração do Titanic pode significar uma enorme perda do patrimônio, mas também é algo positivo, pois mostra que as cargas que caem no fundo do mar não vão se acumular como lixo", concluiu.
Extraído do blog do professor Adinalzir Pereira Lamego

Cangaceiros de José Lins do Rego


Por Leonardo Campos*

"Continua a correr nestes Cangaceiros o rio e a vida que tem as suas nascentes em meu anterior romance Pedra Bonita. É o sertão dos santos e dos cangaceiros, dos que matam e rezam com a mesma crueza e a mesma humanidade”. José Lins do Rego, em 1938, publicou o seu primeiro romance do ciclo do cangaço, que resultaria logo depois em Cangaceiros.
Cangaceiros é a continuação de Pedra Bonita, um romance extenso sobre o misticismo messiânico e o flagelo das secas, temáticas abordadas em outros diversos romances do ciclo regionalista: Graciliano Ramos e Rachel de Queiroz.
Cangaceiros têm ligação direta com Pedra Bonita por ser a sua continuação. Alguns personagens retornam uns com maior foco outros apenas de passagem. José Lins do Rego mantém o mesmo estilo excessivamente descritivo, por vezes prolixo na sua narrativa, assim como podemos ver nas narrativas de Fogo morto, Menino de engenho e Riacho doce.
A obra faz parte de uma linhagem de romances que narram fatos históricos. O fenômeno do Cangaço (em partes) pode ser entendido através do estudo detalhado da narrativa.
O primeiro relato do fenômeno do cangaço na literatura é encontrado no romance O Cabeleira, de Franklin Távora, que conta a vida de José Gomes, O Cabeleira, cujo pai, Joaquim Gomes, foi um bandido muito temido. Pai e filho, associados a outro delinqüente, Teodósio, roubam e matam ao estilo cangaceiro: sem piedade. Um casamento no arrabalde, de Fraklin Távora também é um precursor do cangaço e misticismo. O cangaço na literatura pode ser considerado uma das raízes do Brasil, iniciada no romantismo pela literatura indianista de José de Alencar, vindo para o realismo de Machado de Assis e sua visão irônica da urbanização no Rio de Janeiro, chegando ao nordeste de Euclides da Cunha e Graciliano Ramos. Com Graciliano Ramos, o cangaço ganha feições artísticas. 


Assim como em Pedra Bonita, Cangaceiros dividem-se em duas partes: a primeira, intitulada "As mães dos cangaceiros" e logo em seguida, Cangaceiros prossegue a história da família de Bento, depois que os beatos são dizimados pelas tropas. Domício, o irmão mais chegado a Bento, já se encontra incorporado ao bando de Aparício, o irmão mais velho. Bentinho toma conta da mãe. Refugiam-se na fazenda do coronel Custódio. A ação do livro desenvolve-se entre a vida de Bento, a sua amizade com os outros moradores, o seu namoro com Alice, a notícia das continuadas aventuras do irmão, as pragas da mãe que enlouquece, e a esperança de Custódio em ter vingada a morte do filho pelos cangaceiros.
Analisado no aspecto estrutural, Cangaceiros é narrado em 3ª pessoa. O espaço da narrativa é a caatinga, no sertão. Em determinados momentos José Lins do Rego consegue dar ares de cinema para a narrativa, tamanha forma descritiva de determinadas cenas e profundidade dos diálogos.
Os grupos de personagens principais giram na orbita de Bentinho, irmão do cangaceiro Aparício. Temos a sua mãe, que não mais conversa nada linear na primeira parte do romance, tamanha dor pela perda do filho Aparício e do irmão Domício, ambos envolvidos no cangaço. Alice permanece como a namoradinha do herói da trama, juntamente com seus pais e Sinhá Aninha Custódio e Negra Donata. O núcleo do cangaço, liderado pelo demoníaco Aparício é formado por Germano (citado como Corisco durante a narrativa), Bem-te-Vi e Beiço Lascado, um negro que faz parte do bando. A Doida e Cazuza Leutério são personagens citados apenas em flashback, considerados coadjuvantes distantes.
Em Presença do Nordeste na literatura, José Lins do Rego aborda com destaque o fenômeno do cangaço, traçando-lhe um rápido esboço histórico e buscando uma interpretação dele como se escrevesse um prefácio aos seus romances Pedra Bonita e Cangaceiros. Trata-se de uma temática abrangente, que pode ser trabalhada ricamente com relações a outras linguagens. São diversas artes plásticas, filmes, histórias em quadrinhos, músicas e quadros sobre o assunto. Não há escapatória quando se precisa assumir que a cultura erudita contribuiu e muito para a sua divulgação. Outros autores e suas respectivas literaturas regionalistas como José Américo de Almeida, o próprio Jose Lins do Rego, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa e recentemente Francisco Dantas.
* Leonardo Campos, 24 anos, graduando em Letras Vernáculas pela Universidade Federal da Bahia. Pesquisador na área de cinema, cultura e literatura. Membro do grupo de pesquisa Da invenção à reinvenção do nordeste, Instituto de Letras, UFBA. Realizador de eventos culturais em Salvador. Colunista dos Portais Pituba e Imbui, assinando duas colunas, uma de cinema e a outra sobre cultura.
Email de contato: leodeletras@hotmail.com

AO LONGE (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa*
Rangel Alves da Costa

 AO LONGE

Assim que o sol arrefece, o brilho boceja chamando o suspiro do entardecer, faço minha peregrinação de todo dia. Boto o pé fora de casa e sigo em direção ao velho tronco de cedro que fica mais adiante.

Desse lugar vejo tudo ao redor. Olhando pra trás a porta e a janela abertas de minha casinha de taipa, ao lado o centenário umbuzeiro de linhagem quase familiar, mais adiante a mata, os caminhos, as veredas, as estradas, os descampados.

O cachorro vem e vai. Gosta de se meter pela mataria em busca de preá. Gosto disso não, e até já gritei mais de vez com ele. Tenho certeza que por sua culpa os outros bichos não saem de suas tocas e chegam pertinho para firmar amizade.

Tenho uma vontade danada de um dia conversar com bicho, com tamanduá ou raposa. Ouvi e dizer, ouvi e dizer, na certeza maior do mundo que jamais haveria falsidade entre a gente. Converso com passarinho, mas aí já é proseado antigo desde que eu era molecote protegendo os ninhos da sanha das cobras.

Quando sento aqui é como esquecesse o mundo. O mundo todo não, apenas aquela parte que dói demais na gente só de lembrar. Digo assim, mas coitado do mundo que ganha fama ruim por causa do ser vivente. Esse sim, bicho malvado e perigoso demais.

Mas não posso reclamar muito não, de jeito nenhum. Tem gente milionária que não tem o sossego que Deus me dá, tem cada um por aí que vive arrotando riqueza e não tem de seu nem o chinelo do pé. E eu não, pois tenho reino e reinado, soberano que sou nessa vida abençoada que levo.

Tudo é muito bonito, grandioso, singelo demais. A natureza ladeando a vida e o tempo passando lento, num faz de conta que o ser é eterno. E o vento vem chegando macio, outras vezes mais veloz, trazendo folhagens. Lanço a mão, agarro o vento, prendo o afoito no embornal que é pra quando eu precisar ser soprado ao céu.

Quanto é vento de folhagem me dá uma tristeza danada. Quando chega o outono é sempre assim, principalmente quando já está indo embora. Aquelas folhas secas pelo ar são como cartas que haveriam de ser lidas se já não estivessem esfacelando. Cartas apagando, com letras chorosas por não terem surtido o efeito desejado.

Um dia mandei uma carta assim. Peguei uma folha seca que entrou pela minha janela, guardei por uns tempos debaixo de uma tábua e quando já estava firme parecendo uma folha de papel cinzenta escrevi um verso de amor e saudade. Digo não que tenho vergonha, mas foi bonito demais. Começava com o nome dela e terminava beijando ela.

Depois me deu uma vontade danada de fazer chegar até ela aquela cartinha na folha. Se fosse lida não duvido que bateria na minha porta numa tarde bem bonita. Mas como moro longe demais, bem distante de tudo, não encontrei outra saída senão soltar na ventania da tarde, deixando subir e seguir como folha do outono.

A carta não encontrou a janela, mas a resposta veio. Uma música sem orquestra, um zumbido leve, uma cantoria da brisa que corta montanha e passa bem ao lado do meu ouvido. Sempre acho que ouço um nome, sempre o mesmo nome. E às vezes fico imaginando se ela despontasse lá na curvinha da estrada ao longe.

Não é só uma curva, mas várias curvas de estrada. De onde estou seguindo adiante os caminhos vão se abrindo para destinos jamais imaginados. Algumas vezes apenas uma trilha, outras vezes uma vereda, ou ainda uma estrada de terra que certamente vai muito distante.

Quem segue adiante não olha pra traz. Se olhasse dava o adeus merecido. Mas não dá não, apenas segue adiante. Tem gente que pisa em caminho de chão e não dá nem dois passos e já está navegando no rio que corre dos olhos. É o leito da partida que se alarga feito oceano.

Um dia também vou seguir adiante. Sem olhar pra traz. Mas só quando Deus quiser. Não quero navegar nas águas da minha tristeza. Apenas subir numa escada. E subir e subir.


Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com


Independente da crônica acima
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